Você sabe o que as pessoas pensam da morte? Bom, o mesmo que você, ninguém sabe o que acontece, é misteriosa. Eu pensava que sabia, nós gregos, iriamos pelo mundo inferior seríamos julgados, se condenado iriamos para o campos de punição, se tivéssemos feito algo heroico iriamos ao Elísio e se nossa vida fosse indiferente. Mas, sinceramente, eu não sei mais como as coisas funcionam. Será que existe um pós-morte nesse mundo?

Aliás, por qual maldito motivo eu estou pensando nisso. Ah, sim! Em como ultimamente eu tenho sentido mais apresso pela morte do que pelo destino. Destino, como isso pode ser tão troll? Trazer Luke Castellan agora? Justamente quando eu estou recebendo aquelas mensagens de “A”. Isso poderia se definir como uma grande armadilha do destino, ou de “A”.

A primeira coisa que pensei quando eu vi Luke no chão, no meio da rua, era que deveríamos deixar ele lá. Se “A” estiver certo...

Mas não, aqui estou eu com um dos braços de Luke sobre meus ombros e o outro sobre o ombro de Jace, subindo as escadas em direção ao quarto do hotel em que estamos hospedados, com Samantha e Sadie logo atrás. Luke murmurava algo, ele estava inconsciente.

– Ele não parece nada bem – Jace falou com a respiração pesada.

– Como ele veio parar aqui? – Samantha perguntou.

– Adicione isso para a nossa lista de “coisas que provavelmente nunca iremos descobrir” – Sadie disse em sua melhor voz sarcástica.

Eles chegaram a frente da porta e a abriram, Sadie deu um gritinho e eu quase deixei Luke cair no chão. No meio do quarto havia uma bola de fogo, Finnick e Hermione estavam de costa para nós e pareciam jogar algum tipo de papel no fogo que rapidamente era incinerado.

– Esses foram os últimos – Finnick disse e Hermione desconjurou a bola de fogo.

– Últimos o quê? – Samantha disse e Finnick se sobressaltou, ele se virou e nos notou, ele parecia nervoso.

– Nada – Ele falou – Era só uns papeis que estavam aqui, nada de importante, pedi para Hermione conjurar essa bola de fogo para destruir os papeis.

Hermione assentiu, ela também parecia meio nervosa, eles estavam mentindo, mas decidi não falar nada. Hermione notou Luke.

– Quem é ele? – Hermione perguntou e se aproximou.

– Ele é um amigo meu – Percy respondeu – Ele estava jogado no lado de fora na rua, ele está inconsciente.

– E como ele veio parar aqui – Perguntou Finnick desconfiado.

Sadie riu – É mais uma vez a questão de um milhão de dólares, ninguém sabe.

– O coloquem na cama – Hermione falou – Sei alguns feitiços que podem ajudar ele a se recuperar, mas podem não ser de muita ajuda.

Eu e Jace o colocamos em uma cama e Hermione se abaixou perto de Luke, ela murmurava algumas palavras e fazia movimentos coma a varinha.

– Fiz o que eu pude. – Ela falou – Agora é esperar.

Os outros se dispersaram, Jace, Hermione e Sadie saíram do quarto, Finnick se deitou em uma cama no lado das meninas, Samantha se aproximou de mim. Uma suspeita ainda pairava sobre minha cabeça, me lembrei do que Draco Malfoy nos falou, “Cronos está ressurgindo”, e agora Luke está aqui, antes no verão em que eu completei 16 anos, Cronos havia estado hospedado no corpo de Luke, e se estiver acontecendo a mesma coisa?

Ainda havia a mensagem de “A” que reforçava as minhas suspeitas, toda manhã quando ele acordava, havia uma mensagem de “A” no papel embaixo de travesseiro e sempre dizia a mesma mensagem: “Você já os considera amigos? Bom, pense melhor, há um inimigo entre seu pequeno grupo Percy. –A”. Será que aquela mensagem se referia à Luke?

Samantha suspirou e andou em direção à janela e se apoiou lá, ela observou o movimento (quase inexistente) do lado de fora, Finnick a observou, soltou um longo suspiro, levantou-se da sua cama e saiu do quarto. O que será que havia acontecido entre esses dois?

Observei Samantha por um longo tempo, e culpa começou a pesar em mim, na hora do quase enterro dela eu havia contado a todos que Samantha era irmã de Pain, mas logo depois lea voltou ao mundo dos vivos, sabe-se lá o porque. Depois de uma longa conversa entre mim, Finnick, Sadie, Hermione e Jace, decidimos manter segredo sobre isso. Agora eu já não tenho tanta certeza se essa foi a melhor decisão.

Fui até a janela e me encostei perto dela, observei o lado de fora, um carro do exército passava na rua.

– Você não acha que está tudo calmo demais? – Ela perguntou.

Eu apenas confirmei com a cabeça. “A calmaria antes da tempestade”. Ficamos um momento em silêncio e depois Samantha se virou, seus olhos azuis-safira me inspecionando.

– Você tem recebido mensagens de “A”? – Ela perguntou e eu assenti – Eu recebi uma também, antes da minha... – Ela parou, mas eu imaginei sobre o que ela estava falando, da sua morte – Bom, continuando, a mensagem dizia que alguém estava mentindo para mim, e agora com a chegada de Luke, eu fiquei pensado e se ele for Cronos?

Eu sentia as mesmas suspeitas, mas analisei melhor o que ela falou. “alguém estava mentido para mim”. “A” não estava se referindo a Luke, estava se referindo a mim. Senti um solavanco no meu estômago, eu tinha que contar a verdade, mas eu simplesmente não podia, me acalmei.

– As minhas mensagens de “A” dizem quase a mesma coisa – Eu falei, ela me olhou com preocupação e depois suspirou.

– É melhor mantermos os dois olhos em Luke – Ela me disse, depois olhou para o lado de fora, seu rosto estava ficando vermelho – Hum, Percy, se eu te contar uma coisa você promete que não conta para ninguém.

Eu assenti – Prometo.

– Hum, é que, eu beijei Finnick – Ela falou, seu rosto estava mais vermelho que as vacas de Apolo. Sorri do jeito mais malicioso que conseguiu.

– Não é como se fosse uma surpresa – Ela deu murro em meu braço – Ei! Foi uma brincadeira – Falei passando a mão no local do murro – E aí, o que aconteceu depois?

Ela me olhou aborrecida – Nada, eu só me afastei.

– Por quê?

– Eu não posso, Percy – Ela revirou os olhos – Finnick tem uma família, ele tem Annie Cresta e o filho, eu não posso me intrometer na vida deles.

Samantha já havia falado da Annie de Finnick, mas ele nunca falava dela.

– Percy, eu não sei o que fazer, eu estou tão confusa – Ela encostou a cabeça em mim, sua voz mostrava que ela estava prestes a chorar – E eu gosto tanto dele, O que eu devo fazer?

– Olha, eu nunca fui um bom conselheiro amoroso – Eu falei – Mas acho que você devia esperar, ir com calma, não quero ver você se machucando, ok?

Ela assentiu e depois olhou para mim – Percy, você é um ótimo amigo.

– É o que todos dizem – Brinquei.

– Olha se um dia você e Annabeth se casarem, eu quero ser a madrinha, promete?

Eu sorri – Prometo.

Ela se encostou em meu ombro, pensei em um futuro, onde eu e Annabeth nos casamos e Samantha era a madrinha, mas um rosto passou em minha mente. Nico. Rapidamente a culpa tomou conta dos meus pensamentos, não era só Samantha que tinha relacionamentos complicados. Quando Annabeth foi sequestrada por Pain, há algum tempo e ele tinha ido ao resgate, Nico havia ajudado e foi durante esse tempo que eu descobri da paixão secreta de Nico por mim.

Suspirei. Parece que tudo se complicava mais e mais.

O resto do dia passou rápido, Finnick e Samantha continuavam se evitando, Jace conseguiu um novo colchão para dormir, já que Luke agora ocupava o seu agora. Me deitei para dormir, os outros já haviam feito a mesma coisa, meus pensamentos continuavam vagando de Luke e Cronos para Annabeth e Nico para “A”. Depois de um longo tempo adormeci.

Eu já não estava mais no quarto de hotel, estava numa biblioteca grande, havia prateleiras e mais prateleira de livros, que eram grandes e se estendiam até chegar numa parede de vidro, pessoas vestidas com roupas azuis iam de lá para cá e no centro havia algumas mesas circulares, com algumas pessoas sentadas. Eu estava perto de uma delas, uma menina de cabelos loiros estava sentada lendo um livro, meu coração deu rodopio, era Annabeth.

Ela usava uma camisa azul de mangas com um blazer branco por cima e uma calça jeans, seus cabelos loiros estavam presos numa trança que caía por seu ombro esquerdo. Tentei dar um passo em direção a ela, mas meus pés não se moviam, queria tocá-la, beijá-la, dizer que tudo ia ficar bem, mas meus pés não se moviam, meu coração apertou.

– Oi, Percy – Uma voz falou ao meu lado, me virei e descobri que Pain estava ao meu lado – Há quanto tempo!

Ele havia mudado seu estilo, agora ele usava calças jeans pretas, um casaco cinza por cima de uma camisa polo preta, seus cabelos pretos haviam crescido, eu ainda conseguia sentir a energia maligna que ele emanava. Pain lançava a mim um sorriso malicioso.

– O que você faz aqui? Onde estamos? Por que me trouxe aqui? – Perguntei.

Ele revirou os olhos – Sempre fazendo muitas perguntas, mas respondendo ela, bom nós estamos em Chicago, acredito eu na biblioteca da sede da Erudição.

– O quê?

– Peça para minha irmã lhe explicar sobre as facções, ela sabe o que é – Ele falou – E bem eu não o trouxe aqui, isso é um sonho, eu entrei no seu sonho.

– Por que está aqui?

– Queria conversar, você é uma pessoa legal para se conversar Jackson – Ele falou tentando parecer sério, mas eu podia ver uma sugestão de sorriso.

– Fala sério! Então pelo menos você poderia responder minhas perguntas? – Falei irritado.

– Sim, faça, que eu respondo.

– Quem é “A”?

Ele parou um momento, então deu sorriso – Eu não sei, e antes que você pergunte não sou eu, eu não faço a menor ideia de quem possa ser.

– Como você pode não saber? Achei que controlava tudo.

– E eu controlo – Ele falou – Mas eu prefiro não saber de umas coisas – Ele olhou para Percy e sorriu de uma forma que fez os meus pelos se arrepiarem – Sabe, eu simpatizo por você Percy, mas você deveria ter contado para minha irmã, sobre mim.

Meu coração parou – Eu não tive coragem.

– Sabe, eu prefiro você do que aquele Finnick, ele irá quebrar o coração dela.

– Como? – Eu perguntei.

Ele sorriu de novo – Você irá acordar em uns instantes, “A” acaba de enviar uma mensagem nova para você, boa sorte Jackson e saiba que você é minha peça mais preciosa, até mais.

Eu acordei, minha cabeça doía, olhei para Samantha e depois para Finnick, ele não quebraria o coração dela, eu precisava confiar neles, não podia deixar as palavras de Pain me confundir. Me levantei e olhei para meu travesseiro, o tirei e como eu esperava havia um papel com uma nova mensagem de “A”, o peguei e li.

Dessa vez, não era a mesma mensagem dos outros dias, havia outras palavras escritas, li e li outra vez, até as palavras afundarem na minha mente, senti meu corpo mais pesado, na nova mensagem dizia:

"Ah! O amor é uma coisa complicada não é mesmo Percy? Bom, mas se eu fosse você, me preparava. No futuro você terá que fazer uma escolha, matar Nico di Ângelo ou Annabeth Chase, um não pode viver enquanto o outro estiver vivo. Se você não escolher, eu mato os dois. –A”.