Eu estava sentada no canto escuto do último degrau da escadaria. Era tudo silencioso a noite. Eu estava tão cansada de chorar que não tive coragem de ir para o quarto e encara uma conversa com Chris sobre tudo aquilo que estava acontecendo. Eu não ia conseguir ver o rosto de Taylor sem me sentir culpada por ter correspondido seu beijo e meu coração ser de outra.

O relógio na parede indicava ser quase 4:00 da manhã. Minhas costas reclamavam por estar sentada num lugar tão desconfortável. Talvez as garotas já estejam dormindo e eu possa adiar a conversa até mais tarde.

Entro no quarto sem pressa. Tiro os sapatos e a roupa, ficando apenas de lingerie. Estava escuro demais, mesmo que as meninas estivessem acordadas não iriam conseguir me ver.

Deito na cama e me aconchego nos lençóis macios e quentes. Parecia que meu corpo não descansava há séculos. Quando já estava cochilando sinto algo se mexer debaixo de minhas cobertas..

Não que eu acreditasse em espíritos ou coisa do tipo, mas meu corpo todo gelou.

–Sou eu, Chris - ouvi.

Soltei a respiração aliviada. Não seria dessa vez que eu teria meu primeiro contato paranormal.

Ela deita ao meu lado e sinto os seus pés gelados na minha panturrilha.

–Sua cama não está boa? - pergunto tentando parecer relaxada.

–Está ótima, mas não consigo dormir.

Viro-me pra ela e nos encaramos por alguns segundos.

–Eu lhe devo explicações - digo.

–Deve mesmo, mas não precisa ser agora. Conversamos depois sobre isso.

–Ótimo, porque estou acabada agora - fecho os olhos e respiro fundo.

–Então durma bem - sinto os seus lábios em minha testa.

–Você também... Pode ficar aqui se quiser - bocejo.

–Tá bem.

Sinto seu peso sobre meu corpo. Ela dormia assim quando estava com medo ou preocupada. Não me importava de ser seu travesseiro enquanto fosse seu porto seguro.

O que me acordou foram os gritos e risadas dos meus colegas do lado de fora. Meu corpo estava tão cansado, meus olhos insistiam em ficar fechados. Eu estava morta.

–Levanta loira preguiçosa - escuto a voz de Chris e logo depois sinto algo bater contra o meu rosto. Era um travesseiro.

Levanto sem pensar duas vezes e corro até a cama dela, onde está sentada. Pulo no seu colo e começo um ataque de cocegas. Ela ri tentado se soltar, mas eu não deixaria.

–Aprenda a não acordar as pessoas com travesseiros no rosto - falava ainda em cima dela.

–Ok... Me desculpa... Não faço mais - diz sem folego.

Saiu de cima dela e procuro por Taylor.

–Cadê ela? - pergunto.

–Foi tomar café como todo mundo, só você ainda tava dormindo.

–Por que você não me chamou? - procuro uma roupa para vestir.

–Chamei, mas você parecia um cadáver.

–Eu ainda estou cansada.

Pego uma camiseta e um short.

–Vamos para a piscina, coloque um biquíni.

–Ta bem - pego a peça e saiu do quarto de roupão.

Depois de tomar banho e me arrumar, desço até a cozinha que estava vazia. Menos pela filha da dona, acho que a garota se chamava Marta.

–Onde foi todo mundo? - pergunto a ela que tirava os pratos.

–Alguns na piscina, outros na hidro... Se divertindo por ai - fala num sotaque carioca que eu adorava.

–Se eu te ajudar, me dar algo pra comer? - brinco.

–Eu teria que te alimentar mesmo que não me ajudasse - ri.

–Então farei isso por você, não custa nada ajudar - pego alguns copos e pratos.

–Obrigada.

–Seu nome é Marta, certo? - tento uma conversa.

–Não, Marta é minha irmã. Eu sou Eliza.

Caminhávamos para a parte interna da cozinha, onde era feita a comida.

–Prazer Eliza, eu sou Paula.

Ponho o meus utensílios na pia de lavagem.

Eliza foi até uma armário grande e o abriu. Ela era bem bonita, tinha uma pele morena e cabelos escuros e encaracolados. Os seus olhos também eram escuros, suas iris eram enormes. Os traços tipicamente cariocas enfeitavam seu corpo definido.

–Você quer comer o que? - pergunta e poe um copo sobre a mesa.

–O que tiver eu como - respondo distraída.

Ela me lançou um sorriso que parecia malicioso e me reprimo por ter dito aquilo.

–Tudo? - ela se inclina sobre a mesa. O sua camiseta deixava o decote amostra.

–Sim - ruborizo e ela dá uma risada baixa.

Eliza vira-se para a geladeira e tira de lá uma jarra com suco e uma pequena vasilha que me parecia ser salada de fruta. Poe próximos a mim.

–Sirva-se - diz e me entrega uma colher.

Sobre o balção já tinha salada, suco, bolo e pães... Peguei primeiro a salada.

Era estranho comer com alguém lhe analisando. Eu ficava sem jeito, não sabia o que fazer e quando olhava para ela via um sorriso estranho em seu rosto.

–Tá tudo bem? - pergunto quando termino de comer.

–Tudo ótimo. E com você? A comida tava boa?

–Eu estou bem, a comida estava ótima. Muito obrigada - levando da cadeira.

–Não tem de quê.

–Vou procurar minhas amigas na piscina. Te vejo depois - tento sorrir, mas ela estava me deixando nervosa com aqueles olhares.

–Não... espera.

Ela se aproxima de mim e dou alguns passos para trás. Minhas costas se encontram com a parede e ela já está perto.

–Eu vi vocês ontem.

–Claro que viu, eu também vi você.

–Não, eu estou dizendo que vi você e suas amigas saindo ontem a noite.

–Não conta pra ninguém, por favor - peço. Se os professores descobrirem nos castigavam com certeza.

–O que ganho com isso? - ela balança a cabeça e seus cachos se movem.

–O que quer? - temo a resposta.

–Fica comigo.

–O que? - ela foi bem direta.

–Isso, fica comigo. Não serio, só pra fazer ciumes a minha ex...

Ela agora fazia uma cara meio pidona. Não entendia o porquê dela querer que justo eu faça isso.

–Por que eu? - questiono.

–Você é bonita, ela não te conhece e sei que vai embora essa semana. Não teria problemas depois.

–Como assim problemas?

–A minha ex é meio possessiva, por isso terminei com ela. Só que eu ainda amo aquela idiota. Se ela me ver com outra pode ser que mude e venha falar comigo.

–E como eu vou embora, você não teria problemas com ciúmes dela depois...

–Isso, garota esperta.

–Ok, eu te ajudo. Mas com uma condição...