You're The One escrita por Giovana Serpa


Capítulo 23
The one with the Alaska Vibe


Notas iniciais do capítulo

Pessoinhas do meu core, como cês tão? Eu tô feliz, porque essa é praticamente minha última semana de aulas. O resto vai ser só prova :3 Não tem nada melhor do que a expectativa de férias.

Esse capítulo está no mínimo diferente dos outros. Já vou avisando: nada de Clace (acho que a melosidade do capítulo passado compensa isso, vamos combinar). Mas tem outra coisa igualmente especial, ou quase isso. Espero que vocês gostem c:

Boa leitura!



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Simon

Ser um perdedor já é suficientemente ruim, mas isso só piora quando você tem um amigo como Eric. Ele é o tipo de cara que não consegue viver sem ter pelo menos três namoradas por mês. E só fica pior quando você percebe que ele é só um idiota sem conteúdo algum. Para onde foi o bom gosto?

— Cara, não liga pra isso. — Eric bufava, remexendo em sua velha bateria como se sua vida depende daquilo. E, na verdade, dependia. A vida do meu melhor amigo era baseado em três princípios básicos: pizza, garotas e bateria. O resto era só detalhe. — Somos autossuficientes. Não precisamos da companhia do sexo oposto.

— Isso soou como um panfleto de feminismo. — Bufei, o rosto enterrado no sofá. Eu me sentia péssimo. — E, aliás, de quem você está querendo falar? Está namorando duas garotas ao mesmo tempo. E as duas se chamam Julie!

Eric sorriu, claramente orgulhoso de si mesmo. Às vezes eu penso que nunca poderei ser feliz com os amigos que eu tenho. Sério. Os caras são idiotas. E bem que eu gostaria que Clary não fosse minha amiga.

— Eu sou uma grande exceção, Lewis. — Ele continuou, agora ligando a televisão de seu quarto numa reprise do programa da Oprah. — Eu sou um filho da mãe sortudo, como diz o Kurt. As garotas me amam.

— As garotas amam o seu Cadillac. — Corrigi. — Você é só um incômodo que vem no pacote. Uma pulga incômoda.

Eric deu de ombros, vidrado na televisão. Aquele cara tinha algum problema.

— Não seja um invejoso, Simon. Isso é tudo sobre Isabelle? Porque é melhor desistir logo, ela nunca vai ficar com você.

— Isabelle?! — Fiz uma careta de horror. — Não! Santo Deus, de onde você tirou isso?

Isabelle era só uma garota para quem eu fazia as lições de casa. Qualquer coisa além disso, até mesmo um aperto de mão amigável entre nós, era impensável, humanamente impossível.

— Bem, vocês estão sempre se pegando. E não no bom sentido. — Eric levantou uma sobrancelha. Ainda não me olhava diretamente. — Aposto que isso é amor reprimido.

Ele estava horrivelmente errado, mas preferi não discutir. Sempre que falava sobre Isabelle, ficava irritado demais, e começava a parar de dizer coisa com coisa. Então eu apenas revirei os olhos mais de uma vez e me levantei.

— Estou indo para casa. Preciso de uma boa noite de sono para esquecer o quanto essa semana foi horrível.

Eric acenou, mas não disse nada. Eu saí. A casa de Eric ficava num beco, o que no Brooklyn quase sempre significava problema. Para mim não foi diferente, mas não foi o tipo usual de problema.

A garota veio cambaleando, rindo e gritando por alguém chamado Helen. No começo, pensei que não estivesse bem, mas então reparei que não era bem isso. Ela só estava bêbada. Então, quando ela se aproximou de mim, tudo o que eu fiz foi ficar parado, observando.

— Ei, você viu a Helen?

Foi só então que reparei quem era. O cabelo preto como carvão, o vestido perigosamente apertado e as botas que iam até as coxas expostas por aberturas no vestido preto.

Isabelle.

— Desculpe, eu não vi. — Murmurei, incomodado pela situação. Tinha vontade de correr. Isabelle sempre despertava a sensação de que eu estava em perigo iminente. — Isabelle, você está bem?

— Ei! — Ela ergueu os olhos castanhos enormes, que estavam febris. — Você lembrou! Obrigada!

Então ela fez uma careta estranha e assustada. A última coisa que me disse foi "Achei que fosse Irene", antes de se inclinar e colocar tudo para fora. Bem encima dos meus sapatos.

Isabelle

Depois de três copos do ponche vermelho, eu já não tinha certeza se meu segundo nome era Sophia ou Marlee. Poderia ser Elizabeth. Mas Helen insistia em dizer que era Sophia, então, como qualquer bêbada, eu só conseguia pensar em discordar dela.

— Helen, não seja estúpida. Eu sou Isabelle Marlee... — parei alguns segundos para tentar relembrar o sobrenome da minha família — Lightwood! Isabelle Marlee Lightwood!

Helen Blackthorn — loira, pálida, alta e com dois olhos azuis que mais pareciam faróis prontos para te atacar com argumentos — era a única garota do time da torcida que realmente era minha amiga. Por algum motivo que eu não me lembrava, odiava as outras garotas, embora usasse meu melhor sorriso de vadia com elas. Com Helen, o sorriso era mais natural.

— Bem, eu digo que é Isabelle Sophia... — seu semblante não parecia mais sóbrio que o meu, mas ela ainda soava como se eu fosse uma idiota bêbada completa. — Mas, Iz, acho que eu tenho que ir. Tenho... acho... acho que tem alguém me esperando em casa ou algo assim.

Então ela acenou e se afastou, tudo em um segundo. Ou pode ter sido um minuto. Eu não estava prestando atenção na saída confusa da minha mais antiga amiga, que achava que meu segundo nome era Sophia.

Falando em amigos... Onde diabos estavam Jace e Clary? Eles haviam sumido. Quando pensei sobre as possibilidades do motivo daquele sumiço, imediatamente uma risada surgiu na minha garganta, e depois outra, e mais outra. Em poucos segundos eu já estava rindo como uma idiota completa, por pouco não tropeçando na mesa de guloseimas. Minhas pernas se enrolaram no vestido preto e eu tive que me apoiar em alguém para não ir para o chão. Eu ainda estava rindo.

— Ei, olha pra onde anda!

Continuei rindo, tropeçando e sendo empurrada. Por que eu estava rindo mesmo? Não importava. Eu só tinha certeza absoluta de que aquelas pessoas estavam mais bêbadas do que eu, porque ninguém em sã e perfeita consciência empurraria Isabelle Marlee Lightwood.

Ou seria Sophia? Eu precisava perguntar para Helen.

— Helen! — De algum modo, eu havia chegado ao saguão do primeiro andar, que estava razoavelmente mais vazio. De repente, comecei a imitar um sotaque inglês que eu lembrara de ter treinado assistindo Sherlock. — Helen, sua maldita bastarda! Volte aqui!

Mais empurrões. Helen não estava em lugar algum. Eu começava a esquecer meu primeiro nome. Tinha certeza de que começava com I, mas isso estava começando a me deixar completamente desesperada.

Avancei para fora do saguão rapidamente. A rua estava igualmente cheia. Continuei gritando por Helen, rindo por algum motivo. Nada além de risadas como resposta. Por que eu estava procurando por Helen mesmo?

Então, percebendo que o barulho da música ficara para trás, eu parei no meio da calçada. Não havia mais ninguém ali. Então eu só permaneci andando, rindo e chamando por Helen, mais alto do que antes. Mas então avistei alguém andando pela rua e, ligeiramente — ok, muito — perdida, eu perguntei:

— Ei, você viu a Helen?

Poderia muito bem ser um assaltante, Jack, o Estripador ou um lagarto gigante, mas naquele momento eu sequer estava me importando com a possibilidade de ser roubada e ter minhas tripas retiradas. Eu só queria encontrar Helen e perguntar a ela qual era o meu nome.

— Desculpe, eu não vi. — A resposta hesitante veio alguns segundos depois. Soava um pouquinho familiar, mas, afinal, eu estava bêbada. — Isabelle, você está bem?

Era isso! Isabelle! Perfeito! Esse era o meu nome. Fiquei tão feliz com a revelação que poderia muito bem saltitar, mas não fiz isso. Eu só levantei os olhos.

— Ei! Você lembrou! Obrigada! — Nesse momento, alguma coisa ruim me atingiu no estômago, mas eu tentei continuar: — Achei que fosse Irene.

Então, de repente e de algum modo, eu estava vomitando toda a Alaska Vibe (aquela bebida verde e viciante que eu bebera aos montes na festa) sobre os pés do salvador, do herói, da boa alma que havia me lembrado do meu nome.

O cara — eu tinha quase certeza de que se tratava de um cara — pareceu assustado, mas eu não tive tempo para registrar isso. Logo eu estava tropeçando para a frente, prestes a desmaiar. A última coisa que eu disse foi algo sobre procurar minha certidão de nascimento.

Simon

Bem, aquilo era algo desagradável. Certo, não é qualquer um que pode ter Isabelle Lightwood dormindo tranquilamente — embora murmurando coisas sem sentido sobre nomes e certidões — em seus braços. Claro que as circunstâncias eram as piores possíveis. O que diabos eu faria agora?

Olhei para o carro de Eric, para a chave reserva em meu chaveiro, para Isabelle e para meus sapatos sujos de verde — repito: verde puro, do tipo fluorescente. Eric me mataria por aquilo. Mas eu não tinha como deixá-la ali, mesmo que nossos sentimentos um pelo outro fossem mútuos e eles não fossem nada agradáveis.

Mas, assim que ajeitei Isabelle no banco traseiro e liguei o carro, percebi outro obstáculo: eu não fazia ideia de onde ela morava. Nunca era convidado para suas festas, de qualquer modo. Eu não tinha para onde levá-la... a não ser a minha própria casa.

— Ah, cara! — grunhi comigo mesmo. — Eu ainda vou me matar por isso!

Mas comecei a dirigir. Minha casa não era muito longe, e não demoramos para chegar lá. Isabelle permanecia grunhindo coisas indistintas no banco de trás, e eu tentava não pensar sobre o que Eric falaria sobre aquilo no dia seguinte.

Quando estacionei na garagem, agradeci por minha mãe dormir tão cedo quanto o sol. Com cuidado, puxei Isabelle dos bancos traseiros e pus ela em meu colo. Aquilo era no mínimo constrangedor, mas ela pelo menos não estava consciente para gritar comigo sobre isso.

Eu ainda não tinha certeza do que fazer, então apenas fingi que não tinha um cérebro e entrei em casa, forçando a mim mesmo a não pensar nas consequências daquilo, mesmo que eu fosse péssimo em fazer coisas sem pensar. Eu era um seguidor de regras nato.

— Qual é o seu nome? — Isabelle murmurou, ainda dormindo. Ela enrolara a gola da minha camisa nos dedos.

Tossi um pouco enquanto me esforçava para girar a maçaneta da porta do meu quarto.

— O meu? Bem... O meu é Simon.

Os olhos dela se abriram violentamente, me reconhecendo. Mas já era tarde demais, porque eu já a estava colocando sobre a cama. Isabelle olhou em volta, confusa, e praticamente gritou:

— Pra onde você me trouxe, seu idiota? — Ela me encarou como se pudesse estourar meu cérebro. — Isso é sequestro!

— Bem, você vomitou nos meus sapatos, Lightwood. — Protestei. — E eu estou te ajudando. Você sequer consegue se levantar direito. Por que não descansa um pouco?

— Porque... — ela pareceu procurar por um argumento. — Porque eu não... Mas... Eu realmente quero brigar com você, Simon.

Bêbados sempre são bastante sinceros.

— Por que você não dorme? Pode sonhar que está brigando comigo. — Sugeri.

Ela sorriu com a ideia e começou a escorregar de lado. Isabelle bocejou.

— Essa é uma boa ideia. Você — outro bocejo — pode ir buscar um balde para mim, sim? Eu bebi mais Alaska Vibe do que consigo me lembrar agora. — Ela pareceu alarmada de repente. — Pode me dizer só uma coisa?

Pisquei, surpreso.

— Acho que sim.

— Qual é o meu nome do meio? — Perguntou. Por um momento, pensei que fosse brincadeira, mas seus olhos eram bastantes sérios.

Fiquei mais surpreso ainda por perceber que eu sabia a resposta.

— Sophia. — Disse, sorrindo por algum motivo. — Seu nome do meio é Sophia.

Ela sorriu como se houvesse ganhado um pônei de aniversário. Enquanto fechava os olhos, a última coisa que murmurou foi:

— Vai ver você não é um inútil, Simon.

Fiquei um momento parado no quarto, sem saber o que fazer em seguida. Pensei que talvez devesse dormir no sofá, mas recusei a ideia automaticamente, sem motivo algum. Por fim, sentei-me na poltrona ao lado da cama, e fiquei observando Isabelle até finalmente pegar no sono.


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Notas finais do capítulo

Sizzy >>>>>> resto do mundo :v Espero que tenham gostado, marujos. Mandem reviews! Beijos