A história de Ana e Luca escrita por marlia


Capítulo 3
Capitulo 2


Notas iniciais do capítulo

demorei muito! Estou trabalhando muito,chego em casa cansada. Espero que gostem do capitulo. Garota em chamas, ficou bom?



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/502821/chapter/3

Droga! Ana resmunga sem acreditar no que está acontecendo, por mais que tentasse nunca conseguia se livrar daquela insônia, sempre no mesmo horário, sempre pela madrugada... Já tinha tentado de tudo, seguiu rigorosamente todas as receitas que tinham ensinado à ela, como tomar banho com ervas, beber chá de folha de alface, acender velas, tomar banho com sal grosso, rezar para o anjo da guarda... Nada. Márcia chegou a convencê-la de que se arranjasse um namorado, as noites de insônia acabariam. Eu bem que tentei. Pensa e suspira.

Ana senta na cama e olha para o menino dormindo ao seu lado, ela sorri, tão tranquilo, seu rosto está sereno, quando dorme nem parece seu filho. É a única hora em que ela pode ficar tranquila, e tem certeza de que Francisco não vai subir em alguma coisa, não vai quebrar nada ou se ferir. Ela passa a mão no cabelo dele, sempre achou engraçado o filho ter nascido com aqueles cabelos claros, com grandes cacho, em sua família não tinha ninguém assim e seu pai... Ela não quer pensar nisso. Levanta e vai até a janela, abre um pouco a cortina e senta, colocando seus pés em cima do beiral. A rua está deserta e silenciosa, gosta da rua em que mora, as famílias se dão bem e uns cuidam dos filhos dos outro e todas as crianças circulam em segurança. Como Francisco é o mais novo, todos os meninos mais velhos cuidam dele, gostam do jeito danado dele e deixam que ele participar de algumas brincadeiras. Ensinaram ele a jogar futebol e tratavam ele como um “mascote” da turma. Todos os palavrões e as observações sobre mulheres que Francisco solta vêm deste convívio. Ana sorri, briga com ele, mas acha bom ele conviver com os meninos, já que em casa ele só convive com mulheres.

O jeito danado do filho sempre a deixa apreensiva, dá muito trabalho e a desgasta emocionalmente, mas prefere que ele seja assim, porque apesar dele ser muito ativo, também é carinhoso, gentil e educado. Sua personalidade generosa faz as pessoas serem complacente com suas traquinagens, chegando a justificarem suas atitudes para que ela não bata nele. Ela suspira. –Deus, que eu consiga sobreviver até ele se formar. – fala baixinho sorrindo. O céu está limpo, diferente da noite passada quando choveu pesado, está fresco, diferente da Teresina no b-r-ó-bró quando a temperatura obriga a dormir de ar condicionado. Ela abre um pouco a janela e respira fundo... E lembra das noites frescas de Recife quando o vento da praia batia na janela de seu quarto, o cheiro de maresia... E junto a lembrança do medo que sentia por estar grávida e sozinha, tinha medo de sua tristeza fazer mal para seu filho, mas não conseguia ficar alegre. Tinha medo que o pai tirasse seu filho, ele queria registrar a criança para que ela não fosse um peso na vida de Ana e não atrapalhasse um novo relacionamento. Talvez por isso ela nunca tenha conseguido ficar por muito tempo com alguém, nunca deixaria seu filho por outro homem. Sua mãe interferia garantindo que não deixaria ninguém tirar seu filho. Ela queria confiar na mãe, mas não conseguia deixar de ter medo. Pedro tinha tentado levá-la de volta à Itália, mas ela não queria arriscar encontrar Luca, não que ele soubesse, mas sua gravidez já tinha interferido no relacionamento de Pedro com Rodrigo. Pedro não perdoou o companheiro por ter ajudado no relacionamento de Ana com Luca e terminou o namoro assim que soube que Ana estava grávida.

Ana olha o relógio em cima da mesa de cabeceira, três da manhã, tem que acordar cinco e meia para deixar Francisco no colégio e ir trabalhar. Estranhamente, recordar o passado ajuda ela a dormir, mesmo que seja por cansaço e angustia. Fecha a janela e deita devagar na cama ao lado do filho, beija a cabeça dele e acomoda a cabeça nos travesseiro... Uma campainha toca insistentemente, não queria abrir os olhos, mal tinha descansado.

– Ei mãe, acorda! – uma voizinha insistente tenta fazer ela reagir. – Mãe!

– Já ouvi. – fala abrindo os olhos com preguiça. O sorriso filho faz ela sorrir. Ela puxa ele e o abraça. Aperta com força, o menino protesta. Ela solta ele. – Vamos nos arrumar!

O menino levanta e corre para o seu quarto, entra no banheiro e fecha a porta.

– Tem certeza de que pode tomar banho sozinho? – a mãe pergunta entrando devagar.

– Mãe, eu já sou grande. – ele fala abrindo o chuveiro. – Não sou mais uma criança. – Ele pega o sabonete e começa a se ensaboar.

Ana fica fora do box supervisionando o banho, depois que ele termina e liga novamente o chuveiro, sem que ele veja, ela passa sabão nas mãos.

– Agora eu posso ajudar a tirar o sabão– ela fala ensaboando as partes do corpo que ele não ensaboa. E antes que ele reclame, a mãe enrola ele na toalha e o tira o box.

– Mãe, você não vê que eu estou grande. – ele fala sério – Eu posso fazer isso sozinho.

Ana esfrega a toalha nos cabelos dele e começa a sorrir.

– Coloque o uniforme do colégio enquanto sua mãe toma banho, e depois desça para tomar café.

Ana entra embaixo do chuveiro e deixa a água escorrer pelo seu corpo, deixa a ducha massagear suas costas, toma banho e sai. Escolhe uma roupa e coloca sobre a cama. Olha no espelho ajeitando a saia. Um grito de Graça faz ela virar.

– Dona Ana! Nós vamos precisar de um uniforme limpo!

Ana suspira, seu dia começou, dentro da normalidade.

– Eu levo quando descer. É melhor ele acabar de tomar café com a roupa suja. – ela senta na cama, coloca seus sapatos, levanta e vai até o quarto do filho, pega um uniforme limpo e desce calmamente as escadas. Graça explica a Francisco porque é bom tomar um café da manha reforçado, o menino sorri para ela, ele gosta da Senhora, e é incapaz de fazer algo para destratá-la, por isso ouve a mesma história do café reforçado, praticamente todos os dias, sem reclamar.

– Já terminou? – ele balança a cabeça para a mãe e fica em pé na cadeira para a mãe trocar sua roupa.

– A Senhora não vai tomar café?

– Não Graça, já estamos atrasados. – ela olha a expressão preocupada da Senhora – Eu como alguma coisa no trabalho. – coloca o filho no chão. – Marcia vai trazer Francisco para casa hoje, vou ficar até mais tarde no trabalho. – ela caminha até a porta com Graça atrás dela. Abre a porta de trás do carro, Francisco entra, e ela coloca o cinto nele. – Eu ajudo ele com o dever de casa quando chegar. – Ela senta no banco do motorista e aciona o controle para abrir o portão. Assim que tira o carro da garagem, um menino com mochila nas costas corre pela calçada em direção ao carro.

– Oi Francisco. – ele fala com a voz animada. – Bom dia tia Ana. – O carro do meu pai está sem bateria, a Senhora pode nos levar para colégio?

– Claro João Vitor. – Ana fala olhando por cima do ombro dele. – Onde está sua irmã? – a menina vem caminhando devagar puxada pela mãe.

– Ana, desculpe te incomodar. – ela fala sorrindo.

– Não se preocupe Claudia, eu levo as crianças.

O menino dá a volta no carro correndo e senta no banco do passageiro ao lado de Ana. Ela sorri para ele, gosta do menino, apesar de só ter treze anos, é responsável e educado, adora Francisco, sempre que pode, brinca com seu filho. Já a menina é diferente, ela olha a menina sentada no banco de trás, ao lado de Francisco, é mimada e cheia de vontades, o filho não gosta muito dela.

– Obrigada. – Claudia fala na janela ao lado dela.

– Não é nada. – Ana liga o carro, e se despede.

– Tia, podemos ouvir música?

– Claro.

João Vitor coloca um pen drive no som do carro, vira para trás.

– Rock and Roll Baby. – ele fala com a voz rouca para Francisco.

–Ieeeah! – o menino responde imitando o tom de voz do amigo.

Um solo de guitarra toma conta do carro. Ana olha para o menino ao seu lado.

–Highway to hell?

O menino balança a cabeça no movimento da música e começa a tocar sua guitarra imaginaria. Ela olha pelo retrovisor para o filho que imita o amigo. E os dois cantam juntos o estribilho da música – “I’m on the highway to hell...”


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A história de Ana e Luca" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.