Novo Mundo escrita por Mi Freire


Capítulo 19
Mudanças de planos.


Notas iniciais do capítulo

Como eu recebi comentários maravilhosos das meninas que eu tanto gosto, resolvi adiantar mais esse capítulo. Meninas, eu nunca vou cansar de dizer: obrigada por comentarem!



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Adrienne encarava Alison com os olhos repletos de preocupação.

— Não, Alison. Você não pode mais ficar aqui sozinha, querida.

— Mãe, eu tenho o Gael, esqueceu? Meu cachorro.

Da sala de estar elas podiam ouvir as vozes de Bradley discutindo com Tom sobre um jogo de futebol que assistiam na tevê.

— Um vira-lata? – Adrienne arregalou os olhos de indignação. — Por acaso se acontecer alguma coisa com você ele vai pegar o telefone e ligar para emergência? – ela não esperou pela resposta. — Não! Claro que não vai. Alison, ele é só um cachorro!

De repente, sua mãe resolveu tratar sua gravidez como doença.

— Eu já disse a ela Sra. Harvey – Bradley resolveu se intrometer mesmo da sala. Os olhos concentrados na tevê, mas os ouvidos atentos na conversa das duas. — que se quiser pode ir morar comigo.

— Ótima ideia! Excelente ideia! – Adrienne deixara a carranca, dando espaço a um sorriso esperançoso. — Quando vai ser a mudança?

Alison revirou os olhos, impaciente.

Realmente Bradley já havia tocado no assunto diversas vezes, alegando de que queria acompanhar sua gravidez mais de perto, com mais cuidado e atenção. Sem ter que perder nenhum detalhe. Mas Alison ainda não lhe dera uma resposta com receio que desse tudo errado outra vez. Já que já haviam tentado outra vez.

Ela ainda precisava pensar melhor, acima de tudo era uma ideia tentadora. Com o novo emprego Brad havia conseguido uma boa casa, era grande, espaçosa e bem arejada. Poderiam até fazer um quartinho para o bebê e tinha também um jardim na frente da fachada e um quintal espaçoso nos fundos.

Parecia ideal.

— E o casamento, já pensaram no casamento? – Adrienne retornou ao assunto.

— Mãe, por favor, para com isso agora. – Alison levantou-se da cadeira, havia perdido completamente a paciência. — Eu não estou doente, ? Posso me virar muito bem sozinha por enquanto. E o Gael não é um cachorro, ele é meu amigo, é da família. – ela deu uma pausa, suspirando forte. — E nós não vamos nos casar agora. Já conversando sobre isso e está tudo acertado. Não tem condições casarmos agora com todos os gastos que teremos com o bebê.

O casamento era uma possibilidade para depois do nascimento do bebê. Agora estava fora de cogitação. Brad e Alison já haviam conversado sobre isso. O bebê traria muitos gastos e eles precisariam esperar por enquanto.

— Brad? – Alison fora até a sala, deixando sua mãe para trás na cozinha. — Vamos? Nós não íamos pegar um cineminha?

— Você está nos expulsando, Alison? – sua mãe veio logo atrás, com as mãos na cintura. Parecia brava. — É isso mesmo?

— Não, mãe. – Alison virou-se para ela. — Sinto muito, mas antes de vocês chegarem nós já estávamos de saída.

— Viu só, Tom? Viu só a filha mal criada que você tem? – Adrienne pegou sua bolsa sobre a poltrona. — Vamos querido. Vamos embora daqui.

— Pai. Mãe. Eu amo vocês. Desculpem-me.

≈≈≈

Decisões importantes Alison estava tomando nas últimas semanas.

Aquela sem dúvidas alguma fora uma das mais difíceis de todas: mudar-se para a casa de Bradley de uma vez por todas. Os dois precisam tentar de novo e dessa vez, diferentemente de antes, precisava dar certo. Tudo porque o bebê estava a caminho. Pensavam nas necessidades dele mais do que qualquer outra coisa.

A parte mais difícil foi ter que vender seu apartamento para conseguir algum dinheiro para o futuro. Não só porque havia criado laços naquele lugar, mas também porque foi ali onde muitas coisas importantes aconteceram em sua vida. Como se desapegar da noite para o dia de algo assim? De todas suas coisas, do cheirinho do seu lar, todo o aconchego, seus moveis, objetos, as marcas no piso e nas paredes, as lembranças de cada momento que ali viveu sozinha ou não, feliz ou triste. Tudo isso era muito difícil ter que deixar para trás. Alison não conseguia imaginar nenhuma outra pessoa, além dela, morando ali e cuidado daquilo tudo do mesmo jeito que ela cuidou.

Alison estava enchacotando tudo que levaria embora. Tirou a manhã de sábado para finalizar aquela dolorosa tarefa. Brad estava inquieto, ele mais que ninguém queria que ela se mudasse logo, além de toda a insistência e preocupação de sua mãe. Brad garantia que dessa vez agiria melhor com ela. Faria daquilo algo mais fácil e estava disposto a dar tudo de si, diferente da última vez.

Ela acreditava nele.

Margo bateu a porta e logo depois entrou. Ela prometera ajudar Alison com as caixas. A loirinha se aproximou, abaixando-se junto a Alison, beijou sua bochecha e abriu um sorriso agradável.

— Tenha uma grande surpresa pra você. – ela quebrou o silencio, olhando diretamente dentro dos olhos verdes de Alison. — O Dylan vai ficar com o seu apartamento. Eu conversei com ele e acabei convencendo-o de que seria o melhor para nós dois e também o melhor para você. Já que ele cuidaria desse lugar melhor que ninguém e você não teria com o que se preocupar.

— Margo, essa notícia é ótima! – Alison a abraçou forte, sorrindo alegremente. — Você não sabe o quanto é bom ouvir isso.

Uma preocupação a menos.

No sábado até o final da noite todas as coisas de Alison já estavam na casa de Bradley. No domingo eles tiraram tudo de dentro das caixas e começaram a arrumar tudo em seu mais novo lugar. Aos poucos a casa foi ganhando um aspecto mais familiar. Arrancando sorrisos do casal.

Brad fez a maior parte do trabalho. Ele não permitia que Alison fizesse tanto esforço por causa do bebê. Alison nunca o vira tão preocupado e cuidadoso. Brad a tratava como se fosse uma doente ou uma idosa, o que era bom, já que ela estava adorando ser mimada por ele de todas as maneiras possíveis.

No domingo à noite, quando a maior parte das coisas já estavam organizadas, Gael já tentando se familiarizar ao novo lar e Alison se adaptando, Brad resolveu pedir o jantar. Ele pediu comida japonesa.

Naquela noite os dois dormiram abraçados, bem e felizes. Ansiosos pela vida a dois que os esperava pela frente, pelos próximos dias. Dali a alguns meses um novo integrante faria parte da família e muitas coisas iriam mudar. Ambos desejavam que isso acontecesse logo.

Na faculdade, na manhã seguinte, Alison não deixou de perceber que muitos dos seus colegas de classe já estavam começando a olhar para ela de maneira diferente. Como se tivessem conseguido captar algo. Por mais que ela tentasse disfarçar com roupas mais folgadas e largas.

Pelo visto não eram suficientes e a palavra “grávida” estava estampada em sua testa. Ela queria não ter que se importar tanto com isso assim como David costumava fazer, mas se importava e isso a incomodava muito. Era horrível ter que imaginar o que exatamente as pessoas estavam falando dela pelas costas.

Há mais de uma semana não pensava em David. Não diretamente, desde que ele se foi. Com todas essas novidades acontecendo em sua vida, ela deixou de pensar mais nele. Alison se perguntava mentalmente se a dor de sua perda diminuiria de intensidade conforme o tempo fosse passando e ela se acostumasse com a ausência dele em sua vida.

Depois da aula ela foi para casa. Quase se esquecera de que agora tinha uma nova casa e precisou voltar e refazer todo o caminho. Por sorte ainda tinha seu carro e não iria se livrar dele nem tão cedo, já que Brad ainda não tinha seu próprio automóvel. Entrou em casa abriu as janelas para deixar o ar fresco entrar e procurou Gael antes de preparar algo para almoçar. Ainda precisava ir ao trabalho mais tarde.

Depois de quase vinte minutos a sua procura, ela o encontrou de baixo da cama do quarto de hospedes, onde seria o futuro quarto do bebê. Brad e ela já haviam feito planos e conversado sobre isso. Gael parecia abatido, tinha o olhar triste e estava cabisbaixo.

Havia algo de muito errado com ele. Mas o que exatamente?

Com muito esforços ela o puxou de baixo da cama e o arrastou até a cozinha, mesmo sendo duas vezes mais pesadelo que ela, Alison preparou um sanduíche para comer e encheu o copo com um suco qualquer que encontrou na geladeira. Deu metade do seu segundo sanduíche a Gael que devorou em uma só mordida.

— Eu sei que não está sendo nada fácil. – ela passou os dedos nos pelos das costas dele. — Mas eu prometo que as coisas vão melhorar.

Pela forma doce que ele olhou para ela, pareceu entender o que ela tentou dizer.

— Bom, agora eu preciso ir. – ela pegou sua bolsa sobre a cama no quarto. Olhando para os lados, para ter certeza de que não esquecera nada. — Se comporte, por favor. A mamãe não demora.

Pensando bem, Alison não seria uma mãe tão ruim assim. Ela já tinha um filho, Gael, e se doava ao máximo para ser o melhor para ele. Ele pelo menos nunca reclamara e parecia agradecido a ela. Alison queria que fosse fácil assim com o bebê que estava por vir, mas algo em seu interior dizia que as coisas seriam bem diferentes e complicadas.

Mas para isso ela tinha o Brad, suas amigas, sua família. Sentia muita falta de David ainda. Queria que ele estivesse por perto para apoia-la e dar-lhe segurança. Mas ele já não estava mais. E ela precisava aprender a lidar com aquilo, agora que tinha outros problemas.

≈≈≈

Alison aproveitou a folga que seu mais novo chefe lhe concebera - Matt Gilbert era ótimo como chefe, simplesmente o melhor -, e antes de voltar para casa ela foi para o centro de Manhattan para fazer umas comprinhas. Pois estava precisando de roupas novas, que fossem mais confortáveis, mais largas e mais soltinhas.

Alison era uma mulher prática e quando saia para as compras já tinha muitas ideias em mente. Então ela não precisava ficar escolhendo por horas, ela já ia atrás do que tinha em mente, do que realmente queria comprar e com isso aproveitava melhor o seu tempo.

Já se passava das seis da tarde quando ela parou para um comer alguma coisa antes de ir embora. Alison estava louca por um pedaço de pizza de quatro queijo e um copo gelado de Coca-Cola com gelo e uma rodela de limão. Quase suspirou de prazer quando a garçonete colocou o prato e o copo diante de seus olhos sobre a mesa.

Devorou tudo muito rapidamente.

Quando saiu lá fora o céu já estava escuro e era uma noite agradável. Mesmo que a maioria das pessoas a sua volta vivessem com presas e ocupadas. Ela estava vivendo uma das melhoras fases de sua vida agora. Só queria aproveitar.

E acidentalmente acabou esbarrando com alguém na calçada quando parou para atender o telefone, o que já era de se esperar. Era a milésima vez que Bradley estava ligando para ela aquela tarde.

Isso estava começando a irrita-la profundamente.

— Desculpe senhora eu estava... – disse o homem parado a sua frente de imediato. Alison olhou para ele e quase não o reconheceu. — Ah, é você. – ele abriu um sorriso lindo. — Oi, Alison.

David ainda era o mesmo, mas de alguma forma estava muito diferente. Talvez fossem as roupas. Ele ainda tinha o mesmo cabelo escuro, o mesmo topete, a mesma barba grossa, o mesmo piercing no nariz e os mesmos olhos escuro hipnotizantes. Mas naquela noite ele estava usando uma calça social cinza-escuro, uma camisa branca de gola italiana, um colete no mesmo tom da calça, sapatos pretos social e uma gravata combinando.

Ele estava elegante. Havia acabado de sair de uma das filiais da empresa do seu pai em Nova York, da qual agora ele fazia parte, sendo o mais novo integrante da diretoria. Seu pai lhe ensinara muitas coisas, David estavam caminhando devagar, mas logo chegaria no topo. Era o que ele queria. Afinal, um dia, mesmo contra sua vontade, seu pai chegaria a falecer e ele era o único herdeiro. Não deixaria a empresa do seu pai nas mãos de qualquer um, por mais homens de confiança que ele tivesse. Isso lhe parecia errado. Afinal, ele era seu filho.

— David, que surpresa. – Alison corou instantaneamente. — Eu pensei que não iria voltar a te ver nem tão cedo.

Pareceu errado ela dizer aquilo. Mas agora já era tarde.

— É, essa era a principal intensão. – ele continuou sorrindo, com as mãos dentro do bolso da calça. Estava tão charmoso.

— Pelo visto você largou o trabalho social. – ela observou. — E os passeios recreativos com os cães de madames no Central Park.

— Não, você está muito enganada. Como eu já não moro mais aqui eu só dei um tempo com os cães. Quanto ao trabalho social tenho conversado muito com o meu pai ultimamente a respeito. Estou quase o convencendo de que deveríamos adicionar os trabalhos voluntários a empresa que é tão reconhecida e importante. Pessoas, animais, crianças e idosos ainda precisam de nós e ele melhor do que ninguém poderia me ajudar nessa. Minha mãe adorou a ideia.

— Nossa! – ela ficou surpresa. — Pelo visto você não mudou em nada. Ou melhor, mudou. Mas ainda é você. O velho David.

Os dois sorriram um para o outro por um momento.

Pela primeira vez aquela noite, enquanto as pessoas passavam apressadamente por eles parados no meio do caminho, David criou coragem de olhar melhor para ela. Avaliando-a melhor. Não deixou de perceber que sua barriga já estava mais visível, ela parecia mais bronzeada e seus cabelos estavam mais brilhosos. Os olhos, sem contar, estavam ainda mais verdes. Ela parecia bem, mais madura, mais mulher, realizada e feliz.

O tempo, a gravidez, as mudanças lhe fizeram bem aparentemente.

— Você está linda, Alison. – ele observou, voltando a olhá-la dentro dos olhos. — Como vai o bebê?

— Ótimo! Está tudo bem com o bebê. – ela disse sem conseguir olhar para ele. — Tenho uma consulta na sexta.

— Maravilha. Fico feliz por você. – em parte era verdade, já em outra nem tanto assim. David ainda se entristecia ao pensar nela. — Quer uma ajudinha? Com as sacolas. Parecem pesadas.

Ela pensou bem antes de responder.

— Eu quero sim! Obrigada.

Ele as pegou, para segurar para ela. David acompanhou Alison até o carro dela, onde estacionara em uma rua vazia não muito longe dali. Ele ajudou ela a colocar as sacolas no banco de trás do veículo.

— De qualquer forma, foi bom ver você. – ela disse timidamente. O vento balançando de leve seus cabelos soltos. — Eu estava mesmo pensando em você, em nós.

— Eu também penso muito em você ainda, Ali. – David admitiu rápido demais. Se arrependera do que acabara de dizer. — Mesmo que seja contra a minha vontade.

Alison engoliu em seco. Ele estava mais frio agora.

— Mas que saber? Sem lamentações. – ele sorriu de lado, passando uma das mãos pela barba no queixo. — Foi melhor assim, não foi? – ela não tinha tanta certeza, por isso não respondeu. — Acima de tudo estou feliz por você. Seus sonhos estão finalmente se realizando.

Não exatamente, ela pensou. Mas sim, estão.

— Então, eu já vou indo. – ele deu um passo à frente, sem conseguir resistir a vontade de toca-la por uma última vez. — Está ficando tarde, não é mesmo? – David depositou no rosto de Alison um beijo doce de despedida. — Tchau, Ali.

Ele virou as costas, tentando conter as lágrimas. Repreendendo a si mesmo por ser tão fraco diante dela e seguiu andando.

Alison ficou paralisado por alguns segundos, ainda sentindo os lábios dele tocarem sua bochecha. Depois, recompondo-se, entrou finalmente em seu carro, girou a chave para ligar o motor e antes de dar partida ligou o rádio.

Na rádio tocava Need You Now, música de Lady Antebellum.

Antiga, porém uma de suas preferidas. E por coincidência ou não, a letra se adequava perfeitamente a ocasião.

≈≈≈

Alison faltou à aula naquela manhã de sexta-feira para ir a mais uma consulta. Havia acabado de terminar de se arrumar, vestindo uma blusinha branca de cetim e um short curto de tecido na cor laranja. Para os pés uma sapatilha clara e para o cabelo uma tiara simples.

Já estava de saída quando alguém bateu a porta.

Mas quem poderia ser? Ela e Brad mal recebiam visitas.

— Dona Susan? – Alison arregalou os olhos, deixando a bolsa marrom cair no chão. Susan abaixou para pegar. — Ou melhor, Sra. Marshall, o que faz aqui? Como você me encontrou?

Susan sorriu, elegantíssima em um vestido de seda verde-claro.

— Posso entrar?

— Claro! Sente-se por favor.

As duas sentaram no sofá da sala. Alguns raios solares entravam pela janela a esquerda iluminando completamente a casa.

— Foi fácil te encontrar. Eu fui ao seu antigo apartamento. Encontrei o endereço anotado nas coisas do meu filho. Eu dei uma de xereta, pois precisava falar com você. – ela riu. — Chegando lá encontrei um amigo seu, Dylan, Dylan Thompson. E ele me disse exatamente onde eu poderia te encontrar. Ele não fez por mal, querida.

— Sim, eu sei. – Alison sorriu sem jeito. — Eu só não esperava ter encontrar por aqui. E eu também já estava de saída. Vou ao médico...

— Eu posso ir com você? Eu adoraria te fazer companhia. Depois poderíamos sair para tomar um sorvete. Não sei. Qualquer coisa.

Alison precisou pensar antes.

Bradley havia tentado tirar o dia de folga para acompanha-la na primeira consulta que ele poderia ir. Mas sua chefe, Brittany Berry, não lhe concebera nem algumas horinhas do dia. E ainda o ameaçou despedi-lo. Brad precisava do emprego, precisava muito. Então não se opôs, mas ele queria muito poder ver o bebê pela primeira vez, mesmo que em uma imagem destorcida, e poder ouvir seu coração. Queria saber diretamente do médico de que estava tudo bem.

Mas agora Alison precisaria ir sozinha. Ou...

— Quer saber? – ela levantou-se sorrindo. — Eu adoraria. Vamos?

≈≈≈

As duas esperaram caladas até que a enfermeira chamou Alison para um quarto pequeno onde havia uma cama, um computador, um armário pequeno e alguns aparelhos médicos que ela desconhecia. E entregou a ela aquela roupinha ridícula azul para vestir antes da consulta, garantiu que o médico logo chegaria.

Susan a ajudou, muito prestativa.

O doutor, Harry Smith, um senhor já grisalho entrou na sala muito simpático cumprimentando as duas. Ajudou Alison a se deitar, passou um gel gelado em sua barriga e a consulta começou.

Alison sempre ficara emocionada ao ver seu bebê e seu coração dava um pulo quando podia ouvir seu coração. Poderia respirar de alívio quando o médico dizia que estava tudo dentro dos conformes. Só que ainda era cedo demais para saber o sexo da criança.

Susan observou tudo de um canto, calada e sorridente.

— Você é a grávida mais bonita que eu já vi. – comentou Susan quando saíram da clínica, conduzindo Alison até o carro. — Quando eu engravidei do David eu parecia uma bola de basquete. Fiquei gorda, meu corpo inchou e eu sentia muitas dores nos pés e nas costas. Foi uma gestação complicada, ele chutava muito, era bastante agitado e muito guloso. Eu chorava muito. David sempre me deu muito trabalho.

As duas riram.

— Eu soube que vocês se encontraram ontem. – o motorista particular de Susan logo parou o carro e elas desceram para comer alguma coisa. — Como foi?

— Eu não sei bem onde a senhora quer chegar. – Alison sorriu sem jeito, andando ao lado daquela senhora a quem tanto admirava. Sua mãe bem que poderia ser assim também. — Foi... Bom.

— Por favor, me chame de você, ou de Susan. – elas sentaram-se em uma mesa. Fizeram os pedidos e aguardaram. — Sabe Alison, o David é cabeça dura. Ele não admite, nem toca no assunto, mas eu sei que ele está sofrendo muito. Mesmo que calado. Ele sofre por ter que viver longe da sua companhia.

— Eu gosto muito dele, Susan. Você sabe disso. Mas a escolha foi totalmente dele. E como ele mesmo disse: foi melhor assim. Eu estou passando por uma fase ótima, você sabe bem como é estar assim, esperando por um pequeno milagre. – ela sorria. O garçom trouxe os pedidos, servindo-as com seus milk-shakes. — Eu não sei se saberia lidar com isso com o David por perto. Não parece certo, entende? Nós éramos muito amigos, mas desde a noite em que estivemos juntos...

Alison parou de falar, se dando conta de que falara mais do que deveria. Sentiu-se envergonhada. Não deveria ter falado tanto.

Agora era tarde demais.

— Que noite? – perguntou Susan curiosamente, estreitando os olhos confusa. — Vocês passaram uma noite toda... Juntos?

— Sim. Há quase três meses atrás. – ela desviou os olhos, tomando um pouco de seu milk-shake. — Mas foi um erro. Não se repetiu e nunca mais vai voltar acontecer. Ainda mais agora... Que vou ter uma família.

Susan percebeu o desconforto de Alison e tentou mudar de assunto, mas aquela confissão não lhe saiu da cabeça pelas próximas horas. Havia algo de muito errado naquela história. Não que fosse errado eles se amaram tanto e não admitirem isso. Para isso era só uma questão de tempo, mas... O que exatamente aquilo poderia significar?

Susan estava confusa, mas já tinha suas suspeitas.


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Notas finais do capítulo

Eu estou tão empolgada! Deve ser porque eu já adiantei alguns capítulos e já estou até pensando no final. Mas fiquem calmos. Ainda tem muita coisa por aí ainda. A cada capítulo uma nova revelação ou uma nova descoberta. Comentem bastante e eu vou agilizando para vocês!