Cigarettes escrita por Laris


Capítulo 3
II - Problema resolvido


Notas iniciais do capítulo

Demorei muito? Eu juro que tentei terminar o capítulo antes, mas eu tive tanta coisa pra fazer semana passada que mal tive tempo e vontade de escrever. Então, desculpem e muito obrigada a todo mundo que leu e comentou no anterior, vocês são uns lindos.



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Eu só queria passar o resto da tarde trancada dentro do meu novo quarto, vegetando em cima da cama enquanto roubava o maravilhoso Wi-Fi sem senha do nosso vizinho. Teria sido um dia perfeito, se aquela loira mentalmente instável não tivesse me chutado para fora de casa, usando a desculpa de que precisávamos ir ao mercado.

Observei Luke puxar um carrinho vazio enquanto Diane procurava o primeiro item da nossa lista de compras gigante e Christopher tinha desaparecido entre os corredores assim que descobriu que tinha sido trago para carregar sacolas. Alias, eu desconfiava de que era para isso mesmo que todos nós tínhamos sido tragos.

– De quantos pacotes de absorvente você precisa? – Luke fez o favor de perguntar em alto e bom som, chamando a atenção das outras pessoas.

– De quantas camisinhas você precisa? – Diane retrucou irritada, usando o mesmo tom de voz.

Revirei os olhos e fui em direção ao corredor de biscoitos doces e salgados. Eu preferia enfiar pregos nos meus ouvidos a ter que ficar ali e escutar sobre o que deveria ser mais importante, a contenção do fluxo menstrual da minha colega de quarto ou a proteção do cérebro de ervilha.

Já na seção de porcarias gordurosas, fui puxando alguns pacotes de salgadinhos que eu pretendia manter escondidos debaixo da cama. Sim, eu sou uma pessoa egoísta e não gosto de dividir a minha comida com os outros.

– Você é mesmo uma morta de fome.

Eu literalmente pulei de susto quando ouvi aquela voz rouca e irônica bem próxima, e não haviam dúvidas de onde ela vinha ou quem era o emissor.

Christopher estava parado um pouco atrás de mim, com os braços cruzados e a sua típica expressão de tédio e desprezo. O cabelo escuro tinha sido arrumado de qualquer jeito hoje, porem não cobria os seus olhos castanhos e intensos. Ele vestia um casaco azul-escuro de aparência gasta e calça jeans clara.

Como era possível que alguém como ele ficasse tão bem vestido usando roupas tão simples?

– Pensei que você tinha evaporado. – murmurei, voltando a encarar o pacote de Ruffles que reluzia em cima da última prateleira. – Que decepção.

Ele riu de forma debochada e se aproximou um pouco mais de mim, invadindo a minha zona de conforto.

– Você ainda está irritadinha por eu ter te visto no banho mais cedo? – bufei irritada, sentindo o meu rosto imediatamente esquentar. Por que esse cretino tinha que me lembrar disso? – Eu já pedi desculpas, esqueceu? – seu tom era irônico.

– Infelizmente, não. E você se lembra do que eu te disse? – perguntei. A criatura maligna levou a mão até o queixo, como se fosse muito difícil recordar dos incontáveis palavrões que eu havia gritado assim que ele simplesmente se enfiou dentro do cubículo que nós usávamos como banheiro.

– Mais ou menos, você ainda não tinha se enrolado na toalha quando começou a surtar. – deu de ombros, despreocupado. Ignorei aquela maldita resposta e passei por ele, procurando pela dupla de idiotas que morava comigo.

Christopher me seguia tão silenciosamente que eu só sabia que ele ainda estava atrás de mim porque conseguia ouvir o som arrastado dos seus passos preguiçosos.

Suspirei aliviada quando meus olhos encontraram Diane na parte de sucos, refrigerantes e bebidas alcoólicas. Luke ainda estava ao seu lado, empurrando o carrinho igual a um marido prestativo de uma dona de casa.

– Finalmente. – Luke bufou um olhar assassino na nossa direção.

– Calado. – Diane o repreendeu. – A sua função aqui é empurrar o carrinho e não reclamar.

– Geralmente essa é a minha função. – Christopher falou. Por algum motivo ainda desconhecido por mim, ele ainda continuava próximo demais.

Diane conferiu a sua lista gigante pela última vez antes de confirmar se nenhum de nós estava esquecendo algo, e depois de pagar e ensacar todas as compras, voltamos ao carro fedorento do cérebro ervilha, onde eu acabei sendo espremida entre equipamentos de futebol americano e o corpo magro e incrivelmente cheiroso do meu outro colega de quarto.

– Christopher, você está me apertando. – reclamei, incomodada com a mão boba que tinha sido posta sobre a minha coxa direita. Ele fez um careta estranha assim que o seu nome saiu dos meus lábios, parecendo desconfortável e depois me encarou.

– Não sei se você percebeu, mas esse carro além de nojento é minúsculo.

– Ei! – Luke imediatamente protestou, sem desviar os olhos da estrada. – Não ofenda o meu carro.

– Mas ele fede. – o cara sentando ao meu lado respondeu, e eu me vi obrigada a concordar.

– É melhor você parar, Chris. – Diane rapidamente se intrometeu.

– Continue. – o loiro resmungou, apertando o volante com força. – Você sabe que eu vou adorar comentar sobre isso com o reitor Milles quando ele vier até o nosso dormitório na quinta.

Christopher apertou a mandíbula, puxando com força uma quantidade considerável de ar e eu arregalei os olhos. Afinal, que motivos aquele velho barrigudo e careca teria para nos fazer uma visita logo na primeira semana de aula?

– Já chega. – ouvi Diane protestar no banco da frente, os interrompendo. – Agora, parem de reclamar e vamos para casa antes que o sorvete derreta, assim como minha paciência com vocês dois.

O restante do caminho foi feito em absoluto silêncio, nem mesmo a droga do rádio tinha sido ligado. Christopher foi o primeiro a sair do carro quando paramos na entrada do prédio, sem dizer nada, ele puxou algumas sacolas e disparou em direção às escadas. Aparentemente, a ameaça de Luke tinha surtido efeito.

Para o meu azar, ninguém voltou a comentar sobre o tal assunto durante o resto do dia, e toda vez que eu tentava perguntar a Diane sobre isso, ela desconversava e logo começava a tagarelar sobre outra coisa qualquer, me deixando ainda mais curiosa.

– Christopher. – eu chamei enquanto enchia meu prato com a gororoba que Diane tinha preparado para o nosso jantar. Ele afastou o cigarro da boca e me olhou sobre o ombro. – Você pode apagar isso? – eu praticamente rosnei. Não existia nada no mundo que eu detestasse mais do que aquele cheiro asqueroso.

– Estou incomodando você? – ele perguntou, abrindo um meio sorriso irônico. Bonito, porém irritante.

– Muito.

– Que pena. – foi o que ele respondeu antes de voltar a encarar a televisão, ignorando totalmente a minha presença furiosa ali atrás.

No mesmo instante, eu larguei o prato sobre a bancada de madeira e andei até o desgraçado que continuava deitado no sofá.

– Eu não vou apagar. – ele murmurou sem me olhar.

– Pode deixar, eu faço isso por você. – respondi, puxando o cigarro dos seus dedos e, imediatamente, esfregando a ponta acessa sobre o seu casaco. – Problema resolvido.


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Notas finais do capítulo

Pois é, eu mudei a capa de novo, e vou continuar trocando até achar uma que me agrade muito.
Eu revisei o capítulo, mas a gente sempre deixa passar um errinho, e se tiver algum, não me matem por isso, e me digam o que vocês acharam dele, críticas construtivas e sugestões são bem-vindos, ok? E nada de leitores fantasmas por aqui, não custa nada comentar.
Beijos :)