Divã - As Crônicas do Cristal Vermelho escrita por Céu Costa


Capítulo 16
Mudanças


Notas iniciais do capítulo

Bom, vamos ver o que Ivy fez....



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– Oh, mas isso é terrível! - Dra. Diana falou, - Eu achei que esse tipo de coisa só acontecia em Gothan!

– Tá falando do.... - eu pensei.

– Bruce Wayne! - dissemos juntas, e começamos a rir.

– Bom, eu sabia que tinha algum motivo pro rabugento ser rabugento. - eu ri.

– Não.... eu acho que ele é assim ao natural mesmo. - ela comentou - Embora às vezes, só às vezes, ele saiba ser gentil. - ela suspirou - Enfim, continue.

*******************

Agora, eu me via em um terrível pesadelo adolescente: sozinha, desempregada, e com uma criança para cuidar. E o pior é que eu não tinha meus pais para me socorrerem.

A primeira coisa que eu fiz foi fazer minhas malas e as da Dakota e entrar no carro. Não sabia bem para onde ir, mas sabia que não podia ficar ali.

Cerca de meia hora depois, começamos a ver um enorme milharal, que se estendia dos dois lados da estrada até onde a vista alcançava, e ainda mais além disto. Alguns quilômetros mais adiante e passamos por uma placa. Dizia "Bem-vindo à Smallville, terra do milho verde do Kansas".

– Para onde estamos indo, Evelyn? - Dakota perguntou, olhando pela janela.

– Para a casa da vovó Emma e do vovô Paul. - eu falei com ela - Eu quero ficar longe de tudo.

Dakota ficou em silêncio o resto da viagem. Para onde quer que se olhasse, podia-se ver hectares e mais hectares de milho ainda verde. Não era de todo ruim. A cidade faz bem juz ao nome "terra do milho verde".

Entrei em uma pequena trilha, à direita, depois de milhas e milhas de milho. Acabamos entrando no interior do milharal. Era uma estrada de terra, com pedras pintadas de branco dos dois lados da trilha, para demarcar toda a sua extensão. Depois de cerca de dez minutos, o milharal deu lugar a um extenso gramado, com vaquinhas pastando aqui e ali. Uma graça.

Eu estacionei pouco depois, na frente da casa. Era um grande chalé, com dois andares, todo pintado de amarelo. Tinha as janelas vermelhas, e a porta também. Foi vovô Paul quem pintou assim, e algumas dessas janelas eu mesma pintara quando estive ali. Naquela vez. Quando tudo aconteceu.

– Evelyn, olha! - Dakota disse, descendo do carro - Um moinho!

Eu olhei para onde ela apontava. Era o velho moinho, onde vovô processava o milho e fazia farinha. Quando vim para cá, depois de ter visto toda a tecnologia do Satélite Orbital, ajudei o vovô a transformar o moinho em um pequeno gerador hidrelétrico. E ele parou completamente de receber contas de luz depois disso.

– Bonito, não? - eu suspirei - Lá dentro é enorme!

Dakota sorriu. Mas foi apenas um sorriso de empolgação. Eu fiquei sentida de ela me chamar de Evelyn, e não de Ivy, como me chama desde pequena. Mas decidi não apressar as coisas. Ela também deve estar sofrendo.

Tiramos nossas malas do carro e entramos. A porta estava trancada. Mas como vovó sempre mantém uma chave reserva no pé de samambaia que fica pendurado do lado da porta, isto não foi um problema.

A casa estava do jeito que eu me lembrava. Ao entrar, via-se a sala, à direita, com sofás creme, mesinha de centro de mogno, uma grande LCD 57 polegadas embutida na parede. Do lado direito da sala, exatas três grandes janelas sustentam enormes cortinas verde pastel, para contrastar com o vermelho das janelas. E do outro lado, uma placa de madeira, com dois chifres pretos de boi, e logo acima, uma espingarda. À esquerda da porta de entrada, via-se a copa, com uma enorme mesa de mogno, oito cadeiras em volta, e um jarro com flores falsas, que eu detesto. Uma ilha separava a copa da cozinha, que, neste ponto, sempre foi moderna, equipada com cook-top, forno e lava-louças embutidos na ilha com tampo de granito, e na parede, armários de carvalho e uma geladeira de duas portas de aço inox escovado. E descendo graciosamente sobre a ilha, três luminárias redondas, duas pequenas e a do meio maior, de luz fria. Uma gracinha. E de frente para a porta, as escadas, também de carvalho envernizado, e a parede carregada de fotos da vovó e do vovô, da mamãe, uma ou outra do papai, e várias minhas e da Dakota.

– Vovó Emma! Vovô Paul! - Dakota chamou, subindo as escadas.

Eu fui para a cozinha, procurar algo para beber. Em cima da ilha, havia um pequeno bilhete.

"Judith, se você ou as meninas estiverem aqui, eu devo avisar que estamos em um cruzeiro. Sempre quisemos tirar férias e andar de navio. Tem ainda alguma comida na geladeira, veja se está boa. Os telefones de emergência estão presos na geladeira.

No mais, a TV é a cabo e os quartos estão arrumados.

Amamos vocês,

Emma Memphis."

Que ótimo, eles não estão em casa.

– Dakota! - eu subi as escadas, com o bilhete na mão. - Dakota!

Neste andar, existem dois quartos do lado direito, dois do lado esquerdo, e um banheiro no fim do corredor.

A porta do primeiro quarto do lado direito estava aberta, e eu dei uma olhada para ver se Dakota estava ali.

Era todo de papel de parede rosa pastel, com roupa de cama pink, e unicórnios e ursos de pelúcia para todo lado. Era o antigo quarto da Dakota. Com certeza ela não ia querer ficar ali.

A segunda porta do lado direito também estava aberta. Era um quarto de mesmo tamanho, mas totalmente diferente. As paredes tinham um papel de parede verde pastel, e as cortinas, bem como a roupa de cama, eram roxas. Dakota estava parada, de frente a parede da porta, olhando algo. Era ali que ficava minha escrivaninha de carvalho, com uma luminária prata de escritório. E na parede, meu mural, com desenhos que eu fizera quando tinha a idade dela.

Eu nem preciso olhar para saber o quem ali. Desenhos de um garoto, em posição de combate; do rosto dele com a máscara; de seu uniforme; e especificamente, de seu símbolo, com o R.

– Dakota. - eu chamei, e ela se assustou - Pensei que você fosse querer ficar no seu antigo quarto.

– Aquilo?! Sem ofensa, mas parece que um balde de tinta rosa explodiu lá! Eu não vou ficar num quarto decorado pela Pantera Cor de Rosa! - ela esbravejou.

– Tudo bem, pode ficar no meu, eu vou pra suíte. - eu ri da reação dela - Só não toque nos meus desenhos, ou eu corto seus dedos fora!

– Tá... tá... - ela resmungou.

– Há propósito, eles não estão aqui, estão de férias em um cruzeiro. - eu mostrei o bilhete para ela - Teremos a casa toda para nós por uns meses.

– Será que eles já sabem...? - Dakota leu o bilhete.

– Não, não sabem. É melhor assim por enquanto. Não vou ligar e acabar com as férias deles. - eu disse, puxando a minha mala - Pode desfazer a mala. Vou ver meu quarto e depois fazer o jantar.

– Tá. - ela simplesmente disse.

Eu entrei na suíte, o quarto na frente do dela. Era o antigo quarto da mamãe e do papai. Ele era grande, tinha o chão e as paredes de madeira envernizada, bem como a cama de casal, que era de carvalho. As cortinas e o jogo de cama eram vermelho vinho, o que dava ao quarto uma sensação ainda mais escura e sombria. Pois foi exatamente ali que me instalei.


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Notas finais do capítulo

Será que foi a decisão correta?



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