You're The One escrita por Giovana Serpa


Capítulo 16
The one with the wrong kiss


Notas iniciais do capítulo

PESSOAL!!! (Eu geralmente sou contra o uso de muitos pontos de exclamação, mas essa situação pareceu exigir isso) A fic recebeu uma RECOMENDAÇÃO! Isso aí! E só Raziel sabe o quanto eu tô feliz. Muito obrigada de verdade à Cinthya Dorileo pela maravilhosa recomendação! Esse capítulo aqui vai especialmente pra você :3

Boa leitura!



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Jace

Já eram quase onze da noite, mas eu ainda estava na biblioteca. Não segurava nenhum livro, de fato, só estava jogado sobre a poltrona como se minha coluna vertebral e todos os outros ossos houvessem sido tirados à força do meu corpo. Eu me sentia um monte de trapos insignificantes, e ficava me perguntando se eu já deveria ter previsto aquilo tudo. Mas o problema era que eu havia, e só tinha ignorado como um idiota. Não era exatamente aquilo que eu temera antes?

Mas era diferente do que eu esperava sentir. Não era exatamente melancolia, embora ela estivesse lá no fundo misturada com a vergonha de mim mesmo. Eu só estava... desesperado. É, acho que essa é a palavra certa. Desesperado. E pelos motivos totalmente opostos aos que eu esperaria.

Se estivesse pensando racionalmente, eu acharia que o certo a fazer era ficar com raiva. Mas, de certo, eu não estava particularmente racional naquele momento. Tudo o que eu queria era poder estar perto de Clary, mas, naquele momento, parecia como um pedido impossível, e eu nem fazia ideia do por que. Talvez eu só fosse estúpido demais.

Você é um idiota falei em voz alta para mim mesmo. E dos piores. Daqueles que colocam fogo em si mesmos e tudo mais.

Você não é muito inteligente, Jonathan, mas não acho que chegue a tanto.

Me sentei rapidamente, assustado. Eu não escutara ninguém se aproximando, mas, sentada na poltrona ali perto, estava Aline. Ela havia puxado o cabelo para trás e prendido com um elástico amarelo, deixando mais de seu rosto anguloso e pálido a mostra. Daquele jeito, com o rosto jovem iluminado pelas luzes pálidas da biblioteca, ela não se parecia mais tanto com Jia.

Desde quando você está aí? perguntei, o tom mais acusativo do que eu pretendia. Mas eu não estava me sentindo receptivo.

Eu não sou um relógio, Jace ela revirou os olhos. Mas talvez faça um dez minutos. Acho que você está tão ocupado de martirizando que não percebeu que eu estava aqui.

Levantei uma sobrancelha. Naquele momento, eu odiava o fato de que Aline sempre tinha uma resposta direta para uma pergunta direta.

Por que não está dormindo? perguntei, já que não tinha nada mais para perguntar. E, de certo modo, eu não queria ficar sozinho ali no silêncio, e por isso continuei a conversa.

Talvez seja pelo mesmo motivo que você ela afastou do rosto uma mecha curta do cabelo que não havia sido presa pelo elástico.

Soltei uma risada que não tinha humor nenhum. Eu realmente duvidava que Aline estava acordada pelos mesmos motivos que eu. A menos que ela houvesse conhecido uma garota ruiva e não conseguisse parar de pensar nela e disso eu duvidava também.

Tem certeza de que não é só o fuso horário? sugeri.

Aline fez uma careta.

É, pode ser ela respondeu. Por um momento, com sua careta e algo que pareceu um sotaque da Nova Inglaterra em sua voz, eu me imaginei conversando com Clary. Faziam apenas algumas horas que eu a havia visto, mas já sentia sua falta esmagadora como uma bigorna sobre o meu peito. Mas... Por que você está aqui, de qualquer modo?

Encolhi os ombros.

Nada respondi, embora Clary Fray seja algo muito diferente de "nada". Na verdade... Não, deixa pra lá.

Ora, vamos lá, Jace ela sorriu de leve. Sabe que pode confiar em mim, não é?

Pisquei. Não, eu não sabia. Mas minha mente se recusava a falar sobre Clary com Aline. Era como se ela devesse ser um segredo só meu, do tipo que perderia o encanto se fosse comentado com alguém. Eu queria mantê-la só para mim, mesmo que só na minha mente, porque estava claro que a Clary de verdade não estava tão animada assim para ver a minha cara.

Nada, sério repeti.

Eu definitivamente não sou do tipo que aceita um não como resposta, Herondale ela se levantou para espremer-se no espaço que sobrava ao meu lado na poltrona.

De repente, a proximidade parecia ameaçadora. A maior parte de mim queria gritar "O que você está fazendo?!", mas tinha outra, bem pequena e quase insignificante, que não tinha problema nenhum com aquilo.

Aline tinha o ombro fino empurrado contra o meu, e eu não conseguia entender o que aquilo significava para mim. Ela disse:

Não minta para mim, éramos amigos quando tínhamos sete anos de idade.

Depois de encontrar minha voz, eu rebati, dramaticamente:

São tempos sombrios, Aline.

Ela riu, e a vibração de seus ossos durante a risada passou por mim numa sensação estranhamente agradável.

Ok, Drama Queen, pare de fugir do assunto ela repreendeu. Me diga o que há.

Respirei fundo, já mais acostumado com a sensação morna da pele de Aline contra minha. Aquilo despertava uma lembrança distante, quando éramos crianças numa casa da árvore contando histórias de terror que geralmente envolviam fantasmas de generais nazistas da Segunda Guerra Mundial.

Certo, certo cedi e, passando as mãos pelo rosto, comecei: Eu conheci uma garota, e ela é totalmente demais. E é difícil admitir, mas acho que eu realmente gosto dela. É só que... Eu não sei o que fazer, entende? E ela está sempre tão perto, como se esquecê-la fosse errado, mas, ainda assim, é como se não houvesse outra opção além de me afastar. E eu estou perdido como uma formiga tonta na Floresta Amazônica.

Aline, para a minha surpresa, sorriu. Era um sorriso alegre que eu não entendi, porque não se encaixava no contexto da minha história.

Eu já entendi tudo, Jace ela murmurou.

Franzi a testa, genuinamente confuso.

Entendeu? Eu realmente pensei que era complicado...

Minha frase foi interrompida de um jeito inusitado. Num momento, Aline se inclinou para cima, e no outro, os lábios dela estavam em todos os lugares, doces mas errados. Sem saber o que fazer, eu apenas fiquei parado, totalmente petrificado, mas Aline não pareceu se importar com isso. Ela se inclinou mais para mim, e colocou as mãos finas em cada lado de meu rosto.

Quando ela finalmente se afastou, seu rosto estava corado. Eu me sentia apenas gelado, como se houvesse acabado de beijar um sapo. E não era porque Aline de fato se parecia comum sapo, mas... Bem. Ela era legal. Mas não era nada como o que eu estava esperando, porque o que eu estava esperando era Clary, e tudo além dela se parecia como um grande erro.

Eu te vejo amanhã, Jace ela murmurou, sorrindo enquanto se levantava. Durma bem.

E então, ainda com um sorriso no rosto, ela caminhou para longe e sumiu na curva de um corredor. Eu fiquei lá, parado como uma estátua, pensando no que diabos eu havia acabado de me meter.

O sono, curiosamente, veio logo depois disso, arrebatador como o próprio Apocalipse. Tudo o que me lembro é de sonhar com um grande vazio, que se parecia exatamente com o meu peito.


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Notas finais do capítulo

POR. FAVOR. NÃO. ME. MATEM. E NÃO MATEM A ALINE. E NEM O JACE. Lembrem-se que, se eu for morta ou severamente espancada, a história não vai ter continuação, e aí Clace vai ficar separado pelo resto da amarga eternidade (certo, isso foi muito dramático, mas enfim).

Ah, e me desculpem pela demora. Eu estava ocupada porque comecei a "trabalhar" com a minha mãe (as aspas foram usadas porque eu não recebo quase nada em troca, então é tipo uma escravidão. ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA, EU APOIO ESSA IDEIA) no escritório. Somem isso à minha escola doida e o resultado é uma escritora sem tempo livre. Mas eu posto sempre que dá.

Mandem reviews! Confesso que agora ameaças de morte parecem bem razoáveis...