A Bella e o Monstro escrita por Leprechaun


Capítulo 19
Capítulo 19


Notas iniciais do capítulo

Gostaram do capitulo passado? Bem, consegui um tempinho para postar. Espero que gostem do capitulo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/500322/chapter/19

Sempre achei que o crepúsculo de um dia chuvoso era algo sinistro. À janela da biblioteca da mansão, eu observava o céu mudar de cor. Com o vento soprando lá fora, as pesadas nuvens, e Edward fora de casa, sentia-me dominada pela ansiedade.

Ele andava estranho. Havia alguma coisa errada. Saíra a cavalo e eu não perguntei aonde ele ia. Talvez nem quisesse saber.

Uma estranha melancolia me dominou, e eu senti medo. Saindo da janela, fui sentar-me em uma cadeira perto da lareira e peguei um livro de poesia, deixando-o aberto no colo. Descobri que não conseguia ler e deixei-me ali ficar, sentada, pensando em como minha vida se transformara. De repente, ouvi um som esquisito, algo raspando, como se alguém esfregasse pedra contra pedra.

Fechando o livro, me sentei na beirada da cadeira, alerta. O barulho começou novamente. Somente um rato enorme poderia fazer um ruído daqueles. Pondo o livro sobre a mesa, olhei ao redor. Deveria chamar algum criado?

O barulho continuou. Levantei-me e andei pelo quarto. O fogo da lareira estava fraco, quase apagado. Fiquei parada durante bastante tempo escutando, os músculos tensos. E achei ouvir passos à distância, fantasmagóricos e assustadores.

Ajeitando o xale no pescoço, andei até a escrivaninha. Dali não se ouvia nada. Perto da lareira o som era mais agudo e, próximo à estante, ainda mais alto. Pus o ouvido contra a parede. De novo o som, distante, mas distinto.

Quase como um gracejo, dei um tapinha na parede. Não esperava, de fato, descobrir um painel que se abrisse para revelar uma passagem escura, úmida, mofada e cheia de teias de aranha. Nervosa, ri de meus pensamentos improváveis.

Meneando a cabeça, virei-me e então... Lá estava ela. Não uma porta secreta, mas simplesmente uma entrada de serviço, um portal de madeira simples, sem adornos, talvez para não chamar atenção. Certamente, não tinha chamado minha atenção.

Pegando um candelabro, abri a porta, prendendo a respiração. Havia realmente uma passagem, como na minha imaginação: escura como uma caverna, o ar com cheiro de mofo. Quase fechei a porta e desisti das ideias de exploração, mas, naquele momento, ouvi o som de passos novamente. Ouvi também um praguejar e um baque pesado, e então uma voz grave que eu não tive dificuldade em reconhecer.

Edward. Seu tom era brusco embora as palavras estivessem abafadas.

Uma hora antes, ele me tinha beijado, antes de montar seu cavalo e partir. Mas estava de volta.

Depois de um momento de hesitação, senti o corpo formigar em uma espécie de premonição. A luz da vela, protegida por um candeeiro, imprimida sombras à parede.

A voz de Edward ecoou na escuridão mais uma vez, e mordi o lábio, certa de estar tecendo minha própria intranquilidade. Erguendo a vela, atravessei a passagem, mas não tive coragem de fechar a porta atrás de mim.

Cada passo me levava mais para baixo e o murmúrio da conversa crescia à medida que caminhava. O corredor era estreito, com um teto curvo e paredes de pedra. No momento em que imaginava aonde chegaria, a passagem se abriu em grande espaço, no qual havia barris encostados à parede. Senti o corpo ser percorrido por um calafrio. Por um momento, houve um silêncio peculiar e anormal, e uma rajada de vento cortou o local.

— Olhe o que a maré nos trouxe.

Virei-me e tive um dos braços agarrados, quase derrubando a vela e perdendo o equilíbrio.

— Você ficou independente... — Emmett McCarty acrescentou, apertando os olhos.

— O que está fazendo aqui? — perguntei, espantada.

— Montando a isca para a armadilha. — Emmett sorriu contente e meneei a cabeça, confusa. Ele se inclinou para dizer ao meu ouvido: — Fique atenta. A isca pode morder.

Com uma força que eu julgava não possuir, dei uma cotovelada na barriga de Emmett, que gemeu, surpreso por eu conseguir me soltar. Com raiva, ele ia revidar, seu punho ia em direção ao meu rosto quando Edward chegou ao local, saído das sombras. O brilho da minha vela o iluminou, acentuando seus traços perfeitos.

— Afaste-se, Emme — Edward ordenou.

Em seguida, olhou para mim, a expressão fria e distante. Senti medo. De repente, Edward parecia um desconhecido, sombrio e letal.

— Afaste-se, Emme... — ele repetiu.

— Ou o quê? — Emmett apoiou a mão no cabo do punhal que carregava no cinto. — Você sabe o que posso fazer com um punhal.

— Sim, eu sei — respondeu Edward. — Como sei também que prefere usar seu punhal em pessoas que não podem se defender. Gostaria de não pensar isso de você, Emme.

—Ah... — Ele riu. — Sei do que está falando. Ela viu mais do que devia, minha Rose, e não gostou do que viu. Ela me rejeitou. Descartou-me como uma maçã podre. Ameaçou me denunciar. Pode imaginar? — Ele tornou a tocar o punhal. — Vinguei-me. — Suspirou. — Mas sinto falta dela.

Horrorizada com aquelas palavras, cheguei a perder o equilíbrio e tive que me apoiar na parede de pedra. Rosalie. Emmett a tinha matado por ter sido rejeitado. E porque ela havia visto mais do que deveria. Tinha visto a realidade. O que ele era. O que ele fizera.

Quando Edward deu mais um passo na direção dele, Emmett, que não tirara a mão do punhal, olhou ao redor em busca de um lugar por onde escapar.

—Você lutaria comigo apenas com suas mãos? — perguntou, nervoso. — Contra meu punhal?

Não. Dei um passo à frente.

— Sim. — Edward sorriu, gentil, terrível. — Vamos?

Emmett soltou os braços ao longo do corpo, tirando as mãos da arma.

— Minha mãe jamais o perdoaria. Nunca.

— Eu sei. E graças à minha estima pela boa Gianna e pelo fato de que ela um dia curou meus ferimentos, você vai viver. — Edward olhou-o com expressão de desgosto. — Vá embora, Emme. Agora. Pegue o primeiro navio para algum lugar distante. E não volte.

Aterrorizado, Emmett se afastou.

— Emme... — disse Edward, em tom neutro. — Rosalie Hale foi condenada por não sentir nada por você. O assassinato dela exigirá retribuição. Se eu fosse você, nunca pararia de olhar por sobre os ombros.

Segurei as pontas do xale ao ver Emmet se afastar para um canto escuro, o rosto uma máscara de ódio. O vento soprava frio e opressivo quando ele foi engolido pela escuridão. No mesmo instante, dois homens surgiram daquele lugar.

Senti que Edward se aproximou.

— Há uma porta lá? — perguntei.

— Sim.

O silêncio era opressivo.

— Deve haver um preço pelo que ele fez. Ele a matou e tirou seus olhos... — murmurei.

— Há leis para assassinos.

— E como a lei o encontrará? — perguntei, surpresa com a resposta dele.

— Eu informarei.

— Mas você disse que não o faria por causa da mãe dele.

— Eu disse que não o mataria por causa de Gianna. Não disse nada sobre guardar segredo.

Edward parecia um estranho, os olhos frios, os lábios contraídos. O homem implacável que sempre dissera ser.

— Teria sido melhor que você não tivesse vindo aqui, Isabella — ele declarou, calmo demais, e por isso mesmo assustador.

Pelo canto do olho, vi os dois homens que notei havia pouco. Eles carregavam barris pela porta e depois voltavam com outro carregamento. Era uma operação um tanto sinistra.

— Aqueles barris são os da Hospedaria Ephraim, aqueles que você estocou na casa de Gianna? O conhaque contrabandeado?

— Sim, são. Foram trazidos ontem por Emmett, de acordo com as minhas instruções.

Barris contrabandeados trazidos para Forks. Sob qual propósito? Subitamente, pressenti que aquela ação estava relacionada a meu pai.

— Eu o vi ontem. Emmett McCarty. Na hospedaria do meu pai.

— Você viu?

— Está surpreso? Ou você o enviou até lá para encontrar-se com meu pai?

— Não. Não o mandei lá. — Deu de ombros. — Talvez tenha parado lá para tomar cerveja.

Mas eu não acreditei. Podia sentir que ele mentia. Encarando-o, exigi atenção total.

— Diga-me, Edward, qual é o seu plano? — ergui a voz.

Realmente conhecia Edward, o homem que amava? Ele parecia um estranho naquele momento.

— É esta noite — sussurrei, horrorizada. — Você vai agir esta noite. Seu grande esquema para destruir meu pai. Para fazê-lo pagar.

Achei que haveria tempo, que, por amor a mim, Edward abrandaria, superaria seus tormentos. Garota tola.

Eu nunca teria seu amor, os sentimentos de Edward eram limitados entre o ódio e o desejo de vingança.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Hum... Eh.. tentarei postar mais um capitulo hoje :)