O tempo passou, não sei se foram horas ou minutos, pois mesmo sentando e em uma posição desconfortável eu caí no sono.

Acordei sentindo o meu corpo pesado e percebi que Emily ainda mantinha a sua cabeça encostada á minha, foi quando de repente alguém entrou pela porta...

– Solte-os. – Ordenou um homem, e o que veio atrás do mesmo tratou de cumprir a ordem.

Logo eu e Emily estávamos livres, mas antes que pudéssemos fazer qualquer movimento brusco ambos apontaram as suas armas para nós.

– Se levantem. – ordenou um dos homens.

Eu a morena obedecemos prontamente.

– Andem! – ele ordenou novamente, e nós o fizemos.

Nós saímos em um corredor, parecia ser uma escola, e antes nós estávamos na dispensa. Continuamos andando, de acordo com que os homens atrás de nós também o faziam. Chegamos á cantina, e lá estava cerca de cinco pessoas, todas armadas, e o mais surpreendente... Anne estava com eles, seu rosto estava machucado, havia alguns hematomas e vários arranhões em seus braços.

– ANNE! – eu grite mais alto do que gostaria, todos os ali presentes me encararam, e a loira só o que fez foi abaixar o olhar.

– O que esta acontecendo? – eu questionei irado e um tanto temeroso.

– Esse é o meu marido Jake. – disse Anne por fim, acenando para um homem alto, cabelos um pouco longos e negros, que estava parado ao seu lado.

– Seu marido? Então porque diabos ficamos presos como ameaças?

– Não é em todos que podemos confiar. – se pronunciou o homem que deveria ser o marido da loira, pela primeira vez.

– Sabe como aquelas cordas machucaram as minhas mãos? E você aqui na boa? – eu me dirigia somente a Anne que agora que me lançava um olhar triste.

– Quem você pensa que é para falar com a minha mulher desse jeito? – disse o homem novamente, demonstrando que era de fato o dito cujo.

– Ele é Andrew o marido de Anne. – disse Emily em um tom de nojo.

– Você disse que ele era uma boa pessoa– continuou Andrew também se voltando para Anne.

– E ele é eu juro. – disse ela se aproximando e pousando sua mão no ombro do marido.

– Deixe-os. – se manifestou outro homem, aparentava ter cerca de cinquenta anos e tinha uma barba grossa e era um pouco gordo.

– Como assim? – disse Andrew irritado.

– Você ouviu, ele é amigo da Anne, e nem mesmo tem uma arma, não nos atacou, e ele ainda salvou a sua mulher. – continuou o homem.

– Mas... – tentou argumentar Andrew.

– Sem “mas”, nem mesmo sei como permiti que levasse Emily pro cativeiro, quando obviamente foi Anne quem começou aquela briga ridícula.

– Não foi não, vocês ouviram o que ela disse. – disse Anne indignada.

– Como se não fosse verdade. – disse outra mulher que estava sentada ao fundo, seus cabelos castanhos estavam em uma longa traça, seu corpo era magro, e seus olhos muito verdes, ela estava sentada em uma das mesas e tinha um rifle em mãos.

– Não é verdade. – disse Andrew, e eu permaneci sem entender nada.

– Não ligo se você ainda me ama ou não And, eu só queria fazer mal a essa vadia de alguma forma, vocês dois são lixo pra mim agora. – esbravejou Emily de repente.

Então eu entendi, Emily brigou com Anne e em algum momento a morena disse que Andrew, o marido de Anne, ainda a amava já que eles eram noivos antes de tudo, e isso fez elas partirem para agressão física.

Ficaram todos em silêncio por alguns instantes.

– Estamos livres? – eu perguntei quebrando o silêncio e atraindo vários olhares.

– Claro... Me desculpe o mal jeito, eu sou Robert prazer. – disse o senhor que havia nos defendido, estendo a sua mão, a qual eu apertei.

– Eu sou Jake. – eu disse sério.

– Eu sou Evan! – gritou a misteriosa moça que estava com o rifle.

– Vem comigo. – disse Emily de repente me puxando pelo braço para longe.

Voltamos a andar pelo corredor que viemos antes, até que entramos em uma das salas, e a morena fechou a porta.

– Isso foi meio mal educado. – eu disse irônico.

E de repente, ela me abraçou, um abraço apertado, eu podia até sentir o seu cheiro, e apesar da situação do apocalipse e tudo mais, seu cheiro era bom. Foi quando eu comecei a sentir as suas lágrimas quentes molharem o meu peito, e a abracei mais forte, ela subiu a sua cabeça do meu peito para o meu ombro, e me deu um beijo na bochecha, acho que poderia dizer que foi tudo muito rápido, ou talvez muito lento, mas quando me dei conta seus lábios estavam unidos aos meus.

Meu coração disparou, mas além disso eu não pensei em mais nada, passei meus dedos pelos seus longos fios de cabelos, e com a outra mão a puxei para mais perto, tornei o movimento mais intenso ao invadir sua boca com a minha língua, e a senti retribuir, aquilo durou por alguns segundos.

Nos separamos, e ela me encarou, vi uma face serena.

– Me desculpe. – ela disparou meio desajeitada.

– Eu é que tenho que me desculpar. – respondi igualmente desajeitado.

– É melhor eu ir. – ela disse me dando costas.

– Espera. – eu segurei seu braço.

– O quê?

– Não fica longe de mim.

Nós ficamos em silêncio, e ela me fitou um tanto espantada.

– É a única em quem eu confio aqui. – eu completei.

Ela sorriu.

– Me proteja, que eu te protejo. – disse ela com um sorriso.

Voltamos a nos abraçar, senti que seu rosto ainda estava molhado, e vê-la triste me fazia mal por algum motivo.

Eu não sabia bem porque havia feito aquilo, a memória de minha amada Lucy ainda estava extremamente viva em minha memória, então o que eu estava sentindo? Porque beijei Emily? O único sentimento que eu tinha certeza agora, era que iria proteger a morena custe o que custar.