Xeque-Mate escrita por Mariii


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Vamos ver o que foi que aconteceu...



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– Molly

Passei no meu apartamento por tempo suficiente para pegar três vestidos e dois pares de sapatos para que Mary pudesse a escolher com qual deles eu ficaria melhor. Já tinha ligado para ela contando o que tinha acontecido e ela ficou em êxtase por participar disso, praticamente exigiu que eu fosse para lá. Ainda bem que eu iria de qualquer jeito.

Iria me arrumar lá, com ela. Mary prometeu que ajudaria a me maquiar e arrumar meus cabelos. Eu estava nas nuvens! Sherlock finalmente tinha me chamado para jantar, e ainda por cima me dado um quase beijo. Por mais que eu tentasse, não conseguia parar de pensar nisso e em como seria minha noite com Sherlock. Bom, talvez eu também não estivesse tentando tanto assim.

A nossa aproximação tinha sido gradual e isso fez com que eu me apaixonasse ainda mais por ele. Se antes, quando ele costumava ser grosseiro, eu já ficava encantada a cada palavra que ele me dirigia, agora as coisas tinham tomado proporções gigantescas. Muitas vezes eu quis tomar algum tipo de iniciativa, mas me contive. Tinha medo de perder o pouco que tinha conquistado, já tinha sido tão difícil chegar em uma amizade com Sherlock. Ele estava mais gentil agora, mais humano e me tratava como igual. Era surpreendente.

O tempo que eu passava com ele era a melhor parte dos meus dias. E agora, quando ele não aparecia, tudo se tornava chato... Como um dia nublado.

Nós nos divertíamos juntos e demos apelidos engraçados para muitas pessoas no refeitório do hospital. Para quase todos, na verdade. Sherlock tinha um humor quase infantil as vezes.

Quase não acreditei quando ele me chamou para sair. Eu não estava esperando. É claro que torcia para que isso acontecesse todos os dias em que acordava pela manhã E todas as noites quando ia dormir. Mas não esperava. E menos ainda quando ele quase me beijou. Posso dizer que por pouco não escuto passarinhos cantando.

Fui em um táxi para a casa de Mary, que me recebeu com um enorme sorriso. Parecia que ela tinha ganho um enorme presente de Natal.

– Não acredito que isso finalmente está acontecendo! - Ela me abraçava rindo.

– Pois pode acreditar, realmente está!

– Sherlock finalmente tomou jeito. - John também ria, sentado no sofá enquanto lia um jornal.

Mary me levou para seu quarto, onde eu pude tomar banho e começar a me arrumar. Por alguns momentos eu achei que Mary tinha voltado a ser criança e estava me fazendo de sua boneca, maquiando-me e penteando meus cabelos como se estivesse se divertindo horrores. Mas valeu a pena, ao final eu me olhei no espelho e achei que realmente estava bem no vestido violeta que ficava justo ao corpo e meus sapatos com saltos enormes. Mary deixara meus cabelos soltos e escovados. Só agora reparei no quão comprido ele estava, no hospital eu costumava deixá-los presos e não percebia quando ele ia crescendo. Tomamos cuidado para que a maquiagem não ficasse tão pesada, e só destaque alguns pontos importantes. Sim, talvez eu pudesse conquistar Sherlock de vez essa noite.

Nós descemos e fomos para a cozinha. Ainda era cedo e eu fiquei sentada na bancada enquanto Mary preparava algo para eles jantarem. Meu estômago se contorcia de ansiedade, talvez jantar não fosse uma boa opção. Eu tinha dúvidas se conseguiria colocar algo para dentro.

Eu falava sem parar quando a campainha tocou, tentando ocultar a minha apreensão que não parava de aumentar. Era muito cedo para ser Sherlock, mas mesmo assim meu coração quase parou ao ouvir o som que indicava a chegada de alguém.

– Atenda, John, por favor. Estou ocupada aqui. - Mary disse da cozinha onde nós estávamos.

Não sei precisar quanto tempo se passou até o primeiro tiro. Talvez um segundo, talvez dez minutos. Ouvi o segundo e vi Mary, minha amiga, sair do seu estado de paralisia para correr, esquecendo-se de qualquer regra para preservação de sua vida, em direção à morte. Tentei gritar para que ela não fosse, cheguei a mover minha mão para segurá-la. Em vão. Mais dois tiros.

Senti-me como uma criança que não sabia o que fazer. Meu cérebro tinha começado a parar de funcionar, entrando em letargia. Pensei em me esconder em baixo da mesa e quase ri com a minha ideia infantil. Ouvi alguém se aproximando da porta e congelei.

O homem encapuzado se aproximou de mim e eu sabia que morreria. Todo o sangue parecia ter ido embora do meu corpo. Estava fria e apavorada. O desespero brigava com o choque em meu cérebro, querendo que eu me movesse. Mas para onde eu iria?

Fui pega pelo braço e arrastada pelos cabelos até a sala. Eu não gritei, não conseguia encontrar minha voz. Escorreguei e perdi meus sapatos. Cai de joelho algumas vezes, mas ele continuava me puxando, me machucando. O homem me jogou em cima do corpo de Mary e descobri que era em seu sangue que eu escorregava. As lágrimas escorreram quentes eu me rosto. Percebi que o homem falava comigo, mas eu não concatenava suas palavras. Não conseguia formar uma frase. Senti dor quando ele puxou de novo meus cabelos, forçando a olhá-lo e chegando a me levantar do chão. Eu não queria olhá-lo. Eu queria voltar para o meu mundo, voltar para as profundezas do meu cérebro, onde eu poderia ser feliz. Queria me fechar em uma concha.

Meu subconsciente registrou algo sobre "rainha", mas eu não entendi. Não queria entender. As lágrimas continuavam a sair de mim e meu cérebro era uma confusão paralisante. Ele me soltou e eu caí de volta no chão. Não vi quando ele foi embora, mas mesmo assim rastejei de volta para Mary. Sentia seu sangue em meus dedos. Puxei-a para o meu colo e a abracei. Não, não, não. Eu me balançava para frente e para trás conforme repetia a palavra em minha cabeça. Não, não, não.

Não vejo quando Sherlock chega. Não vejo nada a minha frente. Meus olhos estão desfocados. Não sei quanto tempo se passou e tudo que eu consigo fazer é repetir a palavra "não" em minha mente. Ele tenta me tocar e eu recuo assustada. Quando ele tenta novamente, dessa vez com mais calma, eu ainda estremeço, mas permito o seu toque. Ele me segura pelos ombros. O perfume dele por cima do cheiro metálico do sangue parece familiar.

Sherlock tenta fazer com que eu solte Mary, mas eu resisto. Ouço sua voz ao longe e as mãos dele estão tão vermelhas quanto as minhas.

– Eu vou te tirar daqui, tudo bem?

Ele me ergue e sou obrigada a deixar Mary. Não quero deixá-la. Minhas mãos se agarram na camisa dele e vejo-a ficar tingida de vermelha. Olho para o chão e tudo se confunde de novo em minha cabeça. Eu o puxo de novo e ele olha para mim. Volto a focar meus olhos no ponto que me chamou a atenção. Não reconheço minha própria voz quando falo:

– Sherlock... Eu não gosto de rosa vermelha...

Então, eu me desligo em seus braços.


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Notas finais do capítulo

Molly... :(



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