Ele estava de costas, exibindo suas asas de anjo, envolvidas por um brilho dourado que combinava com as suas asas negras. Então lentamente se virou e começou a caminhar em minha direção, tentei ver seu rosto, mas parecia estar coberto por uma sombra. Quanto mais ele se aproximava, mais rápido o meu coração batia, parecia que iria sair pela boca. O anjo colocou uma mão no meu rosto e senti que estava ficando vermelha, estava completamente sem fala, nossos lábios estavam a centímetros de distância, lentamente fechei meus olhos e...

O despertador do meu celular começou a tocar (N/A: maldito despertador, né?), abri meus olhos lentamente, hoje era o dia. Levantei-me com uma dor nas costas terrível, esse era um daqueles momentos em que desejava a minha cama King Size, do meu maravilhosos e luxuoso quarto na minha maravilhosa mansão, ninguém merece, suspirei.

Eram 7 horas da manhã, as aulas começavam às 8h então tinha menos de uma hora para ficar apresentável, porque de acordo com a imagem que estava refletida quando me olhei no espelho do banheiro, eu poderia conseguir o papel de fantasma em qualquer filme de terror. Meu cabelo parecia uma juba e eu mal conseguia abrir os meus olhos, sem falar da minha coluna que latejava. Tomei um banho rápido e fiz a minha higiene pessoal. Abri o guarda roupa e encarei um dos maiores dilemas da minha vida: o que vou vestir? Cade o meu estilista quando preciso dele? Escolhi um look básico, passei um lápis de olho, rímel, base e gloss. Até que achei muito básico, mas estava sem tempo para me produzir, já eram 7h45 e eu não sabia nem onde era a escola.

Saí do quarto e fui até a cozinha, Lysandre estava fazendo café, literalmente apenas café, se eu estivesse em casa teria muito mais que isso, suco, frutas, cereal, torta e pães, triste a realidade em que me encontrava. Para piorar, não sabia o que dizer a ele o clima estava tenso...

–Bom dia. - eu disse.

– Sério Katherine? Só isso? Quanta criatividade - pensei.

–Lysandre, será que você poderia me dizer onde fica a escola? - disse, esperando um "se vira" como resposta.

–Bom dia, eu te levo. - ele disse com a mesma voz monótona. - Quer café?

Fiz que sim com a cabeça, não era a maior fã de café, muito menos puro, mas não parecia ter uma melhor opção. O silêncio predominou-se por mais de cinco minutos, então ele fez sinal para que eu o segui-se, chegamos ao estacionamento do prédio e entrei no carro, o trajeto novamente foi em completo silêncio. Em menos de 5 minutos, estávamos estacionando, a minha frente havia um prédio de 3 andares, cor de rosa.

Com tantas cores e tons, tinha que ser rosa? Eu amo essa cor, mas sinceramente não combinava com uma escola. Havia um belo jardim em volta do estacionamento que cada vez mais ficava cheio de carros. Era o primeiro dia de aula, isso me reconfortava, porque sabia que não seria a única deslocada. Olha em volta e a maioria sorria e cumprimentava amigos, enquanto eu me sentia invisível, isso não era normal para mim. Sempre fui o centro dos olhares, os holofotes sempre sobre mim e agora parecia que eu era apenas mais uma formiga no formigueiro.

Lysandre acenou e simplesmente me deixou sozinha, sem saber o que fazer. Entrei no colégio onde no corredor principal havia uma faixa dizendo "Bem vindos." Na parede havia listas de turmas, procurei as listas do 2º ano e tentava encontrar o meu nome em uma das listas, só que havia muita gente amontoada, alguns estavam felizes dizendo que estavam na sala de seus melhores amigos, outros xingavam os professores por ter os separado de seus amigos. Encontrei o meu nome na lista da sala 2-C e então a voz de provavelmente um dos professores soou nos alto- falantes:

–Bom dia, novos alunos dirijam-se ao Grêmio Estudantil para verificar a sua ficha de inscrição, lembrem-se que devem pagar a taxa de 25 euros no ato. - a voz parecia robótica, quem quer estivesse dando o aviso, devia o repetir todos os anos, sem muita animação.

Percebi que a minha direta havia uma sala com uma placa que dizia: Grêmio. Bati na porta e entrei, aquele lugar estava um caos, uma garota de cabelos castanhos e roupa social parecia procurar uma ficha desesperadamente, enquanto um loiro com uma gravata muito mal colocada, mantinha aquele sorriso de faixada no rosto dizendo "bem vindos" e etc. Fui até ele com o mesmo sorriso e voz doce e disse:

–Bom dia, sou Katherine Dias, aluna nova. É com você que verifico a minha ficha de inscrição?

–É sim! Qual a sua sala? As fichas estão organizadas por turma, assim fica mais fácil encontrar. Meu nome é Nathaniel, prazer. - ele disse abrindo um sorriso de orelha a orelha.

–Sou da sala 2-C, parece que a sua colega está com dificuldade para encontrar uma das fichas... - eu disse

–Achei! - a garota que de roupas formais gritou , levantando uma ficha para o alto.

–Melody! A escola inteira não precisa saber que você encontrou uma ficha que estava sumida porque você é desorganizada. - disse Nathaniel com a cara fechada. Ele mudava rapidamente de humor, eu enh... garoto estranho.

Melody fez uma cara triste, e pediu desculpas bem baixinho.

–Desculpe por isso. Sua ficha está completa, só precisa pagar a taxa de inscrição. - Nathaniel voltou a sorrir, e sinceramente aquele sorriso me dava arrepios. Vai ser bipolar longe de mim.

Paguei a taxa e acenei, saí da sala e fui para a minha turma. A maioria dos alunos já estava lá. Entrei com a cabeça erguida para mostrar que eu não era a novata que as pessoas iriam ignorar, antes do que eles imaginavam eu me tornaria popular e todos irão querer andar comigo. Sentei na frente e o sinal tocou. Alunos continuaram a entrar e brigar pelos lugares, uma loira com cachos muito mal feitos e uma roupa ridícula, que parecia muito mais um saco de batatas, parou na frente da minha mesa e me olhou feio.

–Saia já do meu lugar, eu vou sentar do lado do Castiel não você, pode tirar os olhos dele. - ela disse com uma voz irritante.

Quem era Castiel? Olhei para os lados, na esquerda havia um ruivo de farmácia bem bonitinho com cara de badboy e a direita um cara de cabelos azuis ouvindo música.

–Ambre não enche! - disse o ruivo. Então aquele deveria ser o Castiel e a metida se chamava Ambre, que nome feio.

–Desculpe, mas que o seu nome não está escrito nesta carteira, portanto vou continuar sentada aqui. Saco de batatas. - eu disse com um sorriso triunfante no rosto.

–Você me chamou de que?- disse Ambre com a cara toda vermelha.

–Além de tudo é surda? Saco de batatas, porque essa sua roupinha aí, parece um. Vai lá sentar com as suas seguidoras. - ninguém passava por cima de mim, queria deixar isso bem claro.

Castiel deu um sorriso de canto e a sala inteira se calou. Ambre saiu tropeçando em seu salto plataforma que parecia ter sido comprado em um brechó e duas garotas a seguiram, uma oriental e a outra que parecia uma secretária.

O professor entrou na sala e pediu silêncio.

–Bom dia alunos, bem vindos ao segundo ano. Para aqueles que não me conhecem, sou o professor Faraize e ensinarei biologia para vocês. Vejo que há bastante alunos novos. Por favor venham até aqui na frente e se apresentem.- ele disse.

Levantei e subi no palco que havia de frente para a lousa. Com aquele ar de superioridade abri um sorriso e disse:

–Meu nome é Katherine Dias, tenho 16 anos e vim de Paris. Minha mãe, é Crystal Parke, uma atriz famosa e meu pai é dono de uma rede de shoppings. Espero que sejamos amigos. - com isso me sentei e todos começaram a comentar, vi que Ambre estava muito irritada e me xingava baixinho. Coitada.

Depois o garoto de cabelos azuis se apresentou, se chama Alexy e ele tem um irmão gêmeo que se apresentou logo em seguida, que tinha cabelos pretos e olhos azuis, chamado Armin, ele adora jogar no PSP. Eu também adorava games então sabia que seria amiga dele e do irmão que parecia muito simpático.

Reparei que ao lado de Castiel, estava sentado o Lysandre. Ele me viu e sorriu. Ai aquele sorriso...

O resto da aula passou tranquilamente, biologia não era a minha matéria preferida, mas o professor explicava muito bem. Quando o sinal tocou, Castiel veio até a minha mesa.

–Gostei do que disse para a Ambrega, poucas pessoas a enfrentam, ela se acha a rainha da escola e vive pegando no meu pé. Sou o Castiel, você é a Katherine,certo? - disse ele com aquele mesmo sorriso de canto.

–Pode me chamar de Kat, prazer. Gostei do apelido, Ambrega. Tenho pena de você, deve ser muito chato ter que aguentar ela. - eu disse, rindo.

Um barulho bem alto veio de trás da sala, era a Ambre que se levantou bruscamente e a cadeira dela virou, caindo com tudo no chão. Parecia que dava para ver fumaça saindo da cabeça dela, a Ambrega estava tão vermelha que parecia que iria explodir. Saiu xingando todo mundo e as duas garotas a seguiram.