O fato desse emprego ser extremamente útil para facilitar minha aproximação da jovem Berry isso não o torna nem um pouco mais tolerável.

Ensinar um bando de adolescentes depravados. Só podia ser vingança de meu pai por ter estudado música sem permissão.

— Muito bem, hoje é a primeira aula do Clube do Coral deste ano. O antigo professor de vocês foi despedido por motivos de sua incompetência acadêmica-

— Ei, - Um dos degenerados se levantou, me interrompendo. Péssima decisão. — Não pode falar assim do Professor Schuester. Ele era um ótimo professor e foi demitido injustamente e- Ele engasgou quando me aproximei lentamente até estar à centímetros de distância. Ele era muito mais alto do que eu e parecia um perfeito panaca.

— Quem você pensa que é para me interromper de modo tão grosseiro? Por acaso eu cometi o erro de fazê-lo pensar que sou uma das aprendizes de prostitutas sem cérebro que certamente correm atrás um palerma feito você? Ou pior. Fiz algo lhe deu a leve impressão de que sou sua amiga? - O garoto empalidecia à cada palavra e levou longos cinco segundos após eu ter acabado até que finalmente ele balançou a cabeça negativamente.

— Então o que pensa estar fazendo? - Eu iria fazê-lo urinar nas próprias calças e depois limpar o chão com a língua antes de deixá-lo pensar que poderia falar comigo como bem quisesse.

— Eu-eu… - Patético.

— Senta. - Ele praticamente correu de volta ao seu lugar. — Como eu dizia, antes de ser tão drasticamente interrompido por… - A lesma de quase dois metros fico me olhando como um imbecil quando dei a deixa para que dissesse o próprio nome. — Seu nome.

— Hã?

— É uma anta, - eu resmunguei apertando a ponte do nariz. Não tenho certeza que aguentaria passar por isso. — Diga o seu nome, criatura.

— Ah, claro. Claro. É Finn, Finn Hudson.

— … Pelo Sr. Hudson. Continuando, eu sou Quinn Fabray, a nova treinadora de vocês. Perceberam? Treinadora, não professora. - Eu comecei a andar de um lado para o outro pela ridiculamente pobre sala de musica tentando me acalmar. — Vocês não apenas participam de uma atividade extra curricular para ganhar pontos acadêmicos. Vocês são um time, são competidores. Todos os que estão aqui apenas pelos pontos devem sair. Imediatamente. - Além do garoto rude, havia mais doze cabeças-vazias na sala. Eles se remexeram nas cadeiras, mas não saíram. — Bom, já que todos parecem levar isso à sério… Vamos começar. Quero que cada um de vocês - individualmente - vá até o centro da sala, diga seu nome, seu ano escolar e apresente algo. Uma música, uma coreografia o que lhes der vontade. - Expliquei me sentando no banco do piano e pegando algumas fichas que tinha posto sobre ele quando entrei na sala.

Nenhum movimento além de cabeças se movendo para olharem uns aos outros.

— ESTÃO ESPERANDO O QUE?

Um a um os idiotas se apresentaram. O tal do Hudson foi o primeiro - não acho que por vontade própria. Acho que vi um pé empurrando sua cadeira para desequilibrá-lo e fazê-lo levantar. Ele era do ultimo ano e sua voz era razoavelmente boa.

Logo depois um magrela de olhos puxados - Michael Chang -, também do ultimo ano apresentou um coreografia inacreditável. O garoto era muito bom.

Quase uma hora depois, algumas musicas bem cantadas, alguns passos bem dadas e muitas, muitas torturas aos meus olhos e ouvidos. Finalmente tinha acabado.

— Muito bem. Devo dizer: Vocês são uma porcaria. - Eles não ficaram contentes. Que azar, pobrezinhos…

Uma verdadeira chuva de reclamações foi uma reação quase imediata e minha cota de paciência já tinha se esgotado.

— CALEM A BOCA. Vocês são, sim, uma porcaria, mas eu não seria uma Fabray se não fosse capaz de lidar com isso. Vocês bando de maritacas desengonçadas vão treinar canto e dançar até seus cérebros explodirem e eu não dou a mínima se vocês tem outras coisas para estudar. Como eu disse isso é um time e eu sou treinadora de vocês. Quero que tenham isso em mente: eu não treino perdedores. Na próxima aula eu entregaria uma lista com a musicas que vamos treinar e quem serão os solistas. Dispensados.

A turma saiu correndo como um rabanho em fuga.

Não vou aguentar isso.

Me debrucei sobre o piano apoiando os cotovelos na tampa e o rosto nas mãos. Estava exausta.

— Ah, com licença, treinadora Fabray. - Uma voz irritantemente tímida veio de algum lugar atrás de mim. Engoli uma dúzia de xingamentos antes de me virar para quem quer que fosse.

— O que é? - Era a tal de Elise Balkan. Era do primeiro ano e, apesar de provavelmente não ter mais de um metro e meio, cantava como gente grande.

— Eu só queria dizer que fico feliz de ter a senhorita como profe-treinadora, - corrigiu rapidamente. - Ao contrário dos outros, eu sei porque o professor Schue foi embora. Ele era um bom homem, mas um péssimo professor. Eu acho que a senhorita vai ser muito boa para o coral. É bom ver que mais alguém além de mim quer levar ele a sério.

Surpresa não era bem a palavra para me descrever no momento. Chocada talvez fosse mais apropriado.

— Ah, bem. Ok, mas não pense que devo uma bajuladora me perseguindo. Suma. Já. - Ela deu um sorriso antes de sair calmamente da sala.

Ora, que Diabos. Ela não me vê como um pesadelo como os outros.

Era só o que me faltava.

Recolhi as fichas e o resto das minhas coisas com raiva.

Estúpidos adolescentes.

Entre resmungos e xingamentos, sai furiosamente da sala. Devo dizer que cegamente também, pois acabei por esbarrar com muita força em alguém bem menor que foi com tudo para chão.

— Olha por onde- A pequena mulher começou a reclamar antes de olhar para cima e estancar no meio do movimento para se levantar.

Ora, ora, ora, quem eu vejo aos meus pés. Lugar muito apropriado.

— Rachel Berry. Não imaginava encontrá-la aqui.