–- O que é isso o quê Anita, ficou maluca? – disfarçou uma Sofia assustada

–-Porque você fechou o Notebook rápido quando eu abri a porta? Tive a impressão de ter visto a Cícera na tela – disse Anita

–- A Cícera? Claro que não, mas também se fosse seria super normal né? Nós ficamos amigas e eu até ia morar na casa dela, além do mais ela é a avó do meu “baby”. Tai você acaba de me dar uma ideia vou contar a grande novidade para família americana – afirmou a patricinha contornando a situação

–- Claro que não né Sofia, deixa que o Ben resolve isso, é a mãe dele – criticou Anita

–- Esperar o Ben!!! Ah Anita, se eu for esperar uma atitude dele é melhor eu me sentar aqui nesta cadeira e periga do meu filho nascer e eu continuar aqui na mesma posição! Uma coisa eu tenho que admitir é que oh casal para combinar quando o assunto é paspalhice – a loira revirou os olhos ao dar esta afirmação.

–- Como você está depois deste jantar meio desastroso? – indagou Anita ignorando as provocações da irmã

–- Bem até! Não esperava reação diferente de nenhum deles, são sempre implacáveis quando o assunto é comigo – reclamou Sofia

Anita apenas se recostou na cabeceira de sua cama e pensou em como sua irmã era mimada e distorcia os fatos. Quem dera a ela, Anita, que a mãe fosse complacente com ela como é com a filha mais nova. Tudo teria sido bem mais fácil se Vera não tivesse julgado suas atitudes de forma tão severa, a mãe inclusive foi incapaz de enxergar a profundidade do sofrimento pelo qual ela tinha passado nos últimos meses. A menina acabou adormecendo, teve um sono conturbado e assim que amanheceu ela se levantou pois não conseguia mais dormir.

–- Bom dia! Acordou cedo – disse Ben ao se deparar com a namorada na cozinha.

Anita apenas o abraçou forte e o beijou com vontade

–- Aí que alívio – Ben suspirou – Ontem após o jantar você se retirou sem se despedir de mim, nem ao menos me olhou. Cheguei até a pensar que você tinha repensado sua decisão e resolvido se afastar de mim – completou

–-Nunca! Agora você vai ter que me aturar para sempre – disse Anita com um sorriso brejeiro

–- Graças a Deus! – falou Ben a fitando e a pegando no colo para mais um beijo

–- Você vai precisar de mim aqui agora de manhã? – indagou a menina com uma cara que pedia para ser liberada.

–- Por que você está me perguntando isso? – disse Ben

–- Porque eu tenho uma encomenda de decoração para entregar hoje a tarde e ainda não a terminei, então queria evitar toda essa tensão familiar logo cedo e ter paz para finalizá-la – explicou Anita

–-Entendi! Vai lá então princesa, se eu pudesse eu também iria – Ben falou em meio a uma gargalhada e continuou – Só em saber que você está do meu lado já me dá forças para enfrentar todos estes leões.

Eles deram um selinho demorado e Anita saiu. Ao contrário do esperado, o café da manhã, normalmente turbulento, transcorreu num perturbador silêncio, parecia que ninguém ainda havia digerido os últimos acontecimentos. Depois que todos saíram para escola e Vera foi para o trabalho Ronaldo chamou o filho para conversar.

–- Pai na boa, eu já sei tudo que você pensa de mim e dessa situação, acho que posso até merecer mais bronca, mas não quero escutar mais nada por hoje, por favor! – pediu Ben

–- Meu filho antes de mais nada não se esqueça que eu te amo, mas vamos combinar que a situação é muito constrangedora e eu não posso passar a mão da sua cabeça para tudo, seria até relapso se fizesse isso. Agora eu queria te perguntar algo que não achei de bom tom falar ontem diante da família. – falou Ronaldo

–- O que seria? Agora fiquei curioso? – disse Ben arqueando as sobrancelhas.

–- Você tem certeza que esse filho é seu? Porque você me desculpa, mas eu não sou cego e sei que a Sofia andou se envolvendo com o Sidney. Aliás esse rolo não é de hoje e não faz muito tempo que ela nos fez ir à casa da Maura tirar satisfação de uma suposta redação erótica que o Sidney teria escrito sobre ela para aula da Bárbara. E na época ele se defendeu dizendo que a musa inspiradora tinha sido a Meg, mas não me convenceu não – completou Ronaldo

–- Pai eu não posso te responder por eles, posso falar por mim, eu fui muito irresponsável e não me precavi. – respondeu Ben, ele não queria colocar o nome do amigo na roda sem antes ter uma conversa franca com ele.

–- O meu filho! Só quero que você saiba que eu estou aqui por você, por todos vocês – disse Ronaldo puxando Ben para um abraço fraterno ao sentir pelo olhar do garoto o quão perdido ele estava.

Anita passou o dia as voltas com as encomendas que tinha recebido, que até que vieram em boa hora, pois só se dedicando ao trabalho ela podia espairecer e não focar seu pensamento neste suposto enteado/sobrinho. Na parte da tarde saiu para entregar uma bandeja e uma mesa feita com vinil. Ao voltar teve uma grande surpresa a esperando no portão do casarão

–- Por favor moça, a senhora mora aqui? Estou precisando entregar estas flores para a Dona Anita – disse o florista com um lindo buquê de rosas amarelas.

–- Deu sorte, porque sou eu mesma – disse Anita animada.

O entregador colocou as flores nos braços da garota e disse

–- Tem um cartão, cuidado para não cair e a senhora pode assinar aqui para confirmar a entrega? – pronunciou.

Anita estava tão ansiosa para ler o que estava escrito que abriu o cartão ali mesmo perto do portão.

“Sei que você sempre adorou os meus traços para o desenho, por isso estou te mandando mais um pedaço do quebra-cabeça que estou esboçado, são meus rabiscos para os nossos planos de futuro. Princesa está cada dia mais perto o dia de formarmos nossa família. Te Amo ...”. Enquanto a menina absorvia aquelas palavras em questões de segundos a claridade foi se apagando, as sensações se esvaindo e uma emoção muito ruim tomou conta de seu corpo.

–- Anita! Anita! ..... Aniiita!

Autora: Carol