As Três Lágrimas do Youkai. escrita por Larizg


Capítulo 1
Capítulo 1 - O Campo Florido. (Atualizado)


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem do primeiro capítulo, e se gostarem, por favor, não deixem de postar um comentário xD Nos capítulo, eu sempre colocarei imagens ou alguma letra de música com o link para você escutarem enquanto leem. A música que, para mim, define esse capítulo é: Lucy -Skillet. Quando estiverem lendo a segunda parte, coloquem para escutar xD Deixo aqui o link com a música e tradução.(http://letras.mus.br/skillet/1533496/traducao.html)



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O dia começou promissor. Ela acordou, matou a sede no rio e continuou sua caminhada. Passeava tranquilamente pelo bosque, observando tudo ao seu redor. O lugar tinha um clima agradável, nem quente nem frio, apenas... calmo.

            Ela gostava de ficar só, ou pelo menos se convenceu disso. Sua mente trabalhava melhor na solidão. Seus pensamentos, não intencionalmente, viajavam pelo passado relembrando bons momentos ou simplesmente idealizavam um futuro que no fundo ela temia nunca alcançar. Como uma sonhadora que perdeu a fé em si e na própria crença, ela caminhava sobre a grama verde de primavera em direção ao nada.

Há muito não sabia o motivo de continuar em frente. Talvez ainda quisesse mudar o futuro, ou melhor, desejava no âmago mudar o passado, mas isso é impossível. Tudo o que queria era que ele voltasse para ela. Não, o certo seria dizer: tudo o que queria era ser capaz de trazê-lo de volta. Mas a situação atual a impedia. Já não mais sabia se buscava algo ou se acostumou-se a correr sem direção. Talvez estivesse apenas fugindo do passado, fugindo do impossível.

            Enquanto pensava no que faria a seguir, seus devaneios foram interrompidos pelos barulhos provocados pelo estômago. Não comia há horas e percebera somente agora que estava exausta. Caminhava há dias, sem qualquer pausa. Respirando fundo o ar fresco, fechou os olhos para se atentar aos aromas locais. Seu olfato apurado lhe dizia que por perto existiam animais que poderiam se tornar uma refeição.

            Buscando uma melhor visibilidade do lugar, ela agilmente escalou uma árvore. Ao chegar à copa, sobrepôs a cabeça sobre as folhas. No alto, o vento batia nos cabelos negros e na face, trazendo bem estar à alma. Ao longe era possível visualizar um campo florido.

A distância não permitia uma visualização perfeita das flores, mas pela superfície do campo, pareciam ser amarelas e brancas. Encantada com a vista e o vento, ela se permitiu alguns minutos de distração. Às vezes, vale a pena vagar sem rumo, pensou. Era assim que encontrava as mais belas paisagens...

            Um ronco alto de protesto de seu estômago a trouxe à realidade. Sua atenção decaiu para a floresta ao seu redor. Fechando os olhos ela se concentrou nos odores a sua volta. Buscava por animais pequenos e fáceis de abater. Não porque tivesse problemas em abater os grandes, era uma excelente caçadora. Apenas queria continuar a viagem e seria mais rápido cozinhar um animal menor.

            Finalmente captou o cheiro de um pequeno roedor. Abriu os olhos e voltou-se para direção do animal. Sua visão perfeita lhe permitia enxergar em meio a galhos de uma árvore próxima um esquilo de tamanha médio.

            – Será o bastante. – disse, pensando alto, para si própria.

            Ela desceu do topo a copa para galhos mais baixos e grossos. Eles permitiriam que desse um impulso para pular sem se partirem. O roedor encontrava-se a duas árvores a sua frente, e estava de costas, entretido com uma castanha que lentamente devorava. Ela calculou que com um bom impulso alcançaria o animal com facilidade. Colocou-se numa melhor posição com todo o cuidado para que não fosse notada pelo animal. Tudo corria como o planejado. Ela flexionou as pernas preparando-se para o salto.

            Quando estava prestes a dar o impulso, ouviu um estrondo atrás de si. Uma árvore a poucos metros de distância caiu e quase a acertou.

            O roedor correu assustado e ela, foi obrigada desviar para impedir ser esmagada pelo tronco que caia. Graças aos seus reflexos, ela saltou da árvore em que estava para outra, segundos antes da árvore caída acertar o local que uma vez havia estado.

            Ela se virou para encontrar o causador de tudo e deu de cara com um youkai com três vezes a sua altura, portando dois grandes machados. Ele era musculoso, com a pele dura e esverdeada. Era sujo e cheio de cicatrizes, mais lembrava uma espécie de ogro. Seus caninos de baixo saltavam para fora da boca por onde a baba escorria e caía no chão à sua frente. Não usava roupas, apenas uma espécie de tanga marrom primitiva, cobrindo suas partes íntimas e uma enorme ombreira de metal.

            – Finalmente achei você. – disse o monstro numa voz grossa, mais parecida a grunhidos de um animal irracional.

            Sabendo de sua desvantagem, ela se virou para o lado contrário para fugir. Devido ao seu tamanho, ele não parecia ser capaz de acompanhá-la numa corrida. Infelizmente, ela percebeu sua situação tarde demais. Quando se virou para o outro lado, ela deu de cara com outro youkai da mesma altura do primeiro, mas com a pele azulada. Este era igualmente forte, com duas correntes cruzando o peito em forma de “x”. Também usava uma tanga, botas marrons de couro e portava um enorme porrete de madeira coberto com alguns espinhos.

            – Dessa vez você não vai fugir. – disse abrindo um sorriso bárbaro.

            Não havia volta dessa vez. Ela havia se distraído com a caça e esqueceu-se que estava sendo caçada. A caça se iludiu achando que podia ser caçadora, refletiu amarga. Não imaginava que a alcançariam em tão pouco tempo, mas agora era tarde. Estava cercada.

Desta vez, seu descuido sairia caro.

—___________________________XXXXX____________________________

Quando o sol nasceu ele já estava acordado. Não, melhor dizer que ele ainda estava desperto, afinal, dizer acordado insinua-se que havia dormido, mas ele não o fez. Não havia dormido nada à noite. Novamente foi atormentado pelos pesadelos que insistiam em lhe mostrar àquele fatídico dia. Sempre que isso acontecia, buscando lavar a alma da agonia, ele se dirigia ao campo onde ela estava.

Levantou-se, vestiu a armadura e saiu do quarto. Seu pequeno servo o esperava do lado de fora, pronto para lhe servir no que for necessário, mas nada fez ao ver a expressão do mestre. Para a maioria, o Dai-youkai portava um semblante sereno e desinteressado, mas o pequeno ser já conhecia as verdades por detrás daquela máscara. Sabia exatamente para onde o Lorde iria.

O pequeno viu seu mestre passar direto por si, sem nem ao menos lhe dirigir o olhar, e foi deixado a sós com seus pensamentos. Da boca do pequeno servo, que observava o mestre se afastar sem olhar para trás, saiu um leve suspiro melancólico:

— Sesshoumaru-sama...

O nome foi pronunciado apenas para si, mas sabia que havia sido ouvido por seu mestre. Da sacada, Jaken observou o mestre tomar impulso e subir aos céus, até desaparecer de vista. E com isso apenas veio a confirmação do que ele já sabia: seu mestre fora visitá-la, e nos últimos tempos o fazia com frequência. Apesar da falta de interesse do Dai-youkai no pequeno servo, ele temia pelo mestre e desejava poder fazer algo para confortá-lo.

Mas ele sabia ser impossível...

Afastando-se do shiro, Sesshoumaru flutuava entre as nuvens. O campo onde ela estava não era distante, poderia ter ido caminhando, mas gostava de sentir o vento batendo na face. Não havia melhor lugar para sentir o vento do que entre as nuvens, onde a brisa soprava e as espalhava, deixando o céu limpo novamente. Quase como se o vento trouxesse a paz e tranquilidade novamente, sentimentos que o youkai desejava que fossem incorporados à sua alma agonizada.

Para seu infortúnio, a brisa fria dos céus nunca foi capaz de afastar seu sofrimento como fazia com as nuvens, mas era capaz de proporcionar alguns instantes de boas sensações.

Após alguns minutos já era possível avistar o campo florido. Nessa primavera ele parecia um grande tapete branco e amarelo. Do jeito que ela gostava. Sesshoumaru desceu no centro do campo e pôs-se a caminhar entre as flores para o lugar almejado. Andou calmamente em direção à primeira árvore da floresta, nos limites do campo. E, ali, na sombra proporcionada pela copa estava ela.

Ele parou a poucos passos do local e ficou a contemplar. Havia escolhido a região pelas flores que ela tanto gostava, às sombras de uma cerejeira que sempre florescia na última semana da primavera, o que seria dentro de alguns dias. Uma leve brisa trouxe o cheiro das flores para si e ele num longo suspiro sorveu o aroma adocicado que tinham. O cheiro que tanto a lembrava, no ambiente que ela tanto gostava.

Já haviam se passado 40 anos, mas ele nunca esqueceu sequer uma característica dela. Lembrava com perfeição de seu cheiro de lírios, sua calma e doce voz chamando por seu nome, e mais ainda, nunca se esquecera de seu belo sorriso. O mais brilhante e sincero que já havia visto. Ele sempre se recordava de sua imagem correndo nos campos, trazendo para ele um buque com as flores que julgara serem as mais belas.

Ele recordava os todos os dias os momentos passados ao lado dela, por temer esquecer-se de como era. Mas com isso, não se permitia superar o que sentira por ela.

Talvez, no fundo, não o desejava...

Porém, sabia que eram esses mesmos sentimentos, outrora de felicidade e paz, que agora o corroíam por dentro.

Naquele campo perdera duas pessoas importantes. Uma delas conviveu por muito pouco, uma serva de seu antigo inimigo Naraku. Sua morte não lhe trouxe grande impacto, mas merece ser lembrada, pois fora a primeira mulher a dizer que lhe amava.

E agora, o lugar sustentava toda sua dor por possuir a primeira mulher por ele amada.

A sua frente estava um túmulo cobertos de vinhas de flores, feito especialmente para ela. Era o local que ele voltava sempre em memória dela. Um dos locais mais belos que já vira, agora era, também, o local mais triste que existia.

Em baixo da árvore, ao fundo do campo florido, jazia a sua protegida. A sua menina. O seu único amor.

A sua... Rin.

Sesshoumaru no túmulo de Rin.


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Notas finais do capítulo

E aí o que acharam? Também acham que a música combina?



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