Um mundo além do mundo escrita por Lobo Alado


Capítulo 3
A um passo da magica


Notas iniciais do capítulo

Nossa querida Ismira apareceu.
Acho que não haveria como não por Ismira nesta fan-fic, sem duvidas ela evoluirá muito, e não apenas por ser filha de Roran.



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A jovem garota estava insegura, os movimentos de seu professor eram imprevisíveis. O que ele pedia que fizesse era absurdo, ela sabia que não iria conseguir atingi-lo. Frustrada, Ismira atirou a espada de madeira ao chão, que caiu com um estrondo alto que ecoou pela sala de pedra vazia.

Para ela, a sala de treino era o lugar mais deprimente de todo castelo. Castelo Beor, o castelo de Carvahall, onde vivia. Fora construído pelos mestres da pedra, os anões, assim como toda cidade de Nova Carvahall, como presente a Roran e os da cidadela – que antes era um vilarejo –, pela participação na guerra contra Galbatorix, e, principalmente, pela ousadia de Roran Martelo Forte.

Beor, assim batizaram os próprios anões em homenagem as montanhas Beor, pois o topo de sua maior torre, a Torre do centro, ultrapassava até duas vezes o tamanho da maior das montanhas da espinha, e seu diâmetro era incrivelmente extenso. Talvez a maior construção já feita pelos anões, e feita com maestria, um castelo de torres tão altas não deveria sustentar-se devido ao vento e o desgaste do tempo. Mais uma prova de que a engenharia dos anões aproxima-se da perfeição.

A sala totalmente vazia e escura tinha apenas as lanternas de pedra dos anões nas paredes. Era apenas ela, seu professor e as duas espadas de madeira. Seu intocável professor era o elfo Sírin, rígido demais, pouco amigável e inatingível. Seu pai sempre o defendia quando a jovem fazia reclamações, dizia que era o melhor professor para ela, se queria ser um bom espadachim no futuro, já que era isso que ela queria.

Ismira nunca quis ser uma senhora delicada, queria ser uma guerreira, assim como seu pai fora. Odiava a forma como todos a tratavam, todos a paparicavam por ser filha de Lorde Roran – Menos Hope, sua melhor amiga.

O elfo Sírin era jovem demais para um elfo, mas um excelente espadachim. Participara de vários torneios, com varias raças, nos jogos criados por Eragon.

Sírin usava uma túnica dourada nada humilde, um colar exótico que chamava a atenção de Ismira, seus cabelos eram de um castanho brilhoso e vivo. Seus olhos eram profundamente negros e suas sobrancelhas quase não existiam. Seu corpo era incrivelmente magro como Ismira nunca tinha visto. Era diferente e chamativo, mas ainda assim, irritante.

Como Sírin queria que se tornasse um bom espadachim se nem ao menos a deixava tocá-lo com a falsa espada?

— Apanhe essa espada, humana. – Disse ele Incrédulo.

— Isso é inútil, nuca nem ao menos consigo acertá-lo. – Disse ela apalpando o rabo de cavalo de seus cabelos cor de cobre.

O elfo suspirou lançando um olhar de desdém a Ismira.

— Espere aqui. – Disse ele indo em direção a porta da sala.

Ismira odiava aquele elfo irritante, tudo o que fazia era dar ordens, não lhe ensinava nada, nunca tivera um treino de espadas de verdade.

A jovem apanhou a espada do chão e começou a golpear o ar brutalment. Para ela, até aquilo era mais eficaz do que treinar com quem nem era de sua raça. Golpeou o ar lembrando-se das histórias sobre seu pai e os guerreiros Varden, que sua mãe contava.

A escura sala de pedra havia desaparecido e Ismira encontrava-se agora no campo de batalha, guerreando pelos Varden, ao lado se seu pai e de seu temido martelo.

A porta abriu-se com um estrondo forte, trazendo Ismira de volta a sala. Entrou por ela seu professor segurando o braço de um jovem talvez da sua idade. Era mais alto e mais forte que ela, porém tinha um olhar confuso em seu rosto.

— Vamos lá, se não gosta de meus ensinamentos, lute com ele. – Disse o professor direcionando o menino ao centro da sala.

O garoto estava perdido sem saber o que fazer, Sírin entregou a espada de madeira na sua mão.

— Vamos, lutem. – Disse ele com sua voz autoritária.

Ismira hesitou em atacar o garoto assustado, mas então criou coragem e o golpeou de leve no joelho direito. O garoto nem ao menos desviou... E então nas mãos, fazendo-o derrubar a espada com um grito de dor.

— Basta. – Ordenou Sírin. – Está dispensado, garoto.

O menino, apavorado, saiu da sala deixando a porta Aberta.

— Hum... Parece que O garoto é um professor melhor do que eu – Disse Sírin com a mão no queixo, deixando transbordar ironia em suas palavras. – Diga-me, humana, o que ele tem que eu não possuo?

— Bem... Ele não poderia me vencer? – Disse ela desconfortável.

— E por que não?

— Por que ele é inexperiente. – Disse ela sentindo-se tola.

— E o que faz você mais experiente que ele? – Disse ele cerrando os olhos.

— Eu tenho um professor. – Disse ela abaixando a cabeça.

— Não, não é apenas isso. Você também possui pratica. E a sua pratica foi o suficiente para vencer o garoto, mas não é o suficiente para me vencer ainda. – Ele olhou profundamente para Ismira – O que você quer? Quer ser um bom espadachim ou tocar o seu Aço em mim?

Madeira. Ela pensou, mas não seria uma boa hora para corrigi-lo.

— Agora vamos treinar, até que consiga me atingir. – Disse ele aumentando o tom de voz.

— Sim. – Disse ela pondo-se em posição de ataque.

As horas seguintes foram mais proveitosas, Ismira lutou com mais vigor e determinação. O suor de sua testa estava quase alcançando seu olho esquerdo, mas ela não conseguia parar de dar estocadas contra Sírin.

— Está... Está bem, já basta. – Disse ele livrando-se de um golpe e derrubando a espada das mãos de Ismira. – Está Bom por hoje, O sol já está no topo do céu. E não se esqueça, hoje ao por do sol.

Ela assentiu.

— Sim. Até, Mestre. – Disse saindo pela porta.

Os corredores do castelo eram extensos e incrivelmente largos. Era comum o castelo receber a visita de cavaleiros de dragões para tratar de algum assunto com Roran, Ismira já havia visto vários dragões passarem pelos corredores. Seu pai contara que uma vez, um dos três mestres cavaleiros visitara o castelo, Oriúmos e seu dragão laranja, o maior dos dragões. E até mesmo ele passara pelos corredores sem algum problema. Seu pai dissera que o castelo era um exagero dos anões, e que Carvahall não precisava de algo tão grande. O rei Orik retrucara dizendo: “As montanhas devem ter construções que combinem com elas.”

Ismira tinha o habito de subir até o topo da torre do centro – que tinha uma abertura em forma de círculo, como se fosse um enorme poço, o qual uma escadaria percorria suas paredes em espiral – e olhar para baixo, nada conseguia ver alem da escadaria e da escuridão do fundo da torre-poço.Tudo em Beor era grandioso. Era uma construção complexa e detalhada.

As lanternas dos anões a incomodavam, além das intermináveis escadarias em espiral que pareciam não ter fim. Estava à procura de Hope, mas ela não estava em seus aposentos. Procurou por um bom tempo nos corredores até desistir e resolver procurar fora do castelo.

Finalmente encontrou a saía, podendo respirar um pouco de ar puro e gelado do inverno nortenho. Andou pelas ruas de pedra recheadas com neve da vasta cidadela à procura de Hope.

A jovem parou ao ver pisoteando a neve o glorioso cavalo negro de Baldor, O irmão de Hope. Talvez ele soubesse onde ela estava. Dirigiu-se até o garanhão negro e puxou a perna do cavaleiro que o montava.

— Tio Baldor! – Ismira adorava Baldor, era muito divertido, e um Bravo guerreiro. Lutara ao lado de seu pai na guerra contra Galbatorix.

— Ah, Mocinha! Como o capitão Baldor pode ajudá-la, pequena Senhora? – Disse ele com seu sorriso exagerado de sempre, atrás de sua longa e grossa barba castanha.

Faltava um ano para Ismira completar a idade adulta, mas Baldor nunca deixara de tratá-la como uma criancinha, era o seu único defeito.

— Você sabe onde está Hope? Ela esta no castelo? – Disse ignorando o gracejo.

O capitão coçou o queixo. Sua cota de malha era prateada e de um brilho escuro e feroz, sua espada de bainha negra causava calafrios em Ismira, Baldor era outra pessoa quando vestido naquele traje.

— Provavelmente não, pequena. Ela não gosta muito de paredes cercando-a, certamente está pela cidade.

Aquilo era verdade, Hope raramente ficava no Castelo Beor, onde vivia também os irmãos, Baldor e Albriech. Já seu pai ,Host, não... nunca abandonara sua velha casa nem a ferraria, era o que lhe deixava feliz, o som do aço ganhando forma.

— Obrigada. – Disse ela fazendo uma reverencia.

O capitão saiu a trote rápido, com sua capa curta esvoaçando atrás de si.

Ela seguiu seu caminho a procura amiga pela cidadela. O barulho invadia seus ouvidos por todos os lados. Ali se encontravam comerciantes de todo império, com suas mercadorias típicas de suas respectivas regiões. Alguns viviam ali fixamente.

Andava pelo centro, onde as estruturas de madeira, cobertas de palha, contrastavam com as casas de pedra, quando avistou pela entrada de uma taverna familiares cabelos castanhos. Não tinha duvidas, era Hope. Mas o que ela fazia ali àquela hora da manhã?

Ismira adentrou a taverna que cheirava a carne torrada e álcool, e aproximou-se da amiga. Hope vestia um casaco negro e grosso com um capuz repousando em suas costas, uma calça cinzenta e pesadas botas pretas. Um traje nada apropriado para uma Lady, justamente por isso ela e Hope eram amigas, as duas detestavam os caprichos das senhoras nobres.

— Hope, o que está fazendo aqui? Olhe para este lugar. – Mesmo de dia a taverna era escura e obscura.

Hope lançou um sorriso amistoso ao ver a amiga. Estava com os olhos fundos. Sua testa e seu nariz acentuado estavam molhados de suor.

— Nossa, você está péssima. – Disse Ismira ao fitar Hope.

Hope lançou um olhar de desdém a Ismira.

— Tenho que dizer o mesmo de você, parece que acaba de percorrer toda espinha andando.

— Ou passado as ultimas horas batendo gravetos com o senhor das orelhas pontudas. – Disse ela fazendo uma careta. – Mas você ainda não me respondeu. O que está fazendo neste lugar horrendo?

Hope deu um meio sorriso um tanto malicioso.

— Provando minha primeira dose de Álcool. Está servida? – Disse ela levantando o copo para Ismira com um meio sorriso.

— Bah! Não, obrigada. – Exclamou ela lançando um olhar de desdém a bebida. – Estou certa que sim, a primeira do dia. – Corrigiu ela.

— Foi você quem fez a pergunta estúpida, não eu. – Retrucou Hope.

Ismira gostava de Hope, pois sempre estava de bom humor. Sentou-se em um banco ao lado da amiga.

Conversaram sobre tudo e até mais do que podiam, falavam de tudo e de todos. Mataram a saudade que sentiam uma da outra. Uma saudade interminável

Conversaram enquanto o sol percorria seu trajeto à oeste. Até que a familiar e violenta batida no tambor da entrada da cidade as calou.

A batida no tambor significava que um visitante de alguma parte do Império havia chegado.

Hope lançou um olhar a Ismira, que a retribuiu. E as duas foram correndo ver quem havia chegado como duas crianças.

As duas correram entre a multidão que já havia se aglomerado até os portões da cidade. Ismira avistou uma casa baixa que não seria tão difícil de escalar.

— Vamos subir ali para vermos. – Disse ela apontando para o telhado da casa.

Hope lançou um olhar de incredulidade para Ismira, que deu de ombros.

— Ora, vamos lá! Como quando éramos crianças. – Disse a jovem ruiva.

— Ah, eu vou morrer de vergonha... Vamos lá. – Disse ela indo em frente.

As duas subiram o telhado com cuidado para não quebrar a madeira frágil. Dalí era possível ver o portão e a muralha esverdeada coberta de liquens até a metade – que morria entre as montanhas ­– logo à frente, e quem avia Adentrado por lá

Pouco mais que uma dúzia de guerreiros com cotas de malha por baixo de túnicas vermelhas, com suas lanças e escudos, postados lado a lado, atrás de outro homem com uma armadura de um reflexo avermelhado, talvez o capitão dos soldados.

Homens da Rainha ­– Pensou Ismira.

O homem a frente dos outros falava com seu pai, que estava de frente a ele com Baldor ao seu lado. Soldados de Carvahall, com suas cotas de malha que se estendiam ate as suas cabeças, por baixo de túnicas marrons claras, estavam postos atrás de Roran.

Então os três saíram, escoltados pelos soldados que chegaram e os de Carvahall, em meio à multidão que abriu caminho para a passagem.

Ismira observou-os até não avistá-los mais na multidão. Provavelmente ela iria ter de participar de um jantar chato de cortesia, teria de usar um vestido deslumbrante, do tipo que a deixava desconfortável.

— Vamos, vamos descer daqui. – Disse Hope esforçando-se para descer o telhado em segurança.

— Para onde vamos agora? – Perguntou Ismira.

Hope suspirou.

— E para onde mais iríamos? – Indagou. – Vamos ver quem são os visitantes.

— São só soldados mandados pela Rainha, não tem nada de interessante neles. – Disse Ismira tentando fazer a amiga desistir da idéia. Ismira detestava isso em Hope, sua curiosidade. Ela não via nada de interessante nos assuntos de seu pai com os nobres das outras cidadelas, já Hope tinha um fascínio por tudo que vinha de fora.

— Você não me fez subir até aqui para vermos quem estava chegando, para depois querer que eu deixe que se vá despercebido, não é? – Disse ela com um olhar penetrante em Ismira. – Vamos lá ver quem é esse cavaleiro galante. – sorriu.

Realmente galante. Ismira tinha de concordar. Era forte e alto, tinha uma postura majestosa, cabelos negros caiam sobre seus ombros. Seu rosto não era tão visível do teto da casa, mas parecia ter feições perfeitas em seu rosto despido de barba. A verdadeira visão de um herói dos contos de sua mãe, porém nada disso era importante para Ismira, o que chamava a sua atenção em um cavaleiro eram seus grandes feitos, seus atos heróicos e suas grandes batalhas.

Ismira aguardava em frente à entrada da sala de reunião, impaciente, ela não queria estar ali. Já Hope, estava animadíssima com o homem de cota de malha de brilho vermelho.

As duas estavam ansiosas, mas os motivos da jovem eram diferentes dos de Hope, Ismira sabia. Quando a porta grossa se abriu, e de lá saíram ainda discutindo qualquer coisa, Seu pai e o visitante.

Agora Ismira podia ver, o homem perecia jovem, talvez pouco mais de 6 anos mais velho que ela, seu traje era ainda mais belo e reluzente de perto.

Seja o que for que estivessem discutindo, pararam quando perceberam Ismira e Hope.

O homem olhou por algum tempo para Ismira e Hope sem expressão, seus olhos eram negros e profundamente penetrados ora em Ismira ora em Hope.

— Lady Ismira. – Disse ele fazendo uma reverencia exagerada a ela. – Certamente Já ouvi falar de você. Uma senhora de personalidade forte. De todas as senhoritas do império você é a de que mais ouço falar, e a que mais me chama atenção. – Concluiu ele pondo as mãos dela nas dele e beijando-as.

Ismira arrepiou-se, mas não soube exatamente o motivo, talvez pela beleza e elegância do homem de armadura, o toque dos lábios em suas mãos, ou seu bizarro olhar e a energia negativa que transmitia.

Porque ele fizera aquilo? Ismira não compreendia, talvez fosse mais que um cavaleiro, Um lorde de alguma cidadela importante, mas isso só a fazia sentir repugnância.

Tirou rapidamente a mão e encolheu-se.

— Obrigada. – Disse ela nem um pouco grata.

Seu pai estava com sua cara de desconfiança de sempre. Olhava para o homem, alisando sua longa barba marrom quase negra. Roran limpou a garganta.

— Lorde Lemond, lhe encaminharão aos seus aposentos. – Disse ele desconfortável, fazendo uma reverencia, como que lhe dispensasse.

Ismira sabia agora quem era o homem... Era Lorde Lemond, filho de Lorde Haddes, protetor de Dras-leona, uma cidade rica ao sul do Império de Nasuada.

De todos os Lordes, era o que menos gostava, Lorde Haddes, conhecido por ignorar as leis do império, e por suas patrulhas em direção a espinha, para caçar Urgals... E matá-los.

Ismira não gostava de Urgals, mas de qualquer forma eles estavam em paz com o Império, até o maldito Lorde Haddes proclamar guerra a eles, desde então o império foi atacado diversas vezes pelos Urgals. Uma situação que Nasuada e o principal líder Urgal, Nar Gazvogh, tentaram resolver por anos, até Lorde Haddes render-se e ir até Ilirea pedir o perdão da Rainha. Ela aceitou de bom grado, com a condição de que o Lorde perseguisse os Urgals rebeldes que atormentavam o império há muito, assim como colocar a seu fardo a responsabilidade de capturar os infratores de todo império.

O que Ismira não entendia. Já conhecia a Rainha, era simplesmente brilhante, mas porque colocar tanto poder nas mãos de um infrator? A rainha lhe respondera que realizar uma tarefa como punição não qualificava nem honrava ninguém. Embora Lorde Haddes realizasse a tarefa com maior prazer.

Sobre Lemond, não sabia tanto, mas era filho de Haddes, e totalmente sinistro, sua aversão a ele agora era completa.

— Lorde Lemond... – Disse Hope despertando Ismira. – Se Haddes for como o filho, nem ligo que seja um traidor.

Ismira nem ao menos conseguiu forçar um sorriso, estava um pouco desnorteada. Não compreendia o que Lorde Lemond fazia ali, em Carvahall, seu pai também não gostava dele. Talvez estivesse a mando da rainha.

— Vamos, Hope. – Disse ela levantando-se Abruptamente. – Não perderei minha tarde aqui neste castelo.

Hope a seguiu sem discussão. As duas foram para fora do castelo, perambular pela cidade como sempre faziam. Carvahall estava movimentada, mais que o normal. Foram para o campo de batalha onde Albriech treinava novos guerreiros, e era lá que Hope treinava também, Albriech como irmão tentou impedi-la, dizia que não era o que ele queria para ela, mas o pai permitiu, dissera que faria aquilo que ela bem quisesse e que pouco faltava para a idade adulta.

O tinir das espadas soava alto e brutal, nada leve como uma musica, como dissera Sírin. Talvez por serem alunos ainda, não importava, era belo de qualquer forma, o que mais se aproximava de uma batalha à Ismira – Depois dos torneios – eram os soldados a treinar no pátio.

No meio de tantos, Ismira reconheceu um guerreiro. Seus cabelos negros cacheados, cachos tão perfeitos lhe caiam sobre os ombros, e o que ela achava mais bonito nele, a simplicidade de suas feições, e sua boca que parecia sempre com um meio sorriso, mas ela não tinha certeza.

Era Serje, seu amigo – Mas ela queria mais que amizade –. Um rapaz que escolhera lutar por Carvahall e pela Rainha. Ismira queria estar no lugar do jovem, mas seu pai dissera que era muito jovem, e não permitira. Ismira esperneara e gritara com o pai, mas só havia piorado a situação.

A jovem não entendia, Serje era apenas dois anos mais velho, e começara a treinar para servir com quatorze anos. Na verdade isso ela entendia, era a queridinha do seu pai, assim como de todos os outros nobres. Seu jeito largado já decepcionava bastante, se se tornasse guerreira então... Mas isso não importava, um dia tornar-se-ia guerreira e vestiria o ferro.

— Mestre. – Disse Hope à Albriech com um aceno. Ali no pátio de treinamento não eram irmão e Irmã, e sim Mestre e aprendiz.

— Hope, Ismira. – Retribuiu o aceno. – O que fazem aqui? Quer treinar novamente Hope?

— Só viemos observar. – Ismira apalpou o rabo de cavalo, fazia isso a cada minuto. – está quase no fim os treinos, certo?

— Sim, querida. – Disse Albriech coçando o queixo. Albriech era pouco igual ao irmão Baldor, mais sério, reservado, desprovido de armaduras luxuosas. Mais magro que Baldor, porém considerávelmente mais alto. Cabelos longos, castanhos batiam nas suas costas, sua barba possuía duas tranças pequenas que cobriam o queixo.

A história dizia que Baldor e Albriech – Assim como Roran também – mal sabiam segurar uma espada quando rebelaram-se contra Galbatórix, e agora os dois eram cavaleiro e mestre de armas.

Albriech era bem mais que um mestre de armas, na verdade, era também o representante de Roran. Governava Carvahall no lugar de Roran, quando o Conde viajava, além de viajar no lugar de Roran também. Falava a língua dos anões, a língua dos elfos – Alguns diziam até que Albriech era um mago. – Passara bastante tempo como informante da rainha, viajara por elesméra, tronjhein, Surda, e por todo império. Parecia ter mais idade do que realmente tinha.

O tinir das espadas diminuiu, e então Albriech deu a ordem.

— Amanhã serão mais resistentes que hoje, e lembrem-se, não se entreguem ao oponente, dêem sempre um jeito de se sobrepor ao inimigo. Não quero ver lutas tão fáceis, não quero ver lutas terminadas até eu dar o sinal para pararem, certo?

E então o coro varreu o silêncio como uma onda.

Sim, Mestre!

Embainharam as espadas em sincronia e dispersaram-se.

Ismira não tirava os olhos de Serje, esperando que ele a visse, e ele a viu. Ismira deu-lhe um sorriso, e ele retribuiu, com seus dentes alinhados em um familiar sorriso. Caminhou sem pressa em direção as duas jovens. Olhou primeiro para Hope.

— Aprendiz. – tocou o grosso casaco de Hope. – seus trajes estão belíssimos. – Uma gargalhada explodiu de Serje. – Temo que tenha mentido.

— Estou confortável em meus trajes, Soldado honrado – Ironizou – Me sentirei confortável também ao pegar minha espada e parti-lo em dois.

Serje ignorou Hope e olhou para Ismira como se não a tivesse visto ainda.

— Raposa! – Deu-lhe um Abraço forte. – depois preciso saber se esse elfo carrancudo está lhe ensinado bem. – Disse ele com seu meio sorriso.

Raposa. Ismira adorava o apelido. Serje dizia que a raposa era um animal misterioso tanto quanto Ismira – Embora ela ainda achasse que o motivo do apelido era somente o cabelo vermelho.

Os três ficaram no pátio, agora vazio, revestido de cerâmica branca, coberto pela neve, um pátio arredondado, rodeado pelas suas estruturas de madeira, que abrigavam armaduras e armas. Ficaram lá, sentados, conversando, ora lutando. Ismira nem perto chegava de atingir Serje, que já era guerreiro fazia um ano, mas ao contrario de Sírin, permitia que Ismira o golpeasse, machucasse um pouco aqui e acolá, até arriscava dizer que ela o tinha acertado de verdade, por seu próprio mérito, mas não era o suficiente para ela.

No ultimo duelo, Serje exigiu um pouco mais da Joven.

— Está... Está bom já, Serje. – Disse ela chocando sem força a sua espada a dele, seu braço doía tanto que a espada apenas tocou fracamente a dele. – Já chega, Serje... – Disse deixando o aço cair no chão. – Preciso descansar. O treinamento de hoje, ao por do sol com Sírin, cobrará energia de mim.

Os três foram conversando até o grande castelo. Lá Ismira despediu-se de Serje e entrou na grande imensidão com Hope.

Chegou ao seu quarto com as pernas doendo, a escadaria era traiçoeira. Uma grande banheira com água quente a deu boas-vindas que ela aceitou de bom grado. O banho a tranquilizou. Sentia-se melhor agora, e preparada para o encontro com Sírin. O sol estava descendo cada vez mais, e tinha de deixar o castelo naquele momento se quisesse chegar lá ao por do sol.

Já fora do castelo, Ismira montou seu cavalo marrom.

As ruas da cidade estavam pouco movimentadas, e dali era possível ver o seu destino. A montanha do por do sol. Era a montanha a qual os anões haviam construído uma escadaria para o pôr-do-sol ser apreciado – Já que não era possível vê-lo ali no vale.

Finalmente chegou as Beiradas da cidade, adentrou a floresta que subia a montanha e seguiu seu caminho, quando chegou à escadaria, subiu-a em galope rápido, viu que se atrasaria. Seu pai dizia-lhe que era bastante perigoso subir aquelas escadas rapidamente. Mas ela já era acostumada àquilo. Sentia-se culpada por quebrar as regras de seu pai, mas não culpada o suficiente para não fazê-lo.

Quando alcançou o topo da montanha, viu o lindo sol sendo esmagado pela noite. Magnífica visão que, nem todos os dias, via. No topo da montanha havia sido construído um pátio arredondado, não muito grande, rodeado de arvores, como uma pequena clareira. Aquela construção natural era obra dos elfos, Ismira sabia.

No centro, banhado de raios solares, estava o elfo sírin, de olhos fechados, com um sorriso que Ismira só via quando ele estava ali. O elfo abriu os olhos.

— Lady Ismira. – falou calmamente. – Observe o por do sol.

Ismira olhou estreitando os olhos.

— É lindo. – Disse ela para ninguém. Aquilo realmente era magnifico. Para alguns poderia ser normal e sem graça, mas para os de Carvahall não, o por do sol, se não fosse pelas montanhas, seria inacessível.

— Em elesméra eu o observava na clareira da arvore menoa... Aqui tenho que escalar uma montanha inteira. Mas diga-me, conseguiu fazer o que lhe pedi?

— Sim. – Respondeu ela de cabeça erguida.

— Então me mostre. – disse ele apressando-a.

Ismira inspirou fundo, pegou uma pedra no chão, ergueu-a na mão plana na altura do peito. Fechou os olhos e concentrou-se, concentrou-se mais que na primeira vez, tanto que se esqueceu do que estava ao seu redor.

— Stern reisa. – murmurou sentido a energia esvair de seu corpo.

Os olhos inteligentes de Sírin concentraram-se na pedra, e seguiram a pedra subindo no ar e deixando a mão de Ismira, para depois cair novamente na mão da jovem.

O coração de Ismira acelerou-se. Olhou para o elfo que sorria.

— Magnífico – Disse ainda calmamente. – está cada vez mais perto de se tornar uma feiticeira, humana.


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Notas finais do capítulo

O capítulo quatro vai demorar um pouco :'(
Comentem o que acharam do capítulo. aceito sugestões também, deixem-nas nos comentários
Obrigado



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