Opostos escrita por Mari


Capítulo 43
03x11. Capítulo Final - Acerto de Contas.


Notas iniciais do capítulo

I G U A I S - Opostos Pt. III



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“ – Ethan, precisamos tirar o punhal bem devagar, está ouvindo? Não é hora de surtar. Qualquer erro em falso pode matá-la.”

“ – Oh meu Deus, Sophie... Eu sinto tanto!”

“ – Ela está febril... Isso é normal?

— Considerando o estado dela, sim.”

“ – Katheryn, me diga que consegue fazer isso?

— Vou precisar de algo para fechar o ferimento.”

“ – A lâmina está inclinada entre a sexta e a sétima costela.

— Isso é bom?

— Não há nenhum fluído saindo do ferimento. A membrana pleural está intacta. Isso é muito bom.”

“ – Eu preciso levantar o punhal e movê-lo levemente para a esquerda para extrair a adaga. Três milímetros para ser exata.

— E se não conseguir?

— A situação ficará pior. Bem pior.”

Eu nunca parei para pensar como seria estar morrendo. No que eu faria naqueles últimos segundos de vida. O que eu diria. Quem eu gostaria de ver antes de fechar os olhos. Provavelmente porque nunca estive tão próxima da morte quanto estou agora. Estou em um campo... As rosas mais vermelhas que já vi estavam nele. O vento dançava entre as folhas das árvores e eu usava um longo vestido branco, de mangas rendadas. Uma coroa de flores destacava meus cabelos negros.

Uma garota pequena, usava as mesmas roupas que eu, alguns quilômetros à frente, uma risada escapa de seus lábios e seus olhos quase se fecham apreciando aquele som peculiar. Sorri quase que de imediato. Ela me encara, os passinhos trôpegos em minha direção. Suas mãos delicadas tocam as minhas e ela me puxa para longe. Me permiti gargalhar diante daquela situação. Então ela desaparece do meu campo de visão e encaro um homem ao longe, sua postura séria parecia tão conhecida que me aproximo e observo seus calcanhares se virarem vagarosamente e seu rosto se levantar. O olhar castanho se encontrando com o meu.

— Pai. – Meus passos se aumentam e meus braços se abrem rapidamente, o abraçando com tanta força que ele mal pôde respirar. – Eu senti tanta a sua falta.

— Eu também... Mas precisa acordar.

— O quê?

Ele me afasta e observa meu rosto por alguns segundos, seus lábios se inclinam, beijando minha testa carinhosamente. Seu olhar é protetor, e eu desejei por alguns segundos, ficar lá mais um pouco, mas aquilo parecia mais uma despedida do que um mero cumprimento.

— Acorde querida.

Sinto minha cabeça arder e todo o meu corpo se contorcer por dentro.

***

Meus olhos estão pesados e quase não sinto meu corpo. O quarto está tão silencioso e percebo há quanto tempo não sinto essa paz interior. Uma confusão se forma em meu cérebro e sinto uma pontada em minha costela, colocando minhas mãos quase que de imediato no local me deparando com o curativo mais bem feito que eu já vi em minha vida. Então eu me lembro de tudo. Uma série de imagens desconexas que rapidamente se juntam fazendo todo o sentido. A velha Sophie sempre atrapalhando tudo. Eu estava tão perto de acabar com a vida daquele miserável e a chance simplesmente escorreu pelo ralo.

Me levanto quase que rapidamente, sentia meus neurônios queimarem e mesmo a dor lancinante parecia não me impedir de levantar. Meus passos eram vagarosos, e aquilo definitivamente me irritava. Observo o grande cômodo e noto que é o quarto de Ethan. A janela estava meio aberta, deixando o local fresco. A escuridão da noite pairava sobre o quarto. Observo um papel em cima de uma grande caixa amadeirada e a alcanço com dificuldade. Era um desenho meu, deitada sobre a cama entre os grossos cobertores de cor bege. Abro a caixa dando de cara com vários outros. Eu sabia que Ethan era um ótimo desenhista, mas me desenhar era novidade.

— Você gostou? – Sua voz rouca tão conhecida me causa arrepios e me viro encarando-o no batente da porta.

— É bem bonito... – Comento com um sorriso fraco no rosto.

— A modelo não deixa a desejar. – Ele diz caminhando até mim e guardando o desenho em seu devido lugar. Seus olhos percorrem todo o meu corpo me fazendo corar. Recebo um longo abraço e sinto meu corpo se amolecer em seus braços. – Eu pensei que te perderia.

— E eu pensei que morreria. – Sussurro próximo ao seu ouvido e ele beija minha cabeça carinhosamente.

— Mas você está aqui. Comigo. – Ethan sorri, as mãos entre meu rosto, me segurando como se eu fosse algo precioso. Quero chorar, mas o ferimento ainda doía e não tinha certeza sobre a força que eu possuía para fazer isso.

— Isso parece mais um sonho do que a realidade. Parece que vou acordar e... – Me dou conta mais uma vez do ocorrido, me esquecendo de um pequeno detalhe. – Andrew! Onde ele está?

Caminho apressada até o batente da porta e Ethan me para. Sua respiração tão perigosamente próxima da minha.

—Não conseguimos pegá-lo.

— O quê?

— Sophie, está tudo bem. Eu vou atrás dele enquanto você simplesmente descansa. – Sua proposta era tentadora, mas eu estava brava. Porque eu poupei a vida dele após pensar alguns instantes que aquilo não valia a pena e ele teve a coragem de quase me matar.

Abro a porta com uma força absurda e caminho quase que marchando até as escadas, descendo rapidamente até os grandes computadores que ainda monitoravam os passos de todos os aliados e capangas de Anthony que estavam espalhados pelo mundo todo em busca de Andrew. Aperto um botão que ligava para todos os celulares e demorou alguns minutos até que todos atendessem o telefonema. Estava tarde então era lógico que estavam dormindo. Vejo Ethan se aproximar de mim, mas ele não ousa se intrometer.

— Andrew foi encontrado, um jatinho será enviado para cada um de vocês e eu os espero amanhã de manhã, preparados para sujar as mãos com um pouco de sangue. – Sorri com desdém antes de desligar o telefonema e encarar Ethan que parecia não demonstrar reação alguma.

— Sophie... Todos ficaram preocupados com você e só agora que está bem decidiram ir descansar. Talvez o melhor seja que faça o mesmo. – Sua voz estava calma e ele se aproxima me guiando até as escadas e andamos tão devagar que demoramos tempo demais até o seu quarto.

Ethan me coloca na cama com cuidado, arrumando o cobertor sobre mim e desligando o abajur do criado mudo. Eu estava sem um pingo de sono. Consigo sentir seu olhar pesado sobre mim e aquilo tirava ainda mais o meu sono. Saber que ele estava ali, tentando inutilmente se acomodar em uma poltrona dura me dava nos nervos. Me viro, podendo tê-lo dentro do meu campo de visão. Seus olhos estavam fechados, mas sua respiração mostrava que ele ainda não havia dormido.

Levanto-me andando até ele quase que contando os passos. Vejo-o abrir os olhos enquanto eu me sentava em seu colo. Minhas mãos vão até seu rosto acariciando desde sua barba rala até os cabelos macios. Eu vi a morte perto demais e cheguei à conclusão do quanto regulei a minha vida, mesmo agora que dito minhas próprias regras. Sempre pensei demais no depois e estava na hora de deixar isso de lado e pensar no agora. Quem morreu foi meu pai e não eu. E foi pensando no que eu queria que não precisei raciocinar por tanto tempo para saber que era Ethan.

— Por quanto tempo fiquei inconsciente? – Pergunto baixinho, próximo ao seu ouvido.

— Doze horas. – Sua resposta sai quase que em gemidos e eu aproximo meus lábios dos seus.

— Acho que já descansei o suficiente. – Sussurro e ele sorri, me puxando para mais perto e me levando até a sua cama.

Seu olhar novamente percorre todo o meu corpo que havia ganhado curvas mais definidas desde a última vez que nos vimos. Me delicio com a visão de seus olhos se tornando um cinza escuro de pura luxúria.

— Não poderia concordar mais com você. – Ethan balbucia antes de atacar minha boca com cuidado.

Nossos lábios se encaixavam perfeitamente de forma que eu jamais conseguirei compreender. Era incrível como conseguia me levar aos céus e ao inferno ao mesmo tempo. Sentia todo o meu corpo se entregar a ele de bandeja. Deus! Como eu sentia falta daqueles lábios, daquele corpo, dele. Gemi ao sentir sua língua em uma dança prazerosa com a minha, aprofundando ainda mais nosso beijo. Levo minhas mãos até o cós de sua camiseta a puxando para longe de seu corpo e o beijando mais uma vez, com firmeza. Suas mãos seguravam meu pescoço carinhosamente, temendo que eu me machucasse.

Viro-me ficando sobre ele, deixando-o se acomodar sobre o travesseiro. Puxo o laço do robe de seda preto e curto, sempre observando o seu olhar apreensivo. Me permiti sorrir fraco ao notar que não teria o trabalho de tirar o sutiã, pois estava sem ele usando por baixo somente uma calcinha como peça de roupa. Retiro-a com cuidado e Ethan sorri petrificado por alguns segundos. Então seu tronco se move, sedento por mais contato e uma de suas mãos moldam minhas costas com firmeza enquanto a outra acaricia meu cabelo, fecho os olhos apreciando aquela sensação. Arfo ao sentir seus lábios no vale entre meus seios e levo seu rosto até mim capturando seus lábios com doçura.

— Você é tão fodidamente linda Sophie Hamswere. – Vocifera entre um beijo e outro e sinto um arrepio na espinha. Seus dedos vão até meus lábios inchados e ele sorri ao notar o quanto meu corpo ainda respondia ao dele. O quanto meu corpo ainda conseguia reconhecer o seu até mesmo dentre a escuridão. – E eu sou tão sortudo.

Ele me posiciona embaixo de seu corpo, e seus lábios mais uma vez relembram quando decoraram cada região do meu corpo. Minhas unhas cravam em suas costas e arqueio ainda mais meu corpo na direção de sua boca. Ouço-o rasgar a única peça de roupa de meu corpo com apenas um movimento, penetrando dois dedos em mim. Urro arqueando minhas costas e encarando seus olhos que demonstravam satisfação em me dar tamanho prazer.

Aperto os olhos agarrando o lençol com força. Ethan para o movimento de vai e vem e retira seus dedos ágeis substituindo pelos seus lábios antes mesmo que eu tivesse tempo de protestar. Sentia meu corpo queimar por dentro com o rastro quente que suas mãos deixavam ao passar pelos meus seios. Meus lábios estavam entreaberto e eu os mordia com força segurando gemidos mais altos cada vez que ele segurava minhas coxas com força tomando meu clitóris todo para si. Meu corpo se contorcia prestes a chegar ao ápice e eu o afasto, para seu completo descontentamento. Dou uma risada ao ver sua expressão confusa e o beijo, sentindo meu gosto em seus lábios.

— Desculpe Ethan, mas só terei meu orgasmo quando isso aqui... – Seguro seu membro, acariciando-o por cima de sua cueca box preta arrancando um gemido baixo dele. – estiver trabalhando no lugar de seus lábios.

Ele sorri maliciosamente, entendendo aquilo como uma ordem e retirando sua cueca apressadamente. A gravidade mais uma vez parecia não estar sobre o cômodo quando ele me penetra sem pressa em uma tortura completamente deliciosa. Meu corpo arqueia quase que mecanicamente, sem pedir nenhuma permissão como se tivesse todo o direito de fazê-lo. Puxo para mim querendo ainda mais contato se é que aquilo ainda era possível. A cada estocada, podia sentir minhas paredes apertarem ainda mais seu membro. Seu rosto enterrado em meu pescoço abafando os gemidos. Beijo toda a extensão de seus ombros finalizando sempre com uma chupada. Ouvir sua respiração descompassada me dava um frio na barriga e eu parecia aquela velha garotinha em sua primeira vez. Sinto o orgasmo vir como um jato e Ethan me coloca sentada em seu colo intensificando ainda mais o prazer. Jogo minha cabeça para trás me deliciando com a sensação de ser preenchida por ele.

Sorrimos maliciosamente um para o outro e ele me beija com selvageria, sua língua em uma dança exótica com a minha. Meu gosto ainda em seus lábios me deixando ainda mais molhada. Continuamos ainda abraçados um ao outro. Seu membro ainda dentro de mim, pulsando. Nossos lábios colados sem fazer nenhum movimento. Nossas respirações descompassadas sendo o único som ouvido no quarto. Sentia meu ferimento arder, mas não me importava. Porque eu estava com ele. E fizemos amor mais uma vez antes de cairmos completamente exaustos no colchão macio de sua cama, nossas risadas preenchendo o cômodo como se estivéssemos acabado de contar uma piada um ao outro.

— Eu senti tanto a sua falta. – Ele sussurra em meu ouvido quando já estávamos deitados de conchinha, sua mão fazendo desenhos imaginários em minha barriga causando pequenas cócegas. Respiro fundo. O cheiro de sexo impregnava o quarto.

— Eu também... Você não sabe o quanto. – Balbucio segurando sua mão com força. – Dessa vez eu quero que prometa... Que jamais irá embora de novo.

— Nunca mais. – Ele deposita um beijo em minha nuca. – E eu prometo se você prometer ser minha.

— O que quer dizer com isso? – Pergunto virando meu rosto para poder encará-lo.

— Que eu quero você como minha namorada Sophie... E somente minha. – Ele sussurra me dando um selinho rápido e eu dou uma risada.

— Sempre. – Murmuro próximo aos seus lábios e sentindo-o me puxar mais para si.

***

Meus olhos ardem em função da claridade no quarto e me espreguiço sem pressa de levantar, um sorriso involuntário aparece em meus lábios ao me lembrar da noite passada. O grande lençol ainda enrolado sobre meu corpo. Quase caio da cama ao ver Ethan em pé, alguns centímetros à frente. Ele segurava um grande papel e grafite, me encarando com um sorriso de lado no rosto.

— O que está fazendo? – Pergunto e ele larga os grafites no chão, se aproximando de mim, usando apenas uma calça jeans surrada escura.

— Desenhando você. – Quebra a distância entre nós me dando um beijo demorado. – Bom dia.

— Ótimo dia. – Sussurro entre um beijo e outro. É possível parar de sorrir em um momento como esse?

— Oh meu Deus. O que houve com você? – O grito de Blair corre pelo quarto e viramos quase que mecanicamente suspirando aliviados por ela não estar no quarto. A voz vinha da sala e Ethan me encara respirando fundo.

— Talvez nem tão ótimo assim. – Ironiza revirando os olhos e eu dou uma risada.

— Acho melhor eu descer... – Digo receosa já ficando de pé quando ele me puxa novamente para a cama.

— Por que não ficamos aqui no quarto até o almoço? – Pergunta baixinho dando chupadas em meu pescoço e eu o afasto. – Qual é... Provavelmente minha mãe só quebrou uma unha. Conhece a Blair!

Mordo o lábio inferior tentada a aceitar até ouvir os gritos surpresos de Anthony no andar de baixo e Ethan suspira derrotado.

— Aposto que seu pai não grita assim só por causa da unha da Blair... – Retruco e ele sai da cama colocando uma camiseta. – Ei. Temos todo o tempo do mundo!

Ele sorri, calçando um sapato enquanto eu me levanto.

— Te espero lá em baixo. – Ethan pisca para mim antes de sair do quarto.

Corro para o banheiro, ligando o chuveiro e tomando um banho rápido, fazendo minha higiene matinal e trocando o curativo do ferimento que já não doía tanto mais. Penteio meus cabelos e faço um coque, colocando um vestido verde militar que Blair tinha deixado no local juntamente com uma meia calça preta e botas marrons e jaqueta jeans. Desço às escadas ao sair do quarto dando de cara com todo mundo na sala de estar. Minha mãe e irmã, Katheryn, Logan, Anthony, Blair, Frederick e alguns seguranças. Entre eles estava alguém ao lado de Ethan muito machucado que não reconheci até que ele levantou a cabeça e me encarou. Adam. Meus olhos se arregalam.

— Querida... Você está bem! – Minha mãe corre até mim junto com Camille me dando um longo abraço. – Ficamos tão preocupadas com você.

— Sophie é corajosa, sra. Hamswere. Eu disse. – Katheryn se aproxima com um sorriso no rosto.

— Obrigada Katheryn, devo a você minha vida! – Digo e seu sorriso se aumenta.

Passo por elas correndo até Adam.

— O que houve com você? – Pergunto com os olhos ainda arregalados. Ele estava sem as unhas, vários cortes nos lábios e todo o corpo coberto de puro sangue.

— Andrew. – A raiva estampada nos olhos de Ethan ao me encarar comprovavam que ele estava com tanto ódio daquele homem quanto eu estava agora. – Eu vou matá-lo.

— Você tinha dito que iria viajar. Você...

— Ele me pegou de surpresa, não consegui ligar para você. Eu sinto muito ter ido embora no dia em que seu pai morreu mas eu sabia que Ethan estava voltando e temi que sentisse raiva de mim ao saber que eu estava tendo contato com ele...

— Oh meu Deus! Nunca mais faça isso seu idiota. – O interrompo lhe dando um abraço com cuidado não me importando com tanto sangue. – Eu prometo que Andrew irá pagar caro pelo que fez.

— E você está certa. – Comenta Anthony com um sorriso maligno no rosto. – Adam nos contou o que ouvia no local em que havia ficado.

— Como conseguiu escapar? – Pergunto baixinho ainda confusa.

— Andrew não é tão inteligente quanto parece. – O sorriso dele é fraco demonstrando o quanto ele estava dolorido.

— Eu esperava de tudo do meu pai, menos que ele estivesse dormindo com Sônia até mesmo quando ela ainda namorava meu irmão. – A notícia de Logan me faz sentar no sofá, espantada.

— Como é?

— Ele me traía Sophie... E agora sabemos que ele tem um ponto fraco. – O sorriso maligno de Katheryn também não era diferente do de Anthony. Sorri também.

— Anthony... Eu quero capturá-la, se não se importa claro. – Digo alto e claro me virando para ele.

— Sinto muito, mas está machucada demais para...

— Sabe que não importa a decisão que irá tomar, eu vou, não é? – Sussurro e ele dá uma risada.

— Você quase nunca me escuta.

— Blair, se importa se minha mãe e Camille ficarem por aqui? Aposto que minha casa seria o primeiro lugar que Andrew visitaria. – Balbucio e Blair assente com a cabeça.

— Claro, sua mãe mesmo já tinha prometido me ajudar com alguns armamentos que recebemos hoje mais cedo.

— Mãe?

— Acredite... Sei mais sobre o assunto do que imagina.

— Ei... Eu vou com você e Ethan, que obviamente vai querer te acompanhar também. – Murmura Frederick e eu assenti abrindo o assoalho da sala de estar e pegando alguns punhais e armas de pequeno porte.

Saímos da mansão quase que automaticamente após Ethan pegar as chaves do carro.

***

Era incrível como Frederick tinha sempre um assunto para importunar ou constranger as pessoas. Tinha perdido a conta de quantas vezes Ethan implorará para que ele fechasse a boca. Então ele comenta algo que realmente me deixará abismada.

— Ei casal do ano... O que acham da Katheryn? Ela é bem bonita não é? – Pergunta ele e eu o encaro com um sorriso malicioso no rosto.

— Por que a pergunta tio? – Ethan arqueia a sobrancelha.

— Não é só vocês que podem se divertir não, tá? Ou acham que eu não notei as marcas de chupada em seus pescoços... Noite quente não é? – Ele dá uma piscadela encarando o sobrinho. – Meus parabéns.

Sua risada estrondosa fez com que eu e Ethan revirássemos os olhos e encarássemos o espelho do retrovisor notando a marca vermelha no canto do pescoço. Minha bochecha queimava e respirei aliviada assim que meu namorado (Ainda tenho que me acostumar com essa palavra) estaciona o carro no colégio e desço apressadamente arrancando mais risadas ainda de Frederick.

— Tudo bem... Alguém deve distrair a diretora. – Ethan sussurra e me encara receoso.

— Vai sonhando nessa hipótese engraçadinho. – Encaro Frederick que mexia freneticamente o celular, então seus olhos se encontram os meus e ele suspira pesadamente.

— Eu sabia que ia sobrar para mim. – Ele coça a nuca preguiçosamente.

— Acha que consegue fazer isso? – Pergunto.

— Sou um psicólogo Sophie. Nunca me subestime. – Ele pisca para mim correndo em direção a sala da diretora enquanto eu e Ethan procuramos nossa antiga sala.

Bato na porta duas vezes chamando a atenção da professora Brianna. Toda a sala fica em completo silêncio, a não ser por Olívia que grita animada pelo meu nome e eu aceno envergonhada. Entro me aproximando da professora e lhe entregando um aviso escrito pela letra torta de Frederick que Sônia estava liberada para sair da sala hoje e ela cai direitinho permitindo que a mesma vá acreditando ser um aviso de seus pais.

— Não. – Ela grita se manifestando com a mochila nas mãos ao notar que era eu e Ethan. – O que te faz pensar que eu saia daqui com você?

— Acredite... Você vai desejar ter vindo por bem. – Pisco para ela que engole em seco saindo da sala.

— Obrigado professora Brianna. – Sussurra Ethan fechando a porta atrás de nós.

Puxo Sônia pelos cabelos até sairmos da escola e entrarmos no carro colocando um lenço para tampar seus olhos. Se ela ainda acha que eu me esqueci que ela ajudou Andrew em praticamente tudo... Está completamente enganada.

***

A voz irritante de Sônia ecoava por toda a mansão. Frederick fez questão de se oferecer para dar uma lição na garota. Vejo Camille sentada no canto da sala. O olhar caído, encarando o nada e me aproximo dela.

— Posso me sentar aí? – Peço baixinho chamando sua atenção e ela abre espaço para eu me sentasse ao seu lado.

— Então nossos pais já se envolveram... Em tudo isso aqui? – Pergunta e eu assenti baixinho temendo que ela estivesse no mínimo, confusa a um ponto que pudesse me atingir de forma bem mais dolorosa que o punhal que Andrew segurava.

— Parece impossível acreditar, eu sei... Mas é verdade. – Respondo observando seus movimentos.

— Quer dizer que eu terei que ser uma mafiosa ou algo relacionado? – Seu olhar se encontra com o meu e não demonstravam nenhum sentimento.

— O quê? Lógico que não Camille. A vida é sua e é um direito seu escolher o que fazer com ela. – Suspiro pesadamente. – Você pode ser o que quiser querida.

— E se eu quiser ser como você? – Sua pergunta é dura, mostrando tamanha convicção do que queria e eu sorri fraco.

— Ninguém está aqui para te impedir. – Pisco para ela que sorri.

— Como é manjar das armas e volantes? Quer dizer, como aprendeu? – Seus olhos agora brilhavam.

— Anthony e Blair são ótimos instrutores. Aposto que não se importariam em treinar você.

— E se mamãe não gostar da ideia?

— Eu posso convencer ela. Faço qualquer coisa por você... Sabe disso. – Lhe dou um murro fraco nos braços arrancando uma risada de seus lábios.

— Sophie... – Me chama assim que me levanto. – Eu amo você. E eu mentia ao dizer que você era a pior irmã do mundo.

Abraço-a apertado e sorrio.

— É isso mesmo Sophie Hamswere? Usar pessoas para me espancarem não é bem do seu feitio? Andrew vai me encontrar sua vadia invejosa. E ele vai acabar com você. – Ouço os gritos de Sônia no quarto escuro do fim do corredor e reviro os olhos.

— Se não se importa, eu vou ali mostrar para ela quem é vadia. – Digo baixinho no ouvido de Camille e ela dá uma gargalhada arrancando a filmadora de seu bolso.

— Irado! Eu posso...

— Não. – Já interrompi-a entrando no quarto e trancando a porta.

Frederick suava, mas o sorriso maligno em seus lábios nunca sumia de seu rosto. Ele se afasta ao notar minha presença e Sônia bufa.

— Covarde demais para mostrar o rosto Sophie? – Sua pergunta ecoa pelo quarto. O local estava realmente muito escuro e somente uma luz forte iluminava o rosto de Sônia. Sinto vontade de atacá-la com um punhal.

Puxo sua cadeira para bem perto de mim. Seus olhos demonstravam medo mesmo que ela inutilmente tentasse esconder aquilo.

— Muito pelo contrário Sônia. Quero que saiba muito bem com quem está lidando...

Sinto o celular em meu bolso vibrar e saio do quarto assentindo para Frederick e dando a deixa para que ele desse início a mais uma série de espancamento. Conseguia ouvir Sônia implorar para que eu a deixasse em paz.

Onde. Ela. Está? – A voz tão conhecida de Andrew me fez sorrir.

— Sabe Andrew... Por um momento eu imaginei que você não tivesse nenhum ponto fraco, mas você entende não é? Amor... Família... Filhos... Tudo isso se torna nossa maior fraqueza. Me ensinou isso, se lembra? Se lembra de quando enfiou um punhal em mim? – Pergunto deixando a raiva tomar conta de mim.

Onde. Ela. Está? Sophie... – Uma pausa. – Por favor. Deixe ela em paz.

— Você não me deu ao menos a chance de pedir isso a você... Acho que eu também não deveria.

Não. Sophie...

— Mas, como sou muito legal, te dou essa chance. Essa noite no restaurante mais caro da cidade. Espero um ótimo argumento por ter matado o meu pai... De qualquer forma, não se preocupe. Prometi que você seria o próximo e eu cumpro minhas promessas. Até a noite Andrew.

Desligo o celular dando de cara com Anthony.

— Qual é o seu problema? Quer mesmo ficar sozinha com esse cara? Você não vai mesmo? – Ele grita com a ajuda de Ethan que praticamente me assassinava com os olhos.

— Quem disse que eu vou estar sozinha? – Pergunto e eles me encaram confusos.

— Aonde quer chegar? – Minha mãe se aproxima e eu sorri.

— Andrew não perde por esperar.

***

Meus passos são lentos ao descer do carro, e antes mesmo que eu entrasse no restaurante, sabia muito bem que os capangas de Andrew estavam posicionados nos térreos de prédios próximos esperando somente seu consentimento para atirar. Vejo o recepcionista desligar o detector de metais sutilmente e disfarçadamente enquanto eu passo por ele, lhe dando uma piscadela. Usava um cabelo liso, um pouco bagunçado, dando um ar natural. Uma maquiagem pesada cobria meu rosto. Observo a silhueta de Andrew ao longe e me sento a sua frente com um sorriso educado no rosto.

— Já melhorou? Deveria ter deixado o ferimento mais profundo... – Ele sussurra rindo descrente.

— Tomaria cuidado com as palavras antes de falar comigo. – Pisco para ele fazendo-o resmungar.

— Boa noite, o que gostariam para jantar? – Pergunta um garçom após se aproximar.

— Que tal começarmos com um vinho? O melhor da casa, por favor. – Sussurro e o garçom assente saindo dali.

— Diz logo o que quer Sophie. – Ele bufa assim que o homem se afasta.

— Sinto muito Andrew, mas eu não estou nenhum pouco com pressa. Fico feliz em estarmos assim... Cara a cara. – Sorri.

— Olha aqui sua pentelha. Anthony também não é um santo na história. Ele já tentou destruir minha máfia, várias vezes. Deveria ver seus conceitos antes de escolher o lado de quem quer ficar.

— É assim que funcionam as coisas querido. Mas acredito que levou isso a sério demais e...

— Meu irmão é um filho da puta sortudo que sempre teve tudo do bom e do melhor servido de bandeja para ele enquanto meu pai me tratava como um bastardo idiota. Passei toda minha vida assistindo o progresso desse homem que tanto admira e tive a honra de matar o nosso pai para roubar seu império. Mas é lógico que Anthony foi mais rápido e se quiser motivo maior para querer destruí-lo que não seja esse e o fato de roubar tudo o que eu tenho, posso ter muito mais argumentos do que imagina. – Meus olhos se arregalam. Anthony e Andrew... Irmãos? Aquilo só podia ser brincadeira.

— Está mentindo. Anthony teria me contado. – Mantenho a postura séria e ele sorri descrente.

— Como ele pode te dizer algo que nem mesmo sabe?

— Você foi ridículo Andrew. Completamente ridículo. Acha que Anthony te ignoraria? Viraria as costas para você? Poderia muito bem estar lá, na mansão. – Penso alguns segundos, mordendo o lábio inferior. – Ainda pode, na verdade. Vamos Andrew, você só precisa pedir perdão.

Um sorriso aparece no rosto dele.

— Eu não me arrependo de nada do que eu fiz Sophie. Faria tudo de novo com o maior prazer. — Sua voz me encheu de raiva e mais uma vez tentei ser sensata com aquele homem. Então ele pega em seu celular e disca alguns números. – Cooper, avise aos capangas que eles já podem agir. – Havia uma risada maligna em sua voz e eu cruzei os braços o encarando. Minhas sobrancelhas arqueadas. – Cooper?

— Dessa vez não querido. – Sussurrei tomando o celular dele e desligando, jogando sobre a mesa.

Então ele se levanta, segurando a faca de cozinha e fica ainda mais com raiva ao notar que aquilo não me deixava com nenhum pouco de medo. Ergo uma de minhas mãos e todos do restaurante se levantam, já segurando suas devidas armas e apontando para Andrew. Seu olhar percorre o rosto de cada um ali. Todos os aliados e capangas de Anthony e alguns capangas do próprio Andrew que pularam para o nosso lado estavam ali. Os dedos posicionados prontos para atirar assim que eu desse o aval. Anthony aparece entre a multidão com um sorriso no rosto, acompanhado de Blair.

— Meu pai era cheio de segredos, mas o que eu menos esperava era a de possuir um meio-irmão. – Andrew deixa o punhal cair e Ethan caminha até mim segurando minhas mãos com força. – Sophie está certa. Estava procurando por uma família quando ela estava bem embaixo do seu nariz. Mas agora é tarde demais Andrew. Se não se arrependia por tudo que fez, vai se arrepender agora.

Saímos do restaurante dando uma bela quantia para o silêncio do dono e um carro blindado aparece somente para Andrew ser levado. Ethan se afasta ao notar a presença de alguém e eu me viro dando de cara com Seymour. Ele havia ajudado muito no plano não permitindo a passagem de nenhuma pessoa naquela rua e eu me aproximo dele sabendo que lhe devia uma bela explicação.

— Travis, eu...

— Não diz nada.

— Eu preciso. – Seu olhar é escuro e me analisava com cuidado como sempre fazia. – Sinto muito.

— Simplesmente aconteceu? – Dou de ombros e ele sorri. – Está tudo bem.

— Está? – Achava impossível ficar mais espantada essa noite.

— Eu gosto de você... Muito. - Seu sorriso era encantador. – Mas nem sempre as coisas são como a gente quer e eu não posso te forçar. Seria injusto comigo e com você.

— Ei. – Grito ele quando já estava se virando para entrar em seu carro. – Seja feliz Travis Seymour.

— Adeus Sophie Hamswere. – Sorri.

Camille

Eu já estava cansada de ficar ali na sala de estar sem nada de interessante para fazer. Minha mãe havia ficado encarregada de olhar Sônia e havia horas que eu tentava procurar algo interessante para fazer. Decido fazer um lanche e caminho até a cozinha, montando um sanduíche natural com facilidade. Estava preocupada com Sophie e todos que haviam saído e nada como um lanche para me fazer esquecer um pouco todo esse meu pessimismo.

— Seria muita folga pedir que fizesse um para mim? – Viro-me assustada dando de cara com Adam. Era impressionante como ele conseguia ser lindo mesmo estando machucado. Suspiro dando uma risada.

— Sem problemas. – Sussurro me virando para o balcão e fazendo um segundo sanduíche natural.

— Você é irmã da Sophie certo? – Pergunta ele se apoiando no balcão. Katheryn definitivamente era muito boa com ferimentos, afinal Adam estava bem pior quando chegou aqui e agora estava quase intacto a não ser por um corte.

— Certo. – Confirmei terminando de fazer o sanduíche e o colocando em um prato. Caminho até ele colocando o prato em sua frente.

— Cunhada do Ethan. – Completa fazendo aspas e pegando o sanduíche. Dou uma risada.

— Meu Deus! Como eu era imatura...

— Espontânea. – Minha risada se prende na garganta e eu o encaro sentindo minhas bochechas arderem. – E linda.

— Eu acho melhor eu ir comer no andar de cima. – Sussurro pegando o prato e o copo de suco que havia colocado para mim indo em direção às escadas quando ouço Adam me gritar novamente.

— Ainda gosta de corridas? – Questiona e eu arqueio a sobrancelha me lembrando daquele dia.

Sophie era tão rápida e a multidão ia à loucura. Se Suzanna pudesse me ver aquela hora. Aceno desesperadamente para o público que nos assistia.

— Uhuuuuul... Isso é muito legal. – Meu grito faz ela revirar os olhos, mas acabar dando uma gargalhada. Talvez não fosse tão chato assim sair com ela.

— Claro... Mas eu não me dou bem no volante. – Suspiro com um sorriso angustiado. Seria legal conhecer Adam melhor.

— Talvez eu possa te ensinar se você não se importar, quer dizer, isso foi muito...

— Fofo. – Completo-o e ele dá uma risada fraca. – Eu adoraria. Amanhã?

— Amanhã. – Ele sorri. Poderia ver esse sorriso em seu rosto o resto da minha vida.

— Boa noite Adam. – Sussurro antes de subir às escadas e correr em desespero para o quarto de hóspedes. E as quatro grandes paredes do cômodo me assistiram dar risadas animadas e frenéticas quase toda a noite. Era a primeira vez que sentia aquele frio na barriga que tanto falam.

Andrew

Estou sentada em uma cadeira, meus pulsos amarrados com força. A visão de Sônia tão acabada daquele jeito me destruía por dentro. Vejo Anthony e Frederick entrarem no quarto, trancando a porta. Não conseguia acreditar na possibilidade de poder odiar ainda mais aquela família. Frederick segura um punhal com força e joga sem dó nenhuma na coxa de Sônia que grita freneticamente, lágrimas saiam de seu rosto e eu via a esperança de eu pudesse salvá-la esvaziar de seu corpo. Ela não estava mais na defensiva.

— Deixem ela ir, por favor. – Grito tentando me soltar das cordas.

— Sinto muito Andrew, mas isso não depende de você. – Murmura alto.

— Acham mesmo que estão vencendo não é? Nosso pai não é o único que tem filho bastardo Anthony, ou não se lembra da querida Chloe? Conte para seu cunhado da sua traição. – Sorri vitorioso ao ver Frederick se virar para Anthony.

— Foi na época em que Blair e eu estávamos dando um tempo. Cala a droga da sua boca!

— Como assim seu pai não é o único que tem filho bastardo? Do que ele está falando? – Anthony me encara com certa curiosidade e meu sorriso se aumenta.

— Estou falando que Ethan não é o único herdeiro da máfia Gavin Brian.

— Seu filho da...

— Anthony. – Ele já ia partir para cima de mim quando Frederick o segura. – Não consegue ver que ele está mentindo?

O olhar do meu querido irmão comprovava que ele sabia que eu não estava de brincadeira. Dou um pulo da cadeira ao ver que Frederick jogara outro punhal na coxa de Sônia que agora tremia de dor.

— Se eu fosse você eu calava a boca. – A voz dos dois me causava puro nojo. Abaixo a cabeça encarando o chão.

Então ouço o barulho da arma sendo destravada e encaro Anthony.

— Isso é por mim, por Blair... Frederick, Sophie, Ethan...

— Heather. – Vejo Logan aparecer saindo da escuridão segurando uma arma com muito mais ódio que o próprio Anthony. Ele descobrira. Um sorriso fraco sai dos meus lábios e eu ouço o barulho do tiro.

E não sinto mais nada.

Sophie

O barulho do tiro vindo do lado de dentro da mansão fez um arrepio percorrer minha espinha e Ethan me puxa para mais perto, beijando minha testa protetoramente. Ouvimos o segundo tiro comprovando que Sônia também havia morrido e sinto meus olhos ficarem marejados.

— Acabou. – Seu sussurro me causou um leve arrepio. Um grande peso havia saído das minhas costas e eu continuo observando a lua cheia iluminando o jardim colorido de Blair.

— Pelo meu pai. – Suspirei pesadamente me lembrando de todos os momentos que passamos juntos. Me viro para Ethan com um sorriso no rosto. – Por nós.

Seus lábios capturam os meus como dois imãs e aprofundo nosso beijo rapidamente. Parecia que jamais me cansaria de beijá-lo, de tê-lo ao meu lado. Abraço-o apertado sentindo seu cheio amadeirado.

— E agora? – Sua pergunta me pegara de surpresa e abro os olhos o encarando.

— Só o tempo dirá. Apesar de eu já ter uma ideia... – Demos uma risada quase que em sincronia e nos levantamos da grama entrando para dentro da mansão e indo em direção ao quarto de Ethan. Sorriamos um para o outro o tempo todo e não precisávamos de nenhum motivo para isso.

Ele estava ali comigo. A velha e a nova Sophie também estavam... Porque não havia motivos para eu generalizar dessa forma. Verdade seja dita... Eu era as duas. E eu sabia que onde quer que meu pai estivesse... Estaria orgulhoso de mim.

Jolene

Abro as grandes portas do bar me sentando em um banco qualquer. Havia um bom tempo que eu tentava ir para Nashville, mas essa cidade havia me prendido por completo ou... Talvez eu ainda tivesse esperança que Ethan voltasse. Mas ele sequer me ligara.

— Senhorita? – Jack, dono do bar sorri ao chamar minha atenção.

— Uma bebida, por favor. A mais forte. – Suspiro pesadamente então vejo um homem tão acabado quanto eu sentado ao meu lado. – Dia difícil.

— Ninguém precisa ser treinado como eu para notar isso, eu imagino. – Ele sorri fraco. Provavelmente um dos sorrisos mais lindos que já vi. Jack coloca a garrafa no balcão para mim e eu dou um longo gole.

— Talvez porque estamos na mesma. – Ergo a taça dando mais um gole e ele finalmente me encara.

— Você é nova por aqui não é?

— Jolene Aeryn. – Me apresentei e ele morde o lábio inferior observando meu corpo atentamente.

— Travis Seymour.

— Você estava na mansão de Anthony aquela vez não é? – Pergunto ao ter uma vaga lembrança de tê-lo visto em algum lugar.

— E você é a ex de Ethan... Presumo que o motivo de estarmos uma droga seja o mesmo!

Sorri maliciosamente.

— Se o seu motivo for falta de sexo. – Falo na maior cara dura lhe arrancando uma risada.

— Talvez eu possa te ajudar com isso. – Retruca ele me encarando maliciosamente e eu deixo alguns dólares no balcão de Jack, saindo dali vagarosamente e sabendo que Travis estava logo atrás de mim.

Sophie

— Então eu simplesmente ignorei o colégio e só agora me dei conta de que sinto falta daqui. E esse é o último ano. Se eu precisar repetir de série depois de tudo que aconteceu, eu entendo. De verdade. Não que eu gostasse de ter o histórico sujo com isso, mas eu mereço. – Suspirei e encarei a diretora em minha frente. Seus olhos atentos em mim e os dedos batendo em sincronia na mesa amadeirada.

— Seria realmente horrível ter o histórico sujo só pelo tempo que ficou longe... Por sorte, você nunca faltou de aula e olha que estuda aqui desde que era uma criança. Talvez eu possa facilitar para você. Ainda é amiga de Olívia? – Assenti apressadamente vendo a luz no fim do túnel. – Peça a ela uma ajudinha e em duas semanas quero você aqui fazendo todas as provas da qual não fez e quem sabe não tira uma nota boa o suficiente para passar de ano.

— Não sei nem como agradecer... De verdade diretora, eu...

— Se arriscou. A vida é feita de riscos Sophie. E você foi muito corajosa. Acho mesmo que mereça uma segunda chance. – Sorri me levantando e lhe dando um abraço apertado.

— Obrigada... De verdade.

Me afastei dela saindo da sala e correndo até Olívia e Pietro.

— Então? – Perguntam animados.

— Daqui duas semanas virei fazer as provas e levarei alguns trabalhos para fazer em casa. E vai dar tudo certo.

Ambos pulam animados em meus braços e então sinto alguém me agarrar por trás.

— Está tudo pronto? Frederick e Katheryn não param de gritar dizendo o quanto estava demorando. – Murmura Ethan próximo ao meu ouvido.

— Esses dois agora que estão juntos, não tem jeito mesmo. – Suspirei. – Vocês vêm?

— Claro... Eu realmente estava precisando de um banho longo naquela piscina... Ai. – Olívia recebe um cutucão de Pietro.

— Ela está nos convidando para ir lá, não passar à tarde na piscina! – Pietro a adverte e ela mostra a língua para ele.

— Não acho que Blair vai se importar em ter convidados se divertindo na piscina. – Ethan murmura e eles pulam animados. Pietro mais ainda o que nos faz dar uma gargalhada.

— Será que dá para andar logo? – Frederick e Katheryn dizem quase que ao mesmo tempo e eu reviro os olhos puxando Ethan e meus amigos para o carro.

— Já estou até vendo você estudar feito uma louca. – Ethan resmunga quando entramos no automóvel e Frederick aumenta o som cantando ao lado de sua amada, pisando fundo no acelerador.

— Prometo fazer uma rotina organizada onde eu tenha tempo para você. – Sussurro puxando seu rosto para perto e dando um beijo rápido em seus lábios. Acomodo meu rosto nos ombros de Ethan e ele me puxa mais ainda enquanto eu observo meus amigos se divertirem ao som da música Wannabe.

Posso ter mudado um pouco ao longo do tempo. Uma mudança nem sempre é tão ruim quanto parece... Mas eu nunca deixaria de amar aquela bagunça rotineira.


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