Opostos escrita por Mari


Capítulo 33
03x1. Feridas Reabertas.


Notas iniciais do capítulo

I G U A I S - Opostos Pt. III



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/502046/chapter/33

 

Eu tentava inutilmente lidar com sua presença. A visão dele ali, na minha frente, era algo que eu esperei por meses. Era uma expectativa que jamais superaria a minha realidade.

Me sentia em um sonho, prestes a acordar e cair na realidade de que ele não estava ali. De que ele nunca esteve. Respiro fundo, seus olhos encarando a garota que trocou vestidos floridos por calças escuras e botas. Encarando a garota que há um ano ele deixou para trás.

— Sophie... – O meu nome saindo de sua boca de forma calorosa me fizeram cair na realidade: Ele estava aqui.

Do meu lado.

Me encarando com intensidade como antigamente. Minha imaginação me deixava ainda mais confusa sobre o que pensar com a presença dele. Nela eu jogava todos os tipos de punhais que eu conheço e perguntava um milhão de vezes o porquê ele não ter voltado.

Minhas mãos em uma eterna dúvida entre fechá-las em punhos implorando para eu socá-lo até não ter mais forças, ou abraçá-lo, sentir a sua pele quente contra a minha. Tantas perguntas e acusações se prendiam no nó que se formava em minha garganta e eu sentia vontade de correr para bem longe dali.

Então ele me puxou para mais perto dele, como se aquilo fosse possível, em um abraço que meu corpo tanto implorava. E eu não conseguia me mover. Não conseguia pronunciar sequer uma palavra. Eu estava estática, vendo todos os atos que eu esperava ter ao vê-lo em minha frente indo para o ralo. Suas mãos quentes sobre minhas costas agora tão frias. Me afasto de imediato voltando a realidade.

— O que diabos você está fazendo aqui? – Pergunto baixinho.

— Fico muito feliz em ver você também... – Ironiza sorrindo.

— Você não pode. – Digo séria.

— Ficar feliz em ver você?

— Simplesmente aparecer do nada Ethan. Entrar por aquela porta e me abraçar como se tudo isso fosse algo normal.

— Sophie, não acho que seja legal falarmos sobre isso agora... – Murmura encarando Travis logo atrás de nós.

— Então quando? Quando quer falar sobre isso Ethan? Daqui mais um ano? Afinal há uma pedra no lugar do meu coração... Não sou o tipo de pessoa que tem sentimentos não é?

— Acha que também não senti muito por ter ido embora?

— O fato de estar aqui, pedindo para eu acreditar que você sentiu tanto a minha falta quanto eu senti a sua é impagável. – Digo sorrindo descrente.

Seus olhos que até então ferviam de raiva, espantado pela minha atitude, agora demonstravam dor. Seus lábios entreabertos procurando alguma desculpa para me dar e eu bufo, virando as costas quando sinto-o me segurar.

— Sophie, por favor...

— Não. – Me desvencilho de seus braços. – Não se aproxima. Isso só vai piorar as coisas e se não tem nenhuma desculpa descente simplesmente vá embora. Vire as costas e saia por onde entrou, sem dizer uma palavra. Só saia daqui. – Fecho os olhos respirando fundo.

— Não escutou ela? – Diz Travis se aproximando mais de nós dois. Os olhos de Ethan agora o fuzilavam.

— E quem você pensa que é para falar alguma coisa?

— O único que continuou aqui, se preocupando comigo e tentando ocupar um lugar que até há um ano era todo seu. – Sussurro friamente e Travis arregala os olhos. Eu sabia que ele mantinha sentimentos por mim há um tempo, algo que nem mesmo seus olhos não poderiam negar, mas ele mal imaginava a certeza que eu tinha disso. Ethan me encara, os ombros encolhidos praticamente rendidos àquelas palavras.

— Sophie, eu...

— Sente muito? Eu também sinto... Mais do que pode imaginar. Agora vai embora.

Ele assentiu e então foi embora. E meu coração foi partido por ele pela segunda vez. Pego as chaves do carro em cima do balcão e saio dali sem nem ao menos olhar para a cara de Travis, que ainda estava paralisado engolindo as palavras que eu havia dito há pouco tempo. Entro no carro e tranco as portas antes de me afundar no banco de couro e chorar. Chorar quase que um oceano inteiro acompanhados de soluços estridentes. Chorei de saudades. Saudades dele. Saudades de mim. Saudades de nós. Senti todas as minhas feridas serem abertas fortemente para qualquer que passasse por aquele estacionamento pudesse ver. Ouço o barulho de alguém batendo na janela do carro e engulo o choro, abrindo a mesma ao ver que era Seymour. Ele sorriu tristemente como se dissesse o quanto sentia muito pelo ocorrido. Uma de suas mãos enxugam lágrimas que insistiam em cair. Dou uma risada descrente.

— Nossa... Eu estou uma droga. – Murmuro e ele sorri, os braços ainda apoiados na porta do carro me encarando carinhosamente.

— Você só está chorando. Isso não é um defeito ou uma fraqueza Sophie. Só mostra que tem sentimentos. Só mostra que é humana. – Abro a porta do carro pulando para os seus braços respirando fundo.

Jolene

Eu estava sentada na cama. Meus olhos ainda encarando a porta por onde Ethan saiu. Meu consciente gritando o quanto eu sou uma boba idiota por ainda tentar fazê-lo se apaixonar por mim. Por pensar que havia possibilidade daquilo acontecer. Levanto ao vê-lo entrando.

— Você foi atrás dela... – Sussurro ao ver a dor em seu olhar. – E deixe-me adivinhar... Não foi tão agradável quanto ter me deixado plantada aqui depois de ter me usado para esquecê-la.

Então ele me encara sério.

— O que te faz pensar que eu estava dormindo com você para esquecê-la? O que te faz pensar que eu queira esquecê-la? Jolene, eu só dormi com você... Como todas as noites anteriores.

— Essa noite você me deixou Ethan. – Grito. – Para ir atrás dela. Droga eu estou do seu lado. Por mais que só façamos sexo sem nenhum compromisso, eu estou aqui. Não me trate como se eu não sentisse nada.

— Jolene, crise de ciúmes agora não.

— Eu só não consigo acreditar que...

— Então vai embora. – Ele se altera arrancando sua camiseta e se sentando na cama ao meu lado respirando fundo. – O que eu tive com a Sophie foi sério. E se você realmente está do meu lado, poderia simplesmente ter senso e me entender. Eu deixei ela aqui porque ameaçaram machucá-la Jolene. Não terminamos ou coisa parecida porque eu disse que voltaria. E não voltei. Por um ano. Porque as ameaças de Andrew continuavam.

— Não precisa me contar isso. – Sussurro me aproximando dele.

— Andrew matou o pai dela. Sabe a culpa que eu estou sentindo nesse exato momento? Porque eu não estava do lado dela. Eu estava do seu lado. Enquanto ele morreu nos braços dela.

— Desculpe, eu...

— Não, tudo bem... Eu só estou cansado e com vontade de ficar sozinho. – Murmura, acaricio seu rosto, mas ele se afasta deitando-se ao lado oposto da cama e eu me sinto uma idiota. Ele precisava de um tempo para pensar. Levanto-me colocando uma roupa e saindo do quarto pensando seriamente nessa possibilidade de ir embora. Aquela era como uma guerra. Todo um exército contra mim. Sophie era todo o exército e aquela guerra... Parecia desnecessária porque já estava ganha. E eu me sentia um lixo. De todas as maneiras possíveis.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Opostos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.