Forgotten Portrait escrita por Teruque


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Estava devendo atualização e aqui está

Com toda a confusão de final e começo de ano, nada sai como planejado. Também expliquei em meu último jornal (SocialSpirit) que aconteceria muitos atrasados

Sem mais delongas o verdadeiro penúltimo capítulo



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Ib continuava ainda paralisada sem muitas recordações sobre a garota que apareceu recentemente a sua frente.

– Ib. Por que mentiu para mim?

– ... Eu...

– Por que me trocou?

– Eu não me recordo... Por favor, me diga. Não posso continuar me culpando por coisas que não lembro.

– Então não se recorda de nada?

– Não... Apenas sinto que não é a primeira vez que venho aqui.

– Então... – a garota loira sorriu. – Não se preocupe, pois me lembro de tudo.

– Por favor...

– Recomeçando... Meu nome é Mary e somos amigas. Nos conhecemos em sua primeira visita.

– Então eu realmente já estive aqui.

– Tínhamos prometido sair juntas daqui. Mas apareceu aquele estranho que estragou tudo.

– Estranho?

– Não se lembra dele?

– Apenas sinto falta de alguém... Voltei por causa de alguém. Por causa de um quadro.

– Aquele homem ainda não está satisfeito então.

– Quem?

– Não acredite nele Ib! Ele ainda está aqui não é? Você está segurando a rosa dele!

– Nós nos separamos...

– E ele esqueceu a rosa com você? Rápido, entregue-me!

– E para que? É apenas uma flor de plástico...

– O que? Então por que ele continua naquele corpo?!

“Mary?”
“Não tinha nos abandonado?”
“Não tinha morrido?”

– Tínhamos um acordo! – a pequena garota gritava respondendo as vozes enquanto Ib se sentia perdida perante a tudo.

“Você queria amigos para brincar”

“E nós viemos”

“Mas não era o suficiente para você”

“Então atrairmos essa garota”

“E de encosto veio aquele cara”

“Nosso novo Rei”

– Pensei que fossem meus amigos...

“Éramos”

“Mas você nos trocou para ir atrás de um desejo egoísta”

“Não conseguiu ser humana”

“E perdeu tudo que tinha”

“Deveria ter continuado morta”

– Mary? Com quem está falando?

– Por que? Éramos amigos. Vocês foram criados nesse lugar assim como eu!

“Você decidiu nos abandonar”

“Então buscamos por um novo rei”

“Aquele que você falhou em matar e tomar seu lugar”

– Por que justo ele? Fomos abandonados por ele!

“Guertena criou a maioria de nós”

“A obra mais amada dele criou o resto”

“Aquele rapaz jamais foi Guertena”

– Como não?!

“Pobre pintura abandonada”

“Realmente não sabe o que significa ser humano”

“Eles envelhecem e morrem”

“E assim esquecidos”

– Por que só me contaram isso agora...?

“Queríamos ver até onde a ingenuidade da pintura chegaria”

“Assistir a morte da pintura”

“Infelizmente ela ocorreu ainda dentro desse mundo”

“Apenas por isso conseguiu retornar ao ser lembrada”

– Eu... Morreria...? Vocês queriam se livrar de mim!

–Mary, se levante. – Ib chamou a garota desamparada ao se ver indesejada. – Cale essas vozes.

– Eu não posso... Eles são essa galeria. E eu apenas mais uma peça. Por que não foge igual fez a primeira vez?! Deixe-me aqui! Só irei queimar de novo sem poder morrer.

– Não te deixarei. Não dessa vez. E também preciso da sua ajuda. Você conhece esse lugar.

– Não mais... O rei mudou. Já não tenho mais controle de nada. Nem de minhas bonecas...

– Você criou aquelas bonecas de olhos vermelhos?!

– De certa forma sim... Foram minhas amigas... Outras crianças que vieram até aqui e não quiseram sair. – respondeu. – Eu não sou boa e nem real. Então me deixe em paz e volte logo para seu mundinho! Também aproveite e morra por lá.

– Já disse que não irei sem você. Prometemos sair juntas, não é? Não me faça quebrar essa promessa outra vez.

“Vai acreditar nessa humana ou aceitar o perdão de sua irmã?”- dessa vez a voz feminina era bem conhecida por Mary. – “Posso convencer a todos a aceitá-la de volta”

– Irmã...

– Mary confie em mim e segure minha mão!

– Ib... – ainda hesitante aceitou acreditar mais uma vez.

– Precisamos sair dessa sala.

– Pelo meu quadro. Eu posso te levar através dele. Só não garanto onde pararemos...

Ib olhou para a moldura queimada antes de assentir e deixar que Mary a guiasse.

“Então ainda querem jogar?”

“Tudo bem... Que comece o jogo sem rei”

~*~

O rapaz estava disposto a deixar aquele lugar e levar a garota consigo. Apenas queria ao menos se lembrar do quão grande era sua ligação com ela. Sabia que isso seria contra as regras lhe dita, mas não se importava com o preço. Já havia sido esquecido uma vez. O que poderia ser pior que isso?

Manteria a farsa de ser apenas uma marionete, apenas ate consegui mais respostas, as necessárias.

“Não pense muito.”

“Isso pode te fazer mal”

– ... – preferiu não responder. – Ainda não sei quem são vocês. – tentou iniciar um novo diálogo.

“Nós somos a própria exposição”

“Cada quadro, manequim, escultura”

“Somos tudo e vemos tudo”

– Isso explica porque sempre estão por perto para mudar as coisas tão facilmente. Mas se possuem tanto poder então por que precisam de um rei? – sua pergunta permaneceu sem uma resposta. Acabando por deduzir que a cada momento de silencio era algo que não deveria saber para não ter vantagens no jogo. Seu único problema agora era conseguir apenas as verdades.

“Pretende andar por quanto tempo?”

– Quero conhecer o lugar e cada um de vocês e apreciar os quadros.

“E por que todo esse trabalho?”
“É só desejar que o labirinto se fará de acordo com sua mente.”

– Mas não posso desejar falar com nenhum de vocês pessoalmente.

“Que rei mais difícil...”

O rapaz apenas continuou andando até ser surpreendido por uma mulher jogando parte de seu corpo para fora do quadro, se mantendo fixa a ele pela cintura.

“Feliz agora?”

– Dama de Vermelho? Que nome peculiar. Então você é uma das vozes?

“A única que se apresentará formalmente.”

– Eu precisaria de um nome para tornar isso formal.

“Mas o rei não possui nome”

– Mas já tive, pois não nasci nesse lugar.

“Pensar demais pode lhe fazer mal. Já lhe dei o recado”

– Como consegue me acompanhar presa a esse quadro.

“Não é difícil.”

– Estou cansando desse lugar.

“A saída só será revelada se o rei destruir a rosa da humana”

– Mas essa não é a única forma. A garota também tinha chances de vencer.

“Ela ainda pode. Se conseguisse chegar a seu quadro e queimá-lo”

– Então...

“Impossível. A humana não tem acesso a seu quarto e nem coragem para isso.”

O rapaz não fez mais nenhuma pergunta. Precisava analisar tudo que havia descoberto antes de novas questões e não levantar suspeitas sobre suas intenções. Já havia entendido que para ter direito a liberdade precisaria destruir o quadro e, se isso funcionava com seu, talvez servisse para os demais. Só precisaria achar o “coração” da galeria.

Andava rente a parede, às vezes sendo surpreendido por mãos traiçoeiras. Porém era necessário. Qualquer passagem secreta poderia ser útil.

“O que está fazendo?”

– Novos corredores. – respondeu sem mentir. – Não conheço nem metade desse lugar, nem quadros que possa usar.

“Já disse que é só desejar.”

– Só isso não basta. Preciso da aprovação de vocês ou saber os locais exatos antes que sejam mudados. – era outra coisa que o deixava em desvantagem. Mesmo sendo considerado “rei”, não possuía nenhum poder. Tudo passava por eles. Precisava conhecer suas fraquezas e seus pontos cegos. Talvez uma distração o ajudasse. Ainda assim precisava conhecer aqueles corredores.

“Parece estar se divertindo com o passeio, mas temos pouco tempo.”

– Tempo? Pensei que estávamos presos aqui até o fim do jogo.

“Sim... Mas alguém que não esperávamos retornou.”

– E nem adianta eu perguntar, não é?

“Logo a verá junto com a humana.”

O rapaz via ali uma segunda chave para deixar aquele lugar. Mas a palavra “retorno” o deixou pensativo. Era mais alguém que já tinha estado naquele lugar. Talvez até já tenham se visto ou ate poderia conseguir algumas respostas.

“Não pense em falar com aquela pessoa. Ela já conhece o jogo”

Logo conhece os meios de sair daqui – o rapaz pensou. Talvez ate saiba seu nome.

Ao pouco foi se lembrando que pelo caminho haviam três portas, sendo uma sem dono até então. A rosa amarela.

– Portas... – começou a pensar mais alto logo notando seu erro. Durante toda a perseguição, sua única segurança era dentro de alguma sala sem exposição.

Sem pensar naquele momento começou a correr, conseguindo enfurecer a mulher do quadro. Deixá-la para trás não foi tão difícil, porém logo viu manequim se juntarem a sua frente e o derrubarem de costas.

“Onde vai com tanta pressa?” – indagou sorridente uma das bonecas azuis de olhos vermelhos que subia em sua barriga enquanto um dos manequim mobilizava suas pernas.

– Como são rápidos. – riu. – Eu só queria chegar a outra sala logo.

Correr só lhe fará cansar mais rápido.”

– Posso terminar de chegar àquela sala?

“E o que acha que encontrará em uma sala de livros?”

– Então não estou tão ruim. É mais informação do que eu precisava. – sorriu arremessando a boneca para o lado e forçando a perna para se livrar do manequim. – Vocês são apenas pinturas e, não importa o porque, não atravessam portas fechadas. – Em outras palavras não sou obrigado a ter que suportá-los o tempo todo. – ditou abrindo caminho como pôde até alcançar a tal sala e se fechar dentro dela.

Por um momento suspirou aliviado por não ter mais que se preocupar com sua vida sendo contada através de uma rosa, mas a dor existia ali. Pensamentos que o levou a conclusão de que tinha abdicado a posição de “rei” no momento que simplesmente fugiu para se preparar contra aquelas artes. Sua rosa talvez não fosse mais de plástico e ainda houvesse uma vida real em si. Porém, para seu desespero não possuía a flor que lhe mantinha vivo, podendo apenas rezar para que a garota protegesse até a última pétala.

– Já que estou aqui... Até eles se dispersarem terei tempo de ler boa parte desses livros...


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Notas finais do capítulo

Como vemos nesse cap. nosso querido Garry virou homem u.u
Ou está fingindo muito bem

o último capítulo postarei o mais breve que puder. Tbm deixarei para responder os reviews quando estiver com tempo ~~