– Olá, Melisandre. - Stannis Baratheon jogara o irmão, ainda preso pelas correntes invocadas por Paulão Coração de Pedra, no meio do Salão do Trono.

Todo o local agora encontrava-se mais limpo do que da última vez que o ex-pedreiro-e-ex-rei-portanto-um-derrotado o vira, mas ainda podia sentir o cheiro de sangue impregnado no chão. O posto dos anteriores Guarda Delícias era tomado agora por três ou quatro membros da Irmandade. A Mulher Vermelha - visivelmente afetada pelo polígono da erva danada - ergueu-se do trono, agora que estava na presença daquele que considerava o verdadeiro Lorde de Delicium, e nele colou.

– Vamos para meus aposentos... estou louco para acender o seu fogo... - sussurrou Stannis.

– Pode vir quente que eu estou fervendo. - ela murmurou em resposta, agarrando-o pela mão e correndo com o ele até certo quarto onde não seriam interrompidos.

Foi só saírem do salão que os Mecânicos presentes no local desdenharam num uníssono "HMMMMMMMMMMM.....", seguido por risadinhas.

Renly sentiu-se segurando vela por um casal que nem mesmo enxergava no momento.

E então cerca de uma hora depois, aproveitada acendendo um foguinho-olhador-de-futuros e outro no rabo de ambos, retornaram Stannis e Melisandre, felizes e descontraídos como nunca, mas bastou ao Baratheon olhar para o irmão caído sobre o piso para lembrar-se da ideia principal que a Mulher Vermelha revelara.

– Ah, bem... - ele ia dizendo, mas foi interrompido pelo estardalhaço da chegada de Paulão e seus Irmãos ao castelo. - Paulão, irei partir agora para o meu outro castelo em Pedra do Dragão, devido à certos problemas. Por enquanto, pode ocupar meu Trono.

– Sim, Vossa Graça - o Coração de Pedra obedeceu. - Irá sozinho?

– Não, não, eu também levarei este prisioneiro - ele tocou as costelas de Renly com o pé - e Melisandre.

– Certo. GUARDAS E CAVALEIROS, AGRUPEM-SE, ACOMPANHEM O REI E O PROTEJAM COM SUAS VIDAS - ordenou, logo depois fazendo uma reverência e sentando-se no Trono delicioso.

Stannis arrastou o irmão até o pátio, seguido pela mulher e o grande grupo protetor. Todos os presentes montaram seus cavalos e saíram novamente para a estrada, com a exceção de Renly, é claro, que voltou ao tratamento de ser carregado fora do cavalo. Seu irmão tomara agora a linha de frente na procissão, e o vento gelado ia direto de encontro à cara dos dois.

– Mas puq?... - engrolou o mais novo.

– Renly, eu quero te ver sofrer pra caralho, então já até lhe arranjei um emprego. Antes de chegar à Pedra do Dragão, passaremos em Vila Toupeira, e lá você ficará.

– Mas que emprego? - ele nem conseguia pensar numa alternativa que fosse tão ruim assim. - Voltarei a ser pedreiro?

– Passou perto, meu caro... Eu pretendia lhe nomear o Capitão dos Pedreiros de Delicium, quando retornasse ao reino. Mas depois desse completo fracasso tentando usurpar o trono, nada me fará crer que você merece esse posto. Você será ajudante do atual capitão para aprender o que é bom pra tosse (XAROPE).

Renly-o-derrotado preferiu não argumentar e passou o resto do percurso em silêncio, pois nem sequer sabia quem era o atual capitão, e vai que conseguia tirar uma casquinha dele.

Quando eles, Melisandre e a escolta chegaram ao primeiro destino, Stannis soltou Renly, desceu e o colocou de pé apoiado no cavalo.

– Irei buscar o seu novo companheiro de trabalho, sim? - disse o mais velho em tom pretensioso e saiu andando vila adentro.

O irmão assentiu e esperou, quieto e internamente ansioso - mas não naquele bom sentido. O tom maldoso que Stannis usara nunca poderia ser sinal de algo bom, hue. E ele esperou, esperou, absorto em seus pensamentos e com certo medo em relação ao que lhe esperava...

E quase 20 minutos depois, ele viu Stannis voltando ao local, e desamarrando as principais correntes que o prendiam nas pernas, mas deixando as que estavam acima de sua cintura.

– Renly, lhe soltei algumas correntes, mas não corra. O capitão está chegando. Não corra.

Com tal ordem, o derrotado não pôde evitar o suor frio...

E logo depois, surgia a figura de um cara aproximando-se pelo horizonte. Quando chegou à uma distância suficiente, revelou ter uma aparência dahora, e foi enfim apresentado por Stannis, em tom sombrio:

– Este é o seu algoz, irmãozinho, o Capitão-dos-Pedreiros-de-Delicium, Ramsay Bolton.

Ramsay abriu seu sorriso mais carismático. Aproximou-se ainda mais de Renly, que abrira a própria boca num grito mudo; passou a mão em seu cabelo e falou em tom extremamente simpático:

– Que belo ajudante me trouxeram. Tenho certeza que nos daremos muito bem, você vai adorar trabalhar comigo.

É SEMPRE BOM RELEMBRAR A SIMPATIA DO RAMSAY.