As Três Lágrimas do Youkai. escrita por Larizg


Capítulo 41
Capítulo 41 – Um preço a se pagar. (Atualizado)


Notas iniciais do capítulo

Hi, mina! Eu sei que devia postar de 15 em 15 dias, mas REALMENTE não estou conseguindo tempo para escrever. Não há muito o que dizer sobre isso, só espero que tenham paciência e não desistam da fic... Bem, quero a gradecer a todas que estão comentando nos capítulos que posto e quero mandar um alô para aquelas que pararam de comentar já faz um tempo (sei que não posso dizer muito porque estou meio sumida, mas...). Vamos aparecer povo! To aceitndo tudo, como sempre: sujestão , crítica, elogio, bate-papo, tudo, apenas comentem e sinalizem: "ei, ainda estou lendo sua fic viu?" :P



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Tsukiyo estendeu a espada em direção a Mira e aguardou pelo próximo passo. A guardiã olhou-a com um misto de admiração e compaixão e se aproximou devagar com a mão estendida. A Tamashi no Kakera flutuando em sua mão pálida e fina. Ficando a poucos passos da jovem, Mira estendeu o cristal, que brilhou como se reconhecesse seu próprio destino.

                – Toque a ponta da espada no cristal. Ele será transferido a você. – falou com sua voz ecoada. – E lembre-se: a próxima vez que ferir alguém com essa lâmina, mesmo o menor arranhão, o poder de purificação da pedra entrará em ação e sua katana se partirá.

            A jovem engoliu um seco e estendeu sua espada. A lâmina tremia levemente e o ato não passou despercebido pela guardiã, que perguntou:

            – Tem certeza que é o que deseja?

            Tsukiyo apertou com força o punhal da espada. À mente passaram diversas imagens de seu passado e muitos rostos conhecidos: Merioku; Wendy; Akarin; as brincadeiras, as travessuras do grupo; o pedido de Wendy e principalmente Akarin e seu sorriso radiante que sempre a tirava do ar.

            “Se algum dia meu lado ruim se tornar maior que o bom, você promete me impedir?”

            O rosto de Akarin chegou à mente, no dia em que prometeram salvar um ao outro seja qual fosse o futuro. Ainda se lembrava de seus beijos doces e o calor de sua pele naquele amanhecer que marcou sua vida. Ela respirou fundo e avançou com a lâmina, acertando em cheio o centro do cristal.

            “Faria o mesmo por mim?”

            — Vou manter minha promessa!

            Assim que tocou Tamashi no Kakera, sentiu um calor invadir seu corpo e uma espécie de força puxando-a junto. O cristal brilhou forte e pareceu dissolver em um líquido verde vivo. Preso em uma forma etérea, o cristal migrou para a espada da garota e a lâmina foi ganhando a mesma cor que o objeto. Tsukiyo sentiu a arma pesar e a própria alma ser atraída para a brilhante luz. Era como se ela clamasse para ser purificada pelo poder do cristal e a jovem teve que fazer tremenda força para manter o próprio espírito dentro de si.

            Quando foi completamente absorvido, o brilho cessou e Tsukiyo baixou a espada, que parecia pesar toneladas. Ela percebeu que os músculos doíam e que estava arfando, como se realmente tivesse disputado um cabo de guerra contra o cristal. Todo o processo pareceu durar eras, mas apenas segundos se passaram. Tsukiyo olhou para Mira, sentindo o suor escorrer pela face.

Antes que formulasse sua pergunta, a guardiã já lhe deu uma reposta:

            – Devido ao imenso poder do cristal, é sempre exigido do hospedeiro grande energia para contê-lo. Não se preocupe, seu corpo logo se acostumará.

            – Certo. – sorriu irônica. – Há mais algum efeito colateral que eu deva saber?

            A mulher pareceu sorrir diante da audácia da jovem.

            – Um pequeno preço a se pagar pelo que está pedindo, não é? – ela segurou uma das esferas flutuantes e olhando perdida para o espírito, disse. – Diga-me: para salvar seu amado, seria capaz de condenar uma alma?

            – Se for para salvá-lo, condenaria minha alma quantas vezes forem necessárias. – respondeu com grande convicção.

            A guardiã a encarou com os olhos bicolores e um tom divertido no rosto.

            – Eu não estava falando da sua... – ela sorriu enigmática.

            A jovem se retraiu levemente e encarou Mira firmemente.

            – O que quer dizer com isso?

            A guardiã se virou de costas, encerrando o assunto, e falou:

            – Já está na hora de saírem daqui. Logo, o protetor desse lugar vai achá-los e nem mesmo eu poderei fazer algo a respeito.

            – Do que está falando?!

            – Apenas saiba que é melhor não o encontrar, procure sair o quanto antes.

            Essa mulher...! Droga!

            — Não saio sem Sesshoumaru! – bateu o pé em exigência. – Onde ele está?

            O que está acontecendo, Sesshoumaru? Como você está depois de ver Rin? Tsukiyo sentia a preocupação tomar conta de si. Tinha receio do que aconteceria quando o youkai reencontrasse Rin, e mais ainda do que ele faria depois. O último pensamento dela... O que isso fará à você? Pensou.

A mulher se virou para ela, a expressão entre a seriedade e o divertimento. Como se lesse os pensamentos da jovem, ela falou apontando para trás da garota:

— Porque não pergunta a ele?

Tsukiyo se virou e percebeu Sesshoumaru desacordado na grama a alguns metros ao longe. Sem pensar, correu até ele e se ajoelhou ao seu lado.  Face do youkai parecia serena. O que será que aconteceu?

De repente, o youkai pareceu acordar lentamente. Quando abriu os olhos, Tsukiyo percebeu um brilho diferente em seu olhar.

— Sesshoumaru, você está bem? – seu tom indicava que não estava se referindo ao seu estado físico.

  – O que aconteceu? – perguntou ele levantando-se um pouco.

Seu tom continha um leve tom de preocupação.

— Eu não sei. Quando olhei você estava no chão desacordado e...

— Não, eu quis dizer: o que aconteceu com você?

Foi quando Tsukiyo percebeu que a própria voz falhava e o corpo pesava. Ao cessarem suas preocupações com Sesshoumaru, a jovem notou seu próprio estado. Estava exausta, graças ao seu cabo de guerra com o cristal. Sentia o suor escorrer pela testa e a visão vacilando. Tinha quase certeza de estar arfando e muito abatida.

Ela lançou um sorriso.

—Ah, eu consegui. Consegui a Tamashi no Kakera, Sesshoumaru!

Ela desembainhou a espada para mostrar, orgulhosa, a lâmina que brilhava verde como o cristal. Não pôde deixar de se lembrar do preço que pagou por conseguir seu objetivo. Então ela olhou para o youkai com ternura e preocupação.

Precisava saber se ele estava bem.

— Sesshoumaru... você a encontrou, não foi?

— Encontrei. – respondeu sem pestanejar.

— Está... tudo bem? – seus olhos temiam pela resposta.

O youkai então fez algo inesperado: ele sorriu de leve para ela. Seus olhos pareciam brilhar e a postura era relaxada, como se um grande peso tivesse saído de seus ombros. E realmente acontecera. Você... não se sente culpado mais, Sesshoumaru. O peito da jovem se encheu de alegria pelo youkai. Em algum lugar de seu coração, ela agradeceu a Rin por fazer seja lá o que tenha feito por Sesshoumaru. Não sei seu último pensamento, mas saiba que isso o libertou, Rin.

Finalmente passado o momento de tensão, ela sentiu-se relaxar. Todo o cansaço que sentia devido a aquisição de pedra se apoderou de seu corpo, mas ela já não se importava. Já não se preocupava com o que perdera para conseguir o cristal, ou com os avisos da guardiã ou mesmo com sua frase enigmática. Estava segura, estava com Sesshoumaru, ele estava seguro.

— Que bom! Fico... feliz... Sesshoumaru...

Teve dificuldade de terminar a frase antes de perder a consciência.

—_________________________XXXXX____________________________

Ainda sentindo a emoção angustiante da culpa sair de si, Sesshoumaru foi engolido pela imensidão branca. Quando despertou, percebeu que estava deitado de costas na grama.

Ao seu lado, Tsukiyo olhava-o preocupada.

— Sesshoumaru, você está bem? – sua voz parecia levemente fraca e os olhos pareciam pesar.

— O que aconteceu? – perguntou levantando-se.

— Eu não sei. Quando olhei você estava no chão desacordado e... – falou ela, sem entender.

— Não, eu quis dizer: o que aconteceu com você?

Tsukiyo parecia acabada. Tinha os olhos pesados e suor escorrendo pela testa. Sesshoumaru percebia que ela arfava e o coração batia disparado. O que aconteceu? Estranhamente, ela estava tão concentrada nele, que nem devia ter notado o próprio estado, porque assim que ele perguntou, ela parou e se analisou.

— Ah, eu consegui. – ela lhe lançou um sorriso. – Eu consegui a Tamashi no Kakera, Sesshoumaru!

A jovem desembainhou a espada que agora continha um brilho esverdeado irradiando da lâmina. Um calor acolhedor emanava da arma e parecia atrair os espíritos ao redor. O youkai olhou para a face da jovem orgulhosa da façanha.

Sesshoumaru estava feliz que ela tinha conseguido adquirir seu objetivo. Finalmente conseguiu o que queria, mas... por que seus olhos estão tão tristes?, perguntou-se ao notar o brilho escondido de melancolia que não saia dos olhos dela.

— Sesshoumaru, você... – ela parecia desconsertada. – a encontrou, não foi?

Ele sabia exatamente de quem Tsukiyo estava falando e por alguma razão, sentiu-se bem ao perceber que seu tom continha genuína preocupação.

— Encontrei. – respondeu ele.

— Está... tudo bem?

Com grande segurança, ele encarou os grandes olhos amarelados da jovem e ofereceu-lhe um dos seus extremamente raros e genuínos sorrisos que diziam muito mais do que qualquer palavra. Tsukiyo pareceu congelar um instante de surpresa, mas logo sua face se suavizou e ela correspondeu o gesto.

— Que bom! – sua voz começou a falhar. – Fico...feliz...Sesshoumaru.

Em seguida, seus olhos pareceram se fechar de cansaço e ela tombou para frente. Ele a segurou pelos ombros e apoiou sua cabeça em seu peito. Espantado, ele começou a sacudi-la de leve e chamar por seu nome.

— Tsukiyo? Tsukiyo, o que aconteceu?! Ei, Tsukiyo!

— Ela está bem. – falou uma voz que mais parecia ser o eco de muitas.

Sesshoumaru levantou a cabeça e pela primeira vez percebeu a presença de uma mulher a alguns metros deles. Era alta, tinha um vestido longo azul que evidenciava suas belas curvas e seus cabelos negros iam presos atrás. Os olhos era bicolores e juntamente com a energia que emanava, pareciam subjugar todos que encaravam.

— Quem é você? O que fez com ela? – vociferou o youkai levando a mão à bainha da espada.

— Acalme-se Lorde Dai-youkai. O corpo dela está apenas se acostumando com o poder da Tamashi no Kakera. – falou com sua voz perturbadora. – Eu sou Mira, guardiã da joia que essa jovem está levando.

Instintivamente Sesshoumaru puxou Tsukiyo contra si com um dos braços e com a outra sacou a espada em posição de defesa. A guardiã pareceu mais curiosa e divertida do que assustada com a reação do youkai.

— Quer queira ou não, vamos levar a joia embora. – impôs, Sesshoumaru.

— Isso já foi estabelecido previamente, Inu youkai. – falou ela entre uma risada abafada. – A garota já provou ser merecedora. Além disso, – com um manejo de sua mão, a espada desapareceu das mãos de Sesshoumaru como pó – suas espadas não funcionam aqui. Nesse lugar está apenas a consciência de vocês, seus corpos ainda estão deitados no mesmo lugar que chegaram.

— O que?

— Na teoria, apenas ela – apontou para a jovem desacordada. – chegaria aqui, porque está em busca da joia. Você... Hm, provavelmente foi guiado até aqui.

Rin? perguntou-se o youkai. A guardiã se aproximou com o rosto impassível e um brilho no olhar que ele não soube identificar.

— Sim, provavelmente ela o guiou até aqui. Cabe a você imaginar o porquê. – ela olhou para a jovem desfalecida nos braços de Sesshoumaru, seu olhar de duas cores era enigmático. – Para mim é incomum alguém pisar neste local sem estar desejando a pedra.

Os olhos bicolores o encararam intensamente.

— É tão peculiar quanto seu pai, Lorde Sesshoumaru. – sua fala arrancou uma exclamação surpresa do Dai-youkai. – Agora, vocês devem retornar a seus corpos e sair desse mundo. Os vivos não podem permanecer muito tempo aqui ou serão caçados por Mayonaka.

— Mayonaka?

— O espírito guardião responsável por eliminar os pecadores que ousam entrar nesse mundo. Normalmente ele vigia a saída deste mundo, mas sai de seu posto quando percebe a presença de vivos nesse local. – ela se virou de costas e começou a se afastar. – Deve se apressar, ele logo os achará.

Sesshoumaru começou a perder o toque de Tsukiyo. Ela estava ficando transparente. Ao olhar para suas próprias mãos, ele estava no mesmo estado. Ambos começavam a desaparecer.

— Onde fica a saída. – exigiu saber.

A mulher parou um instante e o encarou novamente.

— Siga para a região mais sombria deste mundo, onde nem mesmos os espíritos flutuantes ousam ir. – Sesshoumaru sentiu-se ser tragado de volta, mas conseguiu ouvir um último aviso. – Ah, e não permita que Mayonaka toque-os. Se o fizer, sua alma estará condenada para sempre...

Tudo desapareceu e Sesshoumaru acordou deitado no mesmo bosque em que tocara o espírito de Rin. Tsukiyo permanecia desmaiada ao seu lado, mas pelo menos continha pulso e agora ele sabia que ela ficaria bem. Ele pegou-a nos braços e olhou ao redor. Uma das trilhas parecia negra, enquanto nas outras ainda era possível ver as luzes das almas. Local mais sombrio, hein?

A ideia de seguir por a aquele caminho, que transbordava solidão e frieza, não agradou o youkai, mas não tinha opção. Não tinha motivos para confiar na guardiã, mas também tinha para não o fazer. Sesshoumaru foi avançando no breu, sempre em frente e sempre cauteloso, até que um cheiro indecifrável chamou sua atenção. Institivamente ele sacou a espada e ajeitou a jovem nos braços. Um som gutural ecoou no espaço negro.

Foi somente graças a seus reflexos que Sesshoumaru conseguiu desviar completamente do golpe que surgiu.

O youkai não parou para encarar o desafiante, sabia que era Mayonaka e não queria descobrir se o aviso sobre da guardiã sobre não permitir seu toque era válido ou não, principalmente com Tsukiyo indefesa em seus braços. Sesshoumaru disparou na direção mais escura do lugar, torcendo para achar logo a saída.

Um chiado passou ao seu lado.

Foi o tempo de levantar a espada e aparar o golpe de garras negras. A criatura investiu com a outra mão e o youkai teve que recuar. As garras negras roçaram na faixa de cintura de Tsukiyo, mas não chegaram a tocá-la. Droga! A escuridão dificultava a visão, mas Sesshoumaru conseguiu aparar diversos golpes que surgiam de vários lugares diferentes. Ele corria o mais rápido que conseguia, entretanto, Mayonaka conseguia manter-se sempre a seu encalço.

E cada vez, eles avançavam mais e mais para o interior do lugar que nem mesmo os espíritos ousavam ir.

Ficaram alguns instantes nessa dança até que Sesshoumaru avistou mais a frente uma espécie de vórtex branco em meio a uma clareira mais aberta. Assim que colocou seus pés na clareira, a criatura se apressou e colocou-se entre eles e o portal.

Pela primeira vez o youkai conseguiu visualizar bem sua aparência.

Era um monstro completamente negro. Não parecia ter forma fixa, ficava tremulando, como se fosse feito de fumaça. As mãos pareciam ser a única coisa rígida, eram compostas de garras longas e grossas, completamente negras. Sons animalescos saíam da criatura que pareciam congelar a alma. O pior eram os olhos, totalmente brancos quase brilhavam em meia a tanta escuridão. Encarar aqueles olhos era como estar diante do vazio, como se cegamente olhassem sua alma e ansiassem por devorá-la.

Mesmo o altivo e poderoso Sesshoumaru sentiu um arrepio ao encarar a criatura, que mais parecia o cão de guarda da morte.

O monstro avançou e Sesshoumaru parou o ataque com a Tenseiga, mas a força o jogou para trás fazendo com que batesse as costas numa árvore. Lutar com uma criatura desse porte enquanto segurava Tsukiyo estava se tornando algo problemático. Sesshoumaru colocou a jovem no chão e encostou-a na árvore, ainda sem tirar os olhos da criatura.

— Ao que parece, só poderei sair depois de acabar com você.

Sesshoumaru desembainhou Bakusaiga e com uma espada em cada mão poderia se defender das duas mãos do monstro. Ele avançou. Um, dois, três golpes... Todos defendidos pelo monstro. As garras avançaram e Sesshoumaru recuou. Mesmo que tivesse Tenseiga, de nada adiantava se não conseguia acertar o inimigo, além disso, o fato de não poder tocar na criatura dificultava a vitória. Mayonaka não deixou brecha, pulou para cima do youkai. Sesshoumaru preparou-se para se defender, mas no último instante, o monstro desviou em direção à Tsukiyo.

Foi atraído pela joia?! Num movimento que parecia ser impossível, Sesshoumaru avançou e parou o golpe a poucos metros da jovem. A criatura recuou, mas seu olhar cego mantinha-se fixo em Tsukiyo. Sesshoumaru se posicionou protetoramente entre a criatura e ela, seu olhar âmbar brilhava perigoso, desafiando a criatura a tentar qualquer coisa.

Se não fosse tão absurdo, o youkai podia jurar que viu o monstro sorrir antes de recomeçar o ataque.

A cada ataque defendido, Sesshoumaru tinha maior dificuldade de manter a espada firme e o monstro parecia cada vez maior. Esse maldito está se fortalecendo! Numa finta bem planejada, a criatura jogou Tenseiga longe, deixando o youkai para afastá-lo e impedir seu toque. Satisfeito com o resultado, Mayonaka agarrou a outra espada do youkai e o empurrou para trás, tentando se aproximar da jovem.

Mesmo com a imensa força que fazia para segurá-lo, Sesshoumaru só pôde ser arrastado para trás. Realmente esse bastardo não é do nosso mundo! Quando alcançou distância suficiente, o monstro se preparou para atacar a jovem com a mão livre.

ZAP!

As garras zuniram no ar cortando a carne.

Sesshoumaru com um movimento em meia lua da espada afastou o monstro, que parecia carregar um sorriso de satisfação.

Foi por pouco...

Sesshoumaru largou a espada e levou a mão no ombro direito que queimava. No último instante, não tivera escolha, se movera quase que por instinto. Tivera que largar Bakusaiga que era segurada pelo monstro e se moveu a tempo de tomar o golpe no lugar da jovem. Ele puxou o quimono de lado para olhar a ferida. Não havia nada ali. Porém, no local que sentira as garras perfurarem, a pele queimava e doía como ele nunca sentira antes.

— Bom... – falou recuperando a espada no chão. – agora que já me tocou não tenho que me preocupar mais com isso.

O Lorde avançou e cravou a mão esquerda no peito da criatura. Sua pele queimou novamente, mas a criatura não pareceu sentir o golpe. Antes que suas garras o acertassem novamente, Sesshoumaru recuou. Precisava de Tenseiga para ferir uma criatura desse mundo. Há poucos passos para o lado estava sua katana, onde o monstro a jogara, mas pegá-la significava deixar o caminho livre para Mayonaka atacar Tsukiyo.

— Isso está se tornando realmente irritante...!

Sesshoumaru num rápido movimento embainhou Bakusaiga, pegou a jovem nos braços novamente e desviou a tempo do ataque do monstro. O youkai avançou pelo espaço até chegar à Tenseiga. Com a mão livre, ele pegou a espada, mas o monstro já estava em seu encalço. No último instante, ele soltou a jovem no chão, segurou um dos braços da criatura com a mão direita e com a esquerda acertou um golpe direto da Tenseiga no peito da criatura.

Ouviu-se um com gutural e o monstro se desfez em fumaça.

Arfando, Sesshoumaru embainhou a espada. Sua mão e ombro direito pareciam estar banhados em ácido, mas não importa o quanto olhasse, não havia nenhuma ferida ou sinal do que estaria causando tamanha dor. O youkai sentiu a visão começar a embaçar. O que fez comigo seu maldito?! Com um gemido de dor, ele pegou a jovem em seus braços e começou a caminhar na direção do portal branco.

...

            Satori estava recostada em seu trono, entediada. Havia ficado empolgada com a visita do filho, principalmente depois de ver quem o acompanhava. Em sua mente borbulharam pensamentos, mas antes que percebesse, os dois embarcaram numa viagem incerta ao inferno. No início, teve grande expectativa, mas até agora nada...

A espera se tornou tédio que aos poucos começou a se transformou agonia.

            Mas antes que pudesse concretizar o sentimento de preocupação, uma luz branca surgiu em meio ao seu salão. A youkai levantou-se de curiosidade e se colocou em frente ao portal. Percebendo sua movimentação, alguns guardas se posicionaram ao seu lado com as lâminas levantadas em direção ao vórtex.

Uma figura começou a aparecer até se tornar nítida.

Sesshoumaru caminhava em direção a saída do portal com a jovem desacordada em seus braços. Parece um dèjá vu... pensou a youkai, lembrando-se de anos atrás, quando ele retornava do inferno com uma garota morta nos braços.

            Mas algo parecia diferente dessa vez...

            Assim que os pés de Sesshoumaru tocaram o chão de pedra do palácio, o portal desapareceu. O youkai tinha o olhar desfocado e Satori sentiu o peito se contrair. Involuntariamente, ela se aproximou. Não sabia se o filho conseguiria passar pela mesma coisa outra vez.

            Desta vez não havia pedra para ressuscitar a jovem.

Assim que se aproximou sentiu-se aliviada. A jovem respirava. Está viva. A youkai soltou o ar que não percebeu estar prendendo.

Inesperadamente, Sesshoumaru soltou delicadamente as pernas da jovem e a entregou para um dos guardas. Satori olhou interrogativa para o filho e se surpreendeu com o que veio a seguir.

Sesshoumaru fechou os olhos e caiu para frente. Se ela não segurasse seus ombros, ele teria tombado no chão.

— Sesshou...maru?! – exclamou surpresa.

Imediatamente outros guardas se aproximaram e a ajudaram a deitar calmamente o youkai no chão. Satori ordenou que as curandeiras e feiticeiras do clã fossem chamadas. A jovem desacordada foi colocada ao lado do youkai e os guardas correram para cumprir suas tarefas, deixando a Lady sozinha com os desacordados e seus próprios pensamentos.

A jovem estava pálida, como se parte de sua vida tivesse sido tomada. Parecia dormir de exaustão, mas se estivesse sonhando, seriam pesadelos, pois vez ou outra sua face se contorcia em agonia.

Voltando sua atenção para Sesshoumaru, Satori sentiu algo que há muito não sentia pelo filho: preocupação. Como que por um instinto materno, ela levou a mão à face dele. Sesshoumaru suava frio e sua expressão demonstrava agonia, a respiração era irregular e ele se contraía de dor.

— O que aconteceu naquele lugar?


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Notas finais do capítulo

E aí, o que estão achando? Esse capítulo marcou o final da segunda parte da fic. Agora caminhamos para o final. Nos próximos capítulos teremos bastante drama, espero que ainda estejam empolgadas para saber o final! =)