Aí estava eu, em frente ao meu pai. Os dois parados se encarando, igual dois estranhos. Ele realmente se parecia muito comigo, apenas mudavam algumas coisas, por exemplo, seus olhos eram azuis, os meus castanhos, sua boca era mais fina e com cor bem pálida, já a minha era bem vermelha e um pouco carnuda. Também não faziam muitas diferenças. Seus cabelos eram grisalhos, estava abatido, sua roupa me soava mais como pijamas, ele estava de pantufas.

Não sei o motivo, mas toda raiva que sentia sumiu, só tinha uma vontade, grande alias, de abraça-lo bem forte, e descobrir tudo que ele havia feito longe de casa, mas aguentei. Na verdade não precisei fazer isso, ele me abraçou bem forte, chorei, e ele também chorou.

– Filho, me desculpe...Me desculpe – repetia baixo em meu ouvido.

Soltei-me dele, tentando disfarçar o choro, entrei no pequeno quarto, e me surpreendendo ao ver uma foto de minha mãe mais jovem, lembrei-me dela, então perguntei em voz alta:

– Aonde está minha mãe? Só vim aqui por ela!

– Luke, fala com seu pai. Quero saber tanta coisa de você, sente-se, vamos conversar!

– Eu vim aqui só pra saber aonde está minha mãe Jonh. E só para você saber, não pretendo falar nada, você decidiu seguir o seu caminho de me abandonar, não me acompanhar, e não se importar. Agora me pergunto, por que eu falaria algo a você?

– Tudo bem, se é assim que quer deixar nossa relação, fique á vontade, não te forço a nada. Sua mãe está no hospital que fica algumas quadras de sua casa, não me lembro o nome dele. Falando a respeito dela, os médicos me disseram que ela tem problemas cardíacos, aumentando as chances de desmaio e pressão baixa.

– Por que foi visita-la?

– Porque amo sua mãe meu filho, e muito. Nunca pensei que deixaria ela na mão. Cometi um grande erro, um grande erro. Agora vá ver ela... Se puder, me dê notícias.

Sem nem me despedir, corri para fora, fechando a porta bem forte, desci para o térreo e me despedi do balconista, peguei o primeiro táxi e fui ao hospital. Esperava mais de tudo isso.

Chegando lá, expliquei quem era para a enfermeira, mas ela não me deixou entrar, dizendo que depois das sete horas não é permitido visitas. Fiquei irritado, minha vontade era de correr para seu quarto. Cheguei a implorar a moça, não adiantou nada. Ela me avisou, que só poderia buscar minha mãe na segunda-feira, pediu meu telefone para algum caso de emergência, estranhei.

Decepcionado, fui embora daquele lugar extremamente cheio de pacientes doentes.

Chegando em casa, liguei meu celular, apitou na mesma hora. Era uma mensagem de texto de um número não identificado, resolvi ler:

'' Luke, é a Cindy. Você deve estar se perguntando, como descobri seu número? Fácil! Teu amigo me passou o telefone dele, pedi pra ele o seu telefone, e ele me passou. Estou escrevendo só pra saber se está tudo bem com você, se deu tudo certo...Quando puder, me responda! Grande beijo, Cindy.