Meus guardiões - entre o bem e o mal escrita por Gato Cinza


Capítulo 40
Vampiros e Gárgulas




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Pov Hinata

Os dias estão passando tediosamente devagar, Sasuke disse que é por que agora sou uma vampira que as coisas parecem mais lentas. Mas sei que não é por isso, metade da cidade foi embora depois que muitos foram “zumbificados”, até mesmo as poucas pessoas que ainda estavam no hospital começaram a ir embora, já não estavam muito debilitados. Somos ao todo quarenta pessoas em Konoha, atualmente. Sai e Sasuke saem todos os dias para ver como estão as coisas, sei que eles estão surtando, mas nunca irão admitir. Ino e Naruto também estão entediados com a prisão mágica que se tornou Konoha, eles passam o dia todo no hospital ajudando como podem ou apenas conversando com as pessoas, voltam á noite. Os sinais de satélites ainda estão cortados, ou seja, sem comunicação com o mundo exterior. Mais ou menos, Gaara pode passar pelo inferno e eu vou com ele, fazemos compras e trazemos jornais para manter as pessoas atualizadas, Sasuke não gosta que eu faça isso, diz que o submundo é perigoso para mim, mas Gaara me protege. Falando no demônio, Gaara tem tentado ensinar Sakura a se defender. Não está dando certo, ela não é capaz de usar nem metade da força que deve ter.

Escuto a porta se abrindo, é Sasuke. Desço e me encontro com ele ainda na sala.

– Como estão as coisas lá fora? – pergunto

– Iguais aos últimos quatro dias, silenciosos.

Os mortos haviam desaparecido, como se de repente todos fossem tragados para a escuridão, pelo menos foi assim que Gaara falou quando lhe perguntei sobre onde estariam os zumbis e fantasmas. Gaara não gosta da escuridão, disse-me que nada existe lá além de vazio, Sasuke diz que existe vida nas trevas e que é perigoso o bastante para que os seres do submundo não se aproximem, por alguma estranheza eu acredito em Sasuke. Gaara já me explicou que não sabe de tudo e que as vezes erra.

– E por aqui? Como estão as coisas? – me perguntou ele beijando-me a fronte

– Sakura ainda insiste em aprender a se defender, Gaara ainda se recusa á machuca-la e eu estou entediada.

– Vamos dar uma volta – chamou ele me puxando pela mão.

Avisei á Gaara que estava saindo e fui com Sasuke, é curioso pensar que passei tanto tempo desejando ser amada por uma pessoa que me via como uma irmãzinha, quando alguém tão incrível como Sasuke me amava e só depois que virei uma criatura das trevas foi que descobri os sentimentos dele. Penso as vezes o que nos acontecerá quando tudo isso terminar e ele precisar voltar aos céus, Gaara disse que não devo pensar no futuro, por que sou uma vampira e o futuro pode se resumir á muitos e muitos anos, mas não consigo evitar.

– Algum problema, Hina? – perguntou Sasuke abrindo o pesado portão de ferro para que eu passasse.

– Não, apenas saudades de Hinabi e Neji

Não é mentira, realmente sinto falta deles. Mas terei que me acostumar com isso também, humanos morrem e eu não posso tê-los para todo sempre. Sasuke como sempre conseguiu desviar minha atenção das tristezas para outro assunto, enquanto caminhávamos. Há um lado divertido dele que fica escondido por trás de preocupações demasiadas, mas o entendo, ser guardião de Sakura é complicado. Há demônios, anjos, vampiros, bruxas, zumbis, fantasmas... só ainda não vi lobisomens, que Gaara disse não existir, mas ele também disse que não existiam zumbis.

– Sasuke...

Fiquei em silencio sem saber como perguntar, Sasuke ficou na minha frente, abraçando-me pela cintura. Somos da mesma altura.

– Diga – pediu-me ele

– Hã, quando isso tudo terminar, se terminar. O que você vai fazer?

Ele piscou assumindo um ar pensativo. Depois de uns minutos respondeu:

– Vou te levar para jantar no Marrocos.

Ri

– Marrocos? Por que não Tailândia?

– Nunca estive no Marrocos, mas se prefere ir para a Tailândia, vamos para a Tailândia.

– Também nunca estive no Marrocos – falei

– Nesse caso almoçaremos na Tailândia e jantaremos no Marrocos, feito?

– Feito.

Não era bem o que eu quis ter perguntado, mas vou aceitar a resposta dele como um “Não sei”. Beijamos-nos e fomos interrompidos por uma risada seca, nos viramos olhando para o alto de um poste.

– Você de novo – reclamou Sasuke ao ver o vampiro Zero e se colocando na minha frente protetoramente – O que quer agora?

Zero olhou diretamente para mim, os olhos claros e bonitos ficaram sombrios e vermelhos como sangue. Dentro de minha cabeça ouvi sua voz, doce e suave como sangue.

“Quero que venha comigo, minha querida”

– Não vou com você – gritei me colocando ao lado de Sasuke – Eu não te pertenço.

Zero riu e disse audivelmente:

– Ouvi algo semelhante á isso pelos labirintos do submundo, que você minha doce Hinata, servia á aquele ruivo traidor e á andante. Foi por isso que vim busca-la, estará perdida se continuar ao lado de anjos e traidores.

Ele saltou de onde estava, pousando á alguns metros de mim e Sasuke. Estendeu-me a mão e sorriu dizendo na minha mente:

“Não resista, minha doce vampira, venha comigo. É o certo a se fazer”.

– Sai da minha cabeça! – gritei

Sasuke se colocou novamente em minha frente.

– Deixe-a em paz.

– Oh! sempre o protetor das donzelas em perigo – disse uma segunda voz, sarcástica, atrás de nós – Sempre um idiota querendo ser o melhor.

Sasuke se virou, ainda ficando na minha frente – pois eu não ia tirar os olhos de Zero –, por cima de meu ombro, Sasuke falou com o outro. A expressão de surpresa e desgosto de Sasuke me deixou preocupada, ele pareceu-me por um instante ser a pessoa mais infeliz do universo, ao dizer:

– Kira.

– Sasuke – o tom do outro era vagaroso, despreocupado – É bom ver que ainda não foi derrotado, assim terei o prazer em fazer isso.

Kira, me lembrei dele. Um garoto que apareceu na minha festa de “não morte”, cabelos castanhos cobrindo os olhos, voz arrastada e roupas de estudante, um dos anjos enviados para pegar a Sakura.

– Você é um anjo como entrou aqui?

– Não é óbvio, Sasuke? Mudei de lado.

Sasuke que estava tenso antes, parecia prestes a explodir. Cerrou as mãos em punhos.

– Como pode ter feito uma coisa desse tipo?

– O que ele fez? – sussurrei preocupada, mas ainda não queria desviar minha atenção de Zero.

– Se aliou ao submundo, se tornou um anjo caído.

– Olha quem fala – devolveu Kira – O anjo semi-humano que namora uma vampira.

– Nunca trai nossos irmãos.

– Irmãos? Único irmão que te resta é Itachi. Não somos do mesmo tipo, Sasuke. Sou melhor.

Vi outros vampiros se aproximando, pararam alguns passos atrás de Zero em espera.

– Sasuke, estamos sendo cercados – falei

– Fique calma, vai ficar tudo bem – disse-me olhando em meus olhos e sorrindo.

“Você sabe que não vai, venha comigo e pouparei seu anjinho” – a voz de Zero em minha cabeça era séria e tentadora, mas aprendi algumas coisas com Gaara, uma delas é ouvir as entrelinhas das palavras.

– Você pode cumprir sua palavra, Zero, mas não pode falar em nome deles.

“Hum, é esperta. Gosto disso. É uma pena tenha escolhido tão mal”

– Mate-os – ordenou, os vampiros vieram em nossa direção.

Desloquei-me velozmente como eles os atacando. Sasuke estava usando um gládio, era rápido, mas os vampiros estavam em maior numero e eram muitos mais velhos que eu, mais fortes e mais experientes. Com uma palavra sussurrada, invoquei Gaara. Os vampiros me seguraram, arrastando-me com eles para longe. Sasuke veio ao meu socorro, mas seu caminho foi bloqueado por Kira, que parou com as duas mãos no bolso e a cabeça inclinada.

– Já viu a morte de um anjo, Hinata? – perguntou-me Zero.

– Sasuke – sussurrei, minha garganta estava seca e meu corpo parecia formigar, precisava de sangue.

Kira se moveu chutando Sasuke que desviou habilmente, o anjo castanho retirou as mãos dos bolsos puxando junto duas espadas longas e finas de lâmina prateada. Girando em torno de si mesmo com os braços abertos, Kira atacou Sasuke que tudo que podia fazer era evitar as laminas, se esquivando. Então Zero se moveu, ele atingiu Sasuke com um soco que fez o moreno se deslocar á vários metros do chão e cair com força suficiente para causar uma cratera no asfalto. Então Kira se aproximou do anjo em um movimento ligeiro com as espadas prontas para um ataque final. Me debati contra os vampiros que me seguraram com mais força, gritei por Sasuke mais de onde estava ele parecia inconsciente. Ouvi como um sussurro distante:

“Perdoe-me Hinata”.

Sakura e Gaara

Gaara havia passado os dias ensinando autodefesa para Sakura, ela queria aprender a controlar seu lado demônio, mas o ruivo temia pelas consequências. Havia diferença entre “educar” uma vampira e fazer o mesmo com um demônio, ainda mais uma que tinha sofrido lavagem cerebral e possuía sangue de anjo. Depois de dias ensinando-a a se defender, resolveu ensina-la a usar ataques diretos e mais ofensivos. Hinata havia dispensado assistir ao treinamento.

– Quer parar? – perguntou Gaara quando a rosada caiu na piscina depois de tentar acertar um chute nele

– Não – respondeu ela saindo da piscina.

Gaara sorriu, dando um espaço para que ela o atacasse novamente e virou o pescoço para trás.

– O que foi?

– Nada, apenas Hyuga dizendo que está de saída.

Sakura olhou para a porta dos fundos, não havia nem sinal de Hinata.

– Hã, me esqueço que vocês dois tem super audição.

Gaara a olhou tendo uma ideia menos exaustiva para ajuda-la a desenvolver seu lado sobrenatural.

– Você também tem, Sakura – disse a chamando para se sentar á beira da piscina – Fique em silencio e tente ouvir todos os sons ao redor

Sakura fechou os olhos, se concentrou. E muito mais fácil que pensou que seria, ela ouviu. A respiração de Gaara que estava mais perto dela, as batidas lentas do coração dele e silêncio... mas não era apenas silêncio. Havia a brisa da manhã soprando delicadamente as folhas, sons diferentes de insetos... bateres de asas. Ela abriu os olhos surpresa.

– Ouvi asas – disse

Mas Gaara já estava em pé, preparando-se para lutar contra o oponente. Criaturas aladas que sobrevoavam a casa.

– O que são essas coisas?

– Gárgulas – respondeu o ruivo – Lilith enlouqueceu de vez, libertar gárgulas.

– Isso é muito ruim?

– Gigantes de pedra que se alimentam de tempo? é ruim se você for tocado por elas.

– Ruim quanto?

– Conhece o mito da medusa grega?

– Olhe os olhos e vire pedra?

– Isso, mas com gárgulas é: seja tocado e vire pó. Um toque e eles sugam todo seu tempo de vida até que seu corpo se desintegre.

– Que horror, quem criou esses monstros?

– Surgiram, criaturas como gárgulas ou... eternas não nascem. Transformam-se. Como o bicho papão, se você acredita neles, eles se alimentam de sua crença e passam a existir.

Sakura olhou para cima novamente, as gárgulas giravam em um circulo perfeito acima da casa, estavam baixando cada vez mais, com suas enormes e pesadas asas de pedra que faziam um som terrível á cada batida. Gaara segurou a mão de Sakura repentinamente e exclamou:

– Essa não!

– O que?

– Hinata me invocou, não posso te levar comigo por que ela não te chamou e não posso te deixar sozinha com essas criaturas.

– O que vai fazer?... Gaara?

O demônio fechou os olhos assumindo uma expressão cansada e ao abri-los novamente, seus olhos haviam se tornado completamente negros, nem nenhuma fonte de luz ou sinal de íris. Levantou a cabeça para o céu fitando os monstros alados.

– Perdoe-me Hinata – murmurou ele retirando a camisa para que as asas translucidas pudessem ganhar vida, com um salto ele ergueu voo alcançando em segundos a altura das imensas gárgulas.

Do chão, Sakura olhava boquiaberta, era a primeira vez que via o namorado em sua verdadeira forma demoníaca. E daquela distancia ele parecia muito pequeno ao lado das criaturas de pedra, temendo pela vida de Gaara ela apenas desejou ser mais forte para poder lutar ao seu lado.


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