Eu te odeio! Com amor, Quinn escrita por NallaTonks


Capítulo 7
Capítulo 7 - A voz do Coração


Notas iniciais do capítulo

Já postei esse video antes, mas, para quem não viu (ou quer ver de novo), estou postando de novo para que tenham uma ideia do resultado da musica.
http://youtu.be/km55SW6em-E



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Eu não tinha mais nenhuma aula naquele dia e mesmo assim ainda estava na escola esperando dar o horário do coral para ir até o auditório auxiliar Quinn. Lembrar dela fez com que a lembrança do almoço no refeitório voltasse à minha mente.

Ela fica tão linda quando está envergonhada.

Não acredito que vou mesmo fazer isso.

A sala dos professores estava quase vazia e o silêncio era perfeito para elaborar as próximas aulas em paz.

Quem sabe um teste surpresa na turma dos gêmeos… Seria uma vingança maligna.

Guardei minhas coisas rapidamente ao ouvir o sinal do ultimo tempo tocar. Estava muito animada para o ver o coral. Animada? Estava quase explodindo de empolgação.

Sai correndo até o auditório e, para minha surpresa, já estavam todos lá, no centro do palco. Entrei silenciosamente e observei Quinn falar com eles.

A postura dela era um tanto quanto agressiva e o modo como ela brigava com o garoto mais alto me dizia que ela não gostava dele.

— Pelo ultima vez, eu não vou tolerar que tratem esse time como um hobbie. Hudson, você nem se deu ao trabalho de estudar nada-

— Eu tinha outras coisas mais importantes. - O garoto estava tremendo de raiva e quando eu vi sua figura enorme dar um passo em direção à Quinn, por segundo, fiquei preocupada.

— CALE-SE. É a terceira vez que me interrompe, eu NÃO vou admitir tamanho desrespeito. Fora daqui, está dispensado.

O tal do Hudson sai pelas coxias com passos pesados. O silêncio que se seguiu depois era mortal.

Uau.

Mesmo de longe, pude ver Quinn respirar fundo para se acalmar.

— Muito bem, - ela recomeçou. — eu quero ouvir mais uma vez os solistas sem o coro. O resto de vocês treinou o encaixe da segunda voz? - Varias cabeças sinalizaram positivamente. — Certo, prestem atenção com a marcação dos solistas para não errarem na próxima vez. Cooper, preciso que ajude no coro desta vez. Stewart, do começo.

Um garoto ruivo e magricela deu um passo à frente e sua voz levemente aguda tomou conta de todo o auditório com os primeiros versos de uma música que eu sabia ser do rapper Usher. Ele tinha uma garganta potente, isso era bom. Seu ponto mais alto do verso foi perfeito.

.../I won't run, I won't fly / I will never make it by without you / Without you / I can't rest, I can't fight / All I need is you and I / Without you

— James, vai. - Quinn gritou por cima do verso final.

Rapidamente um garoto forte com a jaqueta do time de basquete assumiu o vocal de uma música que eu não reconheci e seu tom grave e aveludado era lindo.

... And I'll kneel down / Wait for now / And I'll kneel down / Know my ground / And I'll wait / I will wait for you / I'll wait / I will wait for you...

O modo como as vozes de James e do garoto ruivo se encaixaram unindo o refrão das duas musicas foi inacreditável. Mas meu queixo foi ao chão quando uma garota baixinha abriu a boca mesclando, surpreendentemente, àquelas duas músicas versos de With or Without You do U2.

... See the stone set in your eyes / See the thorn twist in your side / and I wait for you / With or without you / With or without you / I can't live / With or without you…

A voz suave e doce tinha um tom ligeiramente rouco que fazia com que ouvir essa menina cantar provocasse uma emoção enorme em mim. Eu senti as lágrimas alcançarem meus olhos quando ela alcançou a nota mais alta.

... I can't live without you…

Eu só notei que os outros dois solistas tinham se juntado ao verso quando suas vozes alcançaram o mesmo tom em um novo refrão.

Ao fim da canção fui incapaz de me controlar e comecei a bater palmas freneticamente assustando todo mundo.

— Isso foi tão bonito. Eu nunca ouvi nada assim. E você, menina, é uma joia. Foi perfeito.

Me aproximei do palco ainda com lágrimas não derramadas. Quinn estendeu a mão para me ajudar a subir e eu agradeci mentalmente por isso. Até parece que eu ia admitir que não conseguia pular ali sozinha.

— Não infle o ego deles, Berry. São adolescentes e se acham melhores do que realmente são. Mas até que você tem razão. - Ela sussurrou em meu ouvido e um arrepiou correu por meu corpo.

Essa mulher vai ser minha perdição…

— Muito bem, - ela se voltou para a turma. A postura agressiva estava de volta. — Vocês provaram que não são uma total perda de tempo. Meus parabéns, isso não significa nada. Isso só mostra que sabem cantar em grupo, coisa que deveria ser obvia ou não poderiam jamais pertencer à um coral. Coro de sustentação, chegou sua vez e acho bom não me decepcionarem ou então não vão sair daqui nem que comecem a cuspir sangue.

A maioria deles empalideceu.

Quinn era de fato filha de Russell Fabray. Isso era inegável. Mas observando a forma como ela tratava os alunos e como tratava à mim e ao Mika, tinha dúvidas se ela era como o pai ou não. Por hora era como se existissem duas Quinns; uma adorável e gentil com um olhar que era capaz de me derreter as pernas e outra que parecia a imagem espelhada do homem que aprendi a desprezar - e ambas eram um inferno de quentes.

O coro precisou se ajustado muitas vezes. A medida que eles erravam a marcação, Quinn ficava mais irritada. Tentei ajudá-los da maneira que podia, principalmente interferindo quando achei que Quinn poderia ultrapassar os limites éticos e profissionais com tanta intimidação.

Definitivamente alguém tem que falar com ela sobre isso.

Depois de mais de duas horas, com os alunos completamente fatigados, tudo o que podia ser feito naquele dia foi executado. O resultado final, com todas as vozes juntas, havia sido quase perfeito. Quinn classificou a apresentação como ‘no máximo um terceiro lugar se os juizes tiverem pena’ e dispensou todo mundo alegando que ‘a falta de talento desse grupo cansa muito’ e que não queria mais ver a cara deles pelo resto da semana.

A garota com a voz mágica, que eu descobri se chamar Elise, tentou me tranquilizar ao ver meu rosto chocado. Disse que era mais divertido do que ameaçador a forma como Quinn os tratava. ‘Faz com que a gente queria melhorar para que a treinadora se orgulhe de nos’.

Quando perguntei sobre o porque chamavam Quinn de treinadora e não professora a resposta foi unanime: somos um time, não uma turma extra classe.

Inacreditável.

— É impressionante o que fez com eles em tão pouco tempo. - Finalmente falei quando estávamos sozinhas arrumando as partituras e outros objetos no palco.

— Eu não fiz muita coisa. Apesar de tudo, Schuester soube escolher os membros do coral. Eles só precisam de um incetivo para lapidar o talento bruto que ainda são.

— Sobre isso… - Me escorei no piano no canto do palco. Quinn se aproximou e por um segundo perdi a linha de pensamento com o perfume maravilhoso que me cercou. — Eh… Você não acha que está sendo muito dura com os meninos? Quero dizer, ameaçar e intimidar os alunos desse jeito… Isso pode deixar algum tipo de dano no futuro. Atitudes como essas podem ser bem traumáticas para um adolescente e, não estou só supondo, participei de um estudo sobre isso que-

— Eles são quase adultos e não tem nenhum tipo de pulso firme nessa escola. - De repente, a relaxada Quinn tinha desaparecido e dado lugar à uma Quinn extremamente assustadora. — Alguns gritos são necessários para que escutem alguém além de si mesmos. Ajuda a formar o caráter.

— B-bom na verdade isso pode fazer com qu-

— EU FIQUEI BEM. - Seu rosto estava vermelho mais uma vez naquele dia e, dessa vez, não era de vergonha. — Alguns gritos não vão matá-los. Eu superei, eles também vão.

Estava atônita com a explosão súbita.

Vi Quinn pegar as próprias coisas com violência e sair pelo mesmo lugar por onde eu tinha entrado, batendo a porta pesada fazendo um estrondo ecoar.

“Eu fiquei bem.”

Pela primeira vez eu me perguntei que tipo de criação ela tinha recebido de Russell. A julgar por tudo o que sabia sobre aquele homem e o comportamento dela alguns segundos atrás, talvez Quinn não tinha tido uma infância exatamente calma e feliz.


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Notas finais do capítulo

So, what do you think?