N/W – Narrado por Will.

Acordo, sonolento em meu galho.

Noite passada, dei minha jaqueta para Madison não passar frio... Realmente não sei por que me importei... se ela estava com frio, porque não trouxe uma blusa, então?

– Bom dia Will – diz Dormidongo, minha companheira de viagens.

– bom... – paro e olho para o lado, onde Madison deveria estar – Alice saiu?

Dormidongo não responde, apenas entorta os lábios. Logo percebo que algo de ruim aconteceu.

Tinker aparece com o rosto de quem chorou a noite inteira.

– maldição – digo – para onde ela foi?

[...]

– e foi isso – Tinker terminou sua explicação.

– que grande... Vadia sem noção – resmunga Dormidongo.

Não deve ser... Realmente poderia pensar que Madison é tudo, menos uma vadia sem noção. Se ela fez o que fez, então aconteceu algo a mais do que Tinker havia me contado.

As duas começam a tagarelar sobre Madison.

Tento pedir com educação pra elas pararem, o que é raro, pois não sou educado, mas elas não me dão alternativa a não ser gritar:

– CALEM A BOCA!

Elas param e me olham, em silencio.

– é o seguinte – comecei – vou procura-la. Se ela saiu agora, não deve ter ido muito longe, e ela se perdeu, deve ter parado e...

– idiota – fala Dormidongo, me interrompendo.

– como? – pergunto.

– você é um completo idiota Will – responde ela – depois de tudo que ela fez para Tinker, você ainda corre atrás... Porque se importa tanto? Você não tem coração, lembra? Não pode sentir nada... Nem por ela e nem por ninguém.

Fico quieto sem saber o que dizer. Porque Dormidongo esta sendo tão rude? Nunca a ouvi falando assim. Ela sempre fora calma...

– eu não... – começo devagar – precisamos dela e você sabe. Alias, todos precisam dela. Ela ira cumprir a profecia lembra?

– e quando tudo acabar? – rebate ela – Sim Will, você será convidado para o casamento do século entre ela e o Cyrus. E talvez você possa ser o padrinho.

– você já falou o suficiente Dormidongo – avisa Tinker – melhor parar.

– NÃO! – grita ela – agora ele vai ter que me ouvir. Alice nunca vai pensar na possibilidade de ficar com um ladrão, mulherengo e traidor! Ela quer um príncipe de verdade, como Cyrus, e não um príncipe que abandonou seu povo, sua historia, tudo para ficar com a Rainha...

– JÁ CHEGA! – fiquei irritado agora. Ela sabe que não gosto quando me retratam assim. Se ela quis me magoar, conseguiu.

Pego minha jaqueta e me jogo da arvore.

– sei bem quem pode me ajudar – falo, batendo em uma arvore. – Gato! Você sabe muito bem quem é... Preciso de sua ajuda.

– sim? – responde ele aparecendo, sempre risonho. – Oh! Sim, Valete, em que posso ajuda?

– para onde ela foi? – pergunto assim, direto. Provavelmente o Gato sabe de quem estou falando.

– Will, a rainha não ira gostar de saber que...

– só me aponte uma direção – interrompo ele.

– direita. Madison foi para o começo do pais das maravilhas. – fala ele.

Então, corro como um louco atrás de Madison, que com certeza esta em alguma enrascada.

[...]

Vejo um feixe de luz e o sigo

– Madison? – chamo-a pelo nome real.

Espera... Eu, Will, o valete sem coração, estou neste momento, correndo atrás de uma menina linda, porem, que eu não faço ideia de quem seja e, por mais que eu não a conheço, estou aqui com os cabelos caindo de preocupação, e não tenho a mínima ideia de porque estou fazendo essa bobeira toda. Mas, mesmo pensando em tudo isso, não consigo parar de correr.

Seria, talvez, amor?

Não é possível concordar com isso pois, meu coração esta aprisionado e não posso sentir nada.

E se não posso sentir, porque, de algum modo, sinto algo por ela?

[...]

Ouço uma musica e fico com medo de saber de quem é. Pois se for mesmo o que estou pensando, saber onde Madison esta será fácil.

Quando atravesso o feixe, chego em uma praia e vejo vários animais correndo em círculos, por algum motivo.

Mas é claro! Dodô esta realizando mais umas de suas corridas eternas. Era isso que eu temia.

Vejo-me com um desejo insano de rodar junto com os outros bichos, e sinto-me molhado.

“Gire Roberto! Sem parar, pois rodando assim, sua roupa ira secar” – cantarolava ele feliz.

Não faz muito tempo que a Rainha Vermelha o amaldiçoou assim como fez com Gato. Agora seu castigo é esse. Fazer as pessoas rodarem eternamente.

Quando reparou em mim e no Gato, parou a cantoria e disse:

– OH! Gato! Will! Há quanto tempo! Olhem só, vocês estão molhados por conta da maré. Venham! Venham se secar na minha roda!

– não Dodô, hoje eu deixo passar – disse eu sorrindo – você viu por acaso, uma menina loira de vestido azul? Seu nome é Alice.

– minha nossa! Quanta gente! Tantos nomes! (risos) – diz Dodô – quem é Alice? Temos aqui, o Tucano, Roberto o pato, Madison e... Não temos Alice...

Paro de sorrir.

Madison?

Vejo de repente, Madison rodando e cantando na roda.

Maldição!

Agora terei que entrar na roda e salva-la.

A parte boa é que o feitiço da roda só pega em corações puros.

[...]

Tiro minha jaqueta e aproximo-me dela.

– Madi... – olho para o Gato. Será que ele sabe que ela não é Alice? – Alice porque nos deixou? – pergunto.

– entre na roda Will – essa é a primeira vez que ela me chama de Will – venha! – e me puxa para dentro da roda.

Começo a correr em círculos. Tenho que tira-la daqui de qualquer jeito.

Uma onda gigante de água salgada me atinge e a todos da roda. Droga, agora estou molhado também.

Madison ri e me olha, sem parar de rodar.

Vejo que, não ira adiantar pedir. Pego sua Mao e puxo para fora.

Ela fica desesperada e me bate.

– tenho que me secar – fala ela.

Puxo-a para mais perto de mim, fazendo com que o rosto dela ficasse a dois dedos do meu.

Olho para ela, que esta me encarando com a mesma expressão brava. Sorriu.

– ainda estou molhada – ela fala, na sinceridade – deixe-me voltar para a roda. – e tenta escapar de novo.

Agarro, chegando ainda mais perto de seu rosto.

Sinto algo... O que é isso? É tudo e ao mesmo tempo, não é nada.

Sua expressão muda. Ela esta triste.

Precisa voltar para a roda... Preciso quebrar o feitiço... Preciso tanto... Dela...

Quando me dou conta, meus lábios já tocaram os dela. E então, a beijo intensamente.

Madison não reage no começo, mas, depois me abraça.

Sua boca tem um gosto de abacaxi.

Minha língua se entrelaça na dela e entao, continuamos.

Quando finalmente paro, vejo que ela esta com os olhos arregalados.

Parece assustada... Será que esse foi seu primeiro beijo?

– m... Desculpe-me – falo – sabe, não tive alternativa... Esse beijo foi profissional, nada de mais eu...

E então, quando eu pensei que ela iria me dar um tapa, ela me beija novamente.