– Ok, Beatriz.

Beatriz pegou sua bolsa e levantou do sofá. Mas Michel a segurou pelo braço e disse:

– Bia. . .

– O que?

– Acredite, estou tão confuso com isso tudo quanto você!

– Será mesmo, Michel?

***

Esmeralda estava assustada. Entrou no quarto, puxou Jandira e Licurgo até a porta da rua junto com as bagagens e disse:

– Fora daqui, vocês dois! Eu sou uma mulher de respeito! Tenho 50 anos e não preciso me submeter a isso! Indecentes!

Assim que Esmeralda bateu a porta da mansão, Jandira deu um tapa no rosto de Licurgo. Ele se irritou, mas antes que pudesse dizer algo, foi interrompido pela vilã:

– Seu frouxo! Como alguém que tem mais de um e oitenta de altura pode ser tão burro? Minha irmã é religiosa. Tem nojo até do próprio peido!

– Mas foi sacanagem ela nos despejar, Jajá!

– Sim, foi uma grande sacanagem. E eu não vou deixar barato. Jajá Malévola entrando em cena!

***

Quando César acordou, foi no apartamento ao lado procurar Juliana. A funkeira abriu e foi surpreendida pelo menino:

– O que você quer meu pão doce de cada dia?

– Bom, eu fui à sua Wikipédia um dia desses e vi que você é formada em Psicologia!

– Sim. Tinha um consultório lá em Belford Roxo. Meu primeiro clipe foi com crianças dali.

– Isso não me interessa! Só quero saber se você podia me ajudar num problema. Dois dedinhos de prosa seriam ótimos pra mim!

– Tudo bem! Sente-se.

***

Jackie e Carlos saíram do auditório e foram para o apartamento dele. Os pais do garoto não estavam. Ela pediu para tomar um banho e ele permitiu.

Assim que o banho terminou, Jackie se vestiu e disse para ele:

– Carlos, eu estou pronta!

– Para o que? – riu ele

– Sempre sonhei em casar virgem. Mas desisti. Amo muito você! Que tal a gente. . . Você sabe!

– Eu não sei. Acho você muito nova para isso! Só tem quinze anos.

– Mas eu me sinto pronta! Sou muito mais madura do que aparento! Só prometa que será paciente comigo. A menos que você também seja virgem! – riu ela

– Não, óbvio que perdi a virgindade! Vou ser bem paciente com você!

Jackie tirou a camisa suada que Carlos vestia e esfregou a mão em sua barriga. Ele tirou a roupa dela também e depois abaixou as calças. Jackie se assustou:

– Você está de cueca!

– Não, imagina?! – ironizou Carlos – Você tem certeza que está preparada?

– Sim, diabos!

Jackie tirou a roupa. Carlos também. Os dois se deitaram e apagaram as luzes.

***

César e Juliana ficaram conversando por bastante tempo. Os dois se demonstraram confortáveis, falavam como se fossem íntimos.

– Juliana, você é bem melhor que eu pensava!

– Pois é. Muitos empresários que eu tive me disseram justamente o contrário! – ela gargalhou

César saiu do apartamento dela e foi para o dele. Juliana ficou olhando para o garoto, entrando em seu apartamento bem mais confiante do que antes da conversa dos dois:

– O César me lembra bastante o Ítalo, meu antigo empresário! Conversávamos sempre sobre a vida dele, até que ele morreu de AIDS. É. . . Ser gay deve ser um caos!

***

Depois de fazerem amor, Jackie encostou a cabeça no peito de Carlos. Ele parecia dormir, mas não estava dormindo, estava apenas pensando. A jovem encostou os lábios na boca do namorado e disse:

– O que foi Carlos?

– Simplesmente estou arrependido de ter feito sexo com você!

– Por quê?

– Porque eu acho muito cedo. Começamos a namorar há pouco tempo!

– Não exagera. . . Queria experimentar. Na minha escola todo mundo da minha sala já transou!

– Saiba que a minha primeira vez foi esse ano! Na sua idade eu não pensava nem em namorar!

– Isso foi uma indireta? Acha que eu sou uma qualquer? Uma piranha?

– Eu não disse isso. Quer saber?! Acho que é melhor você sair daqui pra nós não brigarmos!

– Acho uma excelente ideia! – ela gritou

Jackie se vestiu e bateu a porta. Nesse momento, Carlos se deitou no chão e começou a chorar. Ele tinha medo de ser descoberto. O jovem tinha certo trauma de sexo. Sua primeira vez foi com uma namorada que o seduziu e após a relação, mentiu para os pais que ele abusou dela sexualmente.

– Júlia, você viu o problema que me arrumou?

– Dane-se, você é um frouxo, um medroso, ainda era virgem! Quero ver você se ferrar!

Carlos não se conteve e estapeou Júlia, que devolveu em dobro. Ela o empurrou e gritou:

– Você é burro mesmo, Carlos Alberto! Mais um motivo pra eu contar pro meu pai.

– Conta! Ninguém está te impedindo! Conta logo!

***

Jandira e Licurgo foram a um posto de gasolina. Acharam um galão de gasolina cheio abandonado:

– Perfeito, Lili. Temos a gasolina. O fósforo também. Guardo sempre um por precaução! Agora, vamos pegar um táxi direto para o colégio!

– Espere. . . O que você tem de má, tem de burra! Você acha que um taxista irá nos deixar entrar no carro com um galão de gasolina!

– Sim, me precipitei! Mas pensando bem, o “Maria Zélia do Sul” fica no fim da rua! Licurgo, você como um cúmplice é fraco, mas é inteligente! Vamos!

Jandira e Licurgo andaram até chegar ao colégio “Maria Zélia do Sul”. Quando chegaram, todos estavam na aula do turno da tarde, ou seja, a entrada estava vazia. Esconderam o galão nas costas caso alguém visse.

Quando entraram, o segurança foi interroga-los:

– Quem são vocês?

– Somos os novos faxineiros, Cláudia e Ricardo. – mentiu Jandira

– Que estranho! Dona Esmeralda não falou de novos serviçais!

– Foi de última hora. Sabe como ela é. . . Cheia de imprevistos!

– Tudo bem! Acompanhem-me por aqui!

Quando o segurança se virou, Licurgo pegou o galão de gasolina, que estava escondido atrás de Jandira, e tacou na cabeça do homem, que caiu inconsciente.

Jandira começou a jogar gasolina pelo pátio principal da escola, cantando uma musiquinha alegre:

– Como diz a música “Dancin’ Days”, “solte suas feras”!