Oliver entrou silenciosamente no quarto, Felicity parecia perdida ouvindo músicas, o semblante pensativo, ele ficou parado, admirando a mulher que ele amava, seu coração acelerou de paixão e de receio, eles tinham pouco tempo pra viver esse amor, ele não deveria se esconder na covardia de seus sentimentos, já era o momento dele declarar seu amor por ela. Aproximou-se e inclinando a beijou de leve nos lábios, ela o fitou assustada e feliz por essa carícia ousada. Oliver sempre tão contido nos sentimentos parecia transbordar de amor, uma sensação de prazer a inundou. E tudo o que Felicity queria era tempo pra poder mergulhar nas profundezas dessa paixão.

Esse amor seria uma fuga para a dor? Ou apenas um refúgio? Tudo o que ela queria era ancorar num porto seguro e nesse momento, Oliver lhe oferecia uma salvação, um pequeno resgate para o seu coração.

Mas seria suficiente um único dia valer por uma vida inteira? Ela esperava que sim, o tempo era escasso. Torturante.

Sua respiração tornou-se ofegante, cansativa. Um brilho de dor no olhar azul deixou um rastro de tristeza. Ela teria tempo pra viver esse amor? Ela teria tempo simplesmente pra viver? Em seu pessimismo ela achava que não, para as duas perguntas!

Um suspiro deixou seus lábios trêmulos. Seu olhar nublado. Seu coração disparado.

Com os rostos incrivelmente perto eles respiravam juntos, a música foi esquecida, os corações pulsavam aceleradamente. Oliver sorriu com ternura pra ela.

— Eu te amo, você entende? — A voz dele ficou mais profunda, sensual, roucamente sexy. Uma fagulha de dor turvou o seu olhar. Felicity podia sentir o sopro de suas palavras de amor beijar-lhe a face afogueada.

— Oh! — Foi a única palavra que saiu dos lábios de Felicity antes de Oliver beijar a doçura de sua boca ternamente. Ela emitia gemidos breves com o toque aveludado de sua língua na dele. Ela o beijava apaixonadamente, os lábios carinhosos, o ambiente estranho, o branco do quarto ainda mais vívido pelo sol, transformava o beijo num sonho iluminado. Impossível.

Ela declarou seu amor por ele ainda o beijando, Oliver saboreava seus lábios sentindo sua forma e formato, o beijo tornou-se molhado e urgente, provocativo. Com as testas unidas, os lábios roçando sensualmente, eles abriram os olhos simultaneamente, surpresos notaram que ambos tinham riscos brilhante e úmidos na face, eram lágrimas de amor e de dor. Eram lágrimas de despedida.

Felicity sorriu brevemente, era um riso triste, ressentido pelo tempo e pela doença. Os lábios de Oliver tremeu sentindo o gosto dela e o gosto salgado de suas próprias lágrimas sofridas. Da boca saia pequenos soluços, o coração vociferava em grande desespero.

Ela riu novamente, as mãos trêmulas secava as lágrimas dele em uma carícia tentadora.

— Dance comigo! — Não era um pedido, era simplesmente um desejo, dito de forma sensual e com a voz enrouquecida. Como negar?

Lambendo sensualmente os lábios dele ela o provocou. Com um menear de cabeça Oliver concordou com uma dança apenas, ela não poderia se esforçar muito. Preparou seu iPod numa música lenta e dramaticamente romântica, ele a ajudou a sair da cama, fraca, Felicity cambaleou, Oliver a ergueu em seus braços, enlaçando sua cintura, agora ainda mais fina diante a magreza acentuada dela, dançaram ao ritmo deles, calmamente os passos se moldavam na canção.

Era errado, Oliver sabia que era, mas seu corpo pensava diferente, desejando e enrijecendo aos movimentos e toques do corpo dela. Seu corpo pulsava um desejo tão inadequado. Com a cabeça em seu peito, os olhos de Felicity faiscaram travessos quando notou a protuberância do desejo de Oliver roçar atrevido em seu corpo doente. Ela colou seu corpo ainda mais ao dele, querendo sentir o calor da vida que dele emanava. A música parecia não ter fim como se seguisse o desejo deles de parar o tempo. Maldito tempo que corria desgovernado. Maldito tempo que zombava de seus sofrimentos.

Last dance

Last chance for love

Yes, it's my last chance

Última dança

Última chance para o amor

Sim, é minha última chance

So let's dance, the last dance

Let's dance, the last dance

Então vamos dançar, a última dança

Vamos dançar, a última dança

— Trechos da música Last Dance — Donna Summer

Dançaram e choraram juntos numa harmonia poética. O corpo dele se ondulou sob o toque dela com a perfeição de um apaixonado. Oliver sentiu que a respiração de Felicity estava entrecortada, ela já respirava com dificuldades. Felicity sentiu o corpo ser erguido do chão, os pés balançavam no ar, Oliver a segurava em seus braços num abraço protetor, sustentando seu corpo com a força do seu, ela sentiu sua pele arrepiar ao toque quente de seus dedos. Antes da música chegar ao fim, ele a beijou rapidamente sentindo o gosto de sua essência sublimemente em seus lábios abertos, colocando-a gentilmente de volta na cama.

— Descanse! — Sua voz estava embargada de emoção, virando um ronronar sensual. Ela não protestou, estava realmente muito cansada. Estava feliz. Estava amando e sendo amada. Adormeceu respirando fracamente.

Oliver abafou um grito de dor. Tinha declarado seu amor tarde demais. Não teriam tempo pra viver todas as alegrias de um relacionamento longo. O amor doía muito, ele pensava com lágrimas nos olhos.

Teria sido aquele momento a última chance para o amor?

Depois daquela dança, daquela última dança... os dias foram terríveis e esgotantes. Felicity padecia e Oliver nada podia fazer, sofria junto com ela, dormia pouco, com medo de acordar e encontrar a cama vazia. Numa noite mais calma, trocaram juras de amor, beijos curtos e apaixonados, Felicity brincou que aquela noite seria sua despedida breve, indignado, ele a repreendeu docemente. Mas ela não havia se enganado. Ressentimento ameaçava derrubá-lo, eles tiveram tão pouco tempo juntos. Nunca chegaram a se conhecer intimamente, pele com pele, a textura e a maciez de seus corpos unidos, mas se amaram com uma intensidade de arrepiar. Com uma paixão desmedida e profunda. Ardentemente.

— Durma Felicity. Você tem que descansar. — Oliver havia dito naquela noite que seria a última. A resposta foi um beijo doce e quente, a língua dançava dentro de sua boca, um último beijo, um último roçar de lábios, logo ela esboçou um sorriso sem alegria e dormiu. Sem acordar. Nem antes ou depois.

A morte não coloca fim ao amor.

— Antes que termine o dia.

Maciez e solidez nunca se entrelaçaram em toques íntimos e mesmo assim, Oliver sabia que jamais poderia amar outra mulher que não fosse Felicity.

E sei que passei todas as vidas, antes desta, procurando você. Não alguém como você, mas você, porque a sua alma e a minha têm de estar sempre juntas.

– Nicholas Sparks.

*Fim.