Uma última vez escrita por SaraAS


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo.
Espero que gostem!!



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Depois de um tempo, Lisbon não conseguiu não perguntar:
– Por que você entrou na Associação Blake?
– Você sabe que eu já fui casado e me divorciei, não é?
Lisbon assentiu com a cabeça e Pike continuou:
– Você não sabe é o motivo. Eu matei a mãe dela envenenada. E matei porque ela descobriu que eu estava oferecendo álibi a um assassino em troca de dinheiro. Mas eu não sou tão cruel e não consegui mais olhar para minha ex-mulher sem lembrar do que fiz com a mãe dela e me divorciei. Nessa época eu morava na Califórnia e era da Polícia de San Diego. Alguém grande na Associação descobriu que eu tinha protegido um criminoso e me ofereceu imunidade em troca de fazer algo assim – ele mostrou o lugar com as mãos – no futuro. Contei a eles do assassinato também, porque queria dizer a alguém e porque me arrependi. Com a ajuda deles, vim para Austin, trabalhar no FBI e agora estou aqui fazendo minha última coisa ilegal. – ele concluiu com um sorriso.
– Eu tenho nojo de você.
– Não me importa. Ah! E seus amigos do FBI já estão atrás de vocês. – disse Pike, saindo do quarto e deixando Lisbon encarando a televisão ainda ligada.
E ela não queria ver o que a televisão mostrava: Jane cada vez mais desesperado, tentando inutilmente se libertar e, principalmente, Lisbon via que aquela antiga dor estava de volta aos olhos dele. E ela o ouvia dizer baixinho:
– Eu preciso sair. Eu preciso encontrá-la. Eu preciso salvá-la. Ele não pode fazer isso de novo. Eu não vou deixar ele levá-la de mim. Lisbon, fique bem... Fique bem... Onde quer que esteja que o Deus em que você tem tanta fé te proteja. Fique viva, Teresa. Fique viva... – ele continuava.
– Eu estou bem, Jane. Eu estou bem. Só aguente um pouco e a gente vai se encontrar em breve. – ela o respondeu, mesmo sabendo que ele não a ouviria. – Meu Deus, o acalme. Ele não merece sofrer mais. – ela pediu e continuou rezando por ele, também tentando se soltar.

No hospital, Abbott tentava conseguir algumas informações com Cho, já que o bilhete mencionava “velhos amigos”.
Ao ler o que estava escrito, Cho sentiu um frio na espinha e disse:
– Sei que é loucura, mas isso parece coisa de Red John.
– Red John? Red John está morto.
– Acho que enquanto a Associação Blake existir, Red John estará vivo.
– Vamos trabalhar com isso. Você não se lembrou de mais nada do sequestro?
– Eu tenho alguns flashs, mas nada claro, nada que faça sentido.
– Ok. Avise se lembrar de alguma coisa.
– Ok.
E Abbott saiu.

Depois de horas assistindo o sofrimento de Jane, que agora estava tão fraco, pelo esforço de tentar se soltar, que quase nem se mexia mais, Pike entrou de novo no quarto em que Lisbon estava.
– Andou chorando pelo seu amorzinho? – ele perguntou, vendo que ela estava com o rosto vermelho e com o caminho das lágrimas marcado em suas bochechas.
– Ele não é meu “amorzinho”.
– Ah!!! Vamos lá!!! Não acredito que você ainda negue isso à você mesma. Era óbvio que a todo instante em que você estava comigo, você queria estar com ele. Até porque, quando ele ligava dizendo que tinha uma emergência, você nem tentava negociar sua ida, você só se levantava e ia.
– É trabalho!
– Não era só trabalho. Eram suposições de Jane, na maioria das vezes. Não era só trabalho, era Jane. Na Califórnia, você arriscou seu emprego por ele inúmeras vezes. Você arriscou seu trabalho, você não arriscou Jane. Nunca foi só trabalho e você sabe disso. Mesmo que ainda negue, procure dentro de você o que importava mais: Jane ou o emprego?
– Eu só fiz isso porque ele...
– Porque ele fecha casos. É, claro. Ele fecha casos. - ele disse, sarcático - Vocês poderiam se virar sem ele, se viraram sem ele antes. Não se engane mais.
Depois de um tempo em silêncio, cerrando os dentes de raiva por aquele homem tentar enxergar os sentimentos dela, ela soltou:
– Que seja! Isso não te interessa!
– Interessa sim. Você vai ver. Já te fiz pensar nos seus sentimentos. Agora é a vez dele. – ele disse, apontando para a tela, com um risinho cínico. – A tortura que estamos fazendo ele passar, vai aumentar agora. Sabe porque sequestramos Cho?
Ela fez que não com a cabeça. E, na verdade, ela ainda não tinha pensado nisso, depois que tinha sido sequestrada.
– Tinha algumas informações que nós não tínhamos. Coisas que serviriam para torturar Jane mais ainda. Algo pequeno que poderia desencadear lembranças de algumas coisas entre vocês dois. O resultado foi melhor do que você poderia imaginar. Cho viu algo entre vocês há alguns anos e tem uma coisa nesse algo que pode trazer lembranças ou desejos ou sei lá o que a Jane. Veja. – e ele apontou para a tela, onde se via Jane parecendo desmaiado.
Jane, na verdade, estava em um estado de semiconsciência, quando começou a ouvir uma música ecoando no quarto. A música era “More Than Words” e no estado em que ele estava, começou a se lembrar de coisas em forma de sonhos.
Com o início da música, Jane se lembrou de quando ele e Lisbon dançaram depois de encerrar um caso. Mas quando se afastaram do abraço da dança, já não era mais o momento em que dançaram, era o momento antes de ele atirar nela: “Boa sorte, Teresa. Te amo”. Quando o tiro saiu, quem foi atingido era o homem que sabia quem era Red John e estava apontando uma arma para Lisbon. Ele se viu, em seguida, na porta do quarto em que sua esposa e filha foram assassinadas, quando Lisbon o levou até lá, depois de ele ter perdido a memória. E ela estava logo atrás dele, sofrendo por ter que fazê-lo lembrar daquela dor. No instante seguinte, ele estava na porta do sótão, dizendo “Tudo por você, Lisbon” e, de novo, sua mente ecoou “Te amo”. Depois, era ele cego, tocando o rosto dela para sentir como ela ficava sorrindo. Depois, ela estava na ambulância e ele corria entre os policiais gritando “Água! Alguém tem um pouco de água?” e, depois, limpando o rosto dela, sujo com o sangue de Partrigde, ele ouviu o eco de sua voz novamente: “Te amo”. Depois ele estava na sala de interrogatório do CBI, ouvindo Lorelei dizendo “Você está um pouco apaixonado por ela, não está?” depois, já era o pôr do sol e ele dizia “Você não faz ideia do que significou para mim. Do quanto significa pra mim.” Depois ele a abraçou e era o abraço de quando ele voltou para os Estados Unidos. Depois ouviu mais uma vez o eco do “Te amo” e estava de volta à dança. Ao fim da música.
Depois disso, ele entrou, realmente, em estado de inconsciência.

No outro quarto, Lisbon assistia à tudo. Via a inquietação de Jane e ouvia ele murmurando coisas que não eram claras, ao som de “More Than Words”. E, pensando na dança ao som dessa música, ela também se lembrou de muitas coisas que aconteceram entre os dois.
Ela se lembrou do primeiro caso em que trabalharam com McAllister, Jane falou que tinha alugado um quarto de motel e depois brincou “Calma, Lisbon. Eu não vou seduzi-la no jantar.” Se lembrou de quando ele atirou em um cara para salvá-la e o homem era a única pista de Red John que ele tinha no momento. Se lembrou de quando foi suspensa por culpa dele e Jane a convenceu a ir até onde estavam os criminosos, mas os dois acabaram presos em um “contêiner” e quando ela afirmou “Você não precisava de ajuda. Patrick Jane, você estava tentando me ajudar.” e ele respondeu “Você sabe, eu sempre irei te salvar, Lisbon. Você goste ou não.” Se lembrou de quando ela foi acusada de assassinato e ele não a abandonou. Se lembrou do sorvete que dividiram. Se lembrou de quando ele disse que se ele soubesse que ia morrer, era para ela que ligaria. Se lembrou de quando ele disse que a amava, antes de atirar e de como ele disse que não se lembrava de nada, mais tarde. Se lembrou de quando ele perdeu a memória e perguntou se eles estavam dormindo juntos ou trabalhando para isso. Lembrou de quando ela o cobriu, à noite, no sofá da casa em que eles estavam “morando”, fingindo ser um casal. Lembrou de quando ele a acalmou quando tinha uma bomba presa ao corpo dela e quando, pouco depois, ele disse que ela estava tão linda como um princesa, uma princesinha raivosa com o vestido de dama de honra. Se lembrou de quando Sean Barlow afirmou que ela estava um pouco apaixonada por Jane e pensava nele antes de dormir. Lembrou de quando acordou no hospital, depois de ter sido atacada por Red John e ele estava ao lado dela. Se lembrou de quando viu a casa explodindo com ele dentro, depois do pôr do sol, depois de ele falar que ela significava muito para ele, depois do abraço, depois de ele deixá-la sozinha na praia, depois que ela roubou um carro e um celular para ir atrás dele. Se lembrou da mensagem que ele deixou no celular dela, depois de ter matado Red John, dizendo “Lisbon, eu só quero dizer que eu estou bem. Eu vou sentir sua falta.” Lembrou, por fim, do abraço, em uma sala do FBI, 2 anos depois do fim do pesadelo.
E, agora, estavam ali. Ele, revivendo o pesadelo. Ela, não conseguindo parar isso.


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Notas finais do capítulo

E aí, faz sentido a historinha do Pike com a Associação Blake? haha
Essa parte aí do quase sonho do Jane e as lembranças da Lisbon era pra ficar fofo e emocionante, mas acho que ficou confuso... Ou não? Bem, me digam!
Eu queria usar todos os momentos Jisbon da série, mas não lembro de tudo, é claro, e ficaria enoooorme!!! E talvez eu tenha escrito coisas de um jeito diferente do que aconteceu. Minha mente não funciona tão bem, para lembrar detalhadamente. rsrs
Contêiner está entre aspas porque eu não sei se é contêiner mesmo que aquele troço chama!
Bom, é isso, espero que tenham gostado!! Já está chegando ao fim...



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