Novo Mundo escrita por Mi Freire


Capítulo 20
Eu quero a verdade.


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo é um tanto revelador. Eu gostei muito de escreve-lo, é um mistura de sentimentos! Aqui, eu finalmente consegui enxergar uma mudança no David, que agora é um novo homem, mas que ainda assim, não deixou sua essência para trás. Espero que gostem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/506063/chapter/20

Bradley pediu para que Margo e Corine, agora com quase seis meses de gestação, mantivessem Alison longe de casa pelas próximas horas. Ele faria a ela uma grande surpresa. As três amigas tiveram uma tarde só de meninas, como se ainda fossem adolescentes, foram ao cinema, ao shopping, as compras, fofocaram, deram risada, tiraram fotos, comeram bastante e aproveitaram cada momento juntas.

— Estou ficando cansada. – alegou Alison, passando a mão nos cabelos soltos. — Acho que já vou para casa.

— Tudo bem. Vamos pegar leve com você. – Margo já havia telefonado para Brad para saber se Alison já poderia voltar. — Você já pode ir. Se cuida, amiga. Eu amo você.

Elas acenaram, e Alison entrou no carro.

Estranhou o fato da casa está silenciosa, pelo menos Brad se preocupou em deixar a tevê ligada fazendo companhia a Gael.

— Brad? Bradley cadê você? – ela chamou, andando pela casa. Ouviu a voz dele vindo na direção do quarto de hospedes.

Ficou paralisada quando viu o que ele havia feito ali. Reformara completamente o quarto. Pintou as paredes de um azul bem clarinho, comprou os moveis de madeira branca, colocou um novo assoalho no chão, em uma parede ele colocou um papel de parede infantil, enfeitara o ambiente com luzes claras e alguns objetos.

Um delicado quarto de bebê.

Os olhos dela se encheram de lágrimas ao entrar no novo quarto, sentindo o cheiro de bebê espalhado pelo ar. Quase como se ele já estivesse ali no bercinho, sorrindo para ela. Brad feliz por ver a expressão de Alison se aproximou dela e a envolveu em um abraço.

Alison tentou segurar as lágrimas, mas foi em vão e elas logo começaram a escorrer dos olhos. Ela abraçou Bradley com mais força, enterrando o nariz na curva do pescoço dele.

— Brad, ficou lindo! Foi a melhor surpresa que eu já recebi. – ela sorriu, permitindo que ele limpasse suas lágrimas de emoção. — Você fez tudo isso hoje sozinho? – ele assentiu, orgulhoso. — Ficou perfeito! Mas como você pode ter tanta certeza de que é um menino?

— Eu bem que tentei fazer o mais unissex possível, caso for uma menina. Mas eu não resisti. – ele soltou um riso divertido. Depois inclinou-se para tocar a barriga dela. — Eu sinto que é um menininho.

— Quer saber de uma coisa? – ela analisou mais de perto cada detalhe do quartinho. — Eu andei pensando nos nomes que você sugeriu alguns dias atrás. E.... eu gostei de James mais que qualquer um outro.

Ela também, com seus novos instintos de mãe, quase poderia ter certeza de que era um menino. Era o que ela queria também.

≈≈≈

David sentira falta de caminhar no Central Park. Aproveitou o feriado para caminhar um pouco entre as árvores, apreciar a paisagem, admirar o lago, dar pão aos patos e respirar ar puro outra vez, sem qualquer tipo de preocupação, com a mente vazia.

Trabalhar com o seu pai estava sendo ótimo, ele adquirira muitas novas experiências e aprendeu muitas coisas com ele e todos. Sentia que estava finalmente se tornando um homem de verdade, do qual poderia se orgulhar. A quem Alison poderia ter orgulho. Mas não estava fazendo isso por ela, longe disso. Estava fazendo isso por si mesmo.

Estava mais que na hora de começar a crescer.

Ele comprou uma cerveja na primeira oportunidade e a saboreou devagar enquanto caminhava pelo parque terrivelmente movimentado naquela tarde onde o sol havia se escondido atrás das nuvens.

Quando parou, viu de longe uma família próxima ao lago. A mulher, com seus trinta e poucos anos, estava sentada na grama brincando de boneca com a sua filhinha de cabelos tão loiros que chegavam a ser brancos. O homem, provavelmente o marido e o pai, corria com o garotinho atrás de uma bola de futebol.

Os quatro sorriam felizes.

David sorriu consigo mesmo, terminando sua cerveja. Nunca parara pra pensar em ter uma família. Sua própria família. Já estava com quase trinta anos e nunca pensara nisso. Mas aí conheceu Alison e ela mencionara diversas vezes o tamanho da sua vontade em ser mãe, fazendo com que algumas vezes ele parasse para pensar no mesmo.

Pensando melhor nisso, David concluiu que adoraria ser pai algum dia, desde que fosse com a mulher certa. A mulher da sua vida. Não importava quantos filhos teriam, se seriam uma família perfeita, morariam em uma mansão ou teriam o carro do ano. Ele só queria ser feliz, tendo finalmente algo que pudesse chamar de seu. Só seu.

Jogou a garrafa de cerveja no lixo mais próximo e quando voltou a erguer o olhar em outra direção viu uma figura famíliar a alguns metros de distância. Sempre a reconheceria, mesmo do outro lado do mundo. Seus cabelos ruivos ao vento eram inconfundíveis.

Alison estava ali, naquele mesmo parque, naquele mesmo dia olhando para o céu, pensativa. Mas talvez ela não estivesse sozinha. Bradley deveria estar em algum lugar por perto. Mas aí algo chamou ainda mais a sua atenção, quando a expressão de felicidade dela mudou completamente para uma expressão de terror.

Alison se inclinou um pouco para frente, com a mãe na barriga e fez uma careta, fechando os olhos. Ela estava sentindo dor. Mas ninguém apareceu para ajudá-la. Nem mesmo um desconhecido. Ela estava sozinha e David não pensou duas vezes em ir correndo até ela.

— Alison, tá tudo bem? – ele apertou um lado de sua cintura, conduzindo calmamente até o banco mais próximo.

— Não. Não está. – disse ela com muito esforço. — Por favor Dave, me pela pra casa agora mesmo.

— Sim, claro. Seu carro está por aqui? – ela assentiu em resposta, gemendo baixinho de dor. — Você não quer ir a um hospital?

— Não. Não. Está tudo bem. – ela caminhou com dificuldade, enquanto ele segurava a lateral do seu corpo. — Eu vou ficar bem.

David dirigiu o mais rápido que pôde e quando estavam bem perto foi que Alison esqueceu de mencionar o fato de que havia se mudado.

David ficou surpreso, um tanto decepcionado. Mas continuou dirigindo calmamente enquanto ela lhe passava as instruções do novo endereço, que não era tão longe do antigo.

Assim que entraram na casa, ele reconheceu os pertences de Bradley em maioria. Então agora eles definitivamente estão juntos, ele concluiu em pensamentos. Alison pediu para que ele a ajudasse a se deitar sobre a cama, no quarto do casal.

— Já estou me sentindo bem melhor. – ela respira fundo, esboçando um leve sorriso. — Pode buscar um copo com água para mim?

Não era difícil circular pela casa.

— Aqui está. – ele entregou o copo para ela, sentando-se ao seu lado enquanto segurava-lhe a mão livre.

Ela bebeu tudo muito rapidamente, deixando o copo de lado.

— Que bom que você estava por perto para me ajudar. – ela admitiu, olhando fixo para ele. — Você me salvou, Dave.

Eles se entreolharam e permaneceram assim por um tempo.

— É um menino. – ela decidiu dizer. Queria muito que ele soubesse daquilo. Era importante para ela. Não sabia exatamente porque. — Vai se chamar James.

— É um lindo nome, Ali. Parabéns! – ele conseguiu sorrir, imaginando no quanto Bradley deveria ter ficado feliz com aquela notícia. Ele certamente pularia de alegria. — James vai ser um garoto de muita sorte.

Ela suspirou profundamente. A dor sumira completamente e ela conseguiu se sentar mesmo sem a ajuda dele.

— Eu quero que você conheça o quarto dele. – ela apertou firme a mão dele, levantando-se devagar. — Vem, vem ver que lindo ficou.

Não havia dúvidas: tudo que está relacionado a Alison Harvey, está ligado diretamente com a palavra perfeição.

— Ficou ótimo, Ali. Realmente tudo muito lindo.

Pensamentos tristes e doloroso invadiram a sua mente naquele momento, enquanto ele olhava o quarto. David se viu ali, naquele mesmo cômodo, diante dela, pintando as paredes, montando os moveis, arrancando risadas dela enquanto sujava seu rosto de tinta azul.

Era uma vida que ele queria poder fazer parte.

— Ai! – ela soltou um gritinho. — Está doendo. Ai!

David a pegou no colo, espantando os pensamentos. Levou-a novamente até o quarto e deitou o corpo dela sobre a cama. Tirou suas sapatilhas, viu que seus pés estavam inchados, mas que ela ainda usava a tornozeleira que ele lhe dera no dia dos namorados.

— Tem certeza de que isso é normal? – ele quis saber, preocupado e aflito. Alison fazia caretas de dor, se contorcia e suava.

— Tenho, sim. – ela olhou para o teto, tentando respirar devagar. Precisava recuperar o ritmo. — São apenas cólicas.

Ele tentava entender, mas ainda estava preocupado. Queria leva-lo ao hospital, mas Alison muito teimosa se recusava. Em silencio, enquanto ela tentava se recompor, ele massageava os pés dela.

Ela conseguia ser ainda mais bonita mesmo gestante. Ela conseguia ser encantadora mesmo com dor. Ela conseguia ser doce mesmo morrendo por dentro. Ela conseguia ser adorável quando fazia aquela cara de prazer de agradecimento pela massagem.

— Eu posso ver sua... Barriga? – ele se viu perguntando. Aquilo parecia ridículo. Barrigas de gravidas são.... Esquisitas.

— Claro. – ela abriu um largo sorriso, pegando uma das mãos dele e conduziu-a até seu ventre. Alison levantou a blusinha, deixando a barriga exposta e pousou a mão grande e quente dele sobre ela.

David estava hipnotizado, não conseguia nem mover a mão ou os dedos.

— Estou com quase três meses e meio.

David passou a mexer os dedos devagar, Alison sentiu um leve tremor, mas tentou ignora-lo. David não sabia bem o que estava acontecendo em seu interior, mas estava sensibilizado. Seus olhos estavam se enchendo de lágrimas. Chorar é algo raro para ele.

— David, você tá chorando? – ela soltou um riso, pousando sua mão novamente sobre a dele. — Eu não acredito!

— Eu tenho que ir. – ele levantou-se, meio nervoso. Parecia que havia acabado de levar um choque de realidade. — Eu não quero que o seu futuro marido me veja aqui e pense bobagens. Não é certo. – ele beijou rapidamente a testa dele. — Fica bem, Alison. Tchau.

Alison o observou correndo até a saída. Afinal, o que deu nele? Porque agira assim de forma tão... Anormal? Ela não sabia as respostas para suas perguntas. Mas abriu um sorriso quando lembrou dos olhos marejados de David enquanto ele acariciava sua barriga. O que exatamente ele sentiu naquele momento?

≈≈≈

— Posso entrar? – sua mãe bateu na porta. A porta que estava aberta. Ele ergueu os olhos para olhar para ela.

— Claro! – David deixou a papelada do trabalho de lado. Ele estava se dedicando muito aos estudos para os negócios. — Entra, mãe.

Ela sentou-se com ele na cama.

— David, eu queria te perguntar algo muito particular.

— Pode perguntar, mãe. Manda a ver.

O lado bom é que David havia acordado muito bem naquele domingo. Acordou cedinho, tomou o café da manhã com os pais, saiu para cavalgar, jogou golfe com Charles e em seguida isolou-se no quarto para estudar um pouco antes de sair para encontrar com os amigos na cidade. Ele precisava se divertir um pouco, sentia saudade.

— Há exatos três meses atrás – ela de uma pausa, um pouco embaraçada por ter que perguntar aquilo. Mas precisava tirar algumas dúvidas. — você e a Alison, hum, bem, vocês tiveram algo? – ele estava confuso com aquela conversa. — Quero dizer, pra ser mais direta, o que eu quero saber é se vocês... Transaram aquela noite?

— O quê? – ele arregalou os olhos, horrorizado. — Mãe! Que isso? Porque isso agora? Como a senhora soube disso?

— Então é verdade? – ela perguntou, ignorando-o. — Olha filho, é só uma curiosidade, ? É que assim, por acaso, em um dos meus encontros com a Alison ela acabou mencionando que....

— Ela te falou mesmo isso?

Ela sorriu sem graça.

— Não exatamente. Mas sim, falou. Meio sem querer. O que eu quero saber é se rolou algo a mais? É só isso que eu quero saber.

— Bem, sim. Rolou. Foi a primeira vez e também a última. – ele admitiu, sem olhar para ela. Era vergonhoso ter que conversar sobre aquilo com a sua mãe. — Um erro. Mas porque a senhora quer saber?

— É que... Bem, não é nada. Só curiosidade mesmo.

— Não mente pra mim, mãe. – ele riu, agora bem mais à vontade que antes. — Anda logo, me fala porque você quis saber logo disso?

— David, meu filho – ela segurou uma das mãos dele, aproximando-se para olha-lo melhor, diretamente. — Você já parou pra pensar que esse filho que ela está esperando pode ser.... Seu filho?

— O quê? Não, mãe. Ficou doida? – ele riu, meio nervoso. — Nós usamos preser.... – ele parou de falar abaixando o olhar, pensando melhor. — Não. A gente não usou nada para se proteger. – David olhou para a mãe. — É... Você tem razão, mãe. Esse filho pode ser meu.

Aquilo era demais para ele absorver. Estava perdido, confuso e cansado. Perdera complemente a vontade de encontrar com os amigos.

— Eu vou sair. Vou deixar você pensando melhor a respeito.

Sua mãe beijou seus cabelos e se foi, deixando o sozinho.

David deitou, com os braços de baixo da cabeça, fitando o teto branco do quarto. Tá, pode ser. Ele pensou. Se esse filho for mesmo meu, e agora? O que eu faço? Sua mente processava muito rápido. Mas também pode não ser, concluiu. Eu preciso falar com ela.

Agora.

David procurou pelo celular, discou o número de Alison e ouviu o telefone tocar umas mil vezes. Sempre caindo na caixa postal. Ou ela estava ocupada sendo feliz por aí com Bradley, vivendo uma mentira. Ou estava o evitando por prever que ele descobrira a verdade.

Iria falar com ela, o quanto antes. Mas não hoje e nem agora. Ainda precisava organizar os pensamentos. Poderia ser só um engano. O filho de Alison pertencia mesmo a Bradley. Os dois mereciam ser felizes. Eles seriam uma família. Mas poderia também ser verdade. O filho era dele. O seu filho. Um filho que agora ele tanto queria.

Se Alison confirmasse mesmo depois de toda sua insistência, David não sabia o que iria fazer a respeito. Iria ficar mais que feliz, claro. Afinal iria ter um filho da mulher que ele ama. E os dois, ou melhor, os três, poderiam ser finalmente felizes. Juntos.

Mas isso o assustava. Ele não tinha certeza se amava Alison, não sabia lidar com tal sentimento. Algo novo para ele. E também nunca pensou em ser pai antes, não saberia ser um bom pai, acabaria estragando tudo, como ele sempre faz. E isso seria horrível não só para o seu fracasso, mas também para essa criança.

Não! Ele não poderia fracassar. Não dessa vez.

Amava Alison, sim. Sempre amou. Desde a primeira vez que a viu sabia que ela era especial. E quando a conheceu melhor passou a ama-la ainda mais. Ela é perfeita aos seus olhos. A mulher da sua vida. A quem ele deve cuidar, proteger, amar, respeitar até o fim de sua vida.

Ela é a mãe do seu filho!

E não importaria o quão apavorado estivesse nesse momento, antes mesmo do bebê nascer aprenderia a ama-lo com todas suas forças. E quando ele enfim nascesse ensinaria a ele tudo que um dia ele deixou de aprender com o seu pai e só agora estava tentando recuperar esse tempo perdido. Seria o melhor pai do mundo. Não abandonaria o pequena James jamais, o ajudaria na lição de casa, jogaria futebol no parque com ele, daria comida na boca, enxugaria suas lágrimas, assistiram televisão juntos, iriam a parque de diversões e o buscaria na porta do colégio.

David estava chorando, com um sorriso bobo nos lábios.

Eu amo aquela mulher. E amo ainda mais o bebê.

Os dois me pertencem.

≈≈≈

Alguém batia a porta de maneira assustadora, quase colocando-a baixo. Gael começou a latir, bravo. Alison levantou-se do sofá assustada e com medo. Até então estava tudo bem. Ela acabara de jantar e deitou-se no sofá, acomodando-se, para assistir um filme. Brad havia saído com uns amigos do trabalho naquela sexta-feira à noite para se divertir. Ele estava começando a se despedir daquela vida de solteiro. Mas agora, quem poderia ser? Alison não sabia ainda se abriria ou não a porta.

— Alison! – ela reconheceu a voz de David Marshall. Mas que diabos ele estava fazendo ali? — Abre essa porta. Eu sei que você está aí.

Por um lado ela estava espantada com a sua visita repentina no meio da noite, mas por outro lado estava aliviada por ser ele e não um assaltante ou coisa do tipo.

Ao abrir a porta Alison levou mais um susto, quando David entrou em disparada, deixando o rastro de seu perfume para trás. Ele parecia bravo, muito nervoso e um tanto confuso.

— Mas então – ela fechou a porta, voltando-se para ele sem seguida. Olhando-o preocupada. — o que você veio fazer aqui?

— Eu quero a verdade, Alison. – ele andava de um lado para o outro pela sala, passando a mão no topete. Estava frustrado e impaciente. — Esse filho é meu, não é? James é meu filho.

Alison arregalou os olhos, chocada. Ela desabou no sofá, passando a mão pela testa. Bom, no começo havia pensado uma vez naquela possibilidade. Mas desde então não pensara mais a respeito. Estava tão encantada com a gravidez que tornara-se um presente tanto para ela quanto para Bradley que esquecera desse pequeno detalhe.

— Ficou doido, é? – ela voltou a olhar pra ele, sorrindo. — Não, David. Claro que não. Esse filho é meu e do Brad.

— Isso não é verdade! – ele gritou ainda mais nervoso, os olhos escuros faiscando. Uma veia saltava da lateral de seu pescoço. — E você sabe bem disso. Alison, esse filho é meu. E eu quero que você me diga a verdade. Eu preciso saber se isso é verdade...

— David, você não está entendendo. – ela levantou-se, aproximando-se dele com cautela. Por dentro Alison estava apavorada com o comportamento aterrorizante dele. — Esse filho não é seu...

— Como você pode ter tanta certeza? – ele a interrompeu, dando alguns passos em sua direção. Seu rosto estava vermelho, parecia estar pegando fogo. — Eu exijo que você faça um teste, Alison. Porque se esse filho for realmente meu eu quero assumi-lo. Eu quero fazer parte da vida dele. Eu quero que ele me pertença! E eu tenho esse direito.

Alison não conseguia mais reconhece-lo. David jamais falava com ela naquele tom, daquela maneira. Como se tivesse ameaçando a estragar toda a sua vida caso ela desse qualquer passo em falso.

— Você não pode fazer isso comigo, Dave! Você não pode estragar a minha vida. Não agora! Esse filho não é seu, esse filho é meu e sempre será. Você não pode arrancar ele de mim! – Alison estava desesperada, chorando muito. Não conseguiu se segurar. Sentia como se lhe faltasse ar. — Você não entende... Não vê que o Brad é o pai ideal para essa criança. Ela será feliz aqui, conosco. Você nunca se importou! Você nunca nem se quer desejou ou pensou em ser pai.

— Mas agora é diferente, Alison. – ele agarrou os pulsos dela, apertando forte. Machucando-a, deixando a marca de seus dedos em sua pele branca. — Eu quero ser pai. Eu sonho todos os dias com esse garotinho desde que tive essas suspeitas! Eu quero fazer parte da vida dele. Sei que ele também desejaria que fosse assim se pudesse dizer. – seu rosto chegou bem perto do dela. Os dois respiravam o mesmo ar agora.

Apesar de assustada, Alison não conseguia se mover.

— Eu quero você! Eu quero vocês! Por favor, me deixa fazer parte disso. Eu quero acompanhar esse momento de perto. Eu quero reconhecer esse filho. – àquela altura ele estava chorando também, mas nem se deu conta disso. — Eu amo você! Não faz isso comigo.

Pela maneira que ele a olhava tão intensamente com seus olhos brilhando em lágrimas, apertando menos seus braços, Alison pensou que ele iria beija-la. Fazia tanto tempo que algo assim não aconteceria entre eles, que ela sentiu o coração querer sair pela boca. Desesperado. Inquieto. Sentia tanta falta da companhia de David. Sentira ainda mais falta do beijo dele.

Algo se remexeu dentro de sua barriga e ela deixou de lado tais pensamentos. Lembrando de que agora mais um alguém estaria entre eles. Literalmente. James parecia não gostar nada daquela situação e resolveu se manifestar como podia. Alison se livrou de David, afastando-se dele novamente. Tentando recuperar o fôlego.

— Vai embora daqui. – ela pediu, de costas. Incapacitada de olhar para ele outra vez. Tentando a todo custo limpar as lágrimas. — Agora.

— Alison... Não. Pelo amor de Deus, o que você está fazendo comigo? Com a gente? Eu não posso conviver com essa dúvida!

Ela suspirou fundo antes de virar-se pra ele novamente.

— David, não faz muito tempo em que você me deu adeus e disse que sairia da minha vida de vez porque assim seria melhor para nós dois. O que você está fazendo agora aqui? – ela o encarava, contendo melhor o choro. — Se a sua intenção era me machucar... Parabéns! Você conseguiu! Você sempre me machuca, faz o que tem vontade e não pensa nas consequências. Me arrastando para o buraco com você!

Seu tom era ameaçar, David se encolheu. Alison nunca agira assim, pelo contrário. Ela costumava ser compreensiva com ele, doce e encantadora, mas agora, parecia uma outra mulher. Impiedosa e cruel.

— Some daqui! Some daqui agora! – ela gritou, pegando o primeiro objeto que apareceu pela frente. — Você nunca se importou com nada e eu cansei de me preocupar com tudo. - ela atirou o objeto dele. Mas David teve bons reflexos e se desviou, correndo na direção na porta como uma presa assustadora. Ele olhou pela última vez para ela antes de partir. — Eu te odeio, David. Eu te odeio.

Ela ameaçou jogar outra coisa em sua direção. David saiu pra fora, ouvindo o objeto se quebrar de encontro a madeira dura da porta agora já fechada. Separando-os. Sua moto o esperava estacionada ali em frente, antes de seguir até ela para ir embora ele sussurrou:

— Eu ainda te amo, Alison. Sempre vou amar. Eu não vou desistir de você. – ele dizia a si mesmo, baixinho. Receoso. — Não agora que você espera um filho meu.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Será que esse filho é mesmo dele? E agora, o que o David vai fazer para descobrir a verdade? E a Alison não estaria cometendo um grande equivoco? Bom, eu não sei. Ou melhor, sei sim haha Mas quero que vocês me digam o que acham de tudo isso. Comentem!