Prólogo

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A estrada não tinha iluminação e Carlos conduzia com os faróis no máximo. O caminho, sinuoso, era familiar para os dois, já que passavam constantemente por aquela estrada. Liliana estava a passar as estações de rádio impacientemente, à procura de uma música decente.

-Aha! – exclamou ela, quando encontrou uma rádio que estava a passar Ellie Goulding. – Finalmente algo de bom!

Carlos riu baixo.

-Eu sabia que ias conseguir encontrar algo bom.

Liliana sorriu triunfante para ele e Carolos olhou de relance para ela, voltando a tomar atenção à estrada.

-O que vamos fazer amanhã? – indagou ela.

-Amanhã tenho aulas só de manhã. O que achas de irmos até Lisboa e passarmos lá o dia? – Carlos voltou a desviar a atenção da estrada para Liliana.

Foi o suficiente. O sorriso de Liliana desapareceu e os seus olhos azuis claros arregalaram-se quando a luz forte dos faróis de outro carro a iluminaram, tornando-a na cor de um fantasma.

-Carlos, cuidado!

Instintivamente, Carlos desviou o carro para a esquerda, caindo num abismo com mais de trinta metros. O carro embateu nas rochas espigadas, antes de dar quatro cambalhotas no ar e embater na água gélida do Atlântico.

Ambos permaneciam conscientes, mas confusos. Liliana inspirou, á procura de ar, mas tudo o que encontrou foi água. Carlos olhou para ela, tentando libertá-la do cinto de segurança, mas sem efeito. O desespero de ambos era evidente, até que Carlos fechou os olhos e as últimas bolhas de ar saíram da sua boca e nariz. Liliana estava horrorizada. Sabia que ia morrer da mesma forma mas, ignorando os factos, abanou o corpo de Carlos nas suas mãos, gritando por ele.

Os seus gritos perderam-se na água, assim como a sua vida.

©AnaTheresaC