Opostos escrita por Mari


Capítulo 32
02x6. Reencontros e Respostas.


Notas iniciais do capítulo

D I S T A N T E S - Opostos pt. II



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Eu estava deitada em minha cama agarrada ao meu próprio corpo há dois dias, me levantando apenas para beber água e tomar um belo banho quente. Eu via através dos enormes vidros toda a cidade. A conversa alta das pessoas se misturando em todo o bairro, os carros se movimentando em desespero e os motoristas sempre tentando chegar no emprego a tempo. E mesmo com todas as provas que recebi de que o tempo não havia parado, somente eu, continuei ali. Esperando algo melhor do que aquilo para me fazer levantar da cama. As aulas havia começado ontem, mas nada conseguia me animar. Eu me sentia um pequeno peixe perdido no meio do oceano. Um castelo de cartas próximo de um tornado. Então ouço alguém entrando no apartamento, pego de imediato a pistola mais próxima de mim, com o gatilho já destravado e dou um pulo da cama ao ver Blair subindo às escadas sem nenhuma preocupação.

— Blair... Você quase me matou de susto. – Grito colocando a pistola no criado mudo.

— Pelo menos você conseguiu sair da cama. Parte do meu objetivo já está completo... – Murmura e eu me sento, sentindo-me uma completa derrota. – Eu sei que ele é seu pai e que perder alguém importante é horrível... Mas quem morreu foi ele, não você. Por Deus Sophie, você está um caco.

Coço os olhos bocejando e a encaro descrente.

— Tudo bem, eu vou me arrumar e encontro você e Anthony mais tarde. – Sussurro caminhando em direção ao banheiro quando ela me para.

— Não, você vai se arrumar e ir até a mansão... Não tem nada de mais tarde. Quero você lá em meia hora. – Encaro-a áspera e ela simplesmente dá de ombros saindo dali.

Corro para o banheiro tomando o banho mais rápido do mundo e arrumando o meu cabelo da melhor maneira que podia, colocando uma meia calça preta, saia e blusa preta, dando a impressão de ser um vestido, com uma jaqueta estilo militar de cor verde musgo; calço uma bota de cano alto marrom escuro e escondo dois punhais nos mesmo. Corro em direção ao carro, indo à alta velocidade até a mansão de Anthony. Blair me esperava na entrada da casa, segurando um cronômetro e eu reviro os olhos.

— Demorou um minuto. – Diz parando o cronômetro. Então, Anthony se aproxima e eu me lembro, quase de imediato da frase de meu pai.

“Eu sinto muito Sophie. Por tudo. Eu fui tão idiota, eu já fui como Anthony, eu já desejei experimentar esse novo mundo desconhecido. Você é minha filha, era lógico que seria parecida comigo nesse quesito. Eu sinto tanto.”

— Anthony... – Chamo sua atenção e ele me encara sério. – Meu pai, antes de morrer, enquanto procurávamos a Camille, me disse algo sobre já ter sido como você... – Seu olhar demonstrava espanto, mas ainda assim continuou sério me observando. – Algo me diz que sabe o que isso significa.

Um sorriso de lado aparece em seu rosto, mostrando sua covinhas.

— E algo me diz que está na hora da sua última lição. – Murmura caminhando para dentro e eu o sigo.

Ele e Blair sobem as escadas entrando em um salão completamente vazio. Eu já havia entrado ali, mas a diferença agora era a enorme banheira cheia de água e muito, muito gelo. Engulo em seco. Blair me convida a sentar em uma cadeira de madeira e assim que eu a obedeço ela amarra minhas mãos com força. Empurrando a cadeira em direção a Anthony. Ele puxa o pés da cadeira pondo meu rosto tão próximo da água.

— O que você...?

— É uma forma de te ajudá-la a lembrar, Sophie... Já testei isso em outras pessoas e, algumas vezes, funciona. – Responde a pergunta que se formava em meus pensamentos.

— O quê?

— Está na hora de se lembrar do tio Thony.

Eu mal tive tempo de falar. Meu rosto na água e eu sentia o ar diminuir aos poucos dos meus pulmões. Me debatendo quando ele me tira da água por alguns segundos. Ofego.

— Me solta. – Grito.

— Não pense no oxigênio diminuindo. Não pense no seu instinto de sobrevivência. Pelo contrário, use seu instinto para procurar no fundo de sua consciência qualquer lembrança que quiser. – Então meu rosto está novamente na água.

Aperto os olhos tentando não pensar em nada a minha volta.

Ethan. Ethan. Ethan. O seu nome tão cravado em meu consciente. Seus olhos cinzas tão idênticos. Suas velhas covinhas exibidas ao sorrir. Seus cabelos negros não haviam mudado nem por um segundo. Não era um sonho. Nunca havia sido um sonho. Era tão real quanto qualquer outra coisa que eu já tinha vivenciado. Era por isso que eu me sentia tão protegida. Era por isso que cada olhar, cada abraço, era tão confortante. Ele não era só um garoto por quem eu era apaixonada como já tinha sido o menino em que eu podia confiar, chamar de melhor amigo. E ele havia ido embora. Por um motivo tão desconhecido mas que acabara comigo até eu conhecer Olívia, até chegar ao ponto de ele se tornar um mero desconhecido. Até seu nome simplesmente desaparecer da minha memória. Até eu crescer.

“Eu tinha cinco anos e estava sentada, bem ao lado de meu pai... Prestando atenção em tudo que ele fazia. A forma como acelerava, segurava o volante e encarava a pista de corridas. E já estávamos na chegada.

— Vai pai. – Incentivo-o em gritos animados. Então ele passa a linha de chegada e eu grito animada descendo do carro e correndo em desespero até o colo de minha mãe. Meu tio sorria animado.

— Você viu tio Thony? O papai ganhou! O papai ganhou! – Cantarolei animada.

— Isso porque eu não estava correndo. – Sussurra baixinho e eu dou um tapa em seu ombro me sentindo magoada.

— Não foi não, ele é bom... Mamãe, quando eu vou poder correr? – Faço um beicinho e ela encara meu pai, que me pega no colo.

— Quando estiver bem grandinha. – Murmura sorrindo de lado e eu desço correndo em direção a Ethan.

— Ei, você ouviu o que o meu pai disse? Quando eu crescer vou poder correr. – Me animo e ele me encara séria.

— Não vai não. – Diz sério e eu fecho a cara.

— Você não manda em mim e eu vou correr sim. – Faço cara feia cruzando os braços.

— Isso é coisa para meninos, você iria se machucar. – Aconselhou e eu saio de lá pisando duro.

— Seu machista, bruto. – Grito brava correndo.

— Vai mesmo ficar brava comigo? – Pergunta e eu assenti rindo e correndo, vendo-o correr atrás de mim. – Tudo bem então quero ver quando eu te alcançar feia.”

Anthony me tira da banheira gelada, desamarrando minhas mãos resmungando enquanto ouvia os resmungos de reprovação de Blair.

— Ela podia ter se afogado seu idiota. – Grita ela e eu me levanto, tossindo

— Eu tinha cinco anos e vocês estavam nas corridas ilegais...

— Eu e seu pai fundamos aquele lugar, na verdade. O quanto consegue se lembrar? – Pergunta confuso temendo explicar mais do que deveria.

— Ethan. Ele era meu melhor amigo. Meu Deus eu me lembro dele, como pude me esquecer dos eu nome? Como pude não parar para pensar em tamanha semelhança? – Sentia como se tivesse amnésia e toda minha vida não passasse de uma novidade para mim.

— Meu pai havia morrido Sophie, e deixado todo um reinado para mim. Então tive que ir embora... Tentamos deixar Ethan o mais longe da máfia possível, mas já estava no sangue. Ele começou com furtos até um dia matar uma pessoa. Para não fazê-lo ser preso, assumimos a culpa e deixamos Benjamim encarregado da máfia por um tempinho. Eu e seu pai éramos melhores amigos. E tínhamos a mesma paixão por carros e corridas então nos mudamos para cá. Criamos as corridas ilegais aqui e morávamos juntos em uma mansão próxima do local.

“– Espere. Eu sei para onde Santiago a levou Sophie. Eu sei para onde Santiago levou Camille. – Murmura ele e eu sigo suas instruções, correndo em desespero pelas ruas da cidade.

Era uma enorme mansão, há alguns metros do local onde eram as corridas ilegais. Desço do carro já com o gatilho destravado, prestando atenção em qualquer barulho que ouvisse, temendo que algo ruim acontecesse.”

— E o que aconteceu? – Pergunto curiosa.

— Aconteceu que sua mãe apareceu e nós dois sentimos certa atração por ela. – Arregalo os olhos tentando ingerir aquela informação. – E fizemos uma aposta sobre quem conseguiria conquistá-la. Ela se apaixonou pelo seu pai e eu sou por ser o pior amigo do mundo, comentei sobre a aposta com ele sabendo que sua mãe ouvia tudo... Mas percebi que seu pai também estava gostando dela e me senti um idiota. Eles se reconciliaram e voltamos a ser amigos. Um dia Andrew apareceu com sua namorada. Blair. Me esqueci da sua mãe completamente assim que coloquei os olhos nela.

— É por isso que Andrew odeia tanto você... – Murmuro e Blair se aproxima.

— Andrew é o pior homem do mundo Sophie. E eu continuava com ele porque achava que um dia ele mudaria por mim. Até que eu vi Anthony e ele me tratava de uma forma que Andrew jamais fez. Ele me protegia. E eu me apaixonei por ele. Andrew sempre quer que tudo saia do jeito que gosta. Por isso passou a nos odiar porque não aceitou o fato de termos nos separado.Então ele descobriu sobre minha gravidez e ateou fogo na mansão que Anthony e Christopher moravam. Sorte estarmos nas corridas. Então cada um foi para um canto, mas sempre nos encontrávamos. Dois anos após Ethan ter nascido, Maria ficou grávida de você. Cresceram juntos, eram muito amigos então eu sabia que se lembrava dele só não conseguia ligar uma coisa com a outra.

Assenti mostrando entender tudo.

— E se afastaram por que teve que ir cuidar da máfia? – Pergunto e ele assentiu.

— Maria também não queria que se infiltrasse nesse mundo então seu pai fez cursos de teologia e pelas corridas serem ilegais e ninguém nunca saber quem comandava, seu pai conseguiu facilmente iniciar como auxiliar de pastor. Quando voltei oferecendo a ele a chance de comandar a máfia ao meu lado, ele recusou, dizendo que queria manter você e Camille afastada de todo aquele mundo e concordamos em não nos falar mais, pois entendíamos o que ele queria. Era o mesmo que queríamos para Ethan. A diferença é que com vocês, até então, tinham dado certo.

Então era por isso que meus pais se sentiram tão embaraçados assim que Harry se aproximou deles. Temiam que ele mencionasse algo sobre esse passado que deixaram enterrados. Por isso meu pai ficou tão bravo quando aconteceu o assassinato de Dave. Eram tantas perguntas respondidas que eu me sentia aliviada. Como se um grande ponto de interrogação tivesse saído de pescoço e eu finalmente pudesse respirar.

— Andrew e seu grande ego enorme...

— Querida, entendemos que ainda está em luto, mas não faremos nada contra ele que não queira. Só queremos o seu consentimento... – Murmura Blair e eu me levanto.

A raiva explodindo dentro de mim.

— Eu quero Andrew morto. – Digo alto e claro. – E que seja eu aquela destinada a matá-lo.

Anthony sorri abrindo espaço enquanto eu pegava a cadeira onde até então eu estava sentada e descia as escadas em direção ao porão. Santiago estava sentado no chão, o sorriso diabólico no rosto, mas que jamais se compararia ao meu. Coloco a cadeira em sua frente.

— Senta. – Sorrio maliciosamente e ele obedece prontamente, sento-me em seu colo e pego meus punhais com maestria, arrancando-os de minhas botas e enfiando nas mãos do homem que agora gritava de dor. – Onde está Andrew?

— Eu... Eu não sei. – Respira ofegante e eu aperto mais ainda as facas ao redor de suas mãos.

— Não seja idiota ao pensar que não foi ele quem matou Heather... Então diga... Onde ele está?

— Eu realmente não sei. – Encaro-o irritada. - Mas eu sei quem é a aliada dele... – Tiro os punhais de suas mãos e aproximo um de seu pescoço sentindo o tremor de seu corpo, sentido o medo passar em cada célula. – Sônia. Sônia e Logan.

Me levanto saindo dali sem acreditar no que acabara de ouvir. Estavam debaixo de nosso nariz e eu me sentia uma idiota por não perceber isso. Volto para casa somente para pegar minha mochila e ir para o colégio. Já era o último horário e todos já deviam estar prestes a sair de suas aulas. Fico do outro lado da rua, encostada no meu carro esperando a vadia sair da classe. Conseguia vê-la pela janela da sala de aula e seus olhos estavam atentos. Então o sinal toca e todos se levantam. Espero sem nenhuma pressa e quando vejo seu rosto do lado de fora do colégio caminho em sua direção sendo para por quem eu menos esperava.

— Olívia... – Mal pude processar seu próximo movimento, um abraço apertado daqueles que ela tanto adorava.

— Eu sinto muito, eu não sabia o que havia acontecido com Camille e te tratei feito um saco de pancadas. Eu ando tão sobrecarregada e eu sinto muito mesmo. Será que dá para esquecer o que eu disse? – Pediu fungando e eu sorri.

— Pedido de melhor amiga para mim é obrigação... – Murmuro e ela se afasta.

— Meus pêsames pelo tio Christopher. – Me lembro do objetivo de estar ali e Sônia me encarava. Arqueio a sobrancelha e ela sorri... Falsa. Falsa. Falsa. Como eu queria enfiar uma bala bem no meio de sua testa agora.

— Obrigada, eu...

— Tudo bem, a gente conversa depois... – Diz ela percebendo que eu direcionava minha atenção a outra pessoa.

— Olívia...

— Não, tudo bem mesmo. Eu tenho teste de francês amanhã então podemos conversar mais tarde. – Vi sinceridade em seu olhar e sorri agradecida. Ela finalmente parecia ter entendido, mesmo sem saber de nada. Assim que Olívia se afasta e tento mais uma vez me aproximar dela quando sinto alguém me segurar e me debato.

— Você anda me seguindo é? – Grito irritada ao ver que era Seymour. – Sempre aparecendo do nada, isso está ficando esquisito.

— Eu disse que iria investigar sobre Andrew, tenho seguido Sônia desde ontem. Você perdeu o juízo. Logan também está no colégio, tentar acabar com ela sozinha é suicídio.

— Isso não é da sua conta, delegado. – Digo e ele me encara sério. Ele estava certo, mas jamais iria admitir aquilo. – O que quer fazer então sabichão?

— Eu não sei você... Mas seguir aquela garota está me dando fome. – Sugere ironicamente.

Katheryn

Caminho até os seguranças de Andrew que tentava inutilmente me barrar. Suspiro encarando-os sérias, já estava sobrecarregada demais e podia facilmente derrubar qualquer um deles. Eles batem na porta sussurrando algo após abrirem, somente para abrir espaço para que eu passasse. Andrew estava sentado em uma cadeira animado.

— Isso sim é um milagre. – Ironizo e ele se levanta. Nunca o vi tão animado.

— Ethan voltou.

— E você está animado? – Pergunto estranhando mais uma vez sua animação.

— Ele está com outra Kat... Agora tente imaginar a intriga que vai acontecer entre os dois. E eu nem precisei mover um dedo.

— Você matou o pai dela Andrew.

Ele dá de ombros.

— Eu não precisei mover um dedo hipoteticamente falando.

— Você matou o pai de uma pessoa que não tem nada a ver com isso. – Grito e ele finalmente presta atenção em mim. – Não dá mais Andrew. Eu...

Suas mãos vão em direção ao meu pescoço.

— Está pensando em me largar Katheryn? Tudo bem. Faça como a idiota da Blair e vá para o lado daqueles idiotas.

— Bem... Ela não se arrependeu. – Murmuro ríspida e ele bufa me jogando com força no chão.

— Mas você vai se arrepender. Só por ter pensado nisso...

Um ódio no qual jamais vi no olhar de Andrew parecia incentivá-lo a série de espancamento que veio a seguir.

Jolene

A respiração pesada de Ethan sobre minha nuca só provava que ele ainda estava acordado, suas mãos brincando com as minhas, seu corpo grudado ao meu. Nossos rostos suados e o pensamento longe.

— Está acordado? – Pergunto baixinho e ele assentiu. Sorri. – Eu estava me lembrando de um velha lenda que minha mãe me contou uma vez, a Akai Ito.

— Akai Ito? – Pergunta confuso e eu me viro encarando seus olhos.

— Diz que quando uma pessoa é destinada a outra, ambas tem um laço vermelho que as ligam, no dedo mindinho. O laço pode embaraçar, emaranhar, mas ele nunca quebra. O laço não é visível a olho nu, mas está lá desde o momento do nascimento. Quanto mais longo for o fio, mas longe as pessoas estão e mais tristes estarão. E... Haverá pessoas que tentaram cortá-lo.

Então os olhos de Ethan se arregalam como se lembrasse de algo. Uma memória distante. E ele se levanta colocando roupas rapidamente pegando as chaves do carro.

— Onde você vai? Ethan... Eu falei alguma coisa errada? – Pergunto me levantando também.

— Pelo contrário Jolene. Muito pelo contrário... – Então ele sai do quarto, me deixando ali sozinha.

Sophie

Eu encarava o copo de água que havia pedido há poucos segundos atrás. Travis devorava um hambúrguer, parecendo realmente estar faminto e muito cansado.

— Seymour...

— Já falei para me chamar de Travis. – Murmura após engolir o último pedaço de seu sanduíche. Sorri.

— Travis... Eu não quero que se envolva com nada que tenha a ver com Andrew. – Digo baixinho e ele me encara sério.

— Ele matou seu pai Sophie e eu sou o delegado. O caso dele é tão meu quanto seu. – Sussurra seriamente.

— Tudo bem... Mas fique claro que quando eu encontrar ele irei matá-lo, não mandar prendê-lo. – Falo e ele sorri.

— Ninguém falou em prendê-lo. – Seu olhar então desvia encarando a entrada do bar onde estávamos, seu semblante agora estava sério, e eu me viro para ver o que ele tanto observava.

Meus olhos se arregalam.

Isso é só mais um sonho idiota. Isso é só mais um sonho idiota. Repeti uma, duas, três vezes, mas parecia tão real.

Levanto-me vagarosamente da cadeira, meus pés agindo por impulso próprio, sem pedir minha permissão. Todos a nossa volta pareciam ter parado apenas para observar a cena que eu tanto esperava.

Meu coração pulava milhares de batidas e eu simplesmente não conseguia ignorar o fato dele estar ali na minha frente. Então eu paro em sua frente. Seus olhos acinzentados, seus cabelos negros. Ele estava mais másculo do que eu me lembrava e sua barba estava por fazer. Todas as barreiras que demorei um ano para construir parecia ter sido derrubada sem nem ter dito nada.

Um sorriso de lado aparece em seu rosto e sinto todas as estruturas do meu corpo serem abaladas com esse simples movimento. Eu queria gritar “Onde diabos você esteve?” ou “Tem ideia do que é viver sem nenhuma notícia sua”, mas grande parte de mim implorava para que eu fosse embora, para que eu corresse sem rumo e encontrasse um canto para poder chorar. Ele estava ali, cada célula do meu corpo sentia aquilo em um turbilhão de sentimentos confusos que mal conseguia entender.

Eu estava em frangalhos, deixando à velha Sophie rasgar meu peito e destruir toda a armadura que cercava meu corpo. O seu beijo, o seu toque, todas essas sensações vieram como um jato junto com a alegria que acompanhava a paixão ardente que eu sentia por ele.

 

"Bem, você só precisa da luz quando está escurecendo
Só sente falta do sol quando começa a nevar
Só sabe que estava bem quando se sente mal
Só odeia a estrada quando sente saudade de casa
Só sabe que a ama quando a deixa ir
E você a deixou ir
Olhando para o fundo do seu copo
Esperando que um dia você faça um sonho durar
Porque sonhos chegam devagar e se vão muito rápido
Você a vê quando fecha seus olhos
Talvez um dia você entenda o porquê" — 
Let Her Go (Passenger)


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