400 dias de inverno. escrita por Júlia Dama


Capítulo 10
Capítulo 10 — Dr. Anthony


Notas iniciais do capítulo

MIL DESCULPAS A IMENSA DEMORA DE POSTAR DE NOVO, SÉRIO :( ♥



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—ANNAAAAAA!!!
—O QUE? – respondi já sentada no sofá, levantei com tamanha rapidez que minha cabeça latejou.
—Minha nossa senhora, tomou remédio para dormir? Não sei quantas vezes já te chamei, eu, seu pai e Jeremy vamos a uma janta da igreja, lhe aconselho a levantar e comer alguma coisa. — minha mãe não parecia feliz com a minha soneca estendida, mas o que eu poderia fazer? Desdormir? Concordei com a cabeça.
— Mas mãe — diminui o tom de voz — Vocês já conheciam o Jeremy? Pois faz o que... Uma semana que o conhecem e já estão saindo.
—Seu pai não te contou? Eles estudaram juntos por dois anos e depois trabalharam em uma agropecuária quando seu pai ainda morava na cidade antes de casarmos. — e então pegou a bolsa e saiu porta a fora.
É ele não me contou, mas acho também que não é realmente da minha conta. Lavei meu rosto com água gelada, mesmo estando frio é a única coisa que me ajuda a ficar acordada. E acho que minha mãe passou a tarde limpando a casa, estava tudo em ordem inclusive os papéis dela no escritório, o que era raridade.
O meu sanduíche de presunto era minha única companhia, mas barulhos vieram lá de fora e sinceramente, eu queria que minha única companhia continuasse sendo meu sanduíche. Meu pai sempre me diz que se eu ouvir algo lá fora e estiver sozinha, é para eu me trancar e ficar quieta até o barulho acabar, mas como sempre, não o faço. Espiei pela janela e não vi nada, abri, olhei de novo todo o espaço que a janela me permitia, que comparado ao tamanho do sítio era quase nada, achei melhor ir ver o que era. Saí pela porta com cautela, seria bom ter ao menos um taco de baseball como nos filmes, mas não tenho. A vassoura para grama com os dentinhos de ferro me serviu. Ouvi relinchar de cavalos vindos do campo, tentei ver se vinha alguém, mas as árvores impediram minha visão completa do espaço. Subi na cerca que envolvia o espaço de treinamento e tentei visualizar de novo, mas de nada adiantou. E, antes que eu descesse, atrás de mim ouvi um galope próximo, tentei descer rápido e caí. Anthony desceu rápido do cavalo para me ajudar a levantar.
— Mas que merda Anthony! — resmunguei.
—Calma, o cavalo chegou hoje e eu fui dar uma volta com ele. Machucou-se?
—Olha meu cotovelo, todo ralado... To começando a achar que tu ta me perseguindo.
Riu — Entra pra dentro que eu já entro lá.
— O que tu vai fazer lá dentro? — perguntei.
— Tu sabes mexer com curativo e essas coisas?
—É... Não tenho costume d...
—Foi o que eu imaginei, o Doutor Anthony já vai atender a paciente, por favor, aguarde na recepção. — dei risada e entrei pra dentro enquanto ele fechava o celeiro.
Meu cotovelo estava sangrando e ardendo, odiava me machucar, sempre tomei cuidado em tudo o que fazia, mas não adianta muito, parece que tem sempre uma alma me puxando para o chão. Entrei dentro de casa e procurei os curativos e pomadas que minha mãe deixava guardado enquanto esperava dentro de casa.
— Anna? Posso entrar? — falou do lado de fora.
— Sim!!
— Ta ficando bem frio lá fora, tem previsão de neve essa noite. Você tem água oxigenada? —ele estava com um blusão preto que parecia um cobertor.
— Isso arde... Eu tenho pomadas.
— Anna, água oxigenada ajuda a não dar infecção. — sentou no sofá e insistiu que eu pegasse o que ele pedia.
— Achei essa, mas não tem muito... — passei para a mão dele.
— Caso arder, me avise.
— E então tu para?
— Não. — e riu.
Cada toque com o algodão na ferida machucava, eu pedia pra parar, mas ele só ria, depois de passar mais uma pomada fez um curativo que eu teria que trocar depois do banho antes de dormir. Perguntei se ele iria jantar na minha casa, e se meus pais sabiam que ele estava aqui. Ele disse sim para as duas perguntas, e comentou que ganha confiança com facilidade das pessoas, e realmente, ele é bem modesto. Acendi a lareira pois o frio tomou conta da casa, procurei por algo pra comer e de bom só tinha pizza congelada. Descongelamos. Era pizzaria de carne e queijo cheddar que tinha um cheiro tão bom quanto o gosto deveria ter.
— Essa aqui é você? — ele apontava para o porta retrato da minha foto no balé a uns três anos atrás.
— Sou eu sim, era dia de apresentação. — falei com um olho na pizza dentro do forno e outro em Anthony.
— Que linda. Ainda faz?
— Não, graças a deus. Minha mãe meio que me obrigou a fazer, disse que eu ia aprender a gostar, mas não gostei. Além de eu não gostar de dançar na ponta dos pés e com toda essa graciosidade que não combina comigo, o pessoal de lá era antipático.
— Rebelde assim? Vai dizer que voltava correndo pra casa, se trancava no quarto e colocava rock no último volume?! — falou, ansiando eu dizer que não.
— Sem rock. — ri, eu sabia que era algo bobo, mas eu era mais nova e realmente bem imatura.
— Mas então não tem graça. — colocou todos os pratos na mesa e piscou pra mim.
— Tu és completamente diferente do que eu pensei que seria. — disse eu, rindo. — Pega a pizza!
— Assim como? Legal, querido e etc.?
— Extrovertido, convencido, folgado, já falei convencido? — ele riu e concordou com a cabeça.
Comemos toda a pizza num piscar de olhos, eu já estava com fome e Anthony é daqueles meninos que não param de comer até que a comida acabe, então, não demorou em que estivéssemos os dois de barriga cheia. Ficamos conversando na mesa por um longo tempo, e no momento da pausa da conversa, tirei as coisas da mesa. A louça iria ficar ali na pia, amanhã eu lavo, ou então minha mãe.
Anthony se sentou no sofá — E o Greg? — perguntou.
—Greg? O que tem ele? — eu queria era saber como diabos ele já tinha ouvido a história.
— Eu já estou sabendo da pegação de ontem.
— Pegação... Não teve pegação, quem te contou? Eu não estava completamente lúcida.
— Calma Dona Annabelle, foi um comentário. — abriu um sorriso — Que feio não responder a sms dele hoje de manhã.
— Como é que tu...
— Ele me contou, não era óbvio?
—Ah, eu não quero dar continuação ao acontecimento de ontem, preciso falar com ele.
— Ou então eu posso fingir ser seu namorado e aí....
—Anthony.
—Brincadeira.
Ele não parou de caçoar de mim logo, ficou uns minutos falando dos detalhes constrangedores da festa. Depois das brincadeiras o silêncio se fez presente e sinceramente, eu estava ficando envergonhada com ele olhando pra mim em alguns momentos, em algumas vezes ria sozinho, sem ter dito nada. As horas passaram depressa e meus pais chegaram, antes que eles entrassem Anthony se despediu de mim em um abraço, desejou boa noite, e saiu.


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