Novo Mundo escrita por Mi Freire


Capítulo 22
Perdi absolutamente tudo.


Notas iniciais do capítulo

Eu queria dizer que estou muito feliz por todos os comentários lindos que venho recebendo. Vocês me inspiram! Mas que também estou triste pelo jogo de ontem, logo eu que nem sou tão fã de futebol. Também queria dizer que, caso haja alguma duvida, alguma reclamação, queixa ou o que for, podem falar tudo nos comentários. Especialmente se encontrarem erros, para que eu possa corrigir-los. A participação de vocês é fundamental. Nada disso seria possível sem vocês.



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Alison acordou em uma cama de hospital com fortes dores de cabeça ligada a aparelhos. Não sabia exatamente o que estava fazendo ali ou como veio parar nesse lugar deprimente com as paredes brancas e todo o resto branco também. Olhou em volta e viu que seu quarto era pequeno, quase sem móveis ou objetos. Tudo muito simples.

David estava ao seu lado. Ele dormia tranquilamente com a cabeça caida para o lado em um poltrona creme clara, enquanto segurava a sua mão carinhosamente.

De repente ela sentiu algumas pontadas fortes na barriga, enquanto lembranças vagas de seu acidente retornavam a sua memória. Tudo muito confuso e rápido demais. Alison fechou os olhos, agitada, perdida e assustada. Lembrando exatamente do que havia acontecido com ela horas atrás. Seus olhos se encheram de lágrimas.

David acordou naquele momento, sentindo-a mexer ao seu lado finalmente após horas de inconsciência desde o acidente.

Ele estava no trabalho lendo alguns contratos em sua mais nova sala quando assustou-se com o barulho estridente de seu celular tocando ao lado. O céu estava escurecendo aos poucos lá fora. Era sua mãe chorando ao telefone, tentando dizer algo indecifrável.

Por sorte Susan estava andando por ali aquela tarde, comprando coisas novas para sua casa com o auxílio do seu motorista, carregando suas tantas sacolas. Quando viu uma movimentação de pessoas se aglomerando no meio da rua, cochichando entre si.

Um acidente, ela logo concluiu. Algo remexeu-se dentro dela, dando-lhe calafrios. Susan não era uma mulher curiosa, mas naquele momento resolveu seguir seus instintos. Foi até o local do acidente, acompanhada pelo motorista, quando entrou em pânico com o que viu bem na sua frente: Alison caída no chão inconsciente, com o corpo desconjuntado, virado para todos os lados, a pele arranhada e machucada, sangue em volta de sua cabeça e ainda mais sangue saindo de baixo de suas pernas, manchando o vestido claro.

Susan entrou em desespero, começou a chorar, pediu para que o motorista ligasse para um ambulando imediatamente. Ela queria se aproximar de Alison para ter certeza de que ela ainda estava viva, mas não conseguia conter o pânico e nem as lágrimas.

Pelo que soube através da maré de curiosos, Alison havia sido atropelada enquanto atravessava a avenida distraidamente, indo até o seu carro, quando um carro de bandidos veio com tudo, acertando-a em cheio. Alison caiu na hora, desmaiada. Os bandidos fugiram ilesos.

Susan achou que o melhor era ligar para o filho.

Assim que David assimilou as palavras da mãe, ele sentiu o corpo imóvel. David ficou estático, quase como se seu coração tivesse parado de bater por um instante. Estava em choque. Mas algo em seu interior dizia que ele precisava se mover e fazer alguma coisa. Ou perderia o que era de mais importante em sua vida: Alison Harvey.

Alison foi levada pela ambulância ao hospital mais próximo o mais rápido possível. Antes que fosse tarde demais. Susan a acompanhou, quando garantiu aos paramédicos que era da família. Durante todo o percurso Susan segurou sua mão, orando em silencio por sua vida.

Alison precisou passar por uma cirurgia muito complicada de imediato, que durou algumas horas. David havia chegado ao hospital ainda amedrontado quando viu sua mãe e a abraçou forte, caindo no choro também. Em seguida ela contou a ele tudo que sabia na sala de espera, foi quando ele se deu conta de que precisava avisar algumas pessoas próximas a Alison.

Ligou primeiro para Margo, pois só tinha o número dela. Margo chorou muito ao saber da trágica noticia, mas prometeu ligar para os pais de Alison, os amigos e para Bradley.

O mais estranho de tudo foi que Margo ligou para Brad assim que pôde, ele ainda estava no trabalho e ficou irritadíssimo por ter sido interrompido. Ainda assim ela contou tudo a ele, que não disse uma se quer palavra. Antes que ela pudesse terminar, ele desligou o telefone.

Desde então ninguém mais soube dele.

Os pais de Alison correram para o hospital. Sua mãe fez um escândalo pedindo explicações, Susan tentou acalma-la. Enquanto isso David explicou tudo a suas amigas, também muito preocupadas com o estado de saúde de Alison. Até então os médicos não haviam dito nada.

Após a cirurgia um médico já grisalho, alto e muito magro que se apresentou como Peter Williams deu as caras.

Os pais de Alison já mais controlados foram os primeiros que puderam vê-la após a autorização do doutor. Mas ela ainda estava desacordada. O médico garantiu que seu estado de saúde era estável e por pouco ela se salvou. Um milagre. Alison ficaria bem, só precisaria se recuperar. Depois os amigos foram vê-la e por fim David, que fez questão de esperar e ser o último.

Assim que entrou no quarto ele que tentava ao máximo parecer bem por ela, mas acabou perdendo todas as forças e começou a chorar novamente, aproximando-se. David ficou ao seu lado pelos próximos minutos, segurando forte a sua mão e tocando com cuidado seu rosto machucado. Ele agradeceu a Deus por tê-la salvado. Ou ele não sabia o que seria de sua vida se ela tivesse partido de vez.

Nunca antes em toda sua vida David teve tanto medo de perder uma pessoa.

Uma enfermeira muito simpática tentou convencer os amigos e familiares de Alison a irem para casa, para descansarem e voltarem no outro dia, no horário de visita. Já era madrugada. Havia sido uma noite difícil e dura para todos. Margo, Dylan, Corine e Jason acabaram indo embora, exaustos. Mas a mãe de Alison, Adrienne não queria sair do lado da filha nem por um segundo. Estava muito nervosa e abalada.

Calmamente, por volta das três da manhã, Tom acabou levando Adrienne para casa. Que já estava muito sonolenta. Susan também foi uma das últimas a sair, atordoada. Mas David ficou e dormiu ali mesmo, não arredaria os pés dali até que Alison pudesse abrir os olhos e falar com ele.

— David, o que aconteceu comigo? – Alison olhou para ele com seus grandes olhos verdes aterrorizados. Era um alivio ela ter acordado finalmente. — Cadê o Bradley? E o meu bebê?

— Acalma-se, Ali. – ele levantou-se. Viu no visor do celular que já eram quase seis da manhã. — Eu estou aqui. Vai ficar tudo bem.

Não, ela pensou. Não vai ficar.

— Cadê o meu bebê, David? – dos olhos dela começaram a brotar lágrimas de desespero. Alison tremia de medo das respostas. — O que aconteceu comigo? Onde estão todos?

David bem que tentou acalma-la e tranquiliza-la. Ou seu estado de saúde poderia se agravar, pois ela não podia passar por estresse ou ansiedade. Ela precisava descansar, apenas. Mas Alison surtou, chorando muito, querendo se levantar e pedindo respostas.

Ele precisou chamar uma enfermeira, com medo de que acontecesse o pior. A única solução para a enfermeira foi dopa-la, para que ela pudesse dormir novamente. Seu coração acelerou muito e isso não poderia acontecer, não até ela ficar completamente boa.

≈≈≈

As dez horas da manhã do outro dia Alison voltou a acordar, sentindo-se de certa forma melhor. Sonhou que segurava o pequeno James nos braços, bem lá no alto. Ele estava sorrindo. Enquanto ela o rodopiava pelo ar, próximo ao céu. Os dois estavam felizes. Mas faltava alguma coisa para o momento estar completo. Onde estaria Bradley?

— Olá. Bom dia! – David voltou a se aproximar, surgindo a sua frente com um dos mais belos sorrisos que ela já viu. — Sente-se melhor?

— Não muito. – ela olhou em volta. E ainda estava em um quarto de hospital, ligada a aparelhos esquisitos que faziam barulhos. — Eu fui atropelada, não fui? – era mais uma afirmação do que uma pergunta. — Onde estão todos?

— O horário de visita começa as onze. – ele disse, tocando seu rosto carinhosamente. Alison fez uma careta. — Que foi? Dói muito?

— Não. Na verdade, não sinto nada. – ela tentou sorrir. A única coisa que sentia era medo. Ainda não sabia exatamente do que. — Mas devo estar muito feia com essa roupa ridícula e a cabeça enfaixada, além de todos esses machucados. Não fique olhando tanto pra mim.

Apesar de tudo ele conseguiu rir.

— Alison, não seja boba. – ele inclinou-se para dar um beijinho em sua testa. — Você está linda, como sempre.

David afastou-se para abrir as janelas, permitindo que o sol da manhã e o ar fresco entrasse. Naquele mesmo instante a enfermeira voltou a aparecer, Alison se encolheu. Mas a pobre mulher só estava tentando ser gentil, trazendo o café da manhã para ela.

— Deixa que eu ajudo com isso. – David pegou a bandeja das mãos da enfermeira. Ela que entendeu aquilo como um aviso para que caísse fora e os deixasse mais à vontade para conversarem.

Primeiro David ajudou Alison a se sentar na cama. E em seguida levou até a boca dela um pouco de suco de manga, algumas bolachinhas de maisena e a ajudou com a salada de frutas.

— Obrigada. – disse ela por fim, ao terminar de comer.

Ele colocou a bandeja vazia de lado.

— Daqui a pouco seus pais devem estar aí, para ver você. Eles ficaram muito preocupados. Margo e o namorado também estiveram aqui ontem à noite. Corine e Jason também vieram.

Alison se pôs a imaginar o desespero de todos.

— E o Brad? Onde ele está? Cadê ele?

— Alison....

Ele não sabia como dizer aquilo.

E nem seria o pior. Ainda.

— Por favor, Dave, fala.

— Ele ainda não apareceu desde então.

Alison se abalou com a informação, mas não conseguiu dizer nada a respeito. Imaginando o porquê de ele não estar ali com ela.

Talvez Brad pudesse explicar a ela depois.

— E o meu bebê? Ele está bem, não está?

Ela olhava para ele com os grandes olhos verdes cheios de aflição.

David sentiu o peito se comprimir. Pegou a mão dela mais uma vez e se pôs a segura-la com carinho. Tentou não desviar os olhos dos dela, apesar de toda a angustia que carregava consigo por ter que ser ele a dar a ela aquela notícia. Não parecia certo. Não era adequado. Alison não merecia passar por isso. Ela era a melhor pessoa do mundo para ele.

— Ali, o bebê morreu com a pancada da batida do seu acidente. Eles precisaram tira-lo de dentro de você. Por pouco você também não morreu. Foi muito grave. Você precisou ser operada. – ele pausou, analisando a expressão de choque dela. — Mas olha o lado positivo: você está bem. Você está viva. Você ainda está aqui. É um milagre!

Rispidamente Alison puxou sua mão da dele, afastando-se. Ela virou a cabeça para o lado, evitando-o. Seus olhos novamente se encheram de lágrimas. Lágrimas de uma profunda tristeza.

— Eu preferiria ter morrido também.

≈≈≈

Há quase uma semana Bradley não tinha notícias de Alison desde o acidente. E não era como se ele quisesse saber. Ficou muito preocupado quando soube o que acontecera com ela e com o bebê, mas agora só tentava seguir com a sua vida normalmente como se nada daquilo nunca tivesse acontecido.

Brad ainda lutava para apagar da memorias os últimos meses de sua vida desde que voltou a reencontrar Alison.

Margo, sua irmã, estava sempre atrás dele. Milhares de vezes por dia ela ligava no celular dele. Mas Bradley ignorava todas as suas chamadas e não retornava. Outras vezes Margo ia até a sua casa, preocupada, para saber de fato o que estava acontecendo com ele e porque ele perdera o interesse em Alison agora que ela mais precisava dele. Mas, ou ele não estava em casa ou eu estava, mas ficava em silencio para que ninguém mais o perturbasse. Só queria ficar em paz.

Assim que Alison sofrera o acidente e ele soube pela irmã que ela estava inconsciente em uma cama de hospital sendo operada, Brad se deu conta da gravidade da situação. Mas aquilo não o abalou tanto quanto deveria. No dia seguinte, cheio de remorsos, ele ligou para o hospital e tentou obter informações da ex-namorada. Quando soube que ela havia perdido o bebê, o bebê deles, ele decidiu que não havia mais nada que o ligasse a Alison.

Ele até gostava dela, estava totalmente apaixonado e passou a ama-la ainda mais desde que soube de sua gravidez. Mas ele se dedicou muito a ela e o bebê nos últimos quatro meses. Entregou sua vida inteira nas mãos de Alison e ela, desatenta como sempre foi, perdeu tudo de mais importante que eles tinham.

Nada mais os manteria unidos. Brad não tinha mais nada a ver com ela. Os dois perderam tudo. Agora ele só queria se reencontrar longe de tudo aquilo para tentar recomeçar do zero de outro jeito. Sem Alison. Sem o seu bebê perdido.

Em umas das noites atrás, sentindo-se solitários e extremamente triste após chegar do trabalho e encontrar a casa vazia, ele teve um ataque de fúria. Xingando alto Alison de todos os nomes possíveis, ele destruiu o quarto do bebê com as próprias mãos. Quebrou os moveis com chutes e socos. Chorando muito e ferindo as mãos. Arremessou na parede os objetos que tinham mais facilidade para serem quebrados e destruiu os outros com o cabo da vassoura. Por fim, Brad pegou praticamente todas as roupas do bebê, levou até o quintal e colocou fogo.

Pronto. Por fim, sentiu que nada mais o prenderia ao passado. Havia arrancado um peso de suas costas e de sua mente. Estava livre agora para fazer o que bem entendesse.

No outro dia ao chegar do trabalho ele arrumou toda aquela bagunça, jogando tudo fora em grandes sacos de lixo preto. Deixou o quarto que seria do bebê, agora morto, totalmente vazio e branco, como era antes de tudo aquilo começar. Já se passava da meia noite, mas Brad não estava com sono, mesmo certo que iria trabalhar cedo no dia seguinte, ele pegou uma garrafa de whisky, bebeu quase tudo do gargalo, enquanto jogava as coisas de Alison dentro de caixas de papelão.

Na manhã seguinte, acordou atrasado, lutou contra a ressaca e foi trabalhar. Sua chefe, a quem ele passou a odiar com todas suas forças, viu o estado deplorável que ele se encontrava e lhe deu uma advertência. Assim, ele pôde tirar o dia “livre”. Brad foi até o pub mais próximo e passou a tarde lá, afogando as magoas em copos de bebidas forte.

Ter um filho era tudo que ele mais queria nos últimos meses. Não pensava e nem falava em outra coisa. Fazia questão de espalhar a sua alegria por todos os lados, compartilhando com todos os amigos. Dava um duro danado no trabalho, para ter uma garantia para o filho no futuro. E passava a tarde toda preocupado com a namorada e a gestação, ligando para ela de tempos em tempos. Ele mal podia esperar pelo momento de voltar pra casa e encontrar Alison esperando por ele. Vê-la em casa esperando por um filho dele, era o que fazia dos seus dias uma nova motivação de tentar ser um homem melhor para eles.

Mas agora, ele não tinha mais nada. Nem uma namorada e nem teria um filho. Pelo menos não agora. Não havia com o que se preocupar, não havia porque se esforçar tanto e nem havia porque ser feliz se não tinha mais nada. Perdera tudo do dia pra noite.

No fundo ele sabia que Alison poderia ter morrido também naquele acidente. Pensando bem, teria sido melhor se ela tivesse ido também. Dessa pra melhor, assim como James. Pelo menos ele não teria que olhar pra cara dela outra vez e lembrar que ela matou seu filho.

Sim, no fundo ele a culpava. Alison era a única culpada. Ele lhe deu todo o amor que possuía ao máximo. E o que ela fez em troca? Deitou-se com outro homem, engravidando do mesmo. Traiu ele diversas vezes, descaradamente. Alison nunca amou, ele sempre soube. Ela só tinha olhos para David, mesmo que não tivesse coragem de admitir isso. Ainda assim Brad deu seu melhor. A perdoou e deu uma chance a ela todas as vezes em que se arrependeu do que fez.

Agora, por culpa dela ele passava a maior parte do tempo chorando e se lamentando por sua perda. Adquirira o hábito de beber mais do que deveria, mais que o normal, mais do que suportaria. Estava prestes a perder o emprego e já havia pensado em se matar também, para se encontrar com James. Mas não poderia ir. Não agora. Pois uma parte dele, aquela que ainda estava boa, dizia a Brad que ele ainda tinha muito o que viver e aprender com tudo isso.

Brad poderia dar a volta por cima se fosse forte, se ele se livrasse de toda essa angustia e dor. E era o que ele faria, determinado. Agora só precisava de um tempo. Venderia aquela maldita casa carregada de lembranças ruins, voltaria para a faculdade, se afastaria de tudo que ainda estivesse ligado a Alison, procuraria um lugar melhor para viver sozinho longe dali e encontraria a mulher ideal que pudesse dar a ele um filho legitimo. Eles se casariam, seriam felizes e ele não precisaria se lembrar que passou por tanto mal antes de finalmente chegar a felicidade.

≈≈≈

Desde que David havia lhe contado sobre a morte de seu filho, Alison não falava muito. Ficava parada a maior parte do tempo esperando aquilo tudo passar, olhando para o nada através da janela do quarto, com seus olhos verdes vazios e inexpressíveis.

Suas amigas e seus pais tentavam reanima-la, sendo carinhosos, companheiros e dando-lhe palavras de apoio. Mas nada daquilo serviria, já que eles não tinham noção alguma da dor que ela estava suportando calada dentro de seu peito.

Ela ainda não sabia o que faria quando saísse daquele lugar completamente recuperada. Não tinha mais notícias de Bradley e também agora não tinha mais o bebê. Nem para onde ir. Se fosse possível, ela gostaria de poder dormir pelos próximos mil anos até tudo aquilo passar como se nunca tivesse acontecido. E quando acordasse gostaria de encontrar James já crescido, olhando para ela e dizendo o quanto a amava.

Alison sonhava com ele todas as noites, imaginando seu rostinho, seu sorriso angelical, a cor dos olhos e dos cabelos, ouvindo o som da sua voz infnatil, sentindo o seu toque, sua respiração, sua risada prazerosa.

E agora? Porque ela deveria continuar vivendo se não tinha mais o seu bebê? Tudo agora estava sem cor, sem vida, sem graça. Os médicos e as enfermeiras faziam de tudo para que ela se recuperasse, mas Alison havia se escondido atrás de uma depressão profunda por sua perda.

Ninguém entendia o que ela estava vivendo naquele momento, Alison sentia-se sozinha e perdida. Já não tinha mais para onde ir ou com quem ficar. Imaginando que Bradley deixara de ama-la, por ela ter perdido o que ele mais queria na vida. David era um dos únicos que estava ao seu lado que ela sentia que poderia compreende-la naquele momento. Porque ele só ficava ali parado, ao seu lado, segurando sua mão com forças e sorrindo naturalmente, sem fazer perguntas.

Enquanto os outros, especialmente sua mãe e suas amigas, ficavam ali fingindo não sentirem nada, fazendo perguntas bobas, cheias de preocupação, com seus sorrisos forçados, trazendo-lhe agrados, quando na verdade, por dentro elas sentiam pena dela.

Naquela manhã de segunda-feira Alison havia finalmente ganhado alta e poderia voltar pra casa. Mas que casa? Ela se perguntava mentalmente, querendo chorar e chorar. Os médicos disseram que ficaria tudo bem e que ela tinha tudo para voltar a viver sua vida normalmente. Como se isso fosse possível, ela ria por dentro ouvindo todas aquelas baboseiras.

Mas que ela ainda precisaria voltar algumas vezes, para os últimos diagnósticos e eles pediram aos seus familiares e aos amigos, como se ela não estivesse ali ouvindo tudo também, para que eles ficassem de olho nela, já que ela se encontrava muito abalada ainda.

— Graças a Deus vai ficar tudo bem, filhinha. – disse sua mãe, sorrindo atoa. Passando a mão em seus cabelos sem vida. — Eu e seu pai vamos cuidar de você. Vai ficar tudo bem. Nós prometemos.

Alison não tinha tanta certeza. E quando se encontrou com David sozinha, enquanto ele a ajudava a vestir uma roupa nova e limpa para ir embora e sair daquele hospital, Alison virou-se para ele com os olhos cheios de lágrimas novamente e desespero.

— Por favor, Dave. Me leva com você. – ela agarrou a sua mão com força, os olhos fixos nos dele. Lágrimas escorriam por suas bochechas geladas. — Não deixa eu ir com eles. Por favor! Não deixa.

— Fique calma, Ali. – ele a abraçou com cuidado, com medo que pudesse quebra-la. Seu coração estava despedaçado. Ele nunca se viu tão preocupado com uma pessoa. — Eu vou te ajudar. Mas acalma-se.

David passou um bom tempo tentando convencer Adrienne de que ele poderia cuidar melhor de Alison em sua casa, com todos os benefícios que ele poderia oferecer. Alison estava ao seu lado, de cabeça baixa, sem conseguir soltar as mãos dele. Adrienne ficou chateada e muito brava ao saber que era assim que ela preferiria que as coisas fossem. Mas por fim acabou se convencendo. E com o coração apertado ela permitiu que Alison fossem embora com David.


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Notas finais do capítulo

Não deixem de comentar. Já adiantei vários capítulos e garanto que vem coisas boas por aí. Já estou até pensando no final, acho que do capítulo trinta não passa. Acredito eu que já deu tudo que tinha que dá. Não quero ficar enrolando muito vocês, perde até a graça.



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