Eu estava pra lá de animada naquela noite. Passara a tarde inteira nos melhores sexy shops da cidade procurando a roupa perfeita.

Eu achei uma simplesmente incrível! Muito cara, é verdade, mas... Ele merecia, vai...

Minhas amigas acharam uma loucura comprar aquilo por aquele preço.

-Lily, não faz isso! Você ta gastando o dinheiro que seus pais mandaram pra você com um presente pro Josh! - Argumentou Abby. Eu ri.

-Abby! Não é só pro Josh. Eu quero usar isso!

-Lily, você não...

-Garotas, eu sei o que eu estou fazendo! – Disse, interrompendo a Sam. Elas eram ótimas, mas às vezes eram muito puritanas.

Saímos do shopping direto pra minha casa. Depois que chegamos lá elas esqueceram o preço do espartilho vinho que eu tinha na sacola.

Elas começaram a me vestir. Josh e eu havíamos tido uma briga dois dias atrás e eu estava disposta a fazer as pazes da melhor forma possível. Dentro da minha bolsa preta comprada hoje também tinha de algemas pra frente. Seria inesquecível...

Elas me ajudaram a por o espartilho e depois o vestido também vinho, de couro, muito justo. Um tomara-que-caia até a metade da coxa, comprado hoje também. Usava um scarpin vermelho com um salto stiletto de 15 cm. Os cabelos estavam presos em um coque mal feito e a maquiagem carregada nos olhos e mais suave nos lábios.

Não dava pra dirigir com aquilo! Abby me levaria ate a casa dele.

Eu abri o apartamento com minha chave. Escutei um barulho... Parecia vir da cozinha... Como... Uma bandeja caindo...

Eu resolvi ir até a cozinha. Péssima idéia.

Assim que a porta se abriu, vi uma moça loira sentada no balcão com a saia levantada até a cintura. Uma das mãos do Josh apertava seus seios por baixo da blusa e a outra passeava pela bunda dela.

As unhas da loira arranhavam suas costas nuas. Sua calça jeans já estava desabotoada...

Eu simplesmente não podia acreditar. Agente brigou a dois dias! Ele me expulsou do apartamento dele, sim, mas não disse acabou! Até a chave eu ainda tenho!

-DESGRAÇADO!! - Eu gritei. O tempo de eles me notarem ali foi o tempo de eu tirar aquelas armadilhas dos pés e sair correndo.

Não esperei o elevador. Desci correndo pelas escadas. Maldito vestido que prendia minhas pernas!

Nunca passa um taxi quando a gente precisa, né?! Eu corri pela rua, fazendo o possível para que ele não pudesse me seguir. Ao que parecia, ele nem tentou.

Consegui um táxi três quadras depois.

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Acordei morrendo de dor de cabeça, pra variar. Já fazia dois dias que eu o flagrara e ele nem me ligou...

Eu passei os últimos dias de pijama e pantufa. Um final de semana inteiro perdido...

-Lily! Você ainda esta nesse estado! - O ataque da Abby quase me fez derrubar a xícara de café.

-Abbygail! Você é doida?! - Reclamei. - Quer que eu morra queimada pelo café ou com minha cabeça explodindo mesmo?!!

-Você é muito chata, Lily! Anda! São dez da manhã e você esta de pantufas e pijamas!

-E o que você quer de mim, Abby?! - Perguntei, desesperada pela resposta. Eu estava completamente perdida.

Abby percebeu o meu estado e veio me abraçar. Como eu amava aquela maluca.

-Quero que você reaja, amiga. - Disse, me reconfortando. - Quero que pare com essa loucura por cafeína. Quero que venha comigo a um salão e se arrume. Vamos beber até cair!

Eu ri um pouco pra animação daquela doida que gritava animada de cima da minha cadeira com meu café na mão.

Ela derramou meu café na pia e preparou algo para eu comer enquanto eu tomava um banho e me arrumava.

Abby me levou até um salão super badalado.

Fiz um tratamento completo. Sai de lá me sentindo outra. Já eram umas 7pm, mas eu não queria mais ir pra casa.

Uma parte de mim ainda insistia em ficar inerte na minha casa, deitada, em posição fetal, chorando.

Mas eu sabia que não dava mais.

Então eu e a Abby fomos direto pra casa dela. Como eu já saira do salão maquiada, foi só por uma roupa mais sexy e cair na gandaia!

Fomos a um clube pra lá de movimentado.

Pra minha surpresa, todos os meus amigos estavam lá.

Peter, namorado da Sam; a própria Samantha; Nathan; Stephen; Michel; Meg... todos lá. Ao meu lado. Eu me senti completa de novo.

Lágrimas escorreram pela minha face quando os meus amigos vieram me abraçar. Só quando eu vi a Meggan, minha amiga super-forte, chorando, foi que eu percebi que eles também ficaram mal por mim. Me senti culpada. Era hora de reagir.

Sentamos na mesa onde eles já estavam. A boate estava animada e movimentada hoje. Afinal, era domingo. Todos queriam curtir o final do findi.

-Gelera. - Chamei. Todos me olharam. - Eu queria pedir perdão a vocês. Desculpem pelo surto. Mas eu fiquei realmente muito mal. Perdão.

Todos sorriram, compreensivos, mas foi o Stephen quem respondeu.

-Lily, nós compreendemos você, sim. A culpa não foi sua. Foi daquele desgraçado. E você precisa reagir. Somos amigos desde pequenos. Conheço você. Você é forte, Lily. E é vingativa.

Seu sorriso tornou-se malicioso e eu gargalhei alto. Lembrei de outras traições que eu ou os meus amigos sofremos. Eu e o Stephen criávamos os planos mais maldosos...

Flashback 1: 5 anos antes.

Minha irmã irrompeu pelo meu quarto em desespero. As lágrimas saltavam de seus olhos e ela gritava.

-Yasmin! - Me desesperei. - O que houve, meu amor?!

-Robert... Bia... Eu vi... Cama... Juntos...

As palavras dela saíram baixas e entrecortadas, mas eu entendi muito bem. Robert e Bianca dormiram juntos. Clássico. O namorado e a melhor amiga.

Eu esperei que ela chorasse ate dormir e a tirei do meu colo lentamente.

Liguei para o Stephen e contei tudo. Eu já sabia o que fazer.

Para uma traição clássica, uma vingança clássica. Boatos falsos.

Liguei para a Lana e contei.

-Amiga, eu to desesperada pra contar, mas e super secreto, ta?- Secreto. A palavra-chave pra qualquer fofoqueira. Como era o caso da Lana.

-Conta tudo amiga! Daqui não sai!

-A minha irmã deu um fora homérico no Robert, e ele foi se consolar com a Bianca!

-Não!

-Serio! - Eu sou muito cínica!

-Com a melhor amiga da Yasmin? !!

-Não! Elas brigaram! - Contornei.- A Yasmin se tocou que andar com mulheres fáceis como a Bianca não era legal pra reputação dela. - Há!

-Fácil?! A Bia?! - Ela estava incrédula com a quantidade de babados que estava ganhando de bandeja.

-Sim! Por isso o Robert foi atrás dela. Todo mundo sabe que a Bia topa qualquer coisa!

-E o que aconteceu? Eles transaram?

Eu ri, com desdém. Eu estava usando toda a minha falsidade. E olha que ela era muita!

-Nada! Ele broxou!

Foi o fim do Robert, no outro dia, rolava na cidade inteira que ele tinha falhado com a Bia, e se consolara com três travestis. Ele sumiu da cidade.

A Bianca? Bom, essa manteve a fama de fácil.

Flashback 1 off.

Flashback 2: 3 anos antes.

Entrei no apartamento da Abby lentamente. Eu estranhei pra caramba a porta aberta. Mas os gritos vindos do quarto me assustaram ainda mais.

Ao abri a porta, um cisne de vidro passou raspando pela minha cabeça quando eu me abaixei e se estraçalhou na parede atrás de mim. Como era inverno, eu usava um casaco de couro que protegeu minhas costas dos cacos de vidro que voaram pelo estreito corredor.

Eu a olhei assustada, mas ao invés de vir superculpada ver se eu estava bem, a Abby virou as costas e continuou destruindo um urso de pelúcia com uma tesoura.

-Abby! O que houve?!

Ele se virou para mim. Lágrimas rolavam pelo seu rosto, mas seus olhos eram ódio puro.

-Aquele desgraçado, idiota, tarado, maníaco, filho de uma...

Depois disso os palavrões começaram a descer o nível.

-Ta, ta... Quem? - Perguntei, exasperada.

-TREVOR! - Ela gritou. Depois se jogou na cama, chorando compulsivamente.

Eu me deitei com ela e a abracei. Quando o choro diminuiu, perguntei.

-O que aquele idiota fez?

-Ele queria que eu fosse pra cama com ele... - Sua voz estava entrecortada. - Eu me recusei... Ele insistiu e eu não cedi... Ai ele tentou me forçar... E eu gritei... Ele me chamou de...

Ela hesitou.

-Continue. - Incentivei. - Eu estou aqui. Não se preocupe.

-Ele me falou que eu era uma vadia idiota... Que ficava instigando ele pra depois me recusar... - O choro já voltara. - E disse que tinha certeza que eu não era virgem, coisa nenhuma...

Ela voltou a soluçar compulsivamente e eu a acalentá-la. Mas desde que ela dissera o nome daquele cafajeste, eu soube que ligaria pro Stephen de novo.

Assim que ela adormeceu, eu peguei o celular.

-Stephen?

-Ola, Lily.

-Stephen, eu vou precisar da sua ajuda.

Do outro lado da linha, ele riu.

-O namorado de quem, dessa vez?

Eu ri também.

-Abbygail.

Me encontrei com ele duas horas depois. Mas ele não estava sozinho...

-Lily, eu quero que conheça a Jessica.

-Ola, Lily!

Eu olhei para a bela moça ao seu lado. Ela não me inspirava confiança. Tinha jeito de...

-A Jessica é garota de programa.

Não era essa palavra que eu iria usar, mas serve...

-E o que ela faz aqui?

-Eu também não sei... - Disse a garota, olhando o Stephen como quem diz “vai me contar agora, ou vou ter que esperar mais alguém?”.

Ele riu.

-Bom, eu dei uma coisinha a Jessica. - A moça começou a mexer na bolsa. Stephen tocou seu braço.- Uma coisinha que você não precisa ver.

-E o que seria essa “coisinha”?

-Um remédio. Para fazer um homem em ponto de bala, virar chiclete...

Eu ri alto. O plano dele começava a se construir na minha cabeça.

-Deixa eu adivinhar: Jessica vai por isso na bebida do Trevor e ele vai falhar na hora H.

-Exato!

-E onde fica a parte publica?!

Ele sorriu, malicioso

-Bom, eu dei outra coisinha a Jessica... E essa você precisa ver.

A moça tirou uma caneta da bolsa.

-Sim, certo. E daí?

-Eu vou posicionar isso do jeito certo, e filmar a hora em que ele falhar. - Explicou a moça.

-Ótimo! - Afirmei, animada.- E você ainda pode completar com coisas do tipo “bem que me disseram que isso costumava acontecer com você...”

Eles riram. Depois disso, Jessica saiu.

-Ela é bem profissional, não é, Stephen?! Não quero problemas pra mim depois.

-Não se preocupe. Somos velhos conhecidos.

Preferi não querer saber sobre isso. O passado do Stephen me assustava, às vezes...

Eu recebi esse vídeo dois dias depois. Um envelope com um DVD foi deixado na minha porta. A garota sumiu.

Depois disso, eu criei uma conta fantasma em um site de vídeos e postei. Enviei o link pelo e-mail de um desses rapazes da faculdade que deixa o e-mail aberto no laboratório.

Não foi preciso mais que um mês pra vida do Trevor e qualquer chance dele com alguma mulher dali ir pro espaço.

Outro que fugiu.

Flashback 2 off.

Flashback 3: um ano antes

Eu entrei na casa do Nathan como eu sempre fiz com todos os meus amigos: sem bater, sem avisar, chegando e entrando.

Estranhei ele não estar na sala. Nathan vivia ou lendo, ou vendo tevê, ou na internet. Sempre na sala.

Entrei e o encontrei no quarto, sentado na cama, brincando com uma foto.

Ele rodava o papel nas mãos a foto de uma mulher, fazendo pequenos rasgos nas laterais. De repente, uma lágrima solitária lhe passa pelo rosto.

-Nate!

Eu me aproximei e o abracei. Ele retribuiu meio chocado. Provavelmente não tinha me visto. Passado o susto, ele chorou. Chorou muito.

Já era meio tarde, então eu passei a noite com ele.

No dia seguinte, acordei com ele cantarolando o banheiro, feliz.

Eu ri um pouco. Depois levantei e fui preparar um café bem forte pra ele.

O Nathan era assim. Quando ficava triste, ele chorava. Chorava muito. Depois de chorar, ele simplesmente seguia em frente. Sofrendo, mas calado, sem demonstrar nada. Algumas pessoas o achavam insensível. Eu sabia que ele era apenas decidido. Não gostava de lutar e sofrer por causas perdidas. Ele era sensato.

-E então?- Comentei enquanto comíamos. - Vai me contar o motivo daquela tristeza toda.

Ele soltou um risinho cansado.

-Lembra da Carol? - Assenti. Eu conhecera a namorada do Nathan alguns dias atrás, justamente por entrar sem bater. Não fora muito agradável... Eu disse que ele gostava da sala...

-Pois é. - Prosseguiu. - Ela é... Bem... - Ele hesitou e eu esperei. - Ela é casada.

Minha xícara foi ao chão e se despedaçou.

-Casada?- Eu estava chocada. - Sua namorada tinha um marido, uma casa, tudo?!!

-Um marido, uma filha de 14 anos e até um cachorro.

Eu sempre achei a Carol muito velha pro Nathan, mas nunca pensei... Isso!!

-Quando...? Quem... ? Onde... ? Como você descobriu??!! - Eu estava incrédula!

-O marido dela é colega de trabalho de uma amiga minha. Eu estava com ela e encontramos ele num shopping. Ele apresentou a Carol como sua mulher.

Eu estava chocada. E o Nathan, visivelmente arrasado. Ah,mas eu acabo com ela!!

Sai dali direto pra casa do Stephen. Já tinha algo em mente, mas precisaria dos contatos barra pesada dele.

Quem pega um, pega dois, três... Só que a Carol iria pegar todos de uma vez!

Eu expliquei meu plano para o Stephen e ele amou! Contratou o pessoal, comprou o material e me deixou pagar pela metade da vingança. Pensa que acabar totalmente com a vida de alguém é fácil?! Nada! Alem de ser muito caro.

Três dias depois, as fotos de Carol em uma cama de motel durante uma das viagens do marido (que vivia em congressos), deitada na cama dela, nua, cercada por três homens no mesmo estado estavam em minhas mãos. Pras do marido era um pulo.

As fotos foram postas em um envelope e entregues por um menino de rua na empresa, em troca de alguns dólares.

Podemos dizer que foi um divórcio bem conturbado.

Flashback 3 off.

Depois de alguns meses eu me envolvi com o Josh e acabei perdendo esse habito.

Eu so contei alto a historia da Yasmin. Afinal, Abby e Nathan estavam ali. Foi desde aquele tempo que Abby e eu ficamos tão próximas. Mas não falamos sobre isso. Embora eu tenha certeza que ela amou!!

-Exato! - Disse Stephen. - É dessa Lily que a gente sente falta. Volta pra gente. Agente quer nossa velha Lily de volta.

Eu estava muito feliz por tê-los. Naquele momento, eu decidi dar a volta por cima.

Depois que saímos do clube, eu fui pra casa do Stephen. Era hora de planejar minha vingança.

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Eu amanheci bem animada. Hoje eu começaria meu plano. E o Josh não perdia por esperar.

Cheguei na faculdade pra lá de animada. Eu realmente não queria vê-lo, mas era preciso que ele pensasse que estava tudo bem entre nós. Que eu não guardava magoas. Mas eu guardava sim...

-Oi, Josh. - Cumprimentei rapidamente, enquanto passava por ele no corredor. A intenção era só demonstrar algo com “esta tudo bem, cara! Ainda somos amigos, não é?!”. Eu avisei que eu era bem cínica...

Ele me olhou um pouco assustado e eu passei direto. Certo. Agora 3, 2, 1...

-Lily! - Ze-ro. - Lily, espera!

-Sim? - Me voltei para ele com uma cara de inocente.

-Você esta bem?

-Claro! - Sorri. - Não deveria? - Falsa preocupação.

-Não! É só que... Bem, eu... Esperava te ver mais...

-Triste? Chateada? Decepcionada, talvez? - Minha cara continuava inocente.

-É... Triste,... Um pouco... Não esta?

Ele parecia decepcionado. Olha a minha cara de pena... Idiota! Eu dei um sorriso cínico.

-Triste? Não... Talvez um pouco decepcionada... Mas você me conhece! Não sou de guardar magoas!

Ele sorriu. Caramba! Ele realmente não sabia nada sobre mim!

-Amigos, então?!

-Claro! Amigos!

Apertei a mão dele e me dirigi à minha próxima aula.

Esse idiota não perde por esperar...

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Eu estava andando pelo local onde o Stephen me indicara. Próximo aonde eu estava, ficava um beco. O Josh de veria estar chegando a qualquer minuto.

Nesse exato momento, ele virou a esquina. Eu sou boa nisso!

Stephen descobrira que ele passaria por aqui. Eu não sei o motivo. Como já disse, o Stephen gosta de fazer a parte suja e eu prefiro ficar na parte que mente. Era melhor assim.

Me escondi. Ele não podia me ver antes da hora certa. Mas eu não perderia a cena por nada nesse mundo!

De repente, um grupo de rapazes saiu de dentro do beco e avançou sobre ele, batendo. Tomaram telefone, relógio e carteira. Eu me segurava para não ri! Era muito bom!

Depois que eles saíram era minha deixa.

Eu apareci como quem não quer nada, “casualmente” o vi e fui ate ele.

-Josh! Cara, o que houve com você?!

-Lily! - Ele me abraçou e eu o ajudei a levantar.

-O que houve? Quem fez isso com você?!

-Eu fui assaltado, Lily!

-Minha nossa! Essa cidade esta cada vez mais perigosa. - Eu estava “muito preocupada” com ele. - Vem. Tem uma cafeteria ali na frente. Você precisa sentar um pouco. Eu te pago um café.

-Obrigada, Lily! Você é um anjo.

Essa foi ótima! Eu quase ri na cara dele!

O fiz sentar na cafeteria. Pedi um café puro para ele e um café com leite para mim. Chegou rápido.

Ficamos conversando e ele se acalmou.

-Vejo que esta melhorando. - Comentei.

Ele sorriu.

-Graças a você. Obrigada.

Ele tentou pegar minha mão, mas eu me desvencilhei dele.

-Porque você não vai ate o banheiro? - Desconversei. - Lave o rosto para tirar o sangue seco enquanto eu te espero aqui. Depois vamos à minha casa e eu cuido desses cortes.

Ele sorriu. Pensando besteira, Josh? Esqueça!

Enquanto ele foi, tirei uma cápsula da minha bolsa. Abri-a, e despejei o pó laxante dentro do café. Dessa vez, não pude evitar uma risadinha.

Quando ele voltou, tomou o restante do café e depois fomos embora. Eu tive que pagar, claro. “Roubaram” ele, né...

Fomos para o meu apartamento. Pra minha felicidade e para o bem da integridade física dele, o Josh não tentou nada.

Eu já imaginava o que estava acontecendo nesse exato momento. Eu combinei com perfeição com o Stephen.

Flashback on

-Enquanto ele estiver na sua casa...

-Você destrói o apartamento dele! - Disse, animada.

O Stephen arregalou os olhos e eu ri. Ele acabou se juntando a mim.

-O que você deseja exatamente?

-Quero que as roupas sejam arrancadas do guarda-roupa e espalhadas. Televisão, som, computador... Todos os eletrodomésticos e eletroeletrônicos quebrados. Estantes, cômodas... Tudo no chão. Em pedaços. Rasguem o colchão... e claro, enfiem algumas roupas dentro do vaso sanitário, pra quando o laxante fizer efeito.

Eu pisquei e ele caiu na gargalhada.

-Seu desejo é uma ordem!

Eu ri também.

-Ah! - Lembrei de um detalhe importante. - Destrua todos os cd’s, LP’s, vinis, pick-ups... toda a aparelhagem de trabalho daquele DJ idiota!

Ele sorriu e assentiu.

Flashback off

Depois que ele saiu da minha casa, eu fui dar uma volta.

Pensava em tudo o que ele estava passando. Senti um momento de remorso, mas logo esqueci. Ele merecia bem mais que isso!

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No dia seguinte, acordei com meu telefone tocando. Josh!

-Oi. Como você esta? Melhorou?

-Lily, eu estou arruinado!

-Como?! O que houve?! - Quem ouviu jurava que eu não sabia o que era, e que não tinha nada a ver com isso! Há!

Ele contou e começou a chorar. Patético.

Eu o consolei por alguns minutos.

-Lily... Eu preciso de você... Preciso de você de volta...

-Lamento, Josh... Tudo o que eu posso te oferecer é a minha amizade... - Repito: ele era patético!

-Eu achei que gostasse de mim.

Eu ri um pouco, sem humor. E depois eu menti.

-Não, Josh. Eu nunca gostei de você desse jeito. Não era tão apaixonada quanto pensava. Uma prova disso foi que eu sofri bem menos que o esperado quando te vi... Você sabe.

Ele suspirou.

-Por favor, Lily. Eu preciso de você. Eu te amo! Passamos um bom tempo juntos! Isso não significa nada?

Eu estava começando a perder a paciência. Esse cara não tem amor próprio, não?! Ficar se rebaixando desse jeito!

-Lamento, Josh. Mas realmente não significou nada para mim. – Não era mentira. Eu realmente só sentia desprezo por ele. Nada mais.

Um pouco de pena talvez. Às vezes. Mas nada muito forte ou duradouro...

-Tudo bem então. – Suspirou, derrotado. - Desculpe por isso.

Eu já disse que ele é patético?! Digo de novo: ele é patético!

-Esta tudo bem. Adeus Josh.

-Adeus.

Depois que ele desligou, eu fiz o que estava querendo desde que ele começou a chorar no telefone.

Expressei tudo aquilo que essa ligação e essa demonstração de amor e carinho causaram em mim.

Me deitei de barriga para cima, e ri.

FIM  ; p