Altharian: The Resistance escrita por C Blue


Capítulo 5
Capítulo 4 - Ligados




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Encontrava-me em um labirinto com paredes lisas, brancas e infinitas. Semanas ouvindo Cal falar sobre sonhos com luzes e gritos provavelmente me levaram a este. Mas os gritos, que ele descrevia como agonizantes, não existiam no meu. Andei – meu corpo livre de vestes – sem rumo, até ouvir uma voz. Ela me chamava, sussurrava meu nome, pedia-me força. A voz de Cal me guiou pelo labirinto branco a um corredor longo com uma energia escura no fim. Eu não iria se não fosse a voz de Cal me chamando, ele precisava de mim. Percorri cada vez mais depressa. Percebendo que a cada passo mais próximo da energia, meus pés deixavam marcas no chão branco. Marcas de sangue. Quando me aproximei da energia, ela se moveu, como uma sombra viva, tocando-me, sugando-me. Até não restar mais nada, somente escuridão.

Abri os olhos e fitei o teto. Estava na casa de Cal, em seu quarto, deitada em sua cama... Erguendo-me olhei para os lados observando a leve bagunça do quarto, era tão familiar quanto a minha. Os livros na estante – isso realmente organizado –, os CDs, a mesa do computador – cheia de papéis, alguns lápis espalhados. Andrew estava sentado na cadeira com a cabeça na mesa, em uma posição que provavelmente lhe daria dor mais tarde, parecia dormir.

Levantei-me, não fazendo barulho ao atravessar o quarto e fechar a porta. Desci a escada seguindo o cheiro de Café até a cozinha. Robert estava preparando algo enquanto Josh lia as charges no jornal.

– Hey – disse ele - bom dia.

Os dois me olharam, com certo alívio nas faces. Robert deslizou uma cadeira para que me sentasse.

– Café?

– Sim, por favor.

Ele sorriu e colocou uma xícara de café para mim. Josh se aproximou sentando-se ao lado de onde sentará.

– Vou os deixar um momento às sós. - Disse Robert, tomando um gole de café e saindo da cozinha.

– Sua mãe veio aqui ontem. - começou Johs - Ela teve uma discussão com Robert, não ouvi direito. Não dormi aqui, mas vim o mais cedo possível... E essas são as Últimas Notícias – Ele me olhou, passando os olhos por minha face – Como se sente?

– Parece que fui purificada. – Rimos. Não era verdade, claro, mas sentia-me diferente, leve, mas com a mente distante. – Quando vamos? Procurar Cal?

– Não sei... Eu não irei, me desculpe. Sabe, eu não quero entrar nisso. – sua face ficou séria – Sei que vou magoar Cal com isso, mas... Eu...

Ficamos em silêncio, desconfortável, por instantes, ele comeu uma torrada e tomei meu café, estava forte como gosto.

– Essa história – disse ele, quebrando o silêncio – é tão...

– Louca?

– É. Mas é verdade Sam, eles me provaram. – lembrei-me de Robert curando meu corte. Se não tivesse acreditado naquele momento, o "ritual" de ligação havia me provado. – Eu falei com Andrew, ele disse que pode sentir Cal agora que talvez ele tenha entrado em um plano que só a ligação pode mostrar, e que isso ocorre em algumas transições ou sei lá como chamam... Você vai encontrá-lo Sam. Você vai conseguir.

***

Estávamos percorrendo um dos corredores da prisão do Império. Era uniforme com paredes metálicas. Os alarmes soavam enquanto luzes vermelhas iluminavam os corredores.

– Siga-me, senhora. – disse para a fêmea, um dos motivos pelo qual estava aqui. Um erro no plano tinha comprometido o resultado da missão. Agora estava fugindo do local sem cumprir todas as metas.

Desviando sempre de corredores cheiros de soldados do Império e lutando contra grupos pequenos, chegamos à porta que nos tiraria do local. Ela abriu com um som eletrônico e passamos correndo para fora da prisão. O lugar para onde saímos dava em falésias. A noite estava bonita. Olhei para o lado, para a fêmea, seus cabelos cacheados e loiros estavam decadentes, mas em seus olhos não vi medo. Ela fitava o mar diante de nos. Acionei o comunicador de pulso.

– Arielle em contato. Algo saiu errado, Senhor. Eles sabiam e nos aguardavam... Mas eu consegui resgatar a fêmea.

– A1.9, recebemos as notícia de Ben. Ele está morto. Deve continuar com a missão. Lembre-se, a missão só acaba quando voltar à base da Resistência.

Ben estava morto... Não. Não agora!

– Fugitivos! – gritou um dos soldados do império. Vestes escuras de material sintético preto e armaduras prateadas, segurando a lâmina na mão direita. Não demorou muito para outros quatro aparecerem. Eles vinham em nossa direção quando a fêmea esbarrou em mim e foi para ponta da falésia. Segurando um dispositivo de portal que pregara de minha veste, não tinha "esbarrado" em mim pelo jeito.

– Venha! – gritou ela.

Não havia muitos motivos para não ir assim como não havia muitos para ir. Correndo e sendo seguida por cinco soldados. Eles estavam tão próximos... Foi quando aconteceu como piscar os olhos. A fêmea acionou o dispositivo e o jogou ao mar, pulando atrás. O dispositivo abriu como um círculo de luz brilhante. Quando percebi, já havia pulado, seguindo-a. Olhei ela mergulhar no portal e sumir, logo fui eu. Entrando no desconhecido, do qual só ela sabia onde nos levaria.

***

A noite já havia caído. Eu estava na varanda, ligando para minha mãe e tentando dar uma explicação – sem aliens – por faltar aula, sobre a tarde na casa de Cal, e sobre mais uma noite nela - visivelmente não tinha gostado muito da ideia. Mas não reclamou por ter colocado como motivo por tudo isso a busca por Cal, mesmo com a polícia ainda o procurando.

– Okay mãe, qualquer novidade eu entro em contato. Tchau, beijo.

Quando desliguei o celular entrei na casa e vi Andew também no celular. Ele sussurrava irritado. Com quem ele fala? A cena me fez lembrar a jovem do corredor da escola, com quem o vi pela primeira vez... Ele não havia comentado sobre ela. Será que era mais uma "alien" Ou só uma humana com quem falava por acaso? Ele me percebeu e olhou sem jeito. Desligou o celular.

Tínhamos treinado a tarde toda, e eu já sabia sentir a alma de Cal, era estranho, a sensação talvez fosse boa se ele não estivesse com muita dor por causa da tal transição. De acordo com Robert, isso o daria as marcas e o poder de um guerreiro Altharaino.

– Você está certa disso?

Fechei os olhos e senti novamente, a alma dele estava na floresta, não havia erro nisso, tinha certeza. Robert apareceu em seu carro, tinha "preparado tudo", seja lá o que isso queria dizer. Olhei pela janela.

– Sim.

Saímos da casa e entramos no carro. Andrew ficou só meu lado no acento traseiro, caso precisasse de sua ajuda. Robert ligou o carro. Esperou até eu dar o sinal. Quando confirmei, ele dirigiu, fui guiando até que chegamos a um lugar na estrada que senti ser o ponto de início. Devíamos entrar ali. E o fizemos. Descemos do carro, Robert e Andrew pegando o que ele havia "preparado" – duas lâminas prateadas, com símbolos pretos, – e seguimos a pé por uma trilha, saindo da estrada e entrando na floresta. Robert resmungava algo com "não pode ser aqui". Caminhava tentando não topar, sem perder a concentração. Quando chegamos ao local, observei as árvores ao redor e a luz da lua entrando na clareira. No meio, vi duas coisas que me chamaram atenção, um círculo com símbolos - pareciam ter sido feito com fogo, e nele, uma fenda profunda. Mas o que realmente me despertou, foi um corpo deitado logo à frente.

– Cal! – Corri até o corpo desacordado de Cal. Colocando sua cabeça em minhas pernas, tentando reconfortá-lo. Ele não despertara, mas eu sentia, estava melhor. Percebi marcas, cicatrizes, iguais as de Andrew. Olhei para Robert ao meu lado, ele estava com um visível misto de alívio e de desconforto no rosto, mas lágrimas escorriam de seus olhos. Assim como dos meus.

– Então era isso, tínhamos que ligá-lo para achar – disse ele. – Vamos.

Levantei-me e me afastei deixando Robert e Andrew erguerem Cal quando uma pressão me atingiu forte, cai de joelhos, olhei para os dois, que também sentiram a pressão, mas estavam de pé. Eles não me olhavam, virei para ver o local em que fitavam. O círculo com símbolos se iluminou, enchendo de vida a fenda em seu meio, a luz era forte, fechei outras olhos esperei que parasse. Quando não senti mais a pressão, abri os olhos e levantei-me. Olhei confusa a fenda e ao seu lado encontravam-se dois corpos, arfando. Duas mulheres.


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Notas finais do capítulo

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"Eu havia mergulhado em um mar escarlate."



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