You're The One escrita por Giovana Serpa


Capítulo 11
The one with the real problem


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que deveria postar na quarta, mas minha internet pifou quando eu fui postar e só voltou agora... Por sorte, meu tio é técnico de informática o Aí está o capítulo pra vocês :3 E tem narração do Jace também o/ Aproveitem!
Boa leitura *u*



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Clary Fray

O sábado amanheceu terrivelmente chuvoso. Foi o barulho das gotas de chuva sobre o telhado — uma desvantagem de morar no último andar — que me acordou às sete, repito, sete da manhã. Eu até tentei dormir de novo, cobrindo a cabeça com o cobertor para bloquear os sons que vinham do lado de fora, mas nada adiantou. Vinte minutos depois, eu finalmente desisti de tentar pegar no sono novamente e me levantei.

Cambaleei, ainda meio sonolenta, até o banheiro e tomei um banho quente demorado, percebendo que a chuva havia finalmente parado. Eu tentava não pensar muito, porque sabia exatamente para onde meus pensamentos se direcionariam caso eu o fizesse. Apenas me concentrei no que estava fazendo. Depois de sair do banho, finalmente resolvi lidar com o emaranhado de cachos embolados que era o meu cabelo. Fazia tempo desde que eu havia o encarado pela última vez.

Fiz uma careta para o espelho. Eu odiava o meu próprio reflexo: um rosto pálido e redondo, sardas e olhos grandes, verdes e redondos. As pessoas costumavam dizer que eu me parecia com Jocelyn, mas eu não sabia qual era o problema delas. Enquanto minha mãe era esguia e alta, eu era uma garota de dezesseis anos presa no corpo de uma pré-adolescente. Talvez até tivéssemos características em comum, mas, enquanto eu era o primeiro esboço, Jocelyn era a verdadeira obra-prima.

Suspirei e, depois de finalmente dar um jeito na massa ruiva de cabelos, deixei-os soltos, só para variar um pouco. Saí do banheiro. Minha mãe e Sebastian ainda dormiam, o que era totalmente lógico, já que era sábado. Eu ainda tinha vontade de voltar para cama, mas alguma coisa me impediu.

Parada no meio da sala, eu olhei para a porta. Eu ainda estava de castigo, é óbvio, mas ela parecia tão convidativa... Eu quase podia imaginar sua voz cantarolando "Venha, Clary, venha para fora". Olhei para o corredor onde ficava o quarto da minha mãe. Eu poderia dar uma saída rápida, certo? Ela não acordaria antes que eu voltasse se eu fosse rápida o suficiente — pelo menos, eu esperava que não. Poderia dar uma volta no Central Park só para distrair a mente...

Olhei em volta de novo, encarando a sala ligeiramente escura. Dei de ombros para o nada, peguei meu casaco e saí.

Jace Herondale

Sábados sempre foram meus dias favoritos. Era perfeito porque eu não precisava fazer nada além do que eu quisesse — literalmente. Will sempre passava o primeiro dia do final de semana no apartamento de Tessa, em Manhattan, e deixava a casa inteira só para mim. Claro que haviam regras do tipo "Nunca esteja fora depois de meia-noite" e "Tente não infringir nenhuma lei enquanto eu estiver fora", mas era bom do mesmo jeito.

No sábado, um pouco antes das oito horas da manhã, eu já estava acordado. Não era nada incomum, porque eu sempre acordava cedo, mas havia um motivo a mais naquele dia.

Eu não conseguia tirar Clary da cabeça.

Ainda conseguia me lembrar do dia anterior, quando eu havia oferecido uma carona a ela. Não sei o que passara pela minha cabeça, porque tudo o que eu queria era manter distância de Clary e tudo o que ela trazia à tona. Eu só havia visto a oportunidade de ficar perto dela e me agarrei a isso como uma criança faz com um bichinho de pelúcia. Eu era um tremendo estúpido.

Durante tanto tempo havia tido êxito na missão de manter os sentimentos escondidos, reprimi-los e tudo o mais. Depois da morte da minha família inteira, tudo o que eu queria era evitar aquele tipo de dor. Eu não era como Will, cuja solução para amenizar a dor era encontrar outras pessoas para amar; eu não queria correr o risco de perder alguém de novo.

Mas Clary estragava todos esses planos. Todos. Um de cada vez, e seria uma tortura se fosse uma coisa ruim — porque não era, não era ruim, muito pelo contrário.

E foi exatamente por isso que tive de sair de casa no sábado. Eu não aguentaria simplesmente ficar ali sozinho, sem as idiotices de Will para me distrair ou Tessa, com um dos livros que ela sempre trazia da livraria que tinha. Realmente precisava estar num lugar que me fizesse esquecer de tudo, mesmo que por uns poucos momentos.

Como Will não deixara o carro, eu tive que caminhar até o Central Park, que era aonde eu ia sempre que precisava esfriar a cabeça. Por sorte, não era tão longe assim. Na verdade, em Nova York você pode ir a qualquer lugar andando, as pessoas é que haviam se tornado sedentárias e não sobreviviam sem a simplicidade dos automóveis. Quando eu morava em Los Angeles, costumava ficar horas e horas nos bosques e matagais, mas não era algo que você pudesse fazer em Nova York.

E era por isso que eu gostava tanto do Central Park. Me lembrava um pouco de casa.

A entrada estava quase vazia, apenas um grupo de turistas que parecia falar alemão sentados ao redor da enorme fonte de pedra. Passei direto por eles a fim de ir para a parte direita do parque, onde havia uma enorme pedra que eu costumava escalar. Lembrei, tarde demais, que deveria ter levado um livro. Eu teria que me contentar com a vista, mesmo que me distrair fosse mais difícil assim.

Quando cheguei à tal pedra, escalei-a com familiaridade, sentando-me no topo com as pernas esticadas e as mãos apoiadas atrás de mim. Dava para ver a trilha de pedras pela qual eu viera, as árvores, até mesmo o pátio circular, tão longe dali que era só um ponto sem árvores. Fiquei observando o movimento dos pássaros e do sol que começava a dar alguns sinais de vida.

Até que um ponto de cor apareceu no canto da minha visão, me fazendo olhar em volta. Quase não acreditei ao vê-la, caminhando pela trilha com os cabelos ruivos emoldurando a expressão curiosa enquanto ela olhava em volta, um leve sorriso no rosto. Oh, ótimo.

Clary, por sorte, não havia reparado em mim. Reparei que era primeira vez que a via com os cabelos soltos, caindo em volta dos ombros em cachos perfeitamente avermelhados. Mesmo que ela ficasse bonita de qualquer jeito, com os cabelos livres do nó de um coque era quase impossível tirar os olhos dela.

Percebendo o que eu estava prestes a fazer, me repreendi mentalmente. Não ouse chamá-la, pensei. Não ouse, não ouse, não ouse.

— Hey, Clary — chamei, puxando-me para a beirada da pedra.

Ela olhou para cima, franzindo a testa, e arregalou os olhos quando me viu acenando. Eu devo parecer um idiota, pensei, mas então, de um jeito maravilhosamente repentino, ela sorriu.

— O que está fazendo aí em cima? — Perguntou, inclinando a cabeça para o lado.

Dei de ombros.

— É um lugar legal — falei. — Você sabe, para pensar nas coisas.

No meu caso, era mais para não pensar nas coisas, mas eu não falei nada disso. Sem esperar por uma resposta de Clary, eu comecei a descer da pedra, me perguntando o que diabos eu estava fazendo. Eu não havia ido ali justamente para esquecer Clary? Certo, o fato de ela ter aparecido ali não facilitara em nada, mas mesmo assim...

Escalei rapidamente para o chão, parando ao lado dela.

— O que está fazendo aqui? — Perguntei, começando a caminhar. Clary me seguiu.

— A mesma coisa que você — falou, dando de ombros adoravelmente. — Pensando. Ou quase isso. Eu não deveria estar aqui, porque estou de castigo. Se minha mãe souber que eu saí, estou mais do que encrencada.

Ficamos em silêncio. Por algum motivo, eu ignorava com facilidade a voz na minha mente que dizia para eu me afastar de Clary. O problema era que eu não conseguia pensar direito quando estava perto dela.

— Eu nunca havia vindo ao Central Park — ela falou, quebrando o silêncio enquanto virávamos em uma curva na trilha.

Levantei as sobrancelhas.

— Sério? — Perguntei, porque 99% da população de Nova York já visitara o Central Park pelo menos uma vez na vida.

— Sério — Clary afirmou. — Eu vim de Vermont faz pouco mais de um mês, e a escola nem sequer me deu tempo de respirar.

— Vermont — repeti, com um sorriso. — Sempre quis passar as férias lá. Dizem que é o estado mais bonito dos Estados Unidos.

Clary fez uma careta e bufou.

— É um saco, isso sim — balançou a cabeça. — Entediante. Acho que você odiaria, na verdade. A única coisa que tem pra se fazer lá é ver os anos passarem horrorosamente devagar, tipo uma tortura ou algo assim.

Tentei imaginar como seria viver num lugar daqueles. Acho que Clary tinha razão. Eu não conseguiria sobreviver num lugar sem ação. Nova York e Los Angeles tinham ação, e isso era o que eu mais gostava. Era quase impossível ficar entediado nessas cidades.

— Você disse que não teve tempo de respirar — falei sem pensar. — O que acha de tomar café qualquer dia desses?

Por que você fez isso, seu grande idiota?, uma voz gritou na minha cabeça. Segurei o impulso de dar um tapa em meu próprio rosto. Eu precisava urgentemente começar a pensar antes de falar. Agora ela provavelmente recusaria, e eu faria papel de idiota...

— Claro — sorriu, me tirando dos pensamentos.

Seu rosto estava corado, assim como eu imaginava que o meu estava. Segurei-me para não tocar um cacho brilhante de seu cabelo. Parei por um segundo, imaginando se havia escutado direito. Ela havia mesmo aceitado? Por algum motivo, aquilo parecera impossível.

— Ótimo — sorri também, colocando as mãos nos bolsos da calça. — Quero dizer... É, ótimo.

Clary desviou o olhar, como se estivesse constrangida, e eu aproveitei a oportunidade para analisar seu rosto. Ela era simplesmente a garota mais linda que eu já vira. Tinha o rosto delicado como o de uma boneca de porcelana, e os cabelos ruivos se enrolavam em lindos cachos, emoldurando seu rosto. Sempre que eu a via, tinha uma vontade inexplicável de abraçá-la.

— Acho que eu tenho que ir — falou ao olhar para cima, estreitando os olhos para a leve claridade. — Você sabe, antes que alguém perceba que eu saí.

Uma leve decepção se espalhou pelo meu peito, o que me surpreendeu. Eu não queria que ela fosse embora, queria que ficasse para que pudéssemos conversar sobre qualquer coisa que fosse, contanto que eu continuasse escutando sua voz.

— Eu posso te levar — ofereci, tentando soar casual. — Estou sem carro hoje, mas sempre é bom ter companhia, uh?

Ela riu, e percebi que seu nariz franzia adoravelmente quando ela fazia isso.

— Tem razão — falou, com um sorriso. — Obrigada, Jace.

Eu sorri também, mas então percebi um pequeno detalhe. Parei de andar e me virei para ela.

— Como sabe meu nome? — Perguntei.

Clary abriu e fechou a boca, o rosto mais corado do que da última vez. Ela também parou de andar e encolheu os ombros.

— Eu apenas sei — falou, levantando os olhos verdes numa expressão de divertimento. — Vamos, antes que seja tarde demais.

Ela deu meia-volta e começou a correr na direção da saída. Não tive opção senão segui-la, sem conseguir evitar um sorriso. Seu cabelo ruivo voava atrás de si enquanto ela corria, olhando por sobre o ombro para mim com um sorriso. Por um segundo, tudo no que eu conseguia pensar era no quanto estar perto de Clary era bom.

E foi então que eu percebi. Durante todo aquele tempo, o grande problema não era estar com Clary. O problema era estar longe dela.


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Notas finais do capítulo

Hum... Eu meio que não gostei muito desse capítulo e.e Mas, mesmo assim, mandem reviews c:
Pessoal, eu sei que é pedir muito, e não fiquem irritados comigo por isso, mas eu queria pedir que vocês lessem uma outra fic minha .-. Se chama "A Princesa do Alvorecer", e é original (link: fanfiction.com.br/historia/506692/A_Princesa_do_Alvorecer/). Se gostarem, não esqueçam de mandar reviews, ok? :3 Beijos!