You're The One escrita por Giovana Serpa


Capítulo 1
The one with the job proposal


Notas iniciais do capítulo

Olá, Shadowhunters do meu coração (: Como vão? Mais uma fanfic minha de TMI... Espero que gostem dessa também (e não tem nada a ver com as outras que eu tenho, ok? Tem um enredo totalmente independente). A história tá meio parada ainda, mas não se assustem, vai melhorar logo.
Aproveitem a leitura!



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Clary Fray

A vida na Nova Inglaterra era realmente horrível. As montanhas eram sempre verdes demais, as tardes silenciosas demais e as pessoas calmas demais. Era como conviver com mortos-vivos excessivamente simpáticos, mas nada tão emocionante quanto o apocalipse zumbi.

Sempre era a mesma rotina, como naquele dia em especial quando o despertador do celular me acordou às sete e dez da manhã. Suspirei. Estava tendo um sonho agradável, onde eu jogava minha professora velha de Economia que eu tanto odiava do quarto andar da escola na direção do lago congelado lá embaixo. Bom demais para ser verdade.

Joguei os cobertores quentes de lado com um gemido de má vontade. Desliguei o despertador enquanto caminhava para o banheiro. Era quinta-feira, o dia mais chato da semana. Infelizmente, eu tinha aula de Economia, o que, em Vermont, significava estudar a história do gado na região e as atividades turísticas. Eu odiava aquilo. Odiava estudar sobre o lugar que era como uma prisão para mim: meu maior sonho era sair daquele estado monótono. Como sendo uma artista iniciante, eu necessitava de inspirações. É óbvio que a natureza majestosa de Vermont era linda, perfeita para influenciar uma mente, mas eu havia passado minha vida inteira sugando a inspiração contida naquele lugar. Já estava cheia de olhar para as mesmas cachoeiras, o mesmo nascer do sol tênue e as mesmas fazendas com cheiro de pelo molhado.

Era nisso em que eu pensava enquanto tomava um banho quente longo e demorado. Eu tendia a prolongar o período antes de ir para a escola o máximo que eu podia. Demorava no banho, mastigava o café da manhã devagar e fingia estar revisando uma matéria para um teste. Minha mãe, Jocelyn, devia pensar que eu vivia fazendo testes, mas eu não me importava.

— Clary, há outras pessoas querendo usar o banheiro!

Bufei. Aquele era meu irmão, Sebastian, perturbando minha paz novamente. Geralmente ele era mais chato durante a manhã, mas costumava ser tão estupidamente calmo quanto o resto da vizinhança durante o dia.

Mesmo não querendo dar aquele gosto a ele, me apressei para me vestir, porque já eram quase sete e meia, e eram pelo menos dez minutos de trajeto da minha casa para a escola. Para ser mais rápida, prendi o cabelo em um coque desajeitado com uma fita verde.

— Não demore muito, você só tem cinco minutos — provoquei, com um sorriso.

Sebastian revirou os olhos para mim e, sem dizer nada, entrou no banheiro. Revirei os olhos também. A calma inquebrável dele me irritava.

Indo na direção da cozinha para tomar o copo de café que me manteria acordada no resto do dia, eu percebi que estava cansada. Talvez fosse pelo fato de eu ter ficado até às três da manhã pintando uma cansativa aquarela. Pois é, talvez fosse isso.

— Vejo que vocês dois tiraram o dia pra se atrasar, não é mesmo? — Minha mãe reclamava enquanto preparava café. — O que deu em vocês?

— Um gnomo do mal adiantou o meu alarme em vinte minutos — confessei, sem sequer tentar soar convincente. — Acho que o nome dele era George.

— Bem, então avise George que ele estará terrivelmente encrencado se levar mais uma advertência por atraso, senhorita Adele.

Bufei enquanto pegava a minha xícara verde preferida no armário e a enchia de café puro.

— Mãe, sabe que eu odeio esse nome, então não o use. É um direito meu escolher como vou ser chamada.

— Na verdade, não é, não — minha mãe balançou a cabeça. — Nada disso consta na Constituição, Adele.

Fui livrada de responder quando Sebastian apareceu na porta, segurando sua mochila e expressando total tédio. Ele se sentou ao meu lado e pegou uma maçã no fruteiro, como se não ligasse para a minha existência ou a de minha mãe.

Não sabia se era a única a ter reparado, mas Sebastian era distante assim desde que meu pai morreu, quando eu tinha onze e ele doze anos. Acho que foi mais difícil para ele porque, até a morte de Valentim, Sebastian morava com nosso pai e eu com nossa mãe. As vezes em que eu via Valentim eram limitadas aos finais de semana que eu era obrigada a passar com ele na fazendo da família Morgenstern que, por acaso, não eram nada agradáveis. Sebastian, ao contrário, passava os dias da semana na fazenda e os finais de semana na casa de Jocelyn. Nenhum de nós realmente gostava disso tudo. E então, tão repentinamente que eu entrei em choque, Valentim teve um infarto e, puff, morreu.

— É melhor se apressarem — minha mãe continuou. — Já são quase sete e cinquenta. A sorte de vocês é que eu posso dar uma carona hoje. Tenho umas coisas para resolver no centro, não preciso trabalhar.

Eu sorri. Tinha uns minutos extras se minha mãe nos levasse com seu carro azul velho.

— Os resultados das provas do primeiro semestre saem hoje — comentei. — Então... Lembre-se que eu te amo, ok?

Jocelyn balançou a cabeça, mas eu sabia que já estava acostumada com minhas notas baixas. Digamos que eu só ligava para Artes Plásticas, mas só isso parecia não ser o suficiente para aquela escola.

— E você, Sebastian? — Perguntou.

Ele deu de ombros.

— Acho que estou bem.

Sortudo, pensei, mas não disse nada. Me levantei, colocando a xícara vazia dentro da pia e acompanhando minha mãe e Sebastian na direção da garagem. Ficamos em silêncio desde aquele momento.

O carro de minha mãe cheirava a tinta acrílica e algo para tirar tinta das mãos que cheirava como querosene, mais familiar e agradável do que qualquer perfume doce. Eu me sentia bem ao saber que ela era tão obcecada por artes quanto eu era. Talvez fosse por isso que aceitasse minhas notas tão maravilhosas:porque ela me entendia.

Demoraram exatamente seis minutos para chegarmos ao colégio. Saltei do carro com uma breve despedida e corri na direção da escadaria do colégio, onde estavam sentados Maia e Jordan, as únicas pessoas que pareciam compartilhar das minhas opiniões sobre a aura de chatice de Vermont. Não esperei por Sebastian, que tampouco ligou para isso.

— Hey, Clary — Maia sorriu. — Você parece com um pouco de pressa.

— Eu sempre estou com pressa — levantei as sobrancelhas. — Pra tudo.

— Bem, isso é verdade — concordou Jordan.

Ele tinha um braço em volta dos ombros de Maia. Eram namorados havia alguns meses, e eu não conseguia decidir se ficava feliz por eles ou apreensiva. Certo, os dois se gostavam, maravilha. Mas o que seria da nossa amizade se eles, sei lá, brigassem? Mesmo que soe egoísta, os dois eram os únicos amigos que eu tinha.

— O que acham de tomarmos café no Bell’s depois do colégio? — Sugeri. — Tenho certeza de que será um dia cansativo.

Os dois concordaram, no mesmo momento em que o sinal tocava. Suspirei enquanto me lembrava do sonho em que eu assassinava minha professora de Economia, a senhora River. Imaginei que, se aquele dia fosse tão horrível quantos os outros, eu me jogaria do quarto andar.

***

— Tudo bem... Uzbequistão? — Arrisquei.

Maia balançou a cabeça afirmativamente e sorriu enquanto colocava o B e o Q que faltavam na palavra. Suspirei aliviada. Meu bonequinho estava quase sendo enforcado.

— Não é justo jogar forca com você — reclamei. — Conhece todos os países do mundo!

Ao lado de Maia, Jordan riu. Nós estávamos sentados no chão da sala da minha casa. A neve não havia facilitado nossa caminhada até o Bell’s, que, apesar de fazer o melhor café do mundo, era em outro bairro. Então resolvemos ficar na minha casa, mesmo que Sebastian, sentado no sofá, nos olhasse com uma expressão quase de arrogância.

— E você conhece cores — Maia justificou. — Cada uma tem sua especialidade.

— Cores, ótimo — bufei. — Eu sou tão especial.

Maia riu e fechou o caderno em que estivéramos rabiscando. O silêncio se instalou rapidamente, mas eu estava com tanto sono que nem ligava para isso. Apoiei a cabeça na mesa de centro e fechei os olhos, esperando por um cochilo rápido, mas a esperança se foi quando a porta da frente abriu-se em com um barulho agudo e despertou minha atenção.

Era minha mãe, e ela trazia um envelope pardo nas mãos. Sua expressão era ansiosa, como se soubesse quem matou Lincoln e não aguentasse mais a ideia de guardar segredo.

— Jordan, Maia, não sabia que estavam aqui — ela falou.

— Nós estávamos fazendo a lição de casa — menti, porque minha mãe não gostava muito que eu levasse gente para casa sem motivo algum. — Mas já acabamos. O que tem aí? — Apontei para o envelope com o queixo.

— Uma proposta de emprego para uma galeria de artes — ela sorriu.

Levantei as sobrancelhas, surpresa. Reparei que Sebastian também pareceu surpreso, mas se esforçava ao máximo para fingir indiferença.

— Que galeria? — Perguntei, feliz, mas então fiz uma careta. — Espera aí, uma galeria em Vermont?

Não parecia muito convidativo. A maioria dos turistas ia para Vermont só por causa da natureza e a vizinhança calma, e não para visitar galerias de artes. Por ali, não era um negócio que lucrava.

— Aí é que está — seu sorriso se alargou. — Não é uma galeria em Vermont. É em Nova York. Se eu aceitar o emprego, teremos que nos mudar para lá.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Não gostaram? Amaram? Odiaram? Mandem reviews (: Beijões!



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