Profecia escrita por AgathadeLima


Capítulo 4
Gabrielle


Notas iniciais do capítulo

Finalmente um capítulo com a malvada para vocês ficarem sabendo o porque dela ser malvada.
Enjoy!



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O recreio acabou, causando gemidos frustrados de todos á minha volta. Mas eu não dava á minima. Por mim, estar dentro ou fora de sala não faz diferença. Continuo no inferno, seja no pátio ou na sala de aula.

–Argh. Qual é a próxima aula? -Perguntou a menina do meu lado, Jéssica.

Olhei para ela com desprezo. Cabelos marrons que terminavam em mechas roxas (que obviamente era tintura), olhos em um dourado anormal (que obviamente era lente de contato), pele bronzeada até demais (que obviamente era bronzeamento artificial). Até a voz parecia estridente demais para ser de uma pessoa.

Uma boneca de plástico artificial. Que novidade.

A reconheci imediatamente como a patricinha mor da escola. Em toda escola tem uma. Por que nessa eu teria a sorte de ser diferente?

–E eu sei? -Respondi, a voz carregada de hostilidade.

Ela deu um sorriso cínico e totalmente falso.

–Acho que vamos nos dar bem, Gabriela. -Falou ela, a voz irritante me fazendo ter vontade de pular no pescoço dela só para não ter de ouvi-la de novo.

–É Gabrielle. - Corrigi. -E se tem algo que eu duvido, é que vamos nos dar bem.

Me distanciei, ainda sentindo o olhar humilhado e furioso de Jéssica.

Que ótimo. Primeiro dia de aula, e contando com as outras novatas e as 2 amiguinhas abduzidas de Jéssica, já tenho 7 inimigas que me acham rude, hostil e completamente raivosa.

Olhei meu horário rapidamente. Próxima aula: História.

Fiquei mais relaxada. Sempre amei história, talvez porque odiasse a minha própria, e podia achar vidas piores nessa matéria. Ou talvez porque sempre que eu ouvia história, esquecia a minha.

Dois motivos maravilhosos e alegres.

Agora note a ironia.

Fui para a sala de aula.

Entrei e só tinhas as outras 3 novatas lá dentro. Sentei na minha carteira, lá no fundão. Elas estavam no meio da sala. A Agatha no meio, a Alice de um lado, Mayana do outro. Elas estavam absortas em sua conversa, o que me deu certa privacidade.

Lembrei da conversa antes das aulas. Mesmo querendo ser legal com elas, senti que não, eu não ia agir diferente só pela sensação de familiaridade que elas traziam.

E assim o fiz.

Mas o menino... ele me lembrou ela. Talvez por causa do sorriso sincero, das risadas infantis ou por falar igual a ela falava. Então falei até simpática com ele.

Agatha falava com ele como mamãe falava comigo e com ela. Com Samantha.

Samantha era meu raio de sol todas as manhãs, minha melhor amiga desde sempre.

Ela era minha irmã gêmea.

Então, numa noite em que ela foi dormir na casa de uma amiga, um acidente acontece: Ela é atropelada.

A casa da amiga era muito próxima, ela podia ir a pé, mas minha mãe não queria, e foi pegar a chave do carro. Foi então que começamos a brigar.

"–Por que você pode sair de casa e eu não? -Eu reclamei.

–Porque mamãe deixou eu ir e você não. Todo mundo sabe que ela gosta mais de mim. -Respondeu ela.

–Não gosta não!

–Gosta sim!

–Prove!

–Ela deixou eu ir e você não! Tá vendo, ela gosta mais de mim!

Eu funguei, irritada, fitando minha cópia. Ela, mesmo sem notar, tinha colocado o dedo na ferida.

–Eu queria ser filha única! Queria que você tivesse morrido ainda bebê!-Gritei, e saí correndo para meu quarto.

Pela janela, vi Samantha correndo na chuva, no meio da rua. Então uma luz forte, um vulto disforme dentro de um carro e uma batida.

Eu gritei, com medo, e desci. Cheguei na calçada e o carro havia sumido, como que evaporado, e meus pais choravam do lado da minha irmã, que sangrava e balbuciava coisas sem sentido. Meu pai correu para dentro e ligou para a ambulância, e minha mãe gritava para que Samantha voltasse, e eu chorava, pedindo desculpas, mas pela primeira vez na minha ainda tão curta vida, desculpas não bastaram."

–Srta. Santos! -Exclamou o professor.

Olhei para ele, antipática.

–Preste atenção, sim? -Falou ele. -Ah, e abra seu livro na página 9.

–Claro professor. -Respondi secamente. Ele se voltou para o livro.

****

–Gabrielle! -Chamou mamãe.

–O que foi, mãe? -Gritei de volta, do meu quarto.

–Vem cá, é importante! -Insistiu.

Suspirei, fechei meu caderno de desenhos e desci.

Cheguei na sala e me joguei no sofá ao lado dela.

–Siiiiiiiiiiim? -Cantarolei. Eu só era simpática com meus pais.

–Quero lhe dar um presente por ter sobrevivido ao primeiro dia de aula. -Brincou ela.

–E qual seria? -Perguntei.

–Um caderno de desenhos novo. Ouvi você reclamando que está quase acabando. -Disse.

Abri um sorriso enorme.

–Isso seria perfeito, mãe. Obrigada. -Falei, sincera, e dei um beijo na testa dela.

Ela suspirou.

–E um vestido. -Disse.

–Vestido? Para que? -Questionei.

–Para a noite de luto. Todo um ano, um vestido novo, você sabe. -Falou ela em resposta, a voz falhando.

–Tudo bem. -Consolei-a.

A abracei e lá ficamos, chorando por Samantha de Santos.


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Notas finais do capítulo

Desculpa, ficou minúsculo.



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