Opostos escrita por Mari


Capítulo 20
20. Sente Isso?




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Estava sentada ao lado de Ethan que fazia desenhos invisíveis na palma da minha mão. Ele observava seus pais atentamente assim como Travis que não sabia se encarava a mim e Ethan ou os pais dele. Harry estava sentado em uma poltrona de três lugares no canto, observando uma revista como se aquilo que aconteceu fosse normal na vida dele. Bufo, me levantando e encarando todos ali.

— Tudo bem, eu pergunto. Que droga foi essa? – Pergunto o que todos tanto queriam saber.

— Eu já tenho uma ideia... – Ethan encara os pais parecendo irritado com eles. – Vocês não pararam não é? Lógico que não... Quem tem capangas de confiança espalhados por todo o mundo jamais pararia por causa de grades. Eu já devia imaginar... Quem vocês roubaram dessa vez?

Blair o encara, boquiaberta e Anthony sorri, assentindo.

— Isso não importa agora, como perceberam o homem já está morto. – Diz ele apontando para o cara morto no batente da porta do quarto.

Observo os dois por alguns segundos tentando ligar os assuntos para entender o que estava acontecendo. Encaro o corpo do homem jogado no chão, percebendo que a bala perfurou justamente na extremidade de sua cabeça. Boa pontaria. Capangas pelo mundo todo. Roubo. Corrida ilegais também poderia ser um ótimo critério também, então me dou conta...

— Mafiosos. Isso é sério? Ethan teve mesmo a quem puxar. – Sussurro e consigo ouvir o riso abafado de Ethan que ainda estava sentado.

Estávamos esperando que alguém viesse buscar os corpos e principalmente alguns policiais para ajudar o delegado no caso e porque ele não queria deixar a gente sair dali.

— Surpresa? – Pela primeira vez, Travis se manifesta ali. – Já deu para perceber porque continua com Ethan... – Arqueio a sobrancelha. – Você não conhece ele bem o suficiente.

— O que está querendo dizer com isso idiota metido a delegado? – Ethan se levanta realmente irritado. E olha só que lindo, eu estava no meio dos dois, a única que separava eles de uma brigada feia. Ou pelo menos eu achava que eu era o motivo deles não estarem no chão agora brigando feito duas crianças.

— Sabe que pode ser preso por desacato a autoridade... – Ameaça Seymour e eu me afasto dos dois, me sentando ao lado de Harry que somente observava em silêncio.Ethan sorri de lado.

— Me prenda então. Sabe que não pode me segurar em uma cela por muito tempo... Aquelas grades não conseguem segurar nem meus próprios pais. – Retruca ele e Travis rosna fechando a mão em punho.

— Por que eu sinto que a briga não é exatamente sobre o que Seymour disse? – Questiona Blair me encarando com um sorriso malicioso no rosto. Suspiro pesadamente enquanto a mesma piscava para mim freneticamente. Levanto-me em um pulo.

— Tudo bem... Travis será que todos nós já podemos ir embora? – Peço para ele correndo e ficando entre os dois novamente somente para afastar Ethan dali.

Do jeito que Ethan é, Travis seria mais um nome de corpos vistos por mim hoje. O que não seria muito bom. Antes que Travis abrisse a boca, ouvimos o barulho de policiais entrando no andar. Eles caminham até os pais de Ethan, colocando novas algemas e os tirando dali, mas não antes de Blair se aproximar de mim, me dando um abraço desajeitado.

— Não machuque Ethan de nenhuma forma. – Sussurrou em meu ouvido. Dou uma risada abafada. Era mais fácil Ethan me machucar.

— Como é? – Me fiz de desentendida.

— Eu mato pessoas, querida. – Ela se afastou, piscando para mim.

— Oh. Tá bem. – Pisco de volta para ela.

Harry se levanta assim que levam o corpo do homem que tentou matar Ethan.

— Sophie, acho melhor ir descansar, não é muito confortável dormir em uma cadeira de hospital velha. – Sussurra Harry quando já estávamos no estacionamento do hospital.

— Você passou a noite aqui? – Pergunta Ethan e eu dou de ombros sorrindo timidamente. Ele se aproxima e eu prendo a respiração. Suas mãos envolvem minha cintura e seus lábios chegam bem perto do meu ouvido, me arrepio até o último fio de cabelo. – Obrigado. – Ele sussurra se afastando. – É melhor ir descansar mesmo.

Não digo nada, simplesmente me viro caminhando quase como contando os passos até minha casa. Adam havia ido lá buscá-los, mas eu recusei ir no mesmo carro que Ethan, ainda estava envergonhada por ter confessado aquela idiotice. Ethan já deve ter ouvido aquelas palavras de todas as garotas existentes nesse mundo.

E deve ter descartado todas elas logo após ouvi-las. Mas isso era uma suposição, já estava cansada de rotular Ethan somente para me enganar sobre ele logo depois. Chego em casa depois de uma hora de caminhada e fico um tempão explicando o que aconteceu para minha mãe que ficou estupefata em saber que eu vi os pais de Ethan lá. Eu ainda vou descobrir porque eles se sentem tão acanhados ouvindo sobre a família de Ethan. Agradeço mentalmente por Camille não estar lá. Meu pai se intrometeu na conversa dizendo que ela não havia chegado desde ontem, mas deixou uma mensagem sobre dormir na casa de Suzanna. Entro em meu quarto e praticamente já deito dormindo. Eu estava mais cansada do que imaginei. Não sabia quanto tempo eu havia dormido, mas já estava à noite e Camille... Estava no quarto. Ela me encara de esguelha. Levanto-me indo em direção ao banheiro. Tomo um banho relaxante, voltando para o quarto e pegando em meu celular. Eu havia recebido uma mensagem de Adam.

Todos vão para uma balada que abriu recentemente hoje. Está afim? Posso te buscar se quiser...

Encaro Camille por alguns segundos e tudo que eu sentia era nojo. Não suportaria ficar naquele quarto com ela nem mais um minuto.

Me busque em dez minutos.

Coloco um vestido simples e caminho para fora do quarto descendo às escadas e indo em direção à porta.

— Onde você vai mocinha? – Pergunta minha mãe e eu suspiro. – A louça essa noite é sua.

Reviro os olhos e caminho em direção à cozinha quando ouço Camille me chamando.

— Eu lavo para você. – Ela sorri ainda cabisbaixa.

Viro a cara caminhando em direção à porta quando sou, mais uma vez, parada pela minha mãe.

— Não vai agradecer sua irmã? – Minha mãe pede.

Bufo. Camille levanta o rosto me encarando com um sorriso iluminado, se esse era o jeito de pedir desculpas, não está dando certo.

— O quê? Quer que eu pregue uma estrelinha na sua testa por bons atos?

— Ok... O que está acontecendo entre vocês? – Interfere Maria.

— Pergunta para sua outra filha mãe.

Respondo antes de sair de casa e correr em desespero até o carro de Adam que já estava estacionado ali. A festa deles era com certeza bem diferente da minha então eu já me preparei mentalmente para esse tipo de coisa.

Heather

Observo Ethan de longe enquanto Logan beijava meu pescoço e passava a mão pelas minhas coxas. Eu ainda não acreditava que Ethan quase morreu por causa daquela tonta... Nem mesmo quando eu sofri um acidente de carro durante uma corrida, ele ousou me ajudar. Ethan sabia, ele conhece seu carro melhor do que ninguém. Havia duas possibilidades para Ethan ter corrido no lugar dela: ou é idiota ou, o que é mais improvável, está apaixonado por ela.

Ethan não é de se apaixonar. Ele não pode se apaixonar. Empurro Logan para longe e me levanto indo em direção a Ethan que se apoiava no corrimão da sacada da ala vip. Era lógico que ele estaria nessa área. Ethan tem lá seus contatos. Fico ao lado dele e toco seu braço chamando sua atenção. Dou um beijo estalado em seu pescoço e ele me empurra segurando meu pescoço com força. Sinto o ar se esvaziando de meus pulmões.

— Me dê um bom motivo para não te matar qualquer dia desses. – Sussurra ele próximo do meu ouvido.

— Não era para ter ido, eu avisei... Meu intuito foi machucar a tapada da Sophie, não você. – Digo entre arfadas tentando inutilmente respirar.

— Escolheu o pior motivo do mundo Heather... E vai se arrepender pelo que fez. – Ele grita me jogando no chão e voltando a encarar a pista de dança.

— Você que vai se arrepender de ter feito isso Ethan. Quando você se cansa de alguém, corre para os meus braços... Ela é só mais uma não sei por que se importa tanto. – Retruquei saindo dali.

Ele não iria se arrepender. Conheço Ethan melhor do que ninguém para saber que depois dessa festa, ele me procuraria até no fim do mundo somente para me torturar. E tudo por causa dela. Não queria confessar isso a ninguém, mas eu senti uma pontada de medo. Nunca o vi olhar daquele jeito para mim e aquilo me aterrorizava.

—/-

Entro na festa encarando em volta, o local estava muito animado e as pessoas quase se comiam na festa. Adam me encara com um sorriso no rosto e me puxa para um canto.

— Parece que tem alguém esperando por você. – Ele aponta para o andar de cima da festa, o local era bem mais calmo e Ethan estava lá, apoiado no corrimão da sacada encarando todos da pista. Sorrio. Adam se afasta indo em direção ao amigo.

Respiro fundo. Não sei se estava preparada para falar com ele porque eu fui uma idiota em dizer aquilo, provavelmente ele pense que eu disse porque foi o momento, ou irá rir todo debochado, ou parar de falar comigo. Eu temia de todas as maneiras do mundo que essa última alternativa acontecesse. Caminho até o bar que se localizava no canto da festa pedindo a bebida mais forte que eles tivessem ali. Nunca bebi nada alcoólico, mas para encarar Ethan hoje, eu precisaria de uma pequena dose. O copo era minúsculo então bebo em um único gole e sinto minha cabeça girar.

Caminho quase que contando os passos até o meio da pista, observo Ethan por alguns segundos e quando seus olhos me encontram, dou um sorriso tímido e fecho os olhos, começando a balançar sensualmente de acordo com o ritmo da música, tentando ao máximo não ser tão desajeitada. A música era uma mistura lenta com uma batida bem animada ao mesmo tempo. Em questão de segundos, sinto braços envoltos da minha cintura. Viro-me somente para ver que era Ethan, voltando rapidamente a ficar de costas para ele.

— Tinha garotos olhando para você, sabia? – Ele sussurra próximo ao meu ouvido. Começo a balançar junto a ele, abrindo os olhos e encarando em volta.

— Ah é? – Vejo Ethan assentir de esguelha. – Pelo menos consegui chamar a atenção de quem eu queria.

Por favor, me deixe enterrar minha cabeça agora. Sinto minhas bochechas arderem e fecho os olhos quando Ethan me vira novamente, me deixando frente a frente dele. Levo minhas mãos para seu pescoço e dou pequenos arranhões, colando minha testa na sua. Suas mãos percorrem um caminho doloroso, dos meus ombros, até minha mão, descansando-as em minhas costas após um minuto de tortura, me puxando mais ainda para si como se aquilo fosse possível. Abro os olhos somente para observar seu olhar que encarava meus lábios entreabertos com luxúria.

Sinto um arrepio percorrendo pela minha espinha. Continuávamos balançando como se estivéssemos em uma dança lenta. E parecia que só havíamos nós naquela pista repleta de pessoas. Seus lábios se aproximam mais dos meus e aquele seria meu primeiro beijo. Fecho os olhos sentindo seus lábios esmagarem os meus vagarosamente finalizando com uma leve mordida em meu lábio inferior. Podia jurar que ele estava me provocando, mas algo me dizia que ele esperava que eu fosse embora, e fugisse dele para sempre. Mas meus pés só acompanhavam o ritmo da música sem nenhum intuito de correr dali.

— Sente isso? – Ouço-o sussurrar em meu ouvido. Arqueio a sobrancelha. E admito pela primeira vez o que eu tanto queria: eu queria beijá-lo. Assenti rapidamente mordendo o lábio inferior.

E ele me beija. E eu não tenho ideia do que eu estou fazendo, só sei que estou gostando. Seus lábios possuíam um gosto doce e tocaram os meus de forma suave e gentil. Tudo em volta pareceu parar, a música, as pessoas, as risadas... Nada mais importava. Sua língua acariciou meu lábio inferior pedindo passagem sem pressa. Ele me puxou com mais força fazendo com que suas mãos moldassem minhas costas. Abro mais os lábios deixando que ele explorasse minha boca. Seus lábios se afastam dos meus quando o ar começa a faltar e ele dá uma atenção especial ao meu pescoço. Mordo o lábio inferior segurando um gemido e segurando seus fios negros com força. Ele volta para os meus lábios e eu começo a entender o que estava fazendo, entrando em uma sincronia prazerosa com seus lábios. Terminamos o beijo com mais alguns selinhos, mas eu não queria me afastar dele então eu o abraço. Podia ouvi-lo sorrir baixinho próximo ao meu ouvido. E aquele se tornara o melhor som do mundo, definitivamente.


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