Divã - As Crônicas do Cristal Vermelho escrita por Céu Costa


Capítulo 5
Opening my eyes


Notas iniciais do capítulo

Desculpem pela demora, é que eu estava com uma crise horrível de bloqueio, mas finalmente a inspiração retornou.



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– Nossa! É um sonho e tanto! – Dra. Diana riu – Não me surpreenderia se fosse por capítulos!

– Não, não! – eu ri – Apesar do tamanho, ele cabe todo em uma única noite, se repetindo na noite seguinte, e na próxima, e na outra...

– Eu sempre me impressiono com o quanto o nosso subconsciente pode nos surpreender! – ela comentou – Quer passar para o “próximo capítulo”?

– Claro! – eu ri, me deitando outra vez no divã e fechando os olhos.

A pior sensação que se pode ter é a de acordar e ouvir os sons de um hospital. Ouvir o bip-bip infernal de um batimento cardíaco, as gotas de um soro caindo, e perceber que tudo está conectado a você. É realmente um grande susto acordar em um hospital, principalmente quando não se sabe por que está lá.

– Oh! Bom ver que você acordou! Mostra que está progredindo!
Minha cabeça rodava, meu mundo estava girando, preciso olhar ao redor.

– Não, não tente se levantar! – me senti sendo deitada outra vez – Isso a deixaria muito enjoada!

Ao menos, consigo identificar que é um rapaz que está falando comigo. Pele clara, cabelos negro-azulados, sorriso reconfortante. Ele usa um jaleco, mas é novo demais para ser médico.

– Batimentos cardíacos estáveis, pressão arterial normal, reações cognitivas estáveis; bom, parece que você só está um pouco tonta. Vai ficar aqui em repouso por mais umas horas...

Ele pegou uma seringa e começou a injetar no meu soro.

– Por que quer que eu durma? – perguntei.

– Como sabe....?

– “Composto ativo: Benzodiazepina; efeito rápido; indicado para induzir estado de inconsciência temporária leve” – eu li – Está escrito no frasco ali no balcão.

O tal balcão ao qual me referi, estava a 5 metros de distância da minha maca, nenhum ser humano conseguiria ler daquela distância.

– Bom, - ele tentou disfarçar sua surpresa – já vai fazer efeito. Apenas relaxe e procure relaxar.

Ele ficou ali, apertando alguns botões aleatoriamente. O efeito realmente é rápido, e eu já podia sentir minhas pálpebras pesando, meus olhos se fecharam quase que involuntariamente. Mas eu estava mais acordada do que nunca. Alguém entrou no hospital, seus passos eram fortes e pesados.

– O que faz aqui? – sua voz era grossa e baixa.

– Só conferindo, dando uma olhadinha. – o rapaz respondeu.

– Por que o jaleco? – a voz perguntou outra vez.

– Meu uniforme não é o que se possa chamar de discreto. A minha explosão de cores poderia irritá-la, e ela passaria mal. Não podemos correr esse risco. – ele continuava a apertar botões – Além do mais, estamos na ala hospitalar, não?

Eles começaram a caminhar, saindo da sala.

– Não é seguro ficar sem máscara. – a voz grave advertiu.

– Ah, não venha de sermão! – ele respondeu, irônico – Daqui meia hora ela nem vai saber que eu estive aqui! Além disso, nunca te ocorreu, sei lá, tentar...outras...coisas?

– Não comece outra vez. – as vozes estavam cada vez mais distantes.

– Ora, vamos! – eles saíram da sala – Nunca pensou em, sei lá, tocar jazz... dançar tango... uma família...beisebol...

~x~x~x~x~x~x~x~x~x~x~

Acordei algumas horas depois, e ainda estava naquela maca desconfortável. Minha visão já estava bem melhor, e eu já podia identificar o quanto este lugar é grande.

Ouvi passos se aproximando. Era um rapaz, com uma roupa inusitada. Tinha tons fortes de amarelo, vermelho, verde e preto, tão fortes que irritavam os olhos. E estava de máscara.

– Você parece muito melhor! – ele sorriu – Até ganhou um pouco de cor!

Eu nunca esqueço uma voz. A dele denunciou-o como o rapaz que cuidara de mim, horas antes. Coitadinho, ter que usar isso...

– Onde é a festa? – não pude resistir.

– É meu uniforme... – ele abaixou a cabeça, corando um pouco.

– Então eu quero esse emprego também! – eu ri.

Ele sorriu, mais de constrangimento que de graça. Ele voltou a apertar botões e conferir aparelhos.

– Muito bem, você está estável. – ele se virou para mim – Eu diria até que nunca esteve melhor!

– Quer dizer que eu posso me levantar? – perguntei, ansiosa.

– Sim, já pode sim! – ele riu. – Ali é o banheiro. No armário tem uns trajes... veja se alguma coisa te serve.

Eu caminhei em direção ao local que ele mostrou. Tinham umas roupas ali, umas coisas muito esquisitas. Tinha uma que era um colam muito apertado e bem colorido, e tinha um outro que era apenas uma capa vermelha.

Saí do banheiro vestindo um macacão de mangas e pernas compridas de elastano, todo cinza escuro, quase preto. Tinha um círculo bem discreto do lado direito, no peito, com uma águia de asas abertas. O rapaz olhou para mim atentamente.

– Nossa, - eu disse, sentindo um comichão no meu braço direito – seu uniforme te dá coceira também?

Ele se aproximou de mim e puxou o zíper da gola do meu colo até meu pescoço, fechando o traje completamente. Ele estava corado.

– Só no início. – ele respondeu, com voz baixa.

Olhei para perto da porta. Havia uma figura sinistra, parada perto da minha maca. Ele era alto, corpulento, quadrado, uma máscara pontuda, e usava uma roupa e uma capa preta. Era muito assustador.

– Suas melhoras são impressionantes. – ele disse, fazendo o garoto dar um pulo.

Eu reconheço essa voz. Ele estava falando com o garoto mais cedo, quando eu estava sob efeito do remédio.

– Teremos que te deixar de quarentena, por precaução. Robin, leve-a ao quarto de isolamento. – ele disse. Eu não gosto de ficar sozinha.

– Sim senhor. – ele disse.

Eu e o “garoto colorido” seguimos pelos corredores de metal, completamente em silêncio. Eu não gosto de ficar sozinha, nunca gostei. Mas até parece que a solidão me persegue. É tipo, um monstro que você quer muito evitar, mas parece ter sido criado para você.

Paramos diante de uma porta isolada, em um grande e comprido corredor de metal. Ele abriu a porta, e eu entrei. Ele era todo de aço escovado, mal iluminado, e bem fechado. Tinha uma cama de casal com roupa de cama roxo escuro, um closet e um banheiro.

– Bem, é aqui que você vai ficar. – ele falou – Tem tudo o que você precisa.

– Pensei que eu fosse para casa... – eu disse, me sentando na cama.

– Bom, infelizmente, você vai ter que ficar aqui, pelo menos, por uns tempos. – ele sentou do meu lado. – É só por precaução, eu juro.

– Pelo menos, o quarto é incrível. – eu olhei ao meu redor. Este lugar é imenso.

– Já tivemos melhores... – ele desdenhou – Mas tem uma vista magnífica.

Ele pegou um controle pequeno que estava em um criado-mudo ao lado da minha cama, e apertou um botão. Toda a parede de frente para minha cama se abriu, tornando-se uma imensa janela. A vista dava para o universo, com milhares de estrelas pontilhadas, e a Terra, lá embaixo. Ela é ainda mais bonita nesta vista, e realmente é azul do espaço. Era a coisa mais linda que eu já tinha visto.

– Nossa.... – foi tudo o que eu consegui dizer.

– Eu sei, legal né? – ele falou – Nem o quarto do Batman tem uma vista assim.

Uma luz vermelha começou a piscar, e um alarme estridente tocou. Aquilo foi assustador. Ele se levantou, e olhou para um relógio que eu não tinha notado em seu pulso.

– Eu preciso ir. – ele disse, correndo para a porta. – Para sua segurança, fique aqui.

Eu esperei ele voltar, mas ele não voltou.


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Notas finais do capítulo

Bem, aqui estamos nós, eu queria muito escrever sobre o Satélite Orbital!!!!!!!!



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