Iterum Te escrita por VenusHalation


Capítulo 8
Capítulo 8 - Iterum Te




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Minako manteve os olhos fechados quando sentiu o corpo despertar. Estava débil demais para se mover, a cabeça doía como o inferno e o corpo estava tão dolorido que ela quase poderia dizer que tinha sido espancada por Makoto. Suspirou pesadamente jogando um dos braços em cima da cabeça, enquanto raciocinava sobre a noite anterior, o que fez abrir os olhos de uma vez e o coração acelerar, tudo – ou quase tudo – tinha ficado muito claro de repente. Sentou em sua cama em um salto a olhou para todos os lados, completamente confusa. “Será que eu sonhei com tudo isso? ”, pensou. Afinal, estava bastante bêbada na noite anterior e seria plausível ela ter confundindo um sonho em que Kyle tinha aparecido no bar com suas memórias recuperadas com sua miserável condição de ser solteira pra sempre. Ainda assim, era uma incógnita como ela havia chegado em casa.

Resolveu entrar no chuveiro para clarear as ideias – e recuperar a sanidade – quando o celular começou a tocar, por algum motivo, seus joelhos falharam e hesitou em atender, mas saiu rapidamente do box, deixando um rastro molhado por todo o chão, para pegar o objeto que não parava de vibrar.

– Alô? – Atendeu sem nem ao menos olhar o visor.

– V-chan? – A voz de Usagi parecia animada do outro lado da linha.

– Usa? – Piscou repetidas vezes, elas estavam brigadas, não estavam?

– Preciso de você no palácio hoje. – O pedido foi bem simples.

– Hein?

– Só se transforme e venha, tá? – Usou aquele velho tom meigo e animado recebendo um longo silêncio de volta. – É sério, V-chan, eu não estou mais com raiva e Mamo-chan disse que nossa briga foi bem boba, então... Você pode vir?

– Oh... Usagi! É impossível continuar com raiva, eu vou indo. – Soltou um riso triste e desligou, talvez tudo tenha sido um sonho mesmo.

Pegou a velha caneta de transformação dentro da bolsa, invocando os poderes de senshi. Materializou a espada sagrada em uma das mãos e a embainhou – agora, era um costume estar com a arma para cima e para baixo enquanto estava no palácio de cristal – para, em seguida, usar o sailor teleport.

O palácio de cristal lembrava muito o antigo Milênio de Prata: branco, silencioso e com a áurea que causava uma sensação de que sempre haveria paz. Sailor Venus caminhou tranquilamente até a sala do trono, onde Serenity – não Usagi, mas a monarca que ela era – a esperava sentada em um dos assentos de cristal.

– Majestade. – A líder se inclinou solene.

– V-chan, eu realmente odeio quando você me trata assim! – Fez beicinho e levantou, indo abraçar a amiga. – Me desculpa, tá?

– Não há nada do que se desculpar, Usa. – Devolveu o abraço apertado. – Então, onde está o rei?

– Ele tinha plantão hoje... Saiu correndo daqui pro hospital. – Se separou da amiga, voltando a sentar-se no trono. – Por isso eu chamei você aqui, como o Mamo-chan não está aqui para olhar alguns assuntos da guarda e você sempre faz as imediações quanto a isso, eu achei que você poderia cuidar desse assunto pra ele, só deixar um pouco mais organizado pra quando ele voltar, estar tudo bem.

– Ele não pode mexer nisso depois? – Levantou uma das sobrancelhas, não havia perigo iminente, os planos de guarda podiam ser adiados.

– Na verdade, não. – Negou com a cabeça e se levantou de uma vez. – Agora, eu tenho que ir lá em cima, pois, a Chibiusa está tendo uma das primeiras lições sobre o cristal de prata e eu preciso ajudar para que ela não desmaie tentando controlá-lo. Ah! Os planos com os quais você precisa lidar estão na sala de guerra! – Sumiu pela grande porta da sala do trono abandonando uma Venus confusa.

– Ai, ai... Você não tem jeito, Usagi! – Colocou uma das mãos nas têmporas e esfregou.

A sala de guerra era pouquíssima usada e lembrava muito a sala secreta que ficava no subsolo da loja de games em outra época, claro que sua tecnologia era bem avançada e que ninguém precisava se enfiar debaixo da terra para entrar nela. Venus empurrou a porta e encontrou o lugar aceso, franzindo o cenho em confusão, não era para ter ninguém ali, era?

Circulou o computador central – estranhando mais ainda que todas as luzes estivessem ligadas e ele não – e sentiu um vento gelado tocar-lhe a pele, vendo a porta de vidro que separava a sala da sacada aberta. Não demorou muito para andar até lá e ficar em choque com a visão do homem apoiado ali, olhando a paisagem de Tóquio de Cristal e, em seguida, virar para olhar para ela.

Os olhos de aço a olhavam com ternura, a boca se curvava em um sorriso mínimo; O novo uniforme Shitennou, branco e puro, lhe caía muito bem – ela reparou que mesmo depois de um milênio inteiro, ele ainda mantinha o hábito de deixar o primeiro botão aberto - a longa capa escura farfalhava juntamente com os cabelos pálidos, destacando mais ainda a pele morena que ele tinha. Sailor Venus podia jurar que ia desmaiar ali.

– Se sente melhor? – Ele perguntou, mantendo distância, ainda vendo aquele olhar confuso que ela lhe lançava. – Desculpe ter saído sem dizer nada, mas eu precisava me apresentar ao meu mestre.

– Não foi um sonho, então... – A mão enluvada dela se ergueu inconsciente para tocar o rosto do general.

– Ainda não me respondeu se você se sente melhor. – Fechou os olhos ao sentir os dedos dela em sua bochecha.

– Minha cabeça dói muito. – A loira mudou a mão para correr entre os fios de prata do cabelo dele. – Seu cabelo cresceu...

– Acho que é culpa dos poderes, ou algo assim. – Deu de ombros.

– Ficou bem... – Abaixou a mão rapidamente e desviou o olhar, o sorriso morrendo junto. - Me desculpe por ontem.

– Se desculpar pelo quê?

– Você tem alguém. – Os olhos encontram o chão. – É a segunda vez que pulo nos seus braços bêbada, não é?

– Ontem nós não fizemos nada. Você me deu apenas um beijo e quando eu a levei pra casa, você estava dormindo, se é isso que a incomoda. E, sim, eu tenho alguém. – Um longo silêncio se fez entre os dois até Kunzite se aproximar e levantar o rosto dela pelo queixo. – Alguém a quem eu prometi que voltaria há muito tempo e eu jamais quebraria minha promessa, não é mesmo?

Ele chegou ainda mais perto, vendo os olhos dela encherem-se de lágrimas muito grossas e descerem pelas bochechas como uma cachoeira.

– Hei, você não deveria chorar. – Passou o polegar enxugando todo o rastro molhado com a luva.

– Me desculpe. – Balançou os ombros em um riso curto. – Eu só estou feliz que você está aqui... – Se separou dele rapidamente, mantendo uma distância que julgava segura, Minako havia tido um estalo. - Mas e Aiya? E seu noivado? E tudo mais?

– Eu terminei com ela e ela vai embora para outra cidade. – Riu-se de quão volátil eram as ações da senshi. Numa hora ela o agarrava na outra se afastava, era engraçado. – Mas talvez, tenha sido culpa disso... – Retirou de um dos bolsos o anel que comprara da Osa-P.

– O anel que eu pedi pra Naru...

– Não preciso ser nenhum gênio para saber que você tem participação nisso e não sei como você sabia que eu o escolheria, mas ele estava lá e, bem... Eu estou aqui agora.

– Eu não queria estragar tudo. – Mordeu o lábio inferior, envergonhada.

– Estragar? – Kunzite começou a rir, como se tivessem lhe contado a melhor piada do ano. – Por Deus, Venus, você me impediu de cometer o maior erro da minha vida e não sei como você deixou isso acontecer... O que você acha que eu iria fazer depois que eu lembrasse de tudo? – Pegou o mar azul dos olhos dela o olhando por cima. – Eu não iria deixar você fugir de mim de novo. Você só me daria um trabalho imenso de me divorciar, se é isso que quer saber.

– Mas... Você é Kyle, não apenas Kunzite. – Seu corpo tremia inteiro. - Eu não quero que você esteja comigo por causa de uma promessa do passado, eu sei que você mudou e tudo mais.

– E você é Minako. – Retrucou como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. – E eu amei Minako Aino mesmo antes de saber quem eu era. Eu poderia negar, mas eu enlouquecia quando não recebia suas mensagens e meu dia só ficava completo quando você me ligava. Eu gostava de dizer que estava por perto e buscá-la no escritório porque eu queria ter 50 desculpas para ver você e conversar por horas sobre nada e ao mesmo tempo tudo, só para ter você por perto. Eu não me senti culpado quando nós dormimos juntos, por mais que eu me cobrasse a culpa, o meu maior remorso era não ter lembrança de quase nada que aconteceu naquela noite, porque eu queria ter decorado cada segundo do que aconteceu ali.

– Eu... – Umedeceu os lábios e colocou um pouco dos cabelos atrás da orelha, tentando encontrar as palavras. – Amo o jeito como você sorri. Porque Kunzite não podia fazê-lo tão bem, mas Kyle... Kyle me faz perder o ar sempre que vejo sua expressão despreocupada... Eu disse a Rei da última vez que eu amava até mesmo a forma como Kyle dirigia e o fato é: eu amo. Então... Isso é sobre Minako e Kyle, não é?

– Sim, é. – Percebeu as feições dela suavizando. - Lembra que eu disse que tinha algo pra você, hoje?

– Tenho certeza que não era um general shitennou com suas memórias de volta.

– Claro que não! É bem melhor! – Ele a pegou pela mão, puxando-a de volta para dentro, onde, em uma pequena mesinha branca, um embrulho azul retangular e fino estava colocado.

Minako estendeu a mão para pegar o objeto e desembrulhou com cuidado. Seria uma simples revista, se não fosse a garota de cabelos loiros bagunçados, com a fina camisa branca, olhar azul e feroz sentada em uma cama no meio de uma construção abandonada, estampada na capa.

– Você disse que... Era pro seu projeto!

– E era. – Deu de ombros. – Mas o editor me viu trabalhando nas suas fotos e ele disse que precisava delas, na verdade, ele precisava de você. Eu sei que não pedi autorização, nem nada, mas eu queria agradecer toda a ajuda e o dinheiro extra que viria pra você com a venda me pareceu uma boa ideia...

– Está brincando comigo? – Ela abraçou a revista como se fosse um melhor amigo. – É incrível!

– É um alívio saber disso, eu esperava uma grande bronca depois de lembrar de tudo... Quer dizer, você ainda é uma senshi e expô-la assim...

– Eu sou Minako Aino, não Venus. – Ponderou e voltou a colocar a revista na mesa. – E Minako ama ser um ídolo! Ou quase isso...

– Eu acho que eu posso viver com isso. – Puxou a mão direita da mulher e tirou a luva. – E me deixaria muito feliz se você pudesse ficar com isso. – Encaixou o anel de kunzita na ponta do dedo anelar.

– Você está me dando um anel com o qual pretendia se casar com sua ex? – Seu tom de voz foi irônico. – Isso soa como reciclagem!

– Não preciso dizer que ela só é minha ex por sua culpa e, além disso, quem reciclou foi você, essa pedra era sua. E, ainda, era a pedra do seu ex, devo ressaltar.- Terminou de encaixar o anel.

– Oh... Cheio de argumentos! – Mina levantou a mão na frente do rosto, analisando como a jóia ficava bem ali. – Mas meu ex está bem na minha frente, agora.

– Isso não era entre Minako e Kyle?

– Então, quebrando todo o seu argumento de ex: Venus também não se encaixa no perfil de pessoa, logo, eu não tinha um ex.

– Certo, você me pegou. – Revirou os olhos.

– Mas eu não vou recusar um presente, não é? – A loira jogou os braços ao redor do pescoço dele. – Seria muito indelicado, general.

O shitennou riu e a puxou para um beijo cálido e cheio de carinho – e, enfim, com ambos sóbrios – era como se todo o sentimento guardado durante milênios pedisse para ser todo e completamente devolvido ali. A loira afundou os dedos nos cabelos da nuca dele – o que não o causou desconforto nenhum, como acontecera durante anos – afim de aprofundar aquilo cada vez mais.

– Nós costumávamos a gostar bastante de salas de guerra, não é? – Kyle disse em uma voz rouca e baixa ao pé do ouvido dela.

– Era nosso lugar preferido. – Suas bochechas coraram ao notar que ele tinha se lembrado muito bem das coisas.

– Poderíamos aproveitar que estamos sozinhos e relembrar os velhos tempos.

– Para relembrar velhos tempos, precisaríamos um pouco mais de papel, penas e tinta para grudar em mim – Acariciou a nuca do shitennou em movimentos circulares.

– Vamos ter muito tempo para providenciar. Ouvi dizer que o cristal de prata deixa todos jovens e vivos por umas boas centenas de anos... – Kyle a levantou e a carregou, sentando-a na mesa branca. – Mas nada impede de testarmos novas tecnologias.

– Cuidado, você vai amassar! – Ela pegou a revista que tinha colocado ali minutos antes.

– Compro a banca inteira pra você depois, agora, solta isso. – Pegou a revista e a jogou no chão.

– Mas essa é especial! – Fez beicinho.

– Especial? – Ele levantou as sobrancelhas. – Claro que é, mas eu posso comprar outra. Agora eu tenho algo mais urgente para fazer...

– Kyle! – Minako deu um tapa no ombro do shitennou.

– Foi extremamente difícil me controlar quando tirei essas fotos, por favor, não me faça implorar! – Levou a boca até poucos centímetros da dela.

– Isso por ter me deixado sozinha hoje de manhã... – Interrompeu dando uma leve mordida no lábio inferior dele. – Acredito que minha rainha tenha me mandado aqui por outro motivo. – O empurrou e saiu de cima da mesa.

– Mina! – Protestou.

– Vem logo! – Começou a ligar o grande computador no centro da sala.

– Isso é cruel!

– Cruel? – Olhou pra ele com certo interesse. – Eu vou estar no meu apartamento hoje à noite.

– Achei que queria relembrar os velhos tempos... Você vai mesmo me fazer implorar?

– Eu tenho uma eternidade para fazê-lo, Lord Kunzite. – Começou a digitar.

– Me diz ao menos que você vai estar no seu apartamento hoje.

– Hm... Talvez. – Sorriu de lado. – Agora olha bem o que eu vou explicar ou Endymion pode não gostar nada disso...

Passaram a tarde juntos, com Mina mostrando as instalações do palácio, formações de guerra e explicando sobre o treinamento da guarda, alternados por beijos e provocações intensas de ambas as partes. Não encontraram com nenhuma senshi ou shitennou naquele dia, não era hora ainda, havia muita coisa pra ser colocada no lugar – principalmente na vida de Kyle que ia mudar completamente -. O casal terminou os afazeres do palácio de cristal e foi ao apartamento dela. Pela primeira vez em anos, Minako não queria arrancar a boca fora e, definitivamente, Kyle não cortaria seu cabelo nunca mais.


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Notas finais do capítulo

Acaboooou!
Yay! Eu estou muito orgulhosa de ter terminado mais uma fic e essa em tempo recorde!
3 meses apenas! Alguém bata palmas pra mim pq eu tô demais! -q
Eu gostaria de agradecer à todos que acompanharam, principalmente os que vieram acompanhando desde "Você Estará de Volta". Vocês são lindos, cheirosos e maravilhosos!
Eu não vou citar o nome de todo mundo como fiz da outra vez pq eu ainda tenho muitos trabalhos da faculdade pra fazer e tô aqui escrevendo fic.(parabéns pra mim .-.").
Mas saibam que todos estão no meu coraçãozinho e que sem vocês eu não teria conseguido escrever metade do que eu escrevi. s2
OBRIGADA SEUS CHUCHUS LINDOS!

E, pra não deixar vocês tristinhos(tinha muita gente sofrendo no capítulo anterior), eu JAMAIS deixaria vocês orfãos!
TEM FIC. NOVA SIM! E SE RECLAMAR, VAI TER DUAS! -q
E o nome é "Maktüb" - tô super internacional para títulos, né? - e é óbvio que é VenusxKunzite pq eu os amo e vou ficar velha caquética escrevendo sobre eles @_@"
http://fanfiction.com.br/historia/541994/Maktub/



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