Um mundo além do mundo escrita por Lobo Alado


Capítulo 4
Vassalos


Notas iniciais do capítulo

Finalmente acabei este capítulo o, estava muito ansioso para terminá-lo.
pois o que vem a diante é realmente a parte que eu vou gostar de escrever.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/506861/chapter/4

Os anéis de seus dedos pesavam. Cinco anéis. Eram as honrarias de cada império da Alagaësia. No polegar o grosso anel de madeira negra dos urgals. O anel de metal, com pedra em forma de martelo, dos anões, no indicador. O brilhante anel de ouro com a chama vermelha, o símbolo do império, em auto-relevo, no dedo médio. O delicado e incrivelmente resplandecente anel verde claro, feito de aço de luz, no anelar, que Runön forjara como honraria dos elfos.

Separado dos demais, na mão esquerda, estava o anel de prata, sem brilho, o anel de Surda. Rei Orrin apoiou os Varden na tomada do império, mas Roran não confiava completamente no homem ambicioso. Orrin não tinha preocupação em esconder seu desejo pelo império Varden.

O anel que Eragon havia lhe dado, que de certa forma, ligava Roran à Katrina, encontrava-se no anelar esquerdo, ao lado do de Surda.

Ainda não tinha esquecido a forma como o Rei Orrin o tratara durante a tomada do império – Até tentara matar Roran em um surto.

Roran sabia que Orrin era o herdeiro do Império, se algo acontecesse com Nasuada, e isso nada lhe agradava. Orrin ganharia o império de Surda não por mérito.

Roran batia os dedos na mesa grossa da sala de reuniões em uma sequência frenética, fazendo os anéis ressoarem ao rasparem entre si. Lorde Lemond estava sentado do lado oposto da mesa. Albriech e Baldor sentavam ao seu lado.

– Então, Lorde. Aceitará a proposta? – Lemond levantou as sobrancelhas negras esperando uma resposta.

Não teria Haddes bom senso? Mandar seu filho de dezenove anos para tratar de um assunto tão importante? Melhor assim, Roran livrar-se-ia ligeiramente do rapaz, e o mandaria de volta à sua Dras-leona.

Haddes propunha uma vassalagem de Carvahall para com Dras-Leona. E em troca Roran receberia uma parte das mercadorias da Cidadela do Leona.

Roran não precisava de mercadorias, mas a posse do lago Leona era algo que podia considerar.

– Minhas condições são imutáveis. – Sua voz apagou qualquer vestígio das palavras do rapaz verde.

Lemond afirmou com a cabeça hesitante.

– Sim Conde. Meu pai irá... irá ouvir suas condições.

Roran apoiou firmemente as mãos na mesa e levantou-se, esticando o pescoço e aproximando-se de Lemond.

– Sim, ele irá ouvir. – O Conde levantou-se, pegou uma folha de papel e um tinteiro na estante ao lado.

Roran voltou a sentar. Escreveu suas condições e assinou a carta. Selou-a e deixou-a em cima da mesa.

– Era apenas isto, o que veio tratar comigo? – Perguntou Roran. Estava farto daquela criança que se achava adulto.

Roran não acreditou no que acontecia, quando Lemond quis dar-lhe ordens. Será que seu pai não havia lhe dito que fora de Dras-Leona não poderia dar ordens em ninguém que não fosse seus homens que o acompanhavam?

Roran torcia para que Haddes vivesse por mais vinte anos, e ensinasse ao seu filho como se governa.

Haddes era um homem inteligente, e não era uma pessoa ruim, apenas velho e de cultura forte. Com certeza em sua juventude foi ensinado, que os urgals eram feras traiçoeiras e violentas – E realmente eram –. Talvez até tenha presenciado a brutalidade da raça. Talvez apenas não tenha confiado na lealdade dos urgals para com o Império Varden, mas Haddes deveria ter esperado, e comprovar esta lealdade.

– Não s-senhor, e-era apenas isso. – Gaguejou o rapaz.

Isso! Roran deixara o rapaz com medo, isso era bom.

– Então estão todos liberados. – Roran pegou a carta. – Albriech, mande um de seus mensageiros levar esta carta a Haddes, e certifique-se de que ele a receba daqui a uma semana. – Disse ele entregando-a nas mãos do Mestre.

– Sim senhor, ela chegará. – Dizendo isto, fez uma reverencia e saiu da sala.

Os Ombros de Roran pesavam, sua capa grossa empurrava-os para baixo, o inverno era duro, mas ele gostava assim, sempre gostou do frio. E saber que tinha de deixar Carvahall mais uma vez não lhe agradava.

Nasuada enviara uma carta. Roran deveria ir à Iliera, normalmente Nasuada o chamava para comandar uma tropa muito grande, ou para liderar Urgals junto de Garzvogh.

A noite estava sombria. As lamparinas não eram capazes de dar total iluminação ao castelo gigante. Roran pegou uma lamparina e percorreu os corredores até seus aposentos.

Era cedo, porém Carvahall estava silenciosa, como se toda a cidadela estivesse de luto. O luar estava ausente. E ali da janela de seu quarto, nada se via ao olhar para baixo, nem casas nem tavernas nem nada, apenas um abismo escuro.

Roran afastou o olhar daquela a visão perturbadora. Na cama, algo lhe interessava mais.

Deitada de bruços vestida de ceda fina Branca, moldada conforme as curvas do corpo que pouco escondia. Com os fios de cobre, que formavam o longo cabelo, espalhados, estavam sua mulher, Katrina, já adormecida.

Aquela por quem lutara. O motivo de estar vivo naquele momento.

Deitou, com todo cuidado de não acordá-la, ao seu lado. Quase instantaneamente Katrina rolou pela cama e colou seu corpo no dele.

Seus olhos ainda estavam fechados, mas sua boca sorria.

– Não deveria desperdiçar o pouco tempo que tem comigo. Amanhã já partirá. – Disse sonolenta.

Roran encostou o rosto no dela.

– E você partirá comigo desta vez.

Ela o encarou.

– A rainha exige?

– Sim. – Respondeu – Desta vez não comandarei exército nenhum. Nasuada exige a minha e a sua presença.

Katrina refletiu.

– O que quer ela de mim?

Roran coçou o queixo.

– Não sei. Provavelmente será uma honraria ou um ritual de vassalagem. – Normalmente era, quando Katrina participava.

– Sempre considerei isso desnecessário.

Roran sorriu.

– É importante para o império todos saberem que ele está prosperando, e garantir que não existe nenhuma falha administrativa.

– Isto é apenas simbólico. – Retrucou ela. – Basta observar Orrin. O homem não deixará escapar nenhuma chance de chegar ao poder. Ainda assim parece estar a mil maravilhas com a Rainha e totalmente satisfeito com sua condição de rei Surdano.

– Mesmo que representativo ainda sim necessário para a prosperidade. Quanto a Orrin... Nasuada não deixará uma sequer brecha para Orrin.

– Aquele homem me dá arrepios – Exclamou ela. – Não lembrava de toda essa energia negativa nele, quando o conheci.

Energia negativa traz Lemond nos olhos. Pensou Roran.

A forma como o rapaz o tratara causou repugnância a Roran. E a forma como olhou para Ismira também. Ah, mas Roran não permitiria que ele encostasse em um fio de cabelo de sua filha.

Tinha de mandá-lo de volta.

– Roran? – Katrina o despertou dos pensamentos. – Em que está pensando?

Roran respirou fundo.

– Aquele rapaz. Não gosto da forma que age com as pessoas. Tenho medo que algum dia chegue ao comando de Dras-leona.

Katrina encostou a cabeça no seu peito e ele pode sentir o agradável perfume de seus cabelos.

– Amanhã ele já estará a caminho de Dras-leona. E nós a caminho de Iliera.

Roran assentiu.

– E Ismira? Quem vai por freios naquela menina? – Roran resmungou – Não importa o quão duro eu seja. Parece tão difícil para ela me compreender.

Katrina sorriu levemente.

– E você martelo forte? Quando compreendeu alguém facilmente? – Ela o apertou nos braços. – É só uma jovem que está crescendo, querido. Ela aprenderá, é só esperar.

– Tem razão. O tempo talvez a ensine melhor. – Roran refletiu por um momento. – Talvez ela deva me acompanhar nas viagens. Talvez aprenda um pouco.

– Sim – Disse ela encerrando o assunto. – E você terá bastante tempo para pensar nisso. – Disse subindo em Roran, encaixando as coxas em sua cintura.

Katrina o beijou, como se nunca o tivesse possuído antes. E o calor foi crescendo em seu corpo.

Roran acordou antes do sol, para observar pela janela, a preparação para sua partida. Vários cavalos estavam sendo selados, inclusive o seu.

Um enorme garanhão vermelho que substituiu fogo na neve quando morreu.

Seria uma viagem longa e cansativa até Iliera, mesmo com todos os pontos de parada, e Roran pretendia não cavalgar todo esse tempo. Uma carruagem seria útil, mas demonstraria fraqueza.

Era bom que o assunto fosse importante.

Roran ficou ali, vendo o sol surgir entre as montanhas à leste. Aproveitando o frio da manhã enquanto ainda podia senti-lo. Mais uma vez, não estaria ali.

Não poderia mais ficar ali parado. Tinha de convocar Albriech, Baldor e seus conselheiros.

Banhou junto de Katrina e vestiu-se. Pôs sua cota de malha com uma túnica verde cinza por cima. Colocou seu martelo de metal resplandecente, com o punho pontiagudo de prata – também presente dos anões – no cinto.

A viagem demoraria um pouco a ser realizada. Primeiro haveria o Shervaën abr Skulblaka que Roran deveria assistir.

– Vamos? – Disse Katrina pondo a última de suas jóias no pescoço.

Estava com um vestido vermelho acobreado combinando com o cabelo, que estava preso em um coque envolvido por uma trança.

– Vamos – Respondeu Roran.

E os dois seguiram de braços entrelaçados.

Que piada. Pensou Roran.

Aquele não era ele de verdade. Não era aquele lorde de boa postura e bons modos.

Os dois entraram na sala de reunião. E lá estavam todos os conselheiros. Albriech com os longos cabelos castanhos com duas tranças que repousavam em suas costas, a longa barba também trançada, como sempre. Baldor com sua armadura negra, e os cabelos escovados.

Lemond contemplou Roran dos pés à cabeça, com seu olhar agora de medo – Antes de frieza.

– Bom dia a todos – Disse Roran com satisfação.

Lemond agora o temia. Roran sentiu vontade de rir. Sentou no seu lugar, ao lado de Katrina.

E lá discutiram por, no mínimo, uma hora como seguiria depois que Roran partisse. Também sobre a vassalagem de Carvahall à Dras-leona.

Ao final, Roran concluiu que não poderia participar da celebração dos cavaleiros. Seria preciso partir logo.

E claro. Albriech ficaria no comando de Carvahall.

Fora da grande fortaleza o sol já saia de traz das montanhas. Os cavalos em que viajariam, estavam enfileirados em duas filas paralelas, com os de Roran e Katrina liderando-as. A cidade toda estava ali para ver Conde e Condesa partirem.

– que o vento os traga de volta às montanhas. – Disse Albriech curvando seu corpo magro e alto como de um elfo.

Baldor montou seu cavalo negro que estava logo atrás do de Roran. Ele sempre ia aonde quer que Roran fosse.

O Conde e a Condesa montaram seus cavalos.

O vestido de Katrina caía de lado pelo corpo da égua branca.

Logo veio Lemond, tentando mostrar autoridade em sua postura. Montou seu cavalo, transbordando imponência. Em uma das mãos tinha uma luva dourada. e um bracelete vermelho para cada antebraço.

Ismira postou-se ao lado de Albriech, com Hope.

– Espero revela Lady. – Disse Lemond à Ismira com um sorriso.

Ismira nada disse. Parecia assustada.

Roran despediu-se da filha, e de todos.

E assim eles partiram. Os guerreiros de Dras-leona seguiram na frente de Lemond e Roran. Os de Carvahall seguiam atrás.

Depois de uma hora e meia de cavalgada, alcançaram Therinsford, um vilarejo pequeno um pouco ao sul de Carvahall.

Mas não pararam, continuaram até passarem de Utgard. A montanha onde Galbatórix matara Vrael. O sol já estava no topo do céu quando as montanhas começaram a encolher, e encostava no horizonte quando elas sumiram.

Ali na campina, os soldados começaram a montar acampamento. Ficariam ali até o amanhecer e depois seguiriam para Yazuac.

A tenda de Roran já estava montada. E tudo que ele precisava era descansar. Não esperou a noite aprofundar-se, Dormiu como se não dormisse há dias.

A manhã chegou gelada, quando Roran acordou, mas não como Carvahall.

Katrina dormia como uma pedra, mesmo delicadamente.

Roran acariciou-lhe o rosto e vestiu sua cota de malha. E suas Botas pesadas. Colocou o martelo no cinto e saiu da tenda.

Nuvens carregadas cobriam o céu. E a terra estava molhada.

Havia chovido durante a noite? Ele não percebeu.

Quatro fileiras de tendas ali nas planícies formavam o acampamento. Os cavalos estavam protegidos da chuva em uma tenda maior que as outras, e aberta nas laterais. Agora, com a luz do dia, era possível ver o fio prateado no meio da neve que rodeava as montanhas leste, o rio Anora.

Roran seguiu andando pelas fileiras, cumprimentando os soldados, tanto de Dras-leona, quanto de Carvahall.

– Conde Roran. – Chamou um dos soldados.

Roran virou-se. Era um homem de Dras-leona.

– O que deseja? – Perguntou Roran.

O homem parecia nervoso. Sua pele estava pálida e suada.

– Já devemos partir? – Disse ele ligeiramente.

– Sim. – Roran respondeu um tanto confuso. O homem deveria perguntar isso a Lemond.

– Então vamos. – Disse o homem batendo na cabeça de Roran com o cabo da espada.

Roran caiu de joelhos, o mundo estava girando ao seu redor. Não conseguia levantar-se. E quando tentou o soldado lhe chutou a cabeça derrubando-o.

Raios! Onde está Baldor.

Roran não conseguia ver mais nada. Apenas ouvir.

– Tragam a esposa deste infeliz. – Ouviu uma voz mais grossa que a de Lemond. – E o rapazinho verde de Dras-leona.

Não! Katrina não! Roran quis gritar, mas não conseguia ao menos falar.

Roran abriu os olhos por um instante e viu um homem de Carvahall segurando Katrina por um braço, e um soldado de Dras-leona pelo outro.

Katrina estava com a cabeça baixa, colada no peito. E seus pés arrastavam no chão. Tudo indicava que estava desacordada.

O que estava acontecendo? Roran não conseguia mais lutar, não conseguia mais manter-se acordado. Sua cabeça latejava.

Mas de algum jeito tinha de salvar Katrina.

Ah Katrina... Não você... Não de novo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

:o
Oh Roran e agora? hahah
será que ele vai chegar em Iliera?
não sei, vamos esperar.
gente.. comentem o que acharam, e mais uma vez repito,
se quiserem deixem suas idéias nos comentários.
Espero que gostem.. Obrigado.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Um mundo além do mundo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.