A Espiã escrita por MandyCillo


Capítulo 18
Capítulo XVIII


Notas iniciais do capítulo

Penúltimo capítulo. :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/502710/chapter/18

Capitulo XVIII

Molly permaneceu no meio da sala, olhando muito assustada para Sherlock. Ele não parecia surpreso de vê-la. Só a observava, imóvel, esperando alguma reação.

Ela estava perturbada por revê-lo, afinal tinha planejado se despedir daquele homem definitivamente. Mas o fato de ser encontrada no apartamento dele, a deixava ainda mais constrangida. Com um esforço imenso, conseguiu dizer:

— Você quase me matou de susto!

— Verdade? — perguntou, dando alguns passos à frente. — Por quê?

— Por quê?! — Molly riu, nervosa. — Porque pensei que você estivesse em Edimburgo, claro. O que aconteceu? — Tentava desesperadamente parecer natural. — Mudou de ideia?

— Não. — Respondeu secamente. — O que está fazendo aqui?

— Eu… vim lhe trazer um pacote. Está na minha bolsa. Vou pegá-lo. — Fez um movimento em direção à porta, mas foi imediatamente interrompida.

— Depois eu vejo isso. O que estava fazendo no meu quarto? — Ela procurou responder da maneira mais inocente possível.

— Bem… Se quer mesmo saber, queria ver se a fotografia ainda estava lá. Você… está muito bravo comigo?

— Não, não estou bravo. — disse, forçando um sorriso.

—Que bom. — Molly começou a falar depressa enquanto se dirigia para a porta: — O encanador afinal não apareceu e então eu vim devolver as duzentas e cinquenta libras. Não quis ficar com todo esse dinheiro… — interrompeu-se ao ver a expressão de Sherlock, o profundo desprezo no olhar dele. Nesse instante, percebeu claramente que ele sabia de tudo.

— Por favor, continue. Estou adorando a comédia. Sabe, você é mesmo uma grande atriz. Só espero que estejam lhe pagando muito bem, pois o seu papel é muito baixo!

A cor sumiu do rosto de Molly. Por alguns instantes, ficou impassível, assustada demais para esboçar qualquer reação, mas ao sentir-se ameaçada por aqueles olhos frios, correu para a porta. Antes que pudesse sair, porém, foi coagida a permanecer na sala.

— Sua hipócrita! Garotinha ordinária!

Ela começou a gritar, mas Sherlock a agarrou pelos cabelos, forçando-a a parar. Depois, dobrou o braço dela atrás das costas. Molly lutava desesperadamente, tentando machucá-lo para poder ficar livre. No mesmo instante ele lhe forçou o braço com mais força ainda, fazendo-a gritar de dor.

— Tente isso só mais uma vez, e vai se machucar de verdade! — Ele falava como se a ideia lhe desse um imenso prazer. Havia um brilho estranho nos olhos dele, que lhe dava um aspecto realmente ameaçador. — Agora, precisamos ter uma conversinha. Quem está pagando para você me espionar? Quem?

— Não sei o que você quer dizer com isso Sherlock. Eu… — Ela murmurou, aos prantos, e seu braço foi pressionado de novo.

— Sua mentirosa! Quem é ele? Responda!

Apavorada, Molly o encarou, as lágrimas lhe escorrendo pelo rosto. Estava muito perto de Sherlock e podia ver o quanto estava irritado como se toda a energia daquele homem se houvesse transformado num único pulsar de ódio. Seria impossível continuar fingindo.

— Charles Magnussen… — admitiu por fim, entre soluços. Ele não demonstrou surpresa.

— E quem mais está com ele?

— Não sei. Nunca falei com qualquer outra pessoa.

— E quanto ele pagou?

— Cinco mil libras…

— E isso incluía me seduzir? Dormir com o homem que estava enganando? Ou será que custava mais caro?

— Eu não…

— Não. Mas você teria feito. Descobri isso quando decidi ver até onde você estava disposta a ir. No mínimo deve ter pensado que eu me contive só para não estragar o nosso lindo romance… — Ele riu, com sarcasmo.

— Então você sabia… de tudo? — Ela mal conseguia articular as palavras.

— Claro que sim, desde o início. Por acaso você acha que é a primeira mulher parecida com minha noiva que Charles Magnussen tentou colocar no meu caminho? Houve pelo menos duas ou três tentativas, mas eu não mordi a isca. Desta vez resolvi ir em frente, para descobrir de vez quem estava atrás de tudo. E não levei muito tempo. Veja. — Ele a conduziu até a escrivaninha e abriu uma gaveta, puxando um maço de fotografias. Eram retratos de Molly e Charles tirados nos lugares onde costumavam se encontrar para dar sequência ao plano de espionagem.

Enquanto olhava aquilo, ela tomou consciência de que Sherlock também estivera fingindo, o tempo todo!

— Por que não pôs fim a tudo? — perguntou, angustiada. — Por que continuou… a desempenhar um papel?

— Eu já estava ficando cansado das investidas idiotas de Charles. Não tenho sossego desde que consegui ganhar uma concorrência que ele já considerava como sua. Ele tentou sujar o meu nome na praça de todos os modos e ao ver que não conseguiria isso, começou a baixar o nível. Mas desta vez decidi que ele também deveria experimentar do próprio remédio.

— O que você está querendo dizer?

— Nunca houve qualquer projeto de fusão com a Tewson e Newbury — explicou, em tom de desdém. — Inventei aquelas cartas para você passar a informação a ele. Facilitei tudo, criei todas as oportunidades, eu até lhe dei a chave do meu apartamento e o segredo do cofre. Sabia que você tentaria abri-lo assim que eu estivesse viajando. Com certeza, depois que você telefonou para Charles confirmando a fusão, o corretor que trabalha com ele foi avisado para comprar o máximo de ações que puder. Nesse momento, a Tewson e Newbury está com uma boa cotação, cuidei disso. Assim ele vai pensar que a fusão vai ter o preço subir até a estratosfera. — Fez uma pausa e continuou, num tom maldoso: — Ele só não sabe que hoje, quando a Bolsa de Valores fechar, a Tewson e Newbury entrará em liquidação. As ações vão ser canceladas e com isso Charles Magnussen perde cada centavo que pôs nesse joguinho sujo!

— Mas… você não pode fazer uma coisa dessas — ela gaguejou, abismada.

— Por que não? Aquele miserável merece o que vai receber. E também vou fazer com que seja expulso da praça de Londres.

De repente, Molly pareceu perder o medo. Com um puxão, soltou seu pulso e começou a atacar Sherlock.

— Como se atreve a dizer isso? Como pode ter coragem? Será que você já não fez o suficiente àquele homem?

— Gata selvagem! Você luta e age de um modo muito sujo! — Tentou contê-la de novo, mas ela correu para o outro lado da sala, pegou um livro pesado e atirou nele.

— Eu te odeio! Gostaria que tudo tivesse dado certo. Gostaria de ver você arruinado, rastejando na cadeia! Você merece tudo o que tentamos fazer.

— Então você gosta mesmo dele, não é? — Tentou agarrá-la de novo e Molly correu na outra direção, mas desta vez Sherlock se antecipou e conseguiu segurar-lhe o pulso, fazendo-a gritar. — O que há? Acha mesmo que vou deixar você fugir para ir avisar Charles, antes que seja tarde? Gosta tanto assim dele? São amantes, não é verdade? Não sei como tem coragem de ir para a cama com aquele canalha…

Ela então, o esbofeteou com força. Mesmo cambaleando ele não a deixou escapar.

— Chega! — gritou furioso, sacudindo Molly pelos ombros, fazendo-a perder o equilíbrio. Ela foi levada à força para o quarto.

— Maldito! Seu filho da puta! Pensa que não sei o que você fez à filha de Charles? Ela está morta e você foi o culpado! — Estava com os braços presos, mas tentou atingi-lo com a cabeça.

— Ele não tem nenhuma filha.

— Mentiroso! Eu a vi na clínica. Não era mais do que um vegetal por causa do que você fez a ela. E agora a menina está morta. Mas você nem se incomoda com isso.

— Ele nem é casado. — Nesse instante, Molly foi bruscamente atirada sobre a cama de Sherlock. — Mas num ponto você tem razão… não me importo mesmo com as mentiras que ele possa ter inventado a meu respeito. Charles cavou a própria sepultura. E também não me importa o que ele disse para fazer você ajudá-lo. Agora, a história é entre você e eu.

Estava ajoelhado sobre ela, segurando-lhe os braços, e respirava com dificuldade por causa dos esforços que isso requeria. A camisa estava aberta, com metade dos botões arrancados, e havia uma marca vermelha na face que havia sido esbofeteada. Mas era a expressão dele o que a deixava mais assustada. Aquele brilho estranho nos olhos, como se estivesse em andamento um terrível plano de vingança.

— Não! — tentou protestar, mas Sherlock nem a ouviu. Simplesmente começou a desabotoar a blusa de Molly com gestos decididos.

— Sabe, nesse joguinho em que nos metemos, precisei falar muitas mentiras para compensar as histórias que você me contava. Mas, o meu desejo é bem real.

— Oh, não! — sussurrou desesperada, ao perceber o que ele pretendia.

— Eu poderia ter possuído você bem antes… a qualquer hora — murmurou, com uma estranha suavidade. — Mas não quis descer ao seu nível, fingindo uma emoção que não sentia. Mas agora nós dois sabemos exatamente onde estamos e o que isso significa. — E começou a abrir a blusa dela. Molly não estava usando nada por baixo, o que o deixava bastante excitado.

Ela fez um movimento brusco, tentando se cobrir. Sherlock a impediu, sacudindo-a pelos ombros. Depois, voltou a tocar os seios dela.

— Não! Sherlock, por favor!

Mas logo percebeu que não adiantaria suplicar. Ele desejava vingança e nada poderia contê-lo. Desesperada, olhou à sua volta, procurando um meio de fugir…

Ao lado do telefone, sobre a mesinha de cabeceira, havia um cinzeiro de cristal. Se conseguisse alcançá-lo… Ele se afastou um pouco para poder desabotoar seu jeans. Sem parar pra pensar, Molly pegou o cinzeiro e num só movimento golpeou a cabeça de Sherlock. Ele tentou se esquivar, mas a pancada pegou bem em cheio do lado direito, quase atingindo a têmpora. Por um instante, enquanto ela o observava horrorizada, pareceu-lhe que ele não estava ferido. Mas depois, resmungando alguma coisa, seus olhos ficaram baixos e ele a fitou pesadamente, o sangue começando a correr de um corte fundo.

Ela soltou um grito de pavor. Com muito esforço, conseguiu sair de baixo do corpo inerte. Depois ficou olhando para ele, petrificada, certa de que o havia matado. Porém, passado algum tempo, ele gemeu e começou a se mexer. Foi então que Molly tomou consciência do que aconteceria quando aquele homem despertasse. Correu para a porta no instante em que ele começou a sentar-se.

Em vez de procurar sua bolsa, pegou as chaves do carro dele, que estavam sobre um aparador. Ainda pôde ouvir seu nome ser chamadoe saiu rapidamente para o corredor, tomando o rumo das escadas, não querendo arriscar uma espera na porta do elevador. Logo chegou ao estacionamento onde Sherlock estacionava seus automóveis. Entrando na Ferrari, ela engatou ré saiu cantando pneus. Ao passar pela entrada do prédio, viu Sherlock correndo, com a camisa manchada de sangue. Ele começou a gritar para chamá-la, mas o porteiro veio atrás dele e o segurou pelo braço, enquanto fazia um gesto para a sua cabeça, obviamente querendo ajudar. Isso bastou para que ela pudesse abrir caminho e logo estava enfrentando o trânsito da avenida.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Espiã" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.