Terça-feira, 4 de Setembro.

O segundo dia de aula acabava de começar e aqui estou eu andando pelo corredor da escola indo e direção a minha sala de aula. Depois de ontem eu não quero nem mais imaginar o que pode acontecer, afinal, eu passei o resto das aulas do dia pensando no professor de biologia! Esse maldito cara lindo que não sai da minha cabeça e me persegue em meus sonhos!

8:15 AM

Cheguei atrasada na sala de aula por culpa do meu sonho lindo com o N, e já me deparo com um monte de cabeças exasperadas em volta do mural. Avisto Bianca e me aproximo:

– Hey B! O que tá rolando? Que confusão toda é essa? – pergunto sem entender que merdas estão acontecendo.

– Aaah, Touko... é que bom... agora que estamos no último ano colegial, nós temos que estudar muito e... digamos que a primeira semana de provas do ano é semana que vem! – respondeu a loira sem saber como me dar aquela notícia.

– QUÊ??!!?!? – exclamei tão alto que todos olharam para mim. – MAS QUE PORRA É ESSA DE SEMANA DE PROVAS NA SEGUNDA SEMANA DE AULAS?! E QUE RAIO DE MATÉRIA NÓS VAMOS TER PARA ESTUDAR?!

– Se acalme, Tou... ehehe – a loira deixa escapar uma gota – provavelmente é só a matéria de uma semana de aula mesmo...

Ótimo! Semana que vem já tem prova de várias matérias, com a matéria da primeira semana de aula, sendo que no primeiro dia a única coisa que eu aprendi é como o professor N de biologia é um tremendo de um gato!

– Tou, sai dessa neurose, vai! Pensa só, pelo menos é pouca matéria, e se você for mal, vai ter muitas outras chances de recuperar a nota depois! – a loira tentou me acalmar – Mas agora é melhor irmos para o vestiário, já estamos atrasadas pra aula de educação física. Hoje começamos com natação!

Seguindo as orientações da minha melhor amiga, fui com ela em direção ao vestiário. Eu sempre odiei e amei a aula de educação física. Odiei porque odeio usar aquele uniforme super exposto de mini short e regata branca, agora quem diria um maiô escolar! E amei, porque pelo menos eu não tenho que usar o meu cérebro nas atividades físicas.

O vestiário escolar era uma das coisas mais irritantes do mundo! Um monte de garotas de roupa íntima, exibindo seus corpos superesbeltos, e você lá, exibindo a sua tábua de passar roupas. Eu não tinha para onde fugir, e o pior é que nem a minha melhor amiga podia me ajudar numa hora dessas. Bianca não estava em desvantagem, apesar de seu rosto de criança tem o corpo bem definido e curvas muito bem desenhadas. Ai, ai, esse Cheren, deve se divertir bastante com essa minha amiga. M-mas o quê eu estou pensando?! Melhor eu vestir logo esse maiô idiota e me livrar desse vexame.

Todas as meninas saíram em conjunto do vestiário e nos dirigimos para a borda do piscinão da escola. A piscina da escola era incrível! Além de ter 5 metros de profundidade ela tinha uma extensão gigantesca de uns 30 metros! No fundo, havia bem grande o brasão da escola USS.

– Bom dia, turma! – se apresentou uma mulher muito bonita, que devia ter quase 30 anos. – Eu sou a professora Misty e vou lecionar as aulas de natação durante o ano letivo! – ela finalizou sorrindo.

A professora passou pra todos uma ótima impressão, já que além de ser ruiva e ter olhos claros, ainda tinha o maior corpão, que deixava todos os garotos doidos, sem falar que aparentou ser muito simpática.

– Como essa é a primeira vez que alguns de vocês estão tendo aula de natação, visto que essa disciplina é obrigatória apenas no último ano, os que não souberem nadar não se preocupem, poderão começar treinando com o auxílio de boias! – informou a ruiva.

Ouvir isso foi um alívio para mim! Eu não sabia nadar e seria a maior humilhação se eu começasse a afundar que nem o Titanic na frente de todo mundo!

– Hoje, começaremos com o básico. – a ruiva continuou – vou ensinar alguns movimentos simples de nado para os leigos, e depois, realizaremos um circuito simples na água. Me observem. Farei uma demonstração.

A professora mergulhou rapidamente, com os braços e pernas esticados e bem juntos uns dos outros. A água voou para todos os lados, estava muito fria! Com apenas algumas gotas que respingaram, eu já estava tremendo de frio! Até parece que eu ia entrar naquela merda! Nadar nessa piscina era pedir para passar o ano inteiro resfriada!

– A água está muito fria, como podem perceber. – afirmou Misty – esperem aí na borda da piscina enquanto eu vou chamar a equipe e manutenção para esquentar essa água.

A professora saiu da piscina e se enrolou rapidamente em uma toalha branca com um enorme brasão da escola bordado em preto. Logo depois, saiu da área da aula, deixando os alunos a sós. Eventualmente, todos começaram a conversar e o silêncio de antes evaporou completamente. Eu estava encarando a água com um pouco de medo por não saber nadar. Até que eu sinto um cotovelo perfurar a minha costela esquerda.

–A-AAI! BIANCA! Você tá maluca?! Quer me matar?! Por quê está me cutucando desse jeito?! – encaro a minha amiga com um punho na mão direita.

– Menos papo e mais ação. Olhe. – finalizou a loira ao girar o meu rosto sentido norte com as suas mãos lisinhas esmagando as minhas bochechas.

Cabelos verdes presos em um rabo de cavalo, olhos da mesma cor. Um sorriso completamente provocante se direcionando para o centro dos meus olhos azuis. E como se não bastasse, vejo um acenar de mãos, aquelas mãos de que longe aparentam ser as mais quentes e acolhedoras do mundo. Espera aí!? O professor N estava acenando e sorrindo para mim a distância?! Pera, ele está me vendo de maiô?! A infinidade de pensamentos constrangedores na minha mente me torturavam, o meu rosto começava a entrar em erupção vulcânica e meu corpo tremia involuntariamente, até que-

– A-a-a-AAAHH! – eu caí com tudo na piscina que estava mais para o Alaska. E obviamente, comecei a afundar e a me debater naquela água gelada que nem uma desesperada pedindo por socorro.

– TOUKO, TOUKO, TOUKO! – só conseguia ouvir a voz de Bianca chamando por mim enquanto estendia a sua mão na minha direção.

Estava ficando cada vez mais tonta, tudo estava girando. A voz da Bianca parecia cada vez mais distante, e eu estava perdendo o controle do meu corpo. Até que tudo escureceu.

–x-x-x-

– Ah! Ela acordou! – escuto uma voz tão doce quanto a de Mei exclamar.

– Touko, você tem noção de como nos deixou preocupadas?! – escuto um tom de bronca muito parecido com o da Bianca.

Espera aí! Eram elas!

– Mei? Bianca? Aonde eu estou? O que aconteceu? – pergunto enquanto esfrego os meus olhos com as mãos ao esticar as minhas costas, ainda deitada na cama.

– O que aconteceu?! Você não se lembra?! – se enfurece a loira – Eu estive aqui durante as últimas 2 horas esperando você acordar, enquanto eu perco um monte de matéria importante para as provas de semana que vem, e você me diz que não se lembra de nada?!

– Isso mesmo! – solto um risinho.

A loira suspira e dá continuidade:

– Você tropeçou na beira da piscina da aula de natação e caiu. Começou a se afogar seriamente! Eu não sei o que seria de você se o professor N não tivesse aparecido! – contava ao colocar as mãos em seu rosto.

“professor N” – tais palavras foram o suficiente para fazer o meu rosto corar e meu coração acelerar.

– Ah, Touko! Será que está com febre?! – exclama Mei pousando sua mão direita na minha testa.

– N-n-não! Me solte! Sério, não precisa mais se preocupar comigo! Eu to bem! Eu to bem! – me preveni segurando a mão de Mei.

Fitei um sorriso malicioso no rosto da Bianca nessa hora, e percebendo que eu estava entendendo o seu olhar, começou:

– Não precisa ficar envergonhada só porque o professor de biologia gato te salvou! Até parece que nem quer saber o que aconteceu pra você chegar aqui na enfermaria, ou será que quer? – finalizou com um arzinho provocador ao colocar o dedo indicador no queixo.

Apenas assenti com o rosto ainda vermelho, tentando disfarçá-lo com o cobertor.

– Quando você caiu, eu, obviamente, entrei em desespero! Mas acho que graças aos meus gritos o professor N que estava a alguns metros de distância percebeu o que estava acontecendo e saiu correndo até a piscina! Quando ele já estava bem perto, tirou a própria camisa e mergulhou sem hesitar! Em menos de 3 minutos ele saiu com você em seus braços, musculosos, diga-se se passagem. – a loira deixou escapar um risinho – E te trouxe em pra cá. Eu o acompanhei em todo o caminho e estou aqui até agora com você.

– O-o-obrigada Bi-bianca! Eu não sei nem o que dizer... só obrigada por ficar esse tempo todo aqui comigo. E você também, Mei. Aliás, como você descobriu que eu estava aqui?

– Ah, a Bianca passou lá na sala e me chamou para vir aqui! Eu obviamente não poderia deixar a minha irmã na pior!

– Ah que progresso vindo da minha irmãzinha gênia. Só assim você saí da aula para alguma coisa, né? – brinquei um pouco.

– Sim, mas... – Mei ficou um pouco cabisbaixa – Eu... tenho que ir agora... não vai ser legal se eu perder mais aulas. E como agora já sei que você está melhor, estou mais aliviada! – finalizou sorrindo.

– Tudo bem. Obrigada Mei. Nos vemos na saída então!

Minha irmã sorriu, se levantou e saiu da enfermaria ainda sorrindo. Sempre admirei esse seu jeito doce de ser.

– Ah sim! Antes que eu me esqueça! – a voz da Bianca corta os meus pensamentos. – O professor N pediu que eu te entregasse essa carta! – ela estendeu um envelope branco na minha direção, e continuou a estampar um sorriso malicioso no rosto - E eu obviamente vou ficar esperando aqui! Quero saber o que tem aí dentro!

Ai, ai, Bianca... apesar de uma ótima amiga também é uma maldita! A minha vida toda, sempre que eu achava algum cara bonito ela adorava ficar cheia das gracinhas pra cima de mim. Mas bom, deixando isso de lado, eu queria realmente saber o que tinha dentro daquele envelope, e como ela não ia me deixar em paz até eu abrir, decidi abrir logo antes que o meu coração pulasse pra fora do peito.

O envelope tinha um aroma gostoso, e o papel dentro dele estava dobrado quatro vezes. Desdobrei-o delicadamente enquanto apreciava o doce aroma. Sem mais delongas, pude ler o conteúdo simples e direto:

“Querida aluna, tome mais cuidado!
Caso o contrário vai matar a sua amiga de preocupação!
Além disso, você precisa sobreviver para as provas de semana que vem! Espero que você tenha dormido bem quando ler essa carta, Bela Adormecida.
– N “

– Se você quiser guardar... fique à vontade... Bela Adormecida! – a loira ainda sorria maliciosamente, principalmente após ler o conteúdo da carta.

Amassei a carta contra o peito e mostrei a língua pra ela. A loira apenas deu uma gargalhada e finalizou com um sorriso gentil.

– Bom, agora que você já está melhor e já leu a carta do seu príncipe – a loira piscou o olho me fazendo corar – é melhor voltarmos para a aula, vem comigo?

– Aaaaah! – me espreguicei – Infelizmente sim, né que escolha eu tenho? Mas antes acho que vou dar uma volta para me trocar e beber uma água. Pode ir na frente.

– Certo! Se cuida! Ah, e só mais uma coisa... – a loira me surpreendeu dando-me um abraço muito forte e caloroso, que fez com que eu me sentisse muito feliz e estampasse um sorriso bobo no rosto – Nunca mais me preocupe desse jeito, ouviu, Tou? Saiba que eu sempre estarei aqui para o que você precisar – deu um beijo no meu rosto e foi embora.

Fiquei que nem uma boba parada com a mão na bochecha beijada, desta vez corada de felicidade por ter uma amiga tão incrível! A Bianca é realmente a melhor amiga do mundo, e eu nunca vou deixar nada e nem ninguém me afastar dela!

Fui a última a sair da enfermaria, e no caminho até o vestiário para finalmente tirar esse maiô e colocar o meu uniforme, passei pelo ginásio. Lá estava a maior gritaria, um monte de garotas torcendo, ou algo assim. Deveria estar tendo algum treino importante da nossa escola. A Unova Special School possui um time muito bom de basquete, que já ganhou várias competições e inclusive um mundial, o time se chama Unova Special Team.

Enquanto atravessava toda aquela multidão, avistei alguém conhecido. Ué, o que a Mei estaria fazendo aqui?! Ela não disse que estava atrasada para a aula?! Não... não pode ser ela... Mas essa garota tem cabelos castanhos e o mesmo penteado dela: dois coques por onde saem suas marias chiquinhas! Bom, só há um jeito de descobrir.

– Mei! – falei em um tom alto ao colocar a mão no ombro da garota que só podia ser a minha irmã.

– Tou-touko?! – ela se vira assustada – O-oque está fazendo aqui?!

– Eu que te pergunto! A minha irmãzinha gênia não tinha uma aula muito importante para assistir que teve que sair até antes da enfermaria? – indaguei um pouco confusa.

Mei ficou cabisbaixa, e pude perceber pequenas maçãs brotando em suas bochechas. Até que ela olhou para os meus olhos, respirou fundo e:

– Eu vim aqui para me inscrever pro teste de líder de torcida! – ao finalizar seu rosto corou-se ainda mais e ela estava tremendo um pouco.

Ok, não posso negar de que essa notícia me pegou de surpresa, e em cheio! Eu nunca iria imaginar que a Mei possuía algum interesse em esportes e ainda por cima em fazer teste para ser uma líder de torcida oficial da escola. Como ela teria coragem de usar aquelas roupas super constrangedoras?! Apesar de que provavelmente iria ficar linda nela, ainda mais com o corpo que tem. Mas ver a Mei rebolando segurando um par de pompons?! A Mei sempre morreu de vergonha de dançar!

– M-mas, como assim?! Meeei, hellooou, Mei é você? Terra pra Mei! – tentava chamar a sua atenção sacudindo uma das mãos na sua frente - Não era você que não suportava a ideia de dançar? Como pretende passar em um teste desses?

– Eu não pretendo, Tou. Eu preciso. – sua afirmação foi ríspida. Ela definitivamente tinha um motivo muito forte para querer isso.

– Mei, você sabe que eu sou sua irmã, e vou te apoiar e ajudar no que você precisar, mas... me conta, de onde surgiu esse seu interesse repentino no time de basquete da escola e em ser líder de torcida?

– Não foi repentino, Tou. – ela fitou o chão, cabisbaixa – Foi desde o ano passado. – suas bochechas avermelharam-se.

Fiquei apenas encarando ela por alguns segundos, ainda sem entender nada, com um ar de silencio envolvendo nós duas. Só nós duas, porque o ambiente em volta estava um barulho do caralho!

– Eu não tenho mais pra onde fugir, não é? Ahahah, isso é tão constrangedor! – ela olhou pra mim enxugando o canto do olho prestes a chorar enquanto forçava um sorriso. – Eu estou apaixonada, Tou!

Oi?! Meninas gênias tinham tempo para se apaixonar?! Ok, chega de gracinhas, eu precisava ajudar a minha irmã numa hora dessas:

– Mei, isso é... incrível! Amor deve ser um sentimento ótimo e você deve se orgulhar disso! Mas, me fala quem é o sortudo? – finalizei com um ar malicioso, estava parecendo até a Bianca mais cedo!

– Hyuu... Hyuu Hugh, turma 2AB. Ele é do segundo ano colegial, um ano mais velho que eu, e um dos atacantes do time de basquete da escola. Eu comecei a gostar dele ano passado, durante o segundo semestre...

~MEI POV~ (Mei Point Of View // Flash Back da Mei)

Eu estava andando no corredor da escola enquanto conversava com uma colega de turma:

– Nossa Mei, quer dizer que você conseguiu a melhor nota no teste de matemática pela terceira vez consecutiva? Que inveeejaaa, eu queria ser inteligente como você! Será que você poderia me ajudar?

– Mas é claro que sim! Matemática não é tão difícil quanto parece! É só uma questão de raciocínio, que eu posso te mostrar! – respondi alegre, poderia ser uma chance para eu conseguir fazer amigos.

– Ora, ora, ora... se a robôzinha vai ensinar para a Crystal os seus truques, nós também queremos saber! – um trio de garotas bem irritantes e problemáticas se aproximaram.

– E-eu... posso ajudá-las também! É só marcarmos um dia e-

– Marcarmos um dia? – uma delas me cortou – Qual foi robôzinha, você pensa que nós somos idiotas?! Você vai falar aqui e agora quais são os seus truques! Acessa a internet durante a prova? Seduziu o professor? Responda!!

– N-n-não... e-eu... – não conseguia mais me aguentar ali. Eu já estava chorando que nem um bebê. Por que sempre tinha que ser assim? Por que as pessoas sempre me tratavam desse jeito por eu ser inteligente? Eu já estava cansada disso! Eu só queria poder fazer amigos!

Até que ele apareceu...

– Ei vocês não tem mais o que fazer não?! Não deveriam estar treinando a torcida, para o jogo de amanhã?! Ao invés disso, vocês ficam importunando a vida de outras pessoas, só porque são melhores do que vocês! – ele foi duro e severo em suas palavras, mas fez isso para me proteger. Seus cabelos escuros espetados me chamavam a atenção, assim como os seus olhos vermelhos que esbanjavam autoconfiança.

As garotas irritantes apenas murmuraram “droga” e saíram dali na mesma hora. Percebi naquele momento que o Hyuu era alguém especial, corajoso, que poderia conseguir o que ele quisesse, sem ninguém para ficar no seu caminho. Quando ele passou por mim para seguir em frente, me olhou nos olhos, sério por alguns segundos, mas logo depois pude ver um leve sorriso no canto de seu rosto, e depois foi embora.

~MEI POV END~

– Desde então, eu passei a assistir todos os treinos do Unova Special Team. – ela completou – E cheguei a conclusão de que apenas observá-lo durante os jogos não seria o suficiente para ele se lembrar de mim... eu precisaria de algo maior, para entrar em contato com o seu time... então, decidi me candidatar como líder de torcida!

– Mei, essa sua dedicação, sua paixão... e essa história... foi realmente lindo o que ele fez por você! Você deve ter ficado muito feliz! – exclamei dando-a apoio – Mas também quero me desculpar... eu fui uma péssima irmã por nunca ter percebido nada disso sobre você... pensei que sempre teve uma vida fácil por ser inteligente... que vivia rodeada de amigos e admiradores... eu não sabia que você passava por todas essas dificuldades e – não consegui continuar, só consegui abraçar a minha irmã.

Eu pensava que a vida dela era perfeita, ao contrário da minha. Parece que ter notas boas não é tudo quando se é estudante. Ela passava por muitos outros problemas que eu nem sequer imaginava. Eu fui uma péssima irmã por nunca procurar saber o que acontecia na sua vida. Jamais poderia pensar que a Mei era tão reservada desse jeito, a ponto de não se abrir sobre o que acontecia. Acho que no fundo, ela só não queria me preocupar. Pensando bem, até que isso é bem a cara dela.

– T-tou... – ela choramingava entre meus braços.

– Eu te amo, Mei. Hoje nós vamos passar a noite juntas, conversando e comendo porcarias. – falei abraçando a minha versão mais nova e melhorada.

– O-obaaaaaaa! – consegui roubar um sorriso dela e fazê-la me abraçar ainda mais forte.

– Mas lembre-se, Mei. – desfiz o abraço e olhei seriamente para ela – Se você passar no teste vai ter que treinar todos os dias depois da aula e seu tempo de estudo vai diminuir bastante. Por favor, não deixe suas notas diminuírem, caso contrário você terá problemas com a mamãe assim como eu! – finalizei brincando um pouco.

– Eu vou dar o meu jeito, você vai ver! – ela afirmou sorrindo e confiante.

Depois disso, Mei se sentiu 100% preparada para fazer a sua inscrição, enquanto isso eu fui para o vestiário finalmente trocar de roupa de uma vez por todas. E foi quando eu parei para pensar o quão engraçado isso tudo fora... Eu falando para a minha irmã que amor deve ser algo incrível e ficando realmente feliz por ela. Mas afinal, será que eu lá sei o que é amor? Nunca havia me apaixonado de verdade, mas... quando eu parava para pensar no professor N... algo me dizia que eu estava prestes a descobrir.