As Três Lágrimas do Youkai. escrita por Larizg


Capítulo 9
Capítulo 9 – Pedido à Estrela. (Atualizado)


Notas iniciais do capítulo

Hei, mina! Aqui está mais um capítulo para vocês, espero que gostem. (ah, mudei a capa, espero que esteja boa xD ) Particularmente acho ser este um dos capítulos mais bonitos da fic. Cheio de sentimentalismo e momento marcante para Sesshy. Espero que gostem... vou deixar também o link de uma música que descreve perfeitamente esse momento do Sesshoumaru. Escutem enquanto leem o flashback, sim, teremos flashback kkk
Deixo aqui o link: https://www.youtube.com/watch?v=Xs9X8NhQJF4



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Já caminhavam há horas, entretanto, não trocaram uma palavra sequer. Sesshoumaru preferia assim. O silencio sempre foi seu companheiro e no momento ele tentava organizar as ideias. Estava extremamente contrariado com suas ações. Como havia permitido, por impulso, que uma hanyou o acompanhasse? E pior: fosse sua guarda-costas?! Agradecia estar indo para um lugar tão distante de seu shiro, pois não saberia como explicar a situação caso fossem vistos por conhecidos.

Apesar disso, estranhou o comportamento da jovem. A garota seguia a poucos passos atrás de si e não havia sequer perguntado para onde iam. Seguia cegamente o Dai-youkai para uma das regiões mais perigosas do reino. Não que para ele fosse um problema, mas para ela... Humpf! Como se eu ligasse, ela que quis me acompanhar. Tentava afastar quaisquer pensamentos que pudessem sugerir solidariedade a ela, mas não conseguia impedir suas ações. Sem se dar conta, havia diminuído o ritmo para permitir que ela o acompanhasse melhor e em momento algum cogitou a possibilidade de voar e deixá-la ali.

Sesshoumaru se atentou para as grandes montanhas, que àquela distancia pareciam pequenos morros, e notou que o sol já se escondia atrás delas. Logo escureceria e ele estava longe da distância que pretendia ter percorrido no primeiro dia. Isso era de pouco importância. Logicamente teria que fazer tudo o mais rápido possível para voltar e comandar seu exército, mas seu objetivo principal era acabar com as distrações que afligiam sua mente.

Talvez, trazer a fonte das distrações consigo não foi a melhor opção, mas Sesshoumaru acreditava que se descobrisse tudo o que pudesse sobre a hanyou poderia esquecê-la de vez. Havia atribuído sua curiosidade ao mistério que a jovem era para ele. Portanto, se desvendasse tudo, acabaria por perderia o interesse. Estava certo que se cansaria dela assim que descobrisse mais sobre a vida simplória da hanyou. Assim estaria fazendo exatamente o que pretendia: acabando com suas distrações.

Nada melhor que uma longa viagem para isso...

Quando voltou a si, percebeu metade do céu coberto pela noite, e com sua chegada, veio também o silêncio ao local. Estavam no limite do campo com a floresta. O canto dos pássaros foi substituído pelo som de grilos e outros pequenos insetos. Sesshoumaru parou um instante e, pela primeira vez desde que aceitou a companhia da hanyou, olhou para ela.

A jovem andava distraída, mas visivelmente cansada. Arfava e estava levemente inclinada para frente, encarando o chão com olhar distante. Ela estava exausta e Sesshoumaru sabia tratar-se não somente pela caminhada, mas também pela luta que travou com youkai. Era óbvio que o combate a esgotou. E mesmo assim, sequer reclamou, reconheceu.

Por fim, Sesshoumaru decidiu fazer uma pausa. E somente quando estava a poucos passos dele, ela se deu conta que ele havia parado.

— Por que parou? – perguntou a jovem surpresa.

— Está cansada. – limitou-se a dizer.

Sesshoumaru viu a jovem tomar fôlego e endireitar a postura, dizendo em seguida:

— Eu não. Posso continuar por muito tempo. – fingiu estar ofendida e isso divertiu internamente o Lorde.

Sesshoumaru não podia negar que ela era determinada e não deixava de estar surpreso com tamanha motivação. Ignorou completamente a tentativa mal sucedida dela de tentar parecer bem, e afirmou:

— Vamos parar aqui esta noite.

Dizendo isso, se dirigiu à árvore mais próxima e sentou-se de frente para o campo, recostando as costas no tronco da planta. Cruzou os braços e fechou os olhos, dando o assunto por encerrado. A garota parecia não pensar o mesmo. Ela se aproximou e pôs ambas as mãos na cintura.

— Ei! Já disse que posso continuar.

Lentamente, ele abriu os olhos, soltou um suspiro e, exibindo sua face de indiferença, completou:

— Seus arranhões e machucados dizem o contrário. Além disso, você está arfando.

A jovem corou e desviou o olhar, desmanchando a postura convencida. Com evidente desconforto, ela se explicou:

— Não quero atrasá-lo. – Após alguns minutos de silêncio, Sesshoumaru respondeu:

— A partir de amanhã, seguiremos em viagem contínua até chegar ao nosso destino. – ele a encarou uma última vez antes de fechar os olhos novamente. – Se não quer ser deixada para trás, descanse.

— Entendido. – ouviu-a responder.

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Tsukiyo estava surpresa com o comportamento do Lorde, mas ainda não havia compreendido se a parada fora para ela ou para ele próprio descansar, afinal não sabia há quanto tempo ele seguia viagem. Além disso, ainda não conseguia acreditar que Sesshoumaru permitiu que o acompanhasse, principalmente por saber que ele poderia flutuar até seja-lá-para-onde-ele-estivesse-indo e deixá-la ali.

Imaginou que houvesse algo por trás disso, mas quem era ela para dizer qualquer coisa? Durante toda essa caminhada, ficou em discussão consigo mesma. Ao acompanhá-lo poderia atingir seu objetivo, mas traí-lo teria um alto preço. Infelizmente, Tsukiyo não poderia deixar para lá, era o mais perto que já esteve de conseguir. Há anos fez uma promessa que faria de tudo para cumprir. Não havia muito que discutir, essa promessa era tudo para ela, mas não deixava de sentir-se mal por isso.

Por fim, deixou o assunto para lá. O melhor era não pensar num plano, pelo menos por enquanto. Não conseguiria executar nada ainda. Bastava, então, agir normalmente e pagar seu débito com Sesshoumaru. Quem sabe assim aliviasse um pouco da culpa que estava sentindo antecipadamente. E mais do que isso, ela queria entender o youkai. Queria descobrir os motivos dele para fazer o que fez.

Andava tão distraída que mal percebeu a parada súbita de Sesshoumaru e sentiu-se embaraçada ao perceber que ele resolveu fazer a parada por ela. Tentou sem sucesso fingir que estava em perfeitas condições e acabou ganhando uma noite para se recuperar. Na verdade, ela até agradecia o descanso, pois estava temerosa de voltar àquela forma na presença dele. Estava exausta do combate, e as longas horas de caminhada não ajudaram seu corpo a se recompor. Não viu outra solução a não ser concordar com ele.

— Entendido. – falou.

A posição dele, indicava que não queria ser incomodado, portanto, Tsukiyo caminhou até uma árvore próxima e, assim como Sesshoumaru, sentou-se de frente para o campo que haviam percorrido pela tarde. Para onde será que vamos? Pela primeira vez, percebeu que não sabia nada sobre onde iam ou o porquê.

Decidiu que precisava esclarecer isso o quanto antes, então, tomou coragem e se preparou para quaisquer consequências que pudessem vir. Deixou a mão perto da bainha da espada, só em caso de despertar a ira do Lorde.

— Falando nisso... – começou devagar. – Para onde vamos, exatamente?

Tsukiyo ouviu o youkai soltar um suspiro irritado. Ela aproximou ainda mais a mão da katana, rezando para não ser morta ali, tão cedo. Felizmente para ela, ele se limitou a retrucar, ainda de olhos fechados.

— E isso importa?

Respondendo uma pergunta com outra pergunta... que simpático pensou sarcástica. A mão relaxou novamente, a atenção sobre ele se dobrou.

— Não, não é isso! É só que – buscou palavras para se expressar melhor. – achei que seria mais fácil saber para onde estamos indo.

Um minuto de silêncio se seguiu e ela não obteve resposta. Tsukiyo começou a se perguntar se ele havia dormido e a deixado falando sozinha. Estava prestes a esquecer o assunto, quando ele disse repentinamente:

— Nós vamos para as montanhas geladas.

— As montanhas geladas? – Tsukiyo não entendia o que ele poderia querer num lugar como aquele.

— Mais precisamente, para a aldeia dos youkais do gelo, do outro lado das montanhas.

— Vamos conhecer o famoso clã dos youkais do gelo?! – perguntou animada. – E o que vamos fazer lá?

Sesshoumaru limitou-se virar e encará-la de forma fixa, fazendo Tsukiyo ruborizar. Ops, passei do limite. Não é como se ele devesse contar seus planos a uma desconhecida, ponderou.

— D-desculpe.

O youkai simplesmente voltou-se na direção do campo e fechou novamente os olhos, ignorando completamente a presença de Tsukiyo. Essa indiferença de Sesshoumaru a tudo e todos, estava começando a irritar a garota de pavio curto.

Quem ele pensa que é com essa postura metida? Se acha melhor que todo mundo... Mesmo sabendo que ele era realmente alguém importante e que provavelmente era bem mais importante que ela, Tsukiyo se incomodava com a atitude arrogante do youkai de cabelos prateados.

—_________________________ XXXXX __________________________

Para sua felicidade, a garota finalmente fez silencio, após tantas perguntas incessantes. Sesshoumaru acreditou que o melhor era apenas informar o básico, por isso não entrou em detalhes sobre a viagem com a hanyou. Não era obrigado a nada, não precisava dar-lhe satisfação. Foi escolha dela estar ali sem saber de nada.

Deixou a mente vagar alguns minutos, mas quando percebeu que seus pensamentos se voltavam para os mistérios da jovem, passou a se concentrar no ambiente a sua volta. O som de um grilo e de um riacho ao longe. Sentia os odores do local. Percebeu que muitos youkais menores rondavam a região, mas sua presença os mantinha longe.

Como uma distração ou uma agonia, uma leve brisa passou pelo local, trazendo consigo o cheiro da hanyou. Assim como antes, já não possuía o cheiro de Rin, mas podia jurar que continha algum traço semelhante. Ou era o que desesperadamente queria acreditar.

            Devagar, ele abriu os olhos e voltou-se para o lugar que a jovem havia sentado, mas o encontrou vazio. Por um instante, alarmou-se e olhou ao redor à procura da hanyou, acabando por encontrá-la alguns metros à frente, entre o capim do campo. Mesmo ao longe, era evidente que a garota vislumbrava o céu noturno, repleto de estrelas, sem se importar ou lembrar-se da presença dele.

            Ela olhava para o céu sonhadora, os olhos refletindo as estrelas. Como numa súplica à brilhante lua que dominava os céus. Sesshoumaru nada fez. Não se moveu. Não a interrompeu. Porém, era incapaz de parar de observar. Uma cena tão simples, quase íntima, que prendia a atenção do youkai como nada mais.

Ele sabia porquê. Sentia o passado batendo a sua porta, novamente...

Flashback...

            Sesshoumaru caminhava à frente, com Rin, beirando os 19 anos, o acompanhando de perto. Já era noite e a lua iluminava o céu noturno. Apesar de reconhecer ser tarde, Sesshoumaru decidira prosseguir viagem, pois se tratava de uma área repleta de youkais. Forçou seu grupo a continuar a caminhada, não que Rin se importasse ou reclamasse. A garota estava feliz em acompanhar o youkai não importando a situação.

            O Lorde trajava os usuais quimono e armadura, enquanto Rin usava um quimono delicado, num tom que se iniciava no branco e escurecia até chegar ao cinza. Uma peça fina, que Sesshoumaru a havia presenteado por contrastar perfeitamente com seus cabelos negros.

            Mesmo tendo pressa para sair da região, quando julgou que a jovem começava a se cansar, avisou que parariam por hora. Estavam em meio a um campo coberto por grama, a beira de um lago cristalino, um espelho que refletia as luzes do céu noturno. Sesshoumaru preferia assim, pois teria ampla visão da área, sem riscos de sofrer ataques inesperados.

O Dai-youkai ordenou a Jaken que fizesse uma fogueira para aquecê-los, em seguida sentou-se recostado numa rocha, fechando os olhos na costumeira postura relaxada e, para muitos, desinteressada. Normalmente, após sentar-se, ouvia Rin sentando-se ao seu lado ou, pelo menos, próximo a ele. Entretanto, não escutou ou sentiu-a próxima de si. Alarmado, abriu os olhos e vasculhou o local a sua procura. Encontrou a garota a alguns metros, ainda parada no meio da trilha que estavam seguindo, próxima às margens do lago.

Rin encarava o céu com as mãos entrelaçadas a sua frente. Naturalmente, Sesshoumaru chamaria Rin para se aproximar, mas algo na expressão da jovem o impediu. Ela demonstrava-se concentrada, com um brilho determinado nos olhos, vasculhando freneticamente a imensidão azul.

            Curioso, Sesshoumaru se levantou e se aproximou de Rin, que focada, não notou sua presença. Silenciosamente ele se colocou ao lado dela e perguntou:

            – O que está fazendo, Rin?

            A garota foi pega se surpresa, levando um pequeno susto, mas ao ver que se tratava de Sesshoumaru sua expressão relaxou, soltando um suspiro de alívio. Ela voltou sua expressão para o céu e respondeu com sua doce voz usual:

            – Que susto, Sesshoumaru-sama. Achei que já estava descansando.

            Ele permaneceu encarando-a, esperando pela resposta. Percebendo a deixa para continuar, ela sorriu e voltou os olhos para o céu.

— Estava à procura de uma estrela cadente. – Percebendo a incompreensão estampada no rosto de Sesshoumaru, explicou. – Dizem que se vir uma estrela cadente, seu desejo será realizado.

            – E que desejo seria esse? – perguntou Sesshoumaru à garota pela qual ele iria até o inferno para fazer feliz.

            – Meu desejo é... – a garota estava visivelmente desconcertada, com a face completamente ruborizada e falando tão baixo, que apenas um youkai poderia entender com clareza. – é...

            – Rin, pode falar para este Sesshoumaru. O que você quer? Mandarei Jaken buscar imediatamente.

— Ficar com o Sesshoumaru-sama para sempre.

            Ele foi pego de surpresa pelas palavras da menina. Não conseguiu impedir que a própria expressão o entregasse. Estava atônito. De repente, Sesshoumaru sentiu um calor subi-lhe ao peito. Aquelas palavras despertaram algo escondido nele, trazendo à superfície os diversos sentimentos que o afligiam. Eram palavras que há anos ele desejava ouvir, com a mesma seriedade com que foram ditas naquele momento. Já a ouviu dizer essas palavras quando criança, mas nunca como agora. Nunca com aquele sentimento as acompanhando.

Rin encarou Sesshoumaru, que estava sem reação. Lágrimas brotavam dos olhos da jovem. Não de tristeza ou sofrimento, e sim lágrimas puras de uma confissão há tempos guardada dentro de si. Ainda com gotas escorrendo lentamente pelo rosto, Rin sorriu e disse:

— Eu te amo, Sesshoumaru-sama!

As palavras ecoavam na mente de Sesshoumaru, que se encontrava fora de si. Já não era movido pela razão. Estava completamente tomado pelo som das palavras de Rin. As palavras que ele mais desejava ouvir daquela pessoa.

Ainda embalado pelo momento, Sesshoumaru estendeu a mão e delicadamente limpou as lágrimas da jovem. Surpreendendo até a si próprio, inclinou-se para Rin e beijou-lhe os lábios. A garota foi pega se surpresa, mas logo correspondeu o gesto. Sob o véu prateado das estrelas, o casal se envolvia num beijo terno e sincero. Num gesto carregado de sentimentos, representando cada palavra não dita, que se faziam presentes naquele momento. Um beijo que consolidava suas promessas, que confirmavam tudo o que eram um para o outro.

Uma estrela cruzou o céu, mas não foi percebido pelos dois. Naquele instante, nada mais importava. Naquele momento, o mundo era deles e somente para eles. Ali, eles selavam não apenas seus sentimentos, mas também a promessa de que um pertencia ao outro, e somente ao outro. Agora e para sempre...

...até que a morte os separe.

...Flashback

Até os dias de hoje se lembrava da noite que concedeu à Rin primeiro beijo da garota, embalado pelos céus estrelados. A própria atitude o surpreendera na época, tudo ocorreu por impulso. E nem mesmo por um segundo ele se arrependeu daquilo, mesmo hoje.

Ainda se lembra do toque dos lábios de sua amada. Do calor que ela lhe transmitia. Das lágrimas de felicidade derramadas por Rin naquela noite. E ainda se lembrava do cheiro doce que emanava. Cheiro que, agora, só lhe revivia os fantasmas do passado. Cheiro que criou dúvidas sobre essa pessoa que tanto lembrava sua amada. A hanyou escondia algo e para sua própria sanidade, Sesshoumaru precisava saber o que era.

Sesshoumaru e Rin.


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Notas finais do capítulo

Desculpem se a imagem não ficou boa. É uma montagem que fiz, então pode não ter ficado natural, mas espero que dê para transmitir o momento =) E aí? Acharam que a música combina e deu uma boa trilha sonora? E a nova capa, gostaram? Por favor, não deixem de dar sua opinião sobre o capítulo, seja ela boa ou ruim...