Sam e Dean se viram dentro de um trailer.

– Sammy, veja, acho que estamos dentro do set de filmagens de Supernatural ! – disse Dean, entusiasmado.

– Temos que dar no pé, então. Não sou ator, e não pretendo ficar por aqui... – reclamou Sam.

Dean concordou com o irmão. Sentia-se tão leve e feliz que nem o visível mau humor do caçula poderia mudar seu estado de espírito. Eles sairiam daquele trailer, do set de filmagens, iram dar um jeito de ser felizes, sem se preocupar com monstros!

Assim que os dois rapazes puseram os pés para fora do trailer, para desespero geral, deram de cara com ninguém mais ninguém menos que... GALE, o doende dentuço!

Dean e Sam jogaram-se contra o pobre anão entre socos e pontapés. Poucos segundos depois foram detidos por dois seguranças brutamontes que agarraram seus braços com força. O pobre anãozinho sangrava e guinchava de dor.

– O que está acontecendo aqui!? – Berrou um homem que vinha correndo ao encontro deles. – Vocês estão loucos! Não sei o que Fred fez contra vocês, mas não podem bater nele ! Vocês são grandes e forte, e Fred tem só 1,10 metros de altura!

Dean e Sam ainda se debatiam, tentando se desvencilhar dos seguranças. Queriam acabar com a raça do anãozinho a qualquer custo.

– Me solta! – berrou Dean – Esse duende do mal matou meu irmão!

Sam também protestou - Vocês não podem deixá-lo escapar! Este é Gale, O Dentuço. Ele vai acabar com todos nós se vocês não nos soltar!

Foi só então que o pobre Fred, sangrando e revoltado, se manifestou.

– Esses loucos me atacaram, eu não fiz nada! Meu nome é Fred – disse se dirigindo a Sam – Gale é o meu personagem. Mas depois dessa acho que vou é pedir demissão desse seriado e processar vocês dois. – saiu batendo o pé.

Sam e Dean então se entreolharam e compreenderam que haviam cometido um pequeno engado. Pararam de se debater. O homem que chegara há pouco se chamava Guy Beer, e estava dirigindo o episódio filmado naquela semana.

Guy, assim como todos os outros que presenciaram a cena, ficaram preocupados com os dois protagonistas, que além de descontrolados estavam falando absurdos. O diretor fez os dois rapazes se sentarem em uma sala e pediu para que eles esperassem ali.

Sam e Dean estavam um pouco atordoados com tudo aquilo. Sabiam que seria impossível fugir dali, com tanta gente em volta, incluindo enormes seguranças. Apesar de terem atacado um ator, estavam sendo bem tratados, e por isso eram gratos. Uma empregada os serviu de suco e sanduíches enquanto esperavam Guy voltar.

Alguns minutos depois Guy voltou com uma moça, que vestia um jaleco branco. – Rapazes, essa é Senhorita Diggle, ela é psicóloga, e vai conversar com vocês. Só para termos certeza de que está tudo bem. Vocês ficaram um pouco nervosos, talvez estejam estressados com o trabalho.

Guy nunca vira Jen e Jay naquele estado de fúria, mas sem dúvida o que o mais havia assustado fora o fato de ambos terem "confundido" Fred com Gale, o duende dentuço. Dizia para si mesmo, e torcia, para que os atores estivessem apenas cansados.

A senhorita Diggle ficou a sós com os dois. – Muito bem - disse ela – Qual de vocês pode me explicar o que aconteceu agora há pouco?

Os irmãos se entreolharam sem saber o que responder. Dean então tomou a palavra.

– Bem, sabe como é… Nós somos atores, e de vez em quando nós damos uns ataques de piti assim mesmo…

Lara Diggle achou aquela resposta um tanto estranha. Olhou para Sam com um ar indagativo.

– E você Jay, também é dado a "ataques de piti", como o seu amigo aqui?

– Claro! Isso é coisa de ator – sorriu amarelo.

A psicóloga anotou alguma coisa em seu caderninho e prosseguiu.

– Certo, e vocês chegaram a pensar que Fred era Gale, o duende de Supernatural?

– Eles são muito parecidos… - ponderou Dean

Sam pigarreou, e começou a falar antes que o irmão pudesse estragar mais as coisas.

– Não, estávamos apenas ensaiando nossos papéis… E saímos um pouco do controle. Mas isso não vai acontecer de novo, prometo.

Ambos deram seus sorrisos mais encantadores para Lara, que finalmente os liberou. Disse para Guy dar-lhes um dia de folga.

– Cliff está vindo buscá-los, vocês vão para casa. Não se esqueçam que amanhã bem cedo voamos para Chicago – anunciou Guy.

Os rapazes ficaram sentadinhos esperando. Começaram a conversar aos sussurros para que ninguém mais os ouvisse.

– Sammy, segura a onda. Não sei por que vão nos levar para Chicago, mas isso é ótimo. Não quero ficar no Canadá.

– Assim que pusermos os pés em solo Americano nós fugimos deles – completou Sam.

Dean concordou com a cabeça.

Acharam dólares e cartões de débito e crédito em suas carteiras, e com isso imaginavam ter o suficiente para a fuga. Depois descobririam um jeito de ganhar a vida com o próprio trabalho.

Apesar da certeza de que encontraria seu irmão no dia seguinte, Sam não estava nem um pouco a fim de se separar dele naquele universo estranho e ir dormir ao lado de "fake Ruby". Então, assim que Cliff chegou para buscá-los, Sam foi logo anunciando que dormiria na casa de Jen aquela noite. Cliff achou estranho, mas não disse nada, afinal a notícia do ataque ao anão já havia se espalhado e aqueles dois estavam visivelmente birutas.

Sam… - cochichou Dean, sem que Cliff pudesse ouvir – E se esse Jen for casado? O que vou dizer para a mulher dele?

– Ele tem cara de gay – respondeu Sam, fazendo cara sacana.

Dean fechou a cara. Aquela não era hora para brincadeiras.

Quando chegaram a casa de Jen foram recebidos por uma moça bela e grávida. Dean lançou um olhar de "está vendo, ele não é gay" para Sam. Danielly, a esposa, pareceu um pouco constrangida com a presença do moreno, e chamou Jen para uma conversa em particular.

– Jen, por que você trouxe ele para dormir aqui? Você sabe que é a nossa última noite antes da sua viagem… Por acaso ele brigou com a Genoveva?

– Brigou! Brigaram feio! Ele não tem para onde ir… – respondeu Dean.

– Poxa, da próxima vez manda ele para a casa do Mishel – reclamou ela.

Dean apenas sorriu e se afastou da mulher, correndo para encontrar Sam novamente. Danielly os deixou conversando em paz por um tempo, mas depois chamou-os para jantar. Dean comia como um esganado, o que deixou a mulher espantada.

– Nossa, Jen, que modos são esses? Parece um morto de fome…

– É… estou com fome – disse de boca cheia.

A moça já ia reclamar novamente quando o telefone tocou. Denielly se levantou para atender. Para seu espanto era Genoveva, que preocupada, queria saber se por acaso alguém sabia do paradeiro do seu marido que não havia chegado em casa ainda.

– Errr… Vocês brigaram, Genoveva? – perguntou Danielly antes de contar que Jay estava ali, bem de saúde, e com a boca cheia de frango.

– Não, claro que não! Está tudo ótimo entre nós! – respondeu a pobre.

Sem saber o que dizer, e bastante zangada, Denielly jogou o telefone nas mãos de Sam. "- converse com sua mulher"- disse.

Sam jogou o telefone em cima de Dean. Afinal ele não tinha nada a ver com aquela história, e a culpa era toda do irmão mais velho. Danielly não pôde acreditar naquela cena. Estava estupefata.

– Dean então falou com Genoveva. "- Oi Genoveva, aqui é o Jen. Não se preocupe, o Jay está aqui em casa. Ele vai dormir aqui hoje"

– Como assim!? - Desesperou-se ela. - Eu quero falar com o meu marido!

– Ele está no banheiro – justificou Dean – Ele está com uma diarreia terrível. O Jay deu uma passadinha aqui em casa para pegar um negócio e depois não conseguiu mais sair do banheiro…

– Vocês deviam ter me avisado – reclamou a moça, do outro lado da linha. Peça para ele me ligar quando estiver melhor.

Genoveva desligou o telefone aborrecida. Danielly, claro, quis saber o que estava acontecendo. Sam explicou que não aguentava mais a vida ao lado de Genoveva, mas não deu maiores explicações.

Danielly reclamou bastante da infantilidade de Jay, mas acabou concordando em continuar com a desculpa esfarrapada até eles voltarem de viagem. A moça até ajudou Dean a convencer Sam a ligar para Genoveva mais tarde e contar sobre a diarreia, e de como, infelizmente, não poderia passar em casa antes da viagem. A moça acabou sendo compreensiva e até se prontificou a entregar a mala de Jay, que já estava pronta, para Cliff, que iria buscá-la no dia seguinte.

Dean dormiu desconfortavelmente ao lado de Danielly. Sam foi para um quarto de hóspedes e pôde ficar mais a vontade. No dia seguinte ambos acordaram mais cedo do que o necessário, e as 6h da manhã já estavam mais do que prontos para a viagem. Cliff os buscou as 6:30h e os levou para o aeroporto.

Quando chegaram lá, os caçadores foram surpreendidos por rostos familiares: Castiel, Garth e Kevin. Dean e Sam não sabiam como se comportar diante deles e nem mesmo sabiam seus nomes verdadeiros. Apenas sorriram cordialmente. Mishel, porém, foi logo puxando conversa.

– Me conta, seus doidos, é verdade que vocês dois bateram no Fred e chamaram ele de Gale!? Por que fizeram isso?

Dean e Sam ficaram sérios, e não responderam. Mishel ficou sem graça com a reação dos dois. Tentou mudar de assunto, mas ambos estavam pouco receptivos. Jay então estava especialmente estranho – estava emburrado e não fazia as palhaçadas costumeiras.

– Não sei que bicho mordeu vocês dois, mas espero que estejam de melhor humor quando chegarmos à Convenção de Chicago - disse Mishel, aborrecido.

Os dois irmão não sabiam que diabos era a Convenção de Chicago, e nem pretendiam descobrir. Combinaram que assim que estivessem no aeroporto iriam sair correndo e se enfiar em um táxi antes que alguém os pudesse alcançar. Nunca mais seriam vistos…