Homewrecker escrita por Rize


Capítulo 7
At Least as Deep as the Pacific Ocean


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que eu demorei, desculpem! É que eu tenho muita coisa pra resolver e fica meio barril pra eu postar todo dia, mas eu vou tentar manter o ritmo!



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De manhã, seu corpo não lhe permitiu sair da cama. Muitos fatores influenciaram essa escolha, na verdade. Um frio absurdo atravessava seu corpo até os ossos, e se embaixo das cobertas estava assim, ela não queria descobrir como estava lá fora. Se sentia péssima, por uma noite mal dormida, culpa e auto repulsa.

Tivera muitos sonhos na verdade, mas só se lembrava de um. Um que queria ter esquecido há muito tempo.

Seu celular marcava nove horas, mas ela não ligava. Não iria pra faculdade hoje, queria ficar sozinha.

Depois de severos minutos na cama, ela resolveu levantar. Talvez o horário já se aproximasse ao almoço, e a ideia fez com que ela se apressasse a um banho escaldante. Quando saiu de debaixo do chuveiro, vapor denso escapava diretamente da sua pele que estava vermelha. Não selecionou com cuidado suas roupas, não precisava impressionar ninguém.

Miku se ocupava largada no sofá com TV e Xbox ligado, mas sua mente vagava longe, principalmente quando seu celular tocava. Não foram poucas as chamadas perdidas, mas ela nem se deu o trabalho de olhar que era – mesmo que suspeitasse quem fosse.

Quando a fome apertou, ela forçou o corpo para ir até a cozinha, quando o espelho no corredor a parou. Estava horrível. E o porque disso tudo? Onde estava aquela mulher com força e poder, que tinha tudo o que tinha quando queria? Enfrentava dilemas mas não podia se render tão fácil.

Esquentou qualquer coisa no micro-ondas e engoliu quase sem nem mastigar. Ligou para Luka assim que havia terminado.

– Luka eu preciso de um favor.

***

O relógio mostrava que não era muito mais que oito e meia, quando Luka passou na casa de Miku.

Estava arrumada, com um vestido florido e decotado, e um salto rosa. Sorria.

– Quando você me disse que queria um favor achei que fosse algo mais sério. – Luka riu-se, entrando na casa da amiga e colocando o celular dentro da bolsa.

Miku olhou para o lado, na direção do espelho do corredor. Estava bastante apresentável também. Usava um vestido negro com um enorme decote, e um de seus maiores saltos pretos também.

Fechou a porta atrás de Luka e arrumou os cabelos desordenadamente com os dedos.

– Eu precisava sair. – sorriu.

– Percebi. E já tem algum lugar em mente?

– Posso ter. Mas preciso que confie em mim.

– Claro que sim. Não é como se estivéssemos indo para um bar cheio de traficantes e tudo mais.

O problema é que elas estavam.

Meia hora depois, o corola de Miku parou em frente a uma construção rústica e antiga, com uma placa neon azul e roxa, escrito em letras de forma “Nocturnal’s Heart” com o “N” falhando.

Aquele prédio já havia sido muitas coisas pela história. Já havia sido um bordel, uma casa de apostas, um cassino, e até mesmo já testemunhou uma chacina nos anos 40.

Luka parecia extremamente desconfiada.

– Então... – ela começou – é aqui?

Miku sorriu.

– É, sim. Eu sei, não parece muito legal – ou seguro – mas é um lugar ótimo. As biritas são baratas e sempre tem caras atraentes.

– Não estou atrás de caras atraentes. – Luka riu, duvidando mentalmente se não devia voltar para o carro.

– Mas eu estou. E preciso muito de um deles. Pelo menos por hoje.

Luka suspirou mas se deu por vencida.

A luz do lugar era lúgubre e a poucos metros do balcão havia uma mesa de bilhar, com alguns homens velhos jogando. Havia também algumas mulheres com roupas não muito éticas, o que fez Hatsune considerar se alguma delas não era uma prostituta.

Elas se sentaram nuns banquinhos no balcão e pediram dois cosmopolitan.

– Miku, posso te perguntar uma coisa? – Luka parecia insegura se devia ou não perguntar, mas deu pra ver que ela ia contra seu próprio julgamento ao fazê-lo.

– Pois não? – o barman voltou com as bebidas, e Miku não esperou para engolir grande parte do conteúdo. O teor de álcool era grande, e sua garganta se queimou ao sentir tudo descer.

– Eu estava falando com a Rin hoje cedo – Oh-oh – e ela parecia um pouco abatida. Eu perguntei mas ela não quis falar. Francamente, não me pergunte por que, mas eu simplesmente relacionei com você. Me diga, essa conexão faz sentido?

– Não! – Miku respondeu tão depressa que provavelmente havia denunciado a mentira. – Quer dizer, talvez. Ah, eu não sei, Luka, é complicado demais.

Luka arqueou as sobrancelhas rindo, e bebeu um pouco de sua bebida também.

– Longa história, hein? Já ouvi isso antes.

– Não é só isso. – Hatsune realmente não queria falar. Se sentia exposta e nua, era indescritível. – É que envolve muita gente, muita coisa que não faz sentido e não se justifica. É incrivelmente idiota.

– Porque não tenta e eu tiro minhas próprias conclusões disso depois?

Miku suspirou. Se estivesse a ponto de pular de um penhasco não se sentiria tão desconfortável. Odiava voltar para aquelas lembranças.

Abriu sua boca para falar, quando se interrompeu. Não conseguiria fazer aquilo. Não naquele lugar. Não bebendo aquela bebida. Não sentando naqueles bancos e ouvindo aquela mesma música. Se sentia sufocada, esmagada pela pressão e tudo de ruim.

– Desculpe, Luka. Não posso fazer isso. Não agora.

Surpreendentemente, Luka foi compreensiva.

– Eu entendo. Sei como pode ser olhar pra trás e ver tudo o que você se arrepende de ter feito. Não precisa me dizer. Mas saiba que se precisar de qualquer coisa, eu posso te ajudar.

Miku sorriu sem jeito, e assentiu.

– Agora, mudando de assunto – ela engoliu o resto de sua cosmopolitan e olhou ao redor. – preciso achar alguém pra azarar ou não me chamo Hatsune Miku.

No canto do bar, um homem de cabelos castanhos e barba rasteira parecia o candidato perfeito.

***

Uma luz direta em seus olhos fechados a forçou a acordar. Miku abriu as pálpebras e olhou ao redor; não estava em seu quarto.

Era um cômodo bagunçado e suas lembranças voltavam em flashes. Sua cabeça doía e ela se sentou. No outro lado do quarto, localizou suas roupas, bagunçadas e amassadas. E então se deu conta que estava nua. Olhou para seu lado e o homem de cabelos castanhos roncava em um sono profundo. Ela não se surpreendeu muito. Não era a primeira vez que isso acontecia.

Gatuna, ela se levantou e vestiu suas roupas, desembaraçando seu cabelo com os dedos. Ligou para um táxi, tendo como coordenadas a vista que tinha da janela do apartamento.

Em quinze minutos de espera ansiosa, ela desceu, e entrou no carro. Não precisava dar explicações para aquele homem. Mal se lembrava do nome dele.

Mas começava a se lembrar de outras coisas. Distraída pela vista pela janela, começava a recobrar. A recobrar como queria que aquele homem fosse outra pessoa. A se lembrar que entre os suspiros, havia apelado ao nome errado. Em como só conseguia pensar em olhos azuis.

Se sentiu envergonhada.

O que eu estou fazendo comigo?


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Notas finais do capítulo

Então??



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