Meus guardiões - entre o bem e o mal escrita por Gato Cinza


Capítulo 36
Gaara, Hinata e Alice... segredos antigos




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/501677/chapter/36

Gaara e a garota pareciam prestes a se atacarem, embora ela estivesse sorrindo de modo um tanto sádico. Eu olhei de um para o outro, Sasuke também os olhava. A garota me fitou inclinando a cabeça e esboçando um sorriso mais simpático, Gaara mantendo o braço em torno de minha cintura me puxou para mais junto dele enquanto á olhava de modo perigoso. Ele de repente parecia mais cruel que Temari.

Abri a boca para fazer uma pergunta “Quem é essa ai?”, porém um grito de socorro foi ouvido do lado de dentro. Sasuke correu para dentro seguido de perto por mim, quando entrei vi Hinabi chorando abraçada á Hinata.

– O que aconteceu? – perguntamos Sasuke, Ino e eu ao mesmo tempo

– Vim acordar a Hina e ela está assim, fria e sem pulso – explicou Hinabi chorosa – Ela está morta, minha irmã está morta.

Neji verificou o pulso da prima e fechou os olhos abraçando Hinabi. Olhei para Sasuke que ajoelhou ao lado de Hinata a chamando. Ela era uma vampira, não devia mesmo ter pulso, mas daí á não despertar? Gaara se aproximou e sussurrou algo no ouvido de Hinata e olhou com ar preocupado para Sasuke quando ela não demonstrou nenhuma reação.

Meus amigos já choravam silenciosamente, então a Alice que estava acompanhando Sasuke se aproximou do sofá olhando com curiosidade para Hinata. Ela estendeu a mão para tocar o rosto de minha amiga, mas seu ato foi impedido por Gaara que segurou o braço dela, dizendo ríspido:

– Não toque nela

Alice encarou Gaara soltando-se de sua mão e estalando o dedo diante do rosto de Hinata. Minha amiga gemeu se movendo e começando a levantar.

– Hinata! – gritou Hinabi abraçando a irmã mais velha

Por um segundo Hinata ficou imóvel então empurrou a irmã menor mantendo a mão no rosto e a cabeça baixa.

– Você está bem? – perguntou Sasuke colocando a mão sobre a mão da namorada ainda no rosto.

– Gaara – chamou ela com a voz abafada estendendo uma mão para o vazio

– Vamos – respondeu Gaara a puxando pela mão e saíram pela porta correndo.

Fiquei olhando para a porta por um longo e silencioso tempo até que Naruto se pronunciou:

– Não entendi nada – me virei para ele, os outros também o olharam

Me sentei no braço da poltrona onde Tenten estava sentada com um ar intrigado a mão acariciando automaticamente a barriga de oito meses de gestação, Sasuke se levantou colocando a mão no bolso e perguntando á Naruto o que tinha acontecido com o grupo dele. Naruto resumiu o ataque que Karin sofreu e o pedido de Shikamaru para entregar a mim e Hinata á Lilith. Por fim disse que eu havia contado que era uma espécie de filha de um demônio como já tinha dito mais cedo á eles.

– Sai explicou sobre os caçadores de demônios e ficou ainda mais convincente que tem uma bruxa do inferno caçando Sakura – concluiu o loiro

Francamente, fiquei aliviada por terem acreditado em minha história e feliz por Sai ter reforçado o que eu disse. Sasuke explicou que Shikamaru estava enfeitiçado, talvez Temari tivesse o tocado sem que ele estivesse consciente do que fazia ou talvez tenha sido escolha dele servi-las á troco de algo, provavelmente a liberdade das pessoas da cidade.

– O que me faz querer saber – seguiu Shino – A quanto tempo esses demônios tem te perseguido Sakura?

Tentei me lembrar, havia acontecido tantas coisas nos últimos meses. Mas então me lembrei de Sasuke gritando que eu era uma fedelha mimada que sequer tinha o bom senso de aceitar o fato de que alguém realmente queria me matar, me lembrei de Shirou lutando contra Temari na primeira vez que a vi, meu estomago embrulhou quando me lembrei de meu meio-irmão-adotivo, depois me lembrei de meu pai dizendo que precisava de proteção.

– Começaram no dia anterior á morte de meu pai – sussurrei com um aperto no peito

Fazia exatos um ano e três semanas que minha vida tinha virado uma fuga alucinada do inferno, estava tudo um caos desde então. Tentei sobreviver á tudo contando com meus amigos e meu tio, quando cheguei a pensar que estava tudo bem fui pega e tive a mente lavada pelas Erínias, então fui salva por Gaara e agora estou mais uma vez em Konoha tentando sobreviver e manter meus amigos vivos, o problema é que não faço menor ideia do que fazer.

– E quem é você? – á pergunta de Naruto me despertou do meu devaneio

Ele falava com a Alice.

– Sou uma garota – respondeu ela dando de ombros – Me chamam de Esperança.

– Não é Alice? – perguntei um pouco petulante

Ela me olhou inexpressiva, deu de ombros e respondeu:

– Não respondo mais por esse nome á muitos anos, entretanto pode me chamar de Alice se preferir.

– Esperança, por que você estava na rua sozinha mais cedo cercada por zumbis? – perguntou Neji

Olhei para ele, Neji estava pálido e com ar doentio, tem algo que ele esconde já notei ele com olhar perdido e muito distraído nesses poucos dias em que voltei, talvez seja apenas cisma minha, ou talvez Neji esteja apenas preocupado e cansado como todos. Todos mantinham os olhos fixos na garota, era estranho ouvir meus amigos tentarem agir com naturalidade a tudo, o mais incrível é que eles pareciam ter se adaptado ás novidades em uma semana muito melhor que eu me adaptei em um ano.

– Por que não tinha lugar melhor para estar – disse ela piscando para Neji – E vocês por que estavam andando pela cidade desarmados com aquelas coisas lá fora?

– Estávamos procurando por pessoas que precisassem de nossa ajuda – Sasuke falou olhando para as mãos

– Pessoal é tarde – falou Naruto um tanto distraído olhando para Ino – Vamos preparar algo para jantarmos e dormir depois?

Olhei para ele, Naruto me pareceu naquele minuto muito mais adulto do que qualquer pessoa presente ali. Sasuke se levantou lançando um olhar curioso para mim e o segui para cima sobre pretexto de tomar um banho e descer para ajudar com o jantar. Sasuke tinha a mesma pergunta que eu. Quem era Alice Esperança e por que Gaara reagiu de modo tão hostil á presença dela.

Hinata

A vampira havia terminado de se alimentar de alguns animais que conseguiu encontrar e voltavam para a casa de Sakura. Hinata esteve bem perto de morder sua irmã tamanha sede sentia, chamou por Gaara que a retirou da casa e saíram para procurar sangue para sua sede.

– Viu aquilo? – perguntou a vampira olhando para o horizonte

– Não vi nada, o que era?

– Não sei, uma luz estranha – respondeu Hinata apertando os olhos

– Vamos descobrir o que era.

Os dois seguiram até a fronteira de Konoha. Estavam pertos de atravessarem a barreira mágica quando um vulto chamou a atenção de Hinata. Ela parou e Gaara a imitou embora não estivesse vendo nada.

– Ah... oi?

Gaara fixou o olhar onde a morena olhava e nada via.

– Está falando com quem Hyuga?

– Com o irmão do Sasuke, ali – apontou a vampira para o nada – Ele não pode te ver não é?

O moreno do outro lado da fronteira invisível negou com a cabeça. Itachi – agora que Hinata o via sem estar furiosa por estarem tentando matar Sakura – parecia incrivelmente com Sasuke, com exceção da expressão adulta e fria.

– Na verdade apenas Sasuke deveria ter me visto – informou o anjo fazendo a garota piscar, teria ficado vermelha se fosse possível – Isso é uma novidade curiosa á respeito dos vampiros que eu desconhecia.

– Ou isso ou minha teoria estava correta – disse uma segunda pessoa que Hinata já tinha visto antes.

Um ruivo com mechas cinza e olhos verdes que olhavam para o vazio de modo indiferente.

– Que teoria?

– Não ligue para ele vampira. Quero te pedir um favor.

Hinata fez que sim antes mesmo de ouvir o que ele ia dizer, era um gesto involuntário.

– O que ele quer Hyuga? – perguntou Gaara, detestava quando não podia ver algo que estava na sua frente.

Hinata fez apenas um sinal para que Gaara esperasse um minuto, deu alguns passos na direção de Itachi e sentiu uma onda de choque e frio percorrer seu corpo. Ela caiu ajoelhada do outro lado da fronteira.

– Hinata! – exclamou Gaara não se atrevendo a passar da fronteira

– Eu estou bem – murmurou ela erguendo a mão – Só estou sentindo frio.

Fazia muito tempo que ela não sentia frio. Hinata se levantou olhando para Gaara, ele parecia estar a muitos metros de distancia.

– Achei que ninguém que não fosse humano pudesse sair – disse o anjo ruivo

– Eu também achei isso – comentou Hinata olhando para Gaara – Podemos sair da cidade

O demônio estendeu a mão, recebendo uma descarga elétrica que o jogou para trás.

– Não os inimigos de Lilith.

– Mas eu não sou amig...

– Não diga isso! – gritou Gaara a interrompendo e usando seu tom casual natural – Palavras são mágicas, se falar isso em voz alta vai confirmar o feitiço. É igual precisar de permissão para entrar na casa das pessoas.

Hinata fez que sim com a cabeça colocando a mão na boca, ainda não entendia muito de certas regras e magias, tudo estava acontecendo tão rapidamente e de modo tão confuso que Gaara havia simplesmente parado de “educa-la”.

– Ganhou um professor bem paciente – bocejou o anjo ruivo chamando a atenção de Hinata

– Hã... o que quer que eu diga ao Sasuke?

– Preciso que traga Sasuke aqui ao amanhecer, ele não pode atravessar a barreira do limite de Konoha, mas preciso saber tudo o que está acontecendo na cidade e preciso saber se meu irmão está bem.

– Está sim – confirmou Hinata com um tom de orgulho na voz – Sasuke tem mantido todos em segurança na cidade e está fazendo o possível para que ninguém seja atacado ou ferido.

– Isso é bom, mas ainda preciso conversar com ele. Traga-o ao amanhecer, temos que ir agora vamp... Hinata. É melhor você voltar pra lá.

Hinata assentiu mais uma vez e refez o caminho para dentro da barreira, mais uma vez sentiu frio e a sensação de ser eletrocutada. Se virou e acenou para os anjos que sumiram em um piscar de olhos.

– O que ele queria?

Sakura.

Já estava bastante tarde, Souji, Ino, Hinabi, Tenten e Neji – que já tinha passado dos limites da palidez – tinham ido dormir. Estávamos, Sai e eu interrogando Sasuke sobre a luta dele com Temari mais detalhadamente estávamos curiosos para saber mais sobre Esperança que naquele momento jogava dominó com Naruto, Shino e Kiba quanto mais detalhes se lembrassem da presença dela mais coisas saberíamos.

– E voltamos para casa sem dissermos nenhuma palavra – concluiu Sasuke pela segunda vez.

Olhei para Esperança que estava entretida com o jogo de dominó. Sasuke se levantou indo para a porta, assim que ele a abriu ouvi as vozes de Gaara e Hinata que vinham discutindo:

– Não ouse me obrigar a sair daqui – dizia Hinata irritada

– Não preciso te obrigar a fazer nada, você vai e não há discussão

– Se tentar me manipular eu juro que te machuco, pode demorar uma eternidade, mas sofrerá muito se me tirar de Konoha agora.

– Estou tentando salvar sua vida sua teimosa, é mais seguro se estiver sobre a proteção deles.

– Sei me proteger muito bem sozinha, obrigada pela confiança.

Hinata se jogou no sofá cruzando os braços encarando Gaara de modo furioso, e ele parou olhando para ela como se a discussão tivesse continuando por ondas telepáticas. Naruto, Shino, Kiba, Sai, Esperança, Sasuke e eu ficamos olhando de um para o outro.

– Por que estão brigando? – arrisquei perguntar

– Por que seu namorado traidor de cabeça de fósforo quer nos mandar para fora de Konoha.

Olhei para Gaara de boca aberta, mas antes de falar ele me interrompeu.

– Vão estar seguras fora daqui, Lilith quer vocês duas...

– Ela quer a Sakura, eu sou apenas um capricho de um vampirinho mimado. Me recuso á sair da cidade

– Impossível conversar com você – murmurou Gaara se virando para Sasuke – Pensei que podia mandar a Hinata e a Sakura com seu irmão, eles podem a proteger não podem?

Sasuke fez que sim e disse:

– Se conseguirmos atravessa-las pela barreira.

– Na volta para cá fomos até a fronteira, Hyuga saiu da barreira e conversou com seu irmão.

Sasuke olhou para Hina cheio de expectativas em receber noticias de fora.

– Ele quer que você vá á fronteira ao amanhecer, disse que é importante – disse Hinata com indiferença lançando um olhar assassino á Gaara.

– Pode me odiar se quiser Hyuga, mas é melhor assim. Podemos evacuar a cidade, as pessoas podem sair e...

– E que os demônios os sigam pelo mundo – gritou Hinata se colocando em pé

– Estarão sobre a proteção dos anjos, nefelins, caçadores, ou seja, lá quem estiver disponível para protegê-los. Entenda, Lilith pode colocar um continente inteiro em perigo apenas para chamar a atenção de vocês, pode matar milhares de pessoas com um estalar de dedos para força-las á ir para o inferno. Mas ela esta apenas brincando com vocês. Os anjos podem mantê-las muito mais seguras...

– Não quero estar segura – gritou Hinata – Dane-se minha maldita segurança, eu quero ficar aqui.

– Ele está certo Hinata – interrompeu Sasuke segurando o rosto da vampira – Se você pode sair da fronteira pedirei á Itachi que coloque você e a Sakura em segurança.

– Não se atreva á pedir isso – rosnou ela se soltando e saindo para a cozinha

Ouvimos a porta batendo. Os outros haviam sido acordados pelos gritos de Hinata e Gaara, agora estavam todos novamente a sala olhando com ar de interrogação e curiosidade. Shino, Naruto e Kiba estavam com ar de “me perdi dentro do labirinto”.

– Insensíveis – ralhou Esperança jogando uma almofada em Gaara e outra em Sasuke.

Os dois gemeram resmungos. Eu encarei a garota irritada, quem ela pensava que era para falar naquele tom com eles?

– Como se atrevem a sugerir para ela que vá para um lugar seguro quando Uchiha está preso na cidade sem menor possibilidade de sair e com Lilith no controle?

Arregalei os olhos, confesso que a ideia de Gaara – evacuar a cidade e nos mandar para um lugar seguro – me agradou muito á ponto de me fazer esquecer momentaneamente o fato que Sasuke não podia sair de Konoha. Ino que tinha descido com os outros deu um tapa na cabeça de Sasuke que olhava para Esperança com ar de “Eu tinha me esquecido” e gritou para ele ir pedir desculpas á Hinata.

– Ah! não me olhe assim Príncipe – prosseguiu Esperança quando Sasuke saiu da sala – Estou á mais tempo que você nesse jogo de heróis.

Gaara bufou

– Podemos conversar lá fora, Alice?

Ela deu de ombros saindo pela porta da frente, eu os segui com o olhar. Queria poder ouvi-los, mas infelizmente eles se afastaram muito da casa.

Gaara

O ruivo estava inquieto com a presença da flautista em Konoha, era atípico dela se envolver nos assuntos humanos e embora ele não tivesse noticias dela á uns trezentos anos – ela podia ter mudado nos três séculos que não se viram – ele ainda tinha ressentimentos pelas escolhas que ela fizera no passado.

– Se for falar do passado nem quero ouvir – começou ela – Sei que não devia ter fugido e deixado você morrendo nas catacumbas, mas você sobreviveu e está tentando se regenerar perante os humanos.

– Não quero falar do passado Alice – cortou Gaara - Quero saber do presente. Por que está em Konoha?

– Haegl me convocou, disse que a cidade estava sobre os domínios de Lilith e seus filhos e que nenhum ser com a marca dos cavaleiros podia entrar ou sair. Em outras palavras vim limpar a sujeira que a guerra de vocês deixa.

– Haegl te mandou?

– Acredite se quiser Príncipe e quando os Cavaleiros dão uma ordem nada mais justo que obedecê-los. Embora eu tenha achado engraçado quando Haegl disse que a morte não tinha menor controle sobre os mortos de Konoha.

Gaara estudou o rosto impassível de Esperança, mesmo que ela risse ainda permanecia com um ar de seriedade e indiferença que lhe dava um aspecto de petulante. Entretanto, sabia que ela não estava mentindo. Apenas um idiota seria tolo de usar nome de Haegl e a flautista era muitas coisas – em sua maioria coisas muito ruins – mas não era uma idiota.

Fora á muitos anos que ele se deparou com Haegl pela primeira vez, Gaara estava nas ilhas britânicas quando viu aquela criatura de energia magnética, Haegl parecia uma oposição á si mesmo. Aparentava ser incrivelmente velho ao mesmo tempo que era absurdamente jovem; tinha um magnetismo atraia e repelia de uma só vez e não se podia distinguir se era homem ou mulher. Temari – que naquela Era, era bem mais amigável – dissera que Haegl era o filho da Morte, criado das sombras e da luz, o primeiro anjo da morte. Os outros foram criados a partir dele, ceifadores, valquírias, guias de homens entre o mundo dos vivos e o mundo dos mortos em geral.

– Príncipe – gritou Esperança despertando Gaara de suas lembranças

– O que disse?

– Perguntei se você, o Uchiha e a vampira tem algum plano para resolver o problema da cidade?

– Apenas aquela que ouviu na minha discussão com a Hyuga, evacuar a cidade, coloca-la em segurança com Sakura entre os anjos e esperar para ver a reação de Lilith.

– Ela vai pulverizar a cidade e ir para a cidade seguinte. Vai aterrorizar onde conseguir colocar as garras e quando percebemos o mundo será o inferno. Tenho um plano diferente.

– Que seria?

– Você me contar o que esta acontecendo exatamente desde o começo, seja qual for o começo e ai, eu pensarei em algo realmente útil para resolvermos o problema, ou você pode arriscar mandar a vampira para longe do anjo e verei se você ainda é o mesmo Príncipe que conheci á... novecentos anos?

– Não sou assim tão velho – resmungou Gaara a fazendo sorrir com sinceridade.

Gaara contou a ela o que julgou necessário, tentando não falar sobre as origens de Sakura, entretanto á flautista – como sempre fizera – conseguiu adivinhar quem era a garota de cabelos róseos e o qual sua importância na guerra-fria travada entre céu e inferno.

– Então meu Príncipe se apaixonou por uma Eterna sem querer e agora está tentando proteger o mundo á qual ela pertence.

– Sakura não é uma Eterna...

– É sim, ela apenas não aprendeu usar o poder que corre nas veias dela. Com o tempo e um pouco de pratica ela vai poder se unir á sua natureza. Eu posso ensina-la usar...

– Fique longe dela

Esperança estudou o rosto horrorizado de Gaara e sorriu expressando sua compaixão pelo animigo.

– Não quer que ela se torne uma Eterna? Príncipe, vocês dois poderiam ficar juntos para sempre. Você pode ser forte o que for emocionalmente falando, mas vai sofrer quando ela envelhecer e morrer. Ou pretende abandona-la quando o tempo começarem a cobrar pela existência dela?

Gaara balançou a cabeça enfiando as mãos nos cabelos que já estavam bagunçados. Fechou os olhos com força e inspirou até controlar ao impulso de ferir mortalmente a flautista que ele bem sabia não seria capaz de matar.

– Eu não quero que ela sofra, é... é complicado.

– Não é não, não para mim. Teme que ela sofra vendo o tempo levar quem ela ama, teme que ela enlouqueça com a eternidade, teme que ela se torne... eu.

– Sakura nunca se tornaria alguém como você – falou o demônio sentindo um calafrio em imaginar Sakura agindo igual á Esperança.

Esperança riu

– É claro que não, nem toda eternidade seria capaz de molda-la á minha perfeição.

Gaara arqueou a sobrancelha, as bochechas ponteadas de manchas vermelhas – seria raiva ou completa confusão? Esperança deu de ombros rindo mais uma vez.

– Brincadeira querido, não leve tudo tão ao pé da letra, se bem que letra nem tem pé.

O demônio cruzou os braços voltando para a casa de Sakura ouvindo Esperança tagarelar sobre a aparência dele, tinha se esquecido de como o humor da garota era instável. Por poucos minutos foi como ter voltado seiscentos anos atrás onde a ouvia tagarelar sem parar enquanto cruzavam os oceanos nos navios mercantes europeus. Muitas coisas haviam mudado desde aquela época.

Sakura

Assim que aqueles dois saíram uma enxurrada de perguntas sobre o que havia acontecido entre Hinata e Gaara e Sasuke tomou conta de minha mente. Ino queria saber o que havia acontecido – após ter reclamado que as coisas interessantes só aconteciam quando ela estava longe.

Logo o casal anjo-vampira se juntaram a nós, eles pareciam bem novamente. Sasuke segurava Hinata pela mão, ela estava com olhos marejados – aposto que chorou.

– Onde está Gaara? – perguntou Hinata para mim

– Lá fora com Esperança.

Sasuke franziu o cenho, a ideia deles dois juntos sozinhos também não me agradava, se bem que não sei se foi pelo fato de Hinata ter perguntado de Gaara ou se pelo fato dos dois estarem juntos e sozinhos – nesse caso acho que o pior que poderia acontecer seria Gaara matar aquela garota estranha e cabelos cinza, e tenho duvida que isso fosse o pior.

– Me diga Hina – começou Ino em um tom gentil e doce – De onde é que conhece esse Gaara mesmo? De repente parece que são melhores amigos de sempre e eu tenho certeza que não o conhecia antes.

Olhei para Hinata, vasculhando pela memória qualquer lembrança de que os dois se conheciam. Me lembrei apenas da noite em que Hinata foi mordida por Zero, mas não ache que ela e Gaara tivessem conversado depois disso, a outra vez que os vi juntos conversando foi no Palácio Cinzento, eles pareciam bem íntimos.

– Conheci o Gaara – ela me olhou e depois olhou para Sasuke soltando a mão dele – Quando ele me acordou naquela madrugada em que eu havia sido morta pelo Zero.

Olhei chocada para ela, então havia sido Gaara quem a despertou como vampira?

– Foi ele? – perguntou Sasuke encarando

Hinata assentiu evitando o olhar

– Como assim ele que te acordou quando foi morta? – repetiu Neji como se a palavra morta o entediasse.

Hinata olhou demoradamente para o primo – me enchendo de ansiedade.

– Sou uma vampira – disse em voz baixa

– Vampira? – gritaram Naruto e Hinabi juntos

Minha amiga vampira se encolheu sentindo os olhares nela, ela deu de ombros. Olhando para Neji se transformou, olhos vermelhos, presas afiadas crescendo até ficarem para fora dos lábios fechados e uma expressão fria e arrepiante no modo de olhar para todos como se todos fossem o próximo jantar dela.

– É por isso que Gaara me levou para fora, por que eu podia ferir vocês. Fui me alimentar.

– Hinata – sussurrou Hinabi colocando as mãos na boca.

Hinata voltou a sua forma humana comum e encolheu os ombros, aparentando voltar a ser a Hinata Hyuga que eu conhecia desde... sempre. Cada um esboçou uma reação, mas todos se afastaram dela, como se fosse perigosa demais para estar ali na nossa frente. Sasuke voltou a segurar a mão dela, eu me aproximei e fiquei ao seu lado olhando os rostos incrédulos. Sai se largou no sofá.

– Não tenham medo, ainda é a Hinata que conhecíamos. Só que menos humana e muito mais forte que antes.

Hinata sorriu, Ino correu para a amiga e a abraçou, em seguida os outros. Apenas Neji e Hinabi ficaram parados olhando para ela curiosos.

– Por que não contou? – perguntou a Hyuga mais jovem – Tenho uma irmã vampira e todo mundo sabia menos eu.

Todo mundo dela éramos Sasuke e eu. Depois ela abraçou a irmã fazendo perguntas estranhas como “Se eu te enfiar uma estaca no coração você morre?”. Esperança entrou na casa olhando para todos com certo interesse constrangedor, depois fez sinal com a cabeça e Gaara entrou indo parar ao meu lado, sussurrei para ele o que tinha acontecido – depois fico brava por ele não ter me contado – e ele fitou Hinata que ainda olhava para o primo com... medo.

Neji não falou nada apenas sorriu para a prima e se retirou, estava tão pálido e abatido que por um segundo esperei que ele desmaiasse. Hinata olhou para Gaara com uma expressão triste, ele deu de ombros e ela imitou o gesto – sério isso é irritante.

...

– Então – falei quando entrei em meu quarto seguida de Gaara – Quando ia me contar que tinha trazido Hinata para o mundo dos vivos em forma de vampira?

– Não ia – ele precisa ser tão sincero? – Hinata me pediu para que deixasse ela dizer quando achasse que fosse a hora. Achei que ela nunca fosse contar, que ia deixar as pessoas descobrirem sozinhas.

Ele parecia desinteressado, distante. Mas eu ainda tinha muitas perguntas a fazer.

– E o que conversou com aquela Esperança?

– Nada demais, perguntei o que ela queria em Konoha. Disse que veio limpar a bagunça que deixávamos, nós os demônios.

– Hum, então ela é um tipo de faxineira do inferno? – perguntei antes que pudesse conter a maldade na voz

– Não – respondeu ele olhando dentro dos meus olhos com ar intrigado – Alice é uma Eterna, ela apenas existe á muitas eras e cuida das coisas que os Cavaleiros não podem fazer. Como entrar em uma cidade de onde a morte foi expulsa.

Fiz que sim, sem entender. Também sem conseguir desviar meus olhos daquele par de esmeraldas que me encaravam.

– Mas ela veio para nos ajudar?

– Sim, ou ajudar a si mesma o que dá no mesmo. Alice faz o que lhe interessa, e no ultimo milênio ela tem grande interesse em destruir os demônios o que inclui ajudar qualquer um que esteja contra Lilith e meu pai.

– Mas nós dois somos demônios.

– Não se preocupe. Já fui amigo dela estou no fim da lista dos demônios que ela quer matar e você é mais humana que ela jamais foi, não há por que ela te fazer mal.

Ok, aquilo não ajudava muito.

– Disse que ela é uma Eterna, quer disser que ela não morre?

– Morre, claro que morre. Só que ninguém ainda descobriu como fazer isso. Se arrancar a cabeça dela, outra nasce no lugar. Se esquartejá-la e queimar os membros dela e jogar as cinzas no rio... provavelmente ela estará ao seu lado te observando com um novo corpo intacto. É como se ela se recriasse á cada morte.

– Quantas vezes ela já morreu?

– Não sei algumas pessoas já dedicaram á vida a mata-la, mas dai a conseguir.

– E onde a conheceu?

– Na Alemanha em 1284, estávamos Temari, Kankuro e eu tentando captura-la. Ela matou 23 crianças afogadas em Hamelin em um ritual que nos mandou direto para o limbo, acordamos vários dias depois.

Não sei o que me fez meu queixo cair mais, o fato dele ter falado em um tom nostálgico ou o fato daquela história de crianças afogadas em Hamelin me ser ridiculamente familiar ou o fato dele ter dito que conhecia aquela garota desde 1284.

– Quantos anos você tem? – perguntei ansiosa

– Setecentos e cinquenta e um.

Fiquei o olhando sem palavras, ele me olhou distraído.

– E quantos anos ela tem? – de onde saiu essa pergunta?

– Uns três mil anos. Mas Alice é completamente insana, é difícil saber quantas vidas ela já teve, ela aparece e desaparece quando lhe convêm ou quando á chamada.

– Você é muito velho – murmurei sem querer

Ele encostou a mão no queixo me olhando de modo fixo. Como uma lembrança ruim me lembrei que ele parecia ser mais velho quando eu tinha oito anos, e agora tinha a mesma aparência de quando eu tinha treze. Céus ele mudava de aparência.

– Você é imortal?

– Não, apenas ainda não me mataram. Como a Hinata eu posso viver por muitos anos a diferença é que ela sempre vai aparentar dezessete anos, enquanto eu posso aparentar a idade que eu quiser.

Balancei a cabeça. Ainda o olhando me deitei. Precisava assimilar aquelas informações. Gaara não me tocou, nem mesmo se deitou ao meu lado, ele ficou encostado á janela, apenas me observando. Meu deus! Como nunca passou por minha cabeça perguntar a idade dele? Não que eu tenha alguma ideia do que fazer com tantas informações ou que isso vá mudar alguma coisa, mas o que vai acontecer quando eu ficar velha e morrer?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Meus guardiões - entre o bem e o mal" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.