Xeque-Mate escrita por Mariii


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Pessoas! Desculpe a demora! :'(
Essa semana começou enrolada para mim...

Anyway, espero que o capítulo tenha ficado bom...



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– Sherlock

Era um baile temático dos anos 20 e eu trajava roupas a rigor, como era informado no convite. Entrei no salão procurando Molly por todos os lados. Não conseguimos entrar em contato com ela para avisá-la do que estava acontecendo, tínhamos pouco tempo hábil e Mycroft apenas pegou a lista de convidados para confirmar o que já sabíamos. Molly estava entre eles. E era muito provável que ela fosse. Provável demais. Ninguém negava um convite desse tipo, e Molly estava tentando se distrair do que tinha acontecido. Mycroft queria que ela levasse uma vida normal para não levantar suspeitas.

Olhava para todos os convidados, procurando pelo rosto dela dentre tantos outros. Ao mesmo tempo que tinha medo, muito medo do que poderia acontecer, a minha ansiedade em encontrá-la novamente superava a tudo. Precisava encontrá-la. E encontrá-la bem. Minha sanidade dependia disso, sentia meu coração bater mais rápido em meu peito a cada segundo que passava, a cada pessoa que eu encarava e não era ela.

Vejo os convidados bebendo espumante em taças elegantes, mulheres me encaram esperando algo mais que nunca vão ter e casais dançam ao som da música que toca no ambiente. Não a encontro em lugar algum. Quando estou quase em desespero por não vê-la e por não saber como ela está, meus olhos a encontram e todo meu corpo estremece com a emoção de vê-la. Ainda que ela esteja de costas e com o cabelo mais curto do que eu me lembrava, eu ainda a reconheço. Todos os meses que se passaram não bastaram para que eu me esquecesse nem por um segundo de nada que se referisse a ela. Acho que a reconheceria em qualquer lugar, no meio de qualquer multidão.

Antes que eu me aproximasse, um senhor a chamou para dançar. Molly resistiu e sorria enquanto negava com a cabeça, mas o senhor acabou convencendo-a.

Observei maravilhado enquanto ela deslizava em seu vestido dourado que a deixava ainda mais linda, com os brilhos em volta de seu corpo deixando-me hipnotizado.

Mantenho-me propositalmente atrás de outras pessoas para que ela não me veja. Meu corpo se arrepia novamente por ela e parte de mim fica se perguntando o que eu ainda estou esperando. O semblante dela é triste, mesmo por trás do sorriso.

Eu poderia ficar ali observando-a por toda a noite sem que ela me visse. Eu poderia segui-la e garantir que nada acontecesse a ela, ou então pedir a Mycroft que alocasse alguém para fazer isso e somente acompanhar a distância. Mas não foi o que eu fiz. Quando a música foi trocada eu me vi andando até ela, que se despedia de seu parceiro de dança.

– A senhorita me concede essa dança?

Molly se vira para mim com espanto e esperança misturados em seus olhos, como se estivesse vendo uma miragem, e eu só posso sorrir. Demora alguns segundos para que ela retribua meu sorriso e se jogue em meus braços, convencendo-se que eu estava ali e era real. Começo a me mover ao som da música, sentindo todo o calor dela junto a mim. Como eu senti falta disso, mesmo que nós só tenhamos ficado juntos uma noite.

I know you, I walked with you once upon a dream

I know you, the look in your eyes is so familiar a gleam

– Tudo acabou, Sherlock? – Ela me pergunta, com a voz esperançosa, até mesmo feliz. Entristeço-me em ter que negar e acabar com os poucos momentos de alívio dela.

– Não, Molls. Vim até aqui porque você corre perigo.

Molly suspira em meus braços e encosta a cabeça em meu ombro, voltando a ter uma expressão triste em seus olhos. Por que tudo isso não acaba logo?

– Como? Como ele me descobriu aqui? Eu segui todas as regras de Mycroft.

– Nós ainda não sabemos. Localizar você e te proteger era prioridade. Sempre foi.

Puxo-a para mais perto de mim e ela corresponde acariciando minha nuca.

– Você vai me deixar de novo, Sherlock? – A voz dela não passa de um sussurro, mas toda a dor é perceptível. Algo dentro de mim se quebra mais uma vez ao ouvi-la tão fragilizada. Talvez eu soasse igual a ela, não sei dizer.

– Não... – suspiro – Eu nunca mais vou te deixar, Molly. – Não tinha planejado dizer isso, não esperava que as palavras saíssem de mim. Mas como poderia deixá-la agora? Como poderia arriscar perdê-la? E eu sabia que a partir do momento que dei o primeiro passo em sua direção que não iria mais soltá-la. Aliás, eu estava me enganando, bastou por os olhos nela por meio segundo e eu sabia que nunca mais a abandonaria. Como eu seria capaz de deixá-la pela segunda vez se a primeira quase me derrubou?

Os olhos estão cheios de lágrimas quando ela se desencosta do meu ombro para me encarar. Automaticamente sinto os meus também arderem.

But if I know you, I know what you do

You love me at once

The way you did once upon a dream

– É verdade? Você não vai partir?

– Sim, Molls. É verdade. Eu vou ficar com você, nós descobriremos tudo isso juntos. Custe o que custar. – Beijo seus cabelos e enxugo algumas lágrimas que começam a cair dos olhos dela. É nesse momento que tudo parece virar um caos.

Escuto copos caindo e pessoas gritando. Só tenho tempo de jogar Molly para o chão antes de escutar novos tiros. Cubro-a com meu corpo e tudo com que posso me preocupar é com sua segurança. Preciso tirá-la dali antes que o pior acontecesse. Não tenho tempo para verificar se existem feridos ou não.

– Precisamos sair daqui. – Avalio rapidamente o local, procurando por onde podemos sair e avisto uma porta próxima de onde estamos. – Ali! Vamos!

Nós vamos o mais rápido que podemos até a porta, andando abaixados e nos esquivando pelas pessoas que estão em pânico. Talvez eu devesse ficar e descobrir de uma vez por todas quem está fazendo isso, mas preciso colocar Molly em um local seguro. Perco mais uma chance de descobrir quem fez isso, mas ela é minha prioridade.

Não largo a mão dela enquanto corremos porta afora. Confiro de tempos em tempos se ela está bem. Um pesadelo passa pela minha cabeça ao imaginar o vestido dourado dela manchado de vermelho. Não, não posso pensar nisso. Chegamos até a rua e eu olho para todos os lados enquanto envio uma mensagem para Mycroft pedindo reforços e ambulâncias. Conseguimos parar um táxi, e eu dou o nome de um hotel qualquer, o primeiro que me vem a cabeça. Não me arrisco a ir para a casa onde ela está hospedada, não sei o que pode estar nos esperando lá. Se descobriram onde ela está, também descobriram onde ela mora.

– Está tudo bem? – Paro para observá-la de verdade pela primeira vez agora que estamos razoavelmente seguros. Ela acena afirmando e aperta minha mão. Parece estar mais tranquila do que eu imaginei que estaria. Passo meu braço por seus ombros e a puxo para mim. – Tudo bem se ficarmos no hotel?

Perco-me por alguns segundos no sorriso que ela abre para mim em resposta. Como ela consegue ser um pequeno ponto de luz em meio a tanta escuridão? Não sei exatamente a resposta, mas sim, ela consegue.

Talvez sim, ela seja a rainha que salva o rei.


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Notas finais do capítulo

Figurino, para quem tiver curiosidade: http://goo.gl/bwkUoW

;)



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