Sob as Asas escrita por FoxChan


Capítulo 10
Capítulo 9 - Punição injusta


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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– Ah! Você não quer conversar sobre isso aqui.

– Morgan? – Bethan vinha em minha direção.

– Que foi?

– Não acredito que ele dançou com você – ela cochichou para mim.

– Bethan, me desculpe, não estou com cabeça agora – me virei para Leon. – Você vem?

– S-sim.

– Ótimo, vamos procurar os Marshall e nos despedir.

As pessoas já tinham voltado a dançar. Eu peguei Leon pela mão e o puxei em direção ao outro lado do salão. Antes mesmo de chegar lá eu vi Zophiel e Rahmiel em um canto conversando. Eles nos viram nos aproximar e pararam de falar. Rahmiel olhou para Leon com o mesmo olhar que se dá a uma coisa que você não está acostumada a ver. E Leon voltou a estranhar.

– Marshall? – eu o chamei.

Ele me olhou como se fosse a coisa mais bizarra aquele nome sair da minha boca. E realmente era. Olhei em volta, percebi que estávamos bem longe das outras pessoas, só nos quatro naquele canto.

– Zophiel, eu estou indo.

– Por quê a pressa, Morgan?

– Só não quero dar a chance para que ele se aproxime de mim de novo – respondi.

– Entendo.

– Rahmiel, você se comportou muito bem, aprendeu bem – elogiei.

– A Morgan é que foi um amor por ter perdido uma noite para me ajudar – ela falou com um lindo sorriso no rosto.

Zophiel pegou minha mão e a beijou, me olhando nos olhos.

– Até mais.

Eu assenti com um sorriso no rosto. Leon fez o mesmo com Rahmiel que corou assim que ele a tocou e baixou a cabeça como se estive envergonhada. Leon sorriu quando viu aquilo, como se achasse interessante.

Depois de nos despedirmos fomos para casa.

Os dois dias seguintes foram muito estranhos. Eu não conseguia dormir direito, sonhava com alguma coisa e acordava muito durante a noite, mas nunca me lembrava sobre o que era o sonho. Era como se algo estivesse tentando me manter alerta. Como se algo ruim fosse acontecer, e que eu teria que evitar isso. E era assim que eu passava os dias, com a impressão de que algo ruim aconteceria. Eu logo imaginei que seria o ataque do animal. Mas antes, nem mesmo com meus pais, eu não senti nada. E isso às vezes me intrigava.

Leon tinha percebido que eu andava estranha e cansada, mas por mais que ele quisesse saber o que estava havendo, como eu poderia contar se nem mesmo eu sabia?

Fui me deitar como todos os outros dias, naquela noite. Vesti minha camisola de seda azul claro, soltei os cabelos e me deitei. Eu andava cansada e dormia instantaneamente. Mas acordava uma hora ou outra, perturbada com os sonhos.

Eu estava ajoelhada em meio a uma campo, muito verde e cheio de flores de todas as cores, algo que eu nunca tinha visto antes. Então vi uma luz que flutuava poucos metros acima da minha cabeça. A luz emanava uma aura cheia de paz e conforto. Vi que uma escuridão rondava todo campo, como se quando a luz se apagasse tudo se tornaria sombrio e sinistro por ali. Então uma voz me assustou. Uma voz poderosa como o trovão, suave como a seda, e delicada como uma flor invadiu meus ouvidos.

– Precisa de o salvar. Os irmãos vieram trazer a sua justiça, mas a sua justiça não trás o julgamento do Pai. Vá até à casa de maior aconchego em seu coração, e salve meu filho da injustiça de seus irmãos – disse a voz.

Então a luz começou a sumir. E o desespero me tomou. Acordei suando frio e tremendo. Percebi que a claridade do dia começava a aparecer, mas nada de sol. Me levantei correndo e do jeito que eu estava saí porta a fora, fazendo a porta bater com força contra a parede. Corri pela casa e pelo jardim até sair na rua. Dali rumei para esquerda. A casa de maior aconchego em meu coração era a casa de Zophiel, e de algum modo eu sabia que era a casa aqui de Londres. Nem tinha amanhecido ainda, mas nas ruas já tinham bastante gente. Não me importei com seus olhares espantados e reprovadores. Continuei minha corrida. Pisando descalço no barro sujo das ruas, com meus cabelos soltos voando ao vento. Eu estava toda errada ali. Vestido, ou melhor camisola, curta, pés descalços e cabelos soltos, nada disso bem visto por essa sociedade hipócrita. Mas agora eu não tinha tempo para me importa com essas coisas mesquinhas. Eu tinha de chegar a casa.

Eu corria pela cidade como uma louca. Meus pés escorregavam, e eu batia os dedos nas pedras, ou virava o tornozelo por causa do mau jeito que meu pé assentava no chão. Mas eu não me importava com isso, não agora, pelo menos.

Assim que cheguei à frente da casa dele, vi que a porta estava totalmente aberta. Algumas pessoas olhavam sem entender, não era normal uma porta aberta àquela hora do dia. Parei olhando a porta, mas abruptamente voltei a correr. Entrei na casa. Mas não tive tempo de olhar o lugar. Eu só desviava dos móveis que apareciam à minha frente. Andei, ou melhor, corri por toda casa, mas não havia nem sinal de pessoas ali, foi quando cheguei à cozinha e vi que a porta dos fundos estava aberta. E foi para lá que eu rumei.

Quando passei pela porta, a claridade do dia me cegou por um instante.

Mas quando vi aquela cena senti um frio na barriga de medo ao mesmo tempo em que abria a boca surpresa. Zophiel estava bem à minha frente, mas de lado para mim. Ele usava só a calça e tinha a mãos amarradas, mas o que deixou boquiaberta é que ele tinha asas, lindas, brancas e enormes asas; deviam ter uns cinco metros de ponta a ponta. A cabeça estava baixa como se encarasse o chão. Edkiel estava de frente para ele, usando suas roupas de mordomo, em uma mão tinha um objeto estranho, que eu não conhecia, apontado para Zophiel; e na outra mão segurava a bengala dele. Entre os dois estava Rahmiel, caída no chão, sentada sobre as pernas, no seu corpo estavam só os vestígios do que fora uma camisola branca. Ela tinha o corpo todo cortado e cheio de lama, e sangrava muito. Rahmiel chorava muito, até soluçava e também tinha as mãos amarradas. Atrás de Edkiel tinha três anjos. O que estava mais à frente tinha longos cabelos cinzas e usava roupas claras e largas. Os outros dois tinham cabelos negros, um longo e outro curto, e usavam o mesmo tipo de roupa. Todos com suas grandes asas brancas, abertas.

Nenhum deles pareceu notar a minha presença. Aquela cena me mudou. Foi como se todo medo me deixasse. Fui tomada de uma coragem que não era minha. Olhei bem a cena e deduzi que o objeto estranho que Edkiel apontava para Zophiel era algum tipo de arma, e perigosa. Fechei a cara e desci em direção a Edkiel, ele só me viu realmente quando eu estava colada nele. Ele arregalou os olhos. Dei um soco na altura do estomago dele, o que o fez largar a arma e levar a mão à região atingida com um gemido de dor. Ele colou a bengala que segurava em mim. Como se a oferecesse a mim e me usasse de apoio ao mesmo tempo. Aproveitei que Edkiel estava abaixado e desci meu punho fechado com toda força que eu tinha, bem na nuca dele. Segurei a bengala o mesmo tempo que Edkiel caia de cara no chão enlameado.

Olhei Edkiel caído e então levantei só os olhos para os três anjos ali na minha frente, eles me olhava com os olhos arregalados. Sem nada dizer me virei para Zophiel, ele ainda não tinha notado que eu estava ali. Fui até ele e coloquei a bengala em seu campo de visão. Ele me olhou rápido. Então a surpresa tomou seu rosto.

– Morgan?! O que fazes aqui?

Ele me soou assustado demais para o meu gosto.

– Pegue logo – eu o ignorei.

De algum modo eu sabia que aquela bengala era importante.

Então ele a pegou e a olhou. Logo em seguida levantou os olhos e olhou os irmãos. Um sorriso brotou em seu rosto. Com um movimento rápido das mãos ele fez a bengala girar no ar e a pegou de volta, desta vez com o cristal para baixo, colocou na reta de uma pedra levantou e então bateu o cristal com força contra a pedra.

– Não! – o anjo de cabelos brancos gritou.

O cristal se estilhaçou em mil pedaços ao bater contra a pedra. E de lá saiu uma fumaça de cor perolada que subiu lentamente até chegar a boca de Zophiel, ele aspirou aquela fumaça até o ultimo vestígio. Em seguida prendeu a respiração e fechou os olhos. Eu me afastei um pouco e fiquei olhando. Quando ele abriu os olhos eles adquiriram um brilho perolado muito forte e em segundos voltou ao azul normal. Quando reparei bem em Zophiel vi que onde devia estar a bengala estava uma espada prata e dourada lindamente forjada. Vi movimento com o canto do olho e olhei, os dois anjos de cabelos negros tinham-se afastado uns cinco metros do outro, o qual também segurava uma espada parecida, mas não parecia tão confiante do que faria.

Os dois literalmente voaram em direção um do outro. Quando as espadas se chocaram saíram faíscas de cor branca. E depois disso eles se atacavam com tanta rapidez que eu nem conseguia ver direito. Não adiantava eu ficar olhando. Me virei e corri em direção a Rahmiel, que já me olhava espantada.

– Morgan? O que fazes aqui? – ela quis saber.

– Depois conversamos sobre isso. Você precisa de ajuda.

– Mas não há solução, agora. Temos que saber o resultado daquilo primeiro.

Ela apontou o irmão que lutava com o outro anjo.

Foi no exato momento que olhei que vi Zophiel cair no chão, ele estava de pé, mas um dos joelhos sangrava, muito.

Fiz menção de me levantar, mas Rahmiel me segurou pelo braço me impedindo de me levantar.

– Não interfiras – ela falou.

– Mas...

– Não há nada que possas fazer. Já ajudaste o suficiente, sem isso ele estaria morto. Agora deixa-o resolver o resto.

Eu fiquei ali, ajoelhada ao lado de Rahmiel, olhando o vulto dos dois anjos lutando. Ouvi o tinir das espadas e aquilo me dava certo desespero. Prestando bastante atenção eu percebi que eu não via as feridas do outro anjo por que eles não sangravam, ele não era humano, não sangraria.

Depois de um longo tempo de luta, vi o anjo de cabelos cinzas cair de costas no chão e ali ficar. Zophiel deu as costas e ele e veio em nossa direção. Então eu vi o outro anjo se levantar e vir atrás de Zophiel muito rápido, foi quando ouvi um barulho forte parecia uma explosão e o anjo que vinha parou repentinamente. Zophiel se virou rápido, nesse instante eu vi Edkiel em pé com aquela arma estranha apontada para o anjo.

– Puriel, ide embora, antes que você se machuque – Zophiel falou.

– Eu vi aqui trazer a justiça do Pai.

– Não! Vós viestes trazer a vossa justiça. Não te esqueçais que ser banido não faz com que eu deixe de ser um anjo. Se a justiça fosse do Pai sobre mim, ele teria mandado Ragziel. E sabeis muito bem disso. Por que achais que não hesitei em te enfrentar?

Antes que Puriel pudesse responder os dois anjos de cabelos negros surgiram ao lado dele.

– Já fizestes o que querias, vinde, antes que o Pai mande Metatron aqui – o de cabelos curto falou.

Puriel nada falou.

– Ansiel. Camael – Zophiel cumprimentou o de cabelos curtos e em seguida o outro.

Olhando de perto percebi que aqueles dois anjos de cabelos pretos eram exatamente iguais, sem tirar uma pinta. A única diferença era o tamanho do cabelo.

– Zophiel – os dois disseram em couro.

– Desculpe-nos por tudo, principalmente por Rahmiel – falou o de cabelos grandes, que percebi ser Camael.

– Mas Araquiel proibiu-nos de interferir, a menos que ele nos desse autorização – continuou Ansiel.

– Agora, ele finalmente deixou-nos agir. Vamos levá-lo embora; perdoa-nos, as nossas desculpas são sinceras. Felicidades – Camael completou.

– E boa sorte – disseram juntos enquanto levavam Puriel.

Puriel parecia derrotado, cheio de mágoa.

No instante em que eles sumiram eu me virei para Zophiel e o abracei. Ele me retribuiu com um abraço apertado, mas não demorado. Eu sabia que ele queria acudir Rahmiel. Mas assim que ele me largou Edkiel veio até ele.

– Zophiel, me perdoe eu te...

– Agora não, Edkiel. Converso contigo mais tarde.

Zophiel e eu corremos até Rahmiel e a levantamos. Ela gemeu de dor. Mas se levantou e andou se apoiando. Quando saímos pela porta tinha um monte de curiosos ali. Pareciam pouco dispostos a sair da frente.

– Saiam da frente, seus inúteis. Não veem que ela está machucada, idiotas! – Zophiel gritou com sua voz de trovão.

As pessoas se afastaram assustadas. Nós passamos com ela e a levamos direto a casa do médico, que não era muito longe. O médico se assustou ao ver o estado dela. Eu fiquei ali com eles. Rahmiel gritava muito quando médico passava o remédio nela. Zophiel se sentou e baixou a cabeça, sem coragem de olhar a irmã sofrer. Eu fui até ele e me sentei ao seu lado passando as mãos em suas costas.

Foi quando a porta se abriu sem um toque de aviso e o rei entrou. Me impressionei com a rapidez que ele ficou sabendo e veio até aqui.

– Sra. Shaw? – ele se surpreendeu com minha presença.

Eu nada disse, nem saberia o que dizer. Mas Zophiel ficou de pé.

– Vedes isto? Eu quero o culpado morto, entendeis-me?!

O modo como Zophiel falou com o rei fez o médico abrir a boca assustado.

– Vamos dar um jeito nisso. Pode me dar uma descrição.

– Sim...

Zophiel descreveu Puriel com detalhes. Ele sabia que não havia ninguém assim por ali, o rei faria uma busca em vão.

– Precisa de mais alguma coisa? – o rei pergunto, surpreendendo o médico que estava ali.

– Não, sua majestade. Só justiça para minha pobre irmã.

– Ela foi violentada? – o rei quis saber.

– Não, só machucada. Felizmente cheguei a tempo.

– Ok. Te dou notícias.

O rei se virou para mim e deu uma boa olhada, em seguida ele lambeu os lábios de uma maneira que me deixou enjoada. Para minha surpresa Zophiel me pegou pela cintura e me colou nele, em seguida beijando meu pescoço, delicado, mas desejoso ao mesmo tempo. Me pareceu um modo machista e possessivo de fazer isso. Mas o rei arregalou os olhos para Zophiel de certo modo surpreso, porém de modo temeroso, como se ele temesse Zophiel. O rei o encarou meio irritado de início, mas depois um sorriso surgiu em seu rosto.

– Então os boatos eram verdade. Não que isso me surpreenda – ele se virou e saiu pela porta. – Está me devendo, Anthony. Por me tirar a chance ter a mulher que mais desejo em todo reino.

O rei sumiu escada abaixo.

– Porco – Zophiel resmungou e cuspiu ao chão.

– Concordo.

O médico nos olhava igual a um retardado.

– O que fazes, idiota? A minha irmã ainda necessita de cuidados.

– Sim, senhor. Me desculpe.

Zophiel se aproximou de mim.

– Sinto-me tão mal a agir como um humano infame – ele confessou em meu ouvido.

– Eu sei, meu amor. Seu Pai entende, sabe que aqui é assim que as coisas funcionam.

Ele beijou minha testa e sorriu. Voltamos a observar o médico. Rahmiel estava desacordada, provavelmente por causa da dor. Estávamos distraídos quando bateram na porta. Zophiel se levantou e abriu-a.

– Posso ver a Morgan? Sei que ela está aí.

Era Leon. Zophiel me olhou e eu assenti. Zophiel terminou de abrir a porta e Leon entrou. Ele dirigia-se na minha direção, mas então viu Rahmiel. Ele parou como uma estátua, olhando o corpo machucado e inerte dela. Vi repentinamente os olhos dele ficarem vermelhos. Era estranho, por que ele agia daquele jeito? Zophiel o olhava sem entender.

– O que houve com ela? – Leon finalmente perguntou.

– Atacaram-na.

– Isso é uma covardia – Leon afirmou.

– Eu que o diga – Zophiel falou.

Depois disso, com uma sensação super estranha da minha parte, ficamos ali esperando o que o médico falaria sobre Rahmiel.

– Bom – o médico começou e nós o olhamos. – Ela ficará bem. Só não posso prometer nada sobre as cicatrizes. Mas ela pode ir para casa... Sem se mexer muito...

– Claro. Vou leva-la então – Zophiel falou.

Ele foi até a cama onde ela estava e a pegou no colo. Ele se virou para o médico.

– Muito obrigado.

– Às ordens.

Nós saímos. Ao lado de fora havia muita gente curiosa. Mas Zophiel passou por elas com Rahmiel sem sequer olha-las. Eu passei em outra direção indo para carruagem com a qual Leon tinha vindo. Entrei ali e me sentei. Leon entrou em seguida e se sentou ao meu lado.

– O que houve? Como você veio parar aqui? – Leon quis saber.

– Eu tive um sonho, e de algum modo eu entendi que tinha de vir aqui.

– Sonho?

– É, eu não estava errada.

– O que aconteceu lá?

– Quando cheguei, Rahmiel já estava toda machucada e Zophiel tinha as mãos amarradas...

Contei a ele tudo o que houve. Ele me olhava boquiaberto, meio inclinado a não acreditar. Mas ele sabia que era a verdade. Fomos diretamente para a nossa casa. Mas eu não conseguia parar de pensar em Zophiel e até Rahmiel. As coisas não estavam boas para o meu lado. E eu também me sentia insegura. Zophiel estaria distraído com Rahmiel e se Mantus viesse aqui eu estaria perdida. Eu o odiava mais que tudo na minha vida. Eu tinha era que torcer para que tudo corresse bem.

Ao entrar em casa fui logo para o banho. Estava toda suja de lama e sangue de Rahmiel. Relaxei um pouco depois disso. As coisas iam piorando. Tomara que parasse por aqui, mas eu duvidava. Alguma coisa me dizia que o pior estava por vir.

Eu só sei que passei dia e noite dormindo. Era como se tivesse corrido dois dias sem parar, estava exausta.

Acordei com o sol batendo no meu rosto. Eu tinha-me esquecido de fechar as cortinas antes de me deitar. Me sentei e levei a mão a cabeça, como se verificasse se ainda estava ali. Eu estava bem melhor, nada tinha acontecido durante a noite, pelo menos aparentemente.

Me sentei calmamente na cama e levei um susto ao ver Leon na poltrona que ficava ao lado da porta. Ele me olhava. Franzi o cenho. Me levantei e fui até ele.

– O que houve? – perguntei.

Ele estar ali não era bom sinal. Só podia ter acontecido algo. Ele se levantou antes que eu chegasse até ele. Ele estava usando só a calça que usava para dormir. Fiquei frente a frente com ele.

– Leon, o que...?

Ele não me deixou falar. Rapidamente passou um braço pela minha cintura, levou a outra mão à minha nuca e me beijou. Mas fez isso de uma maneira que me deixou sem reação. Era como se ele necessitasse disso, mas não uma necessidade física, e sim sentimental. Fiquei sem saber o que fazer. Com o coração dolorido eu o empurrei. Leon não resistiu e não me encarou. De repente ele caiu de joelhos na minha frente e levou as mãos ao rosto e começou a chorar. Chorar de uma maneira que eu nunca tinha visto, chorava desesperadamente, como uma criança que perdeu a mãe. Aquela foi a segunda pior cena que já vi na vida. Eu já tinha visto Leon bravo, chateado, alegre, triste, brigando comigo e até mesmo chorando, mas eu nunca o tinha visto desesperado desse jeito.

Empurrei a poltrona com o pé e me ajoelhei ao lado de Leon, colocando a mão sobre seu ombro nu.

– Leon, o que está havendo? Nunca te vi assim. Está me deixando agoniada.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!



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